fevereiro 14, 2012

HANGAR: MAIS QUE UM TROFÉU NA ESTANTE

   MARCELO VENI
Idealizador do Prêmio Hangar, a maior premiação da música potiguar
Fillho de potiguares, o brasiliense  fala da alegria de ser produtor artístico
Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press

PERFIL
   MARCELO VENI

Por
Alex Costa

"Pessoas acham que produtores artísticos são artistas frustrados. Estão erradas. Produzir me fez ter o verdadeiro encontro com a arte". A afirmação proferida por Marcelo Veni referencia o estilo de vida escolhido pelo produtor cultural. Para ele, a profissão adotada por uma pessoa a transforma e a estimula a viver em função daquilo que sabe e aprendeu a fazer. Autor do prestigiado Prêmio Hangar, que visa homenagear os artistas potiguares por seu destaque em seus trabalhos, Marcelo esbanja carisma, com vontade de inovar e fazer a arte aparecer na sociedade.

Nascido em Brasília, no dia 16 de abril de 1974, o filho dos comerciantes potiguares Valéria e Joaquim passou uma infância simples num cenário que contrastava com sua história. "Meus pais foram para o Centro-Oeste com a chamada do JK. Eu nasci lá, passamos alguns anos na atual capital do Brasil e depois nos mudamos para Goiânia", conta Marcelo.

Foi na capital de Goiás que Veni teve o seu primeiro contato com a arte, através de peças escolares. "Eu gostava de fazer, criar, imaginar", realça. Aos 13 anos, os pais do Marcelo retornam para a capital potiguar e o adolescente descobre em Natal o berço da sua cultura. Na escola, Veni continuou participando de eventos teatrais e durante toda a sua formação, o jovem Marcelo foi buscando se especializar em arte. A sua entrada no Centro Social Urbano da Cidade da Esperança marcou a entrada de Veni na cultura potiguar.

"Eu estava folheando uma revista do Sesc e vi um anúncio falando a respeito de um curso de teatro com o já falecido diretor Chico Vila. Não deixei de lado, corri atrás do meu sonho, do meu desejo por ver a arte mais de perto e fui integrado a esse mundo cultural", afirma Veni. Lá, Marcelo conheceu outros grandes nomes como João Marcelino e Lula Belmont, e já teve a oportunidade de trabalhar junto com eles em algumas produções.

A porta para um mundo de cultura tinha sido aberta para o jovem Marcelo Veni, que não sabia como seria o seu futuro até então. Na escola, Marcelosempre foi muito comunicativo, desinibido. Era sempre o centro das atenções e foi por várias vezes o chefe de classe. A postura de liderança e de atitudes rápidas e consistentes sempre estiveram presentes no sangue do produtor musical. Marcelo foi militante da União Metropolitana de Estudantes (UMES). Lá, atuou como diretor cultural e experimentou coordenar ações artísticas com o público estudantil.

"Fui me encontrando, me descobrindo e revelando a minha capacidade de criar e fazer. Eu tenho a sensação de ter despertado algo que já existia dentro de mim: é um pedaço do meu coração que ainda tem muito espaço para guardar essa paixão pela cultura", diz. Marcelo trabalhou na 96FM no período de 1995 e 1997 onde apresentava a Gincana Cultural, grande sucesso na época, o que deu a oportunidade de ser ainda mais visto pelo mercado cultural potiguar.

Idealizado, coordenado e apresentado por Veni, a Gincana Cultural unia esportes e cultura e sempre repercutia muito na sociedade. "Era muito legal. Trabalhar na rádio me fez usar o meu lado jornalista, que eu já quis ser também. Comecei a faculdade de letras e de jornalismo mas não conclui porque a demanda com shows começou a crescer", relata.

Desde então, Marcelo nunca mais parou. Organizando projetos e arranjando formas de apresentar, o produtor cultural fluía em ideias e em oportunidades. Veni chegou a trabalhar também na assessoria do DCE da UFRN, coordenando a parte cultural alternativa e na UnP no programa Universidade Solidária, criando e apresentando pequenos teatros em cidades interioranas, falando sobre questões sociais como drogas, violência contra a mulher, dengue e camisinha.

"Também organizei muitos shows. A minha vida era isso. Se resumia em pensar em arte, correr atrás dela e encontrar novas dimensões. Os tributos a grandes artistas que eu realizei tinha muito a ver comigo: Cazuza, Raul Seixas... Para expressar quem eu sou, o que tenho, o que posso fazer", compartilha.

Em 1999, o produtor criou o Prêmio Hangar de Música. A cabeça de Veni se encheu de imagens, de produtos e de idéias. Colocando em prática e vendo que teve aceitação entre o público, Marcelo começou a se dedicar mais para a música e para eventos culturais que trabalhem essa área da arte. 
 
A OUSADIA, INOVAÇÃO E PERSISTÊNCIA 
SÃO ALGUMAS MARCAS REGISTRADAS

O Carnaval, data preferida pelo produtor, apesar da grande quantidade de trabalhos a realizar, comprovam sua ousadia em inovar com novos meios e novas roupagens. Inserindo sonoridades como o reggae, rock underground e rave eletrônica, o Carnaval da Ribeira passou a ter diferencial e a ter um público maior e mais diversificado. "Temos que saber aproveitar e fazer diferente, conclamando para que todos os diferentes se divirtam de maneira igual", realça.

A dedicação para eventos que associem a sociedade e a cultura é notável. Para Marcelo, "inserir a cultura urbana nos trabalhos artísticos que faço no dia a dia é importante". Ele destaca o trabalho com os grafiteiros, onde locais são escolhidos para que sejam feitos os trabalhos e os grupos de forró tocando em feiras populares como Rocas, Cidade da Esperança e Alecrim.

"E aí, será que as pessoas ainda podem me achar um artista frustrado?", questiona Marcelo. O produtor cultural diz que o seu trabalho é um diálogo constante e que o conhecimento adquirido é muito maior. Coordenando os artistas e valorizando-os através do Prêmio Hangar, Marcelo afirma já estar fazendo o seu papel de artista: criando, testando e apresentando resultados.

Sair com os amigos é costumeiro, mas produzir é a verdadeira diversão de Marcelo Veni. "Quem me conhece sabe que eu não mudo, que eu não tenho duas vidas. Eu sou um só e faço da cultura o meu estilo de vida", finaliza.

  PRÊMIO HANGAR DE MÚSICA
MAIS QUE UM TROFÉU NA ESTANTE

Por
 Yuno Silva

Prêmios são sempre bem vindos, mesmo que simbólicos, e  a música potiguar voltou a ser o centro das atenções durante nova rodada do Hangar, que concedeu, no Teatro Alberto Maranhão, o troféu Clave de Sol aos destaques musicais de 2011. Chegando em sua décima edição - 31 do mês passado -  sem patrocínio e nenhum apoio público, o Prêmio Hangar de Música homenageou os mestres Elino Julião e Luiz Gonzaga com uma programação pontuada por versões personalizadas de grandes clássicos da música nordestina. 

"Considero 2012 o encerramento de um ciclo, afinal foram dez edições do Hangar, e agora nossa meta é trabalhar com antecedência para captar recursos e viabilizar as próximas edições de maneira mais estruturada, com uma produção mais tranquila", disse Marcelo Veni, produtor e idealizador do Hangar em 1998, que comemora o apoio do SESC-RN, da Arte Musical e da FM Universitária. "Acredito que o Prêmio mereça o envolvimento de grandes marcas enquanto patrocinadores", acrescentou.

O Prêmio Hangar de Música 2012 contemplou os destaques de 2011 em onze categorias, sendo três escolhidas por júri popular. A lista final de indicados foi selecionada por onze pessoas, entre jornalistas, produtores e músicos, e o júri oficial  foi  formado por outros dez convidados. Durante o evento também foram concedidos prêmios especiais para artistas nacionais e projetos realizados no RN.

Segundo Marcelo Veni, a partir deste ano não haverá mais a denominação Melhor isso ou aquilo: "Vi que não vale a pena comparar, ninguém é melhor que ninguém, então optamos por simplificar. Em vez de Melhor Artista, teremos Artista do Ano, e assim sucessivamente", adianta.

DEPOIS DAS VACAS MAGRAS, A RETOMADA

Superando um período de vacas magras e certo descrédito entre o segmento musical, principalmente entre os anos de 2006 e 2007 quando passou em branco, o Prêmio Hangar vem ganhando fôlego para voltar à boa forma já vista em outros momentos: em 2003, por exemplo, o Hangar realizou festa de encerramento no Hotel Pirâmide com show de Elino Julião e a banda paraibana Cabruêra; Sandra de Sá, Maria da Paz, DJ Dolores, Lia de Itamaracá e João Bosco já figuraram entre as atrações convidadas, a modelo Fernanda Tavares e o ex-VJ fashionista Max Fivelinha chegaram participar - Fivelinha por duas vezes, uma como apresentador e outra fazendo cobertura jornalística para a TV Bandeirantes em rede nacional.


...fonte...

Alex Costa

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