CAMPANHA PAPAI NOEL DOS CORREIOS
OITO MIL CARTINHAS ESPERAM POR ADOÇÃO
“Querido Papai Noel,
o meu pedido é uma cama para a minha mãe
e meu irmão dormir confortáveis. Mas
Papai Noel, se você não conseguir,
pode ser um kit escolar de qualquer
personagem”
Fotografia: Alexis Regis
! ! ! EDIÇÃO ESPECIAL ! ! !
CAMPANHA PAPAI NOEL DOS CORREIOS
NECESSIDADES BÁSICAS VIRAM SONHOS
Por
Vinícius Menna
TRIBUNA DO NORTE
Enquanto muitas crianças aguardam
a chegada do dia 25 de dezembro para por às mãos no brinquedo que tanto
almejam, Anne Gabrielly da Silva, de 11 anos, decidiu pedir ao Papai Noel uma
cama nova para a mãe. Já o garoto Isaías Ferreira da Silva, de 14, escreveu ao
Bom Velhinho em busca de um tratamento odontológico. O apelo dos dois está
entre as mais de 8.500 cartas que estão disponíveis nas agências dos Correios
para adoção. Para ajudar, basta escolher uma carta e entregar o presente até o
dia 12 de dezembro.
O pedido de Anne Gabrielly é uma
forma de recompensar e ajudar a mãe pela travessura que fez. “Nossa cama se
quebrou. Já que fui eu que quebrei, eu pedi uma na cartinha. Eu estava
brincando e aí quebrou. A outra opção foi material escolar, que também é bom
porque ajuda a diminuir o prejuízo da minha mãe”, explica.
Com a cama quebrada, elas estavam
dormindo juntas todos os dias com o estrado ao chão, coberto com o colchão.
Somente há alguns dias elas conseguiram uma cama emprestada, de maneira
provisória. Na carta, ela menciona também o afiliado de sua mãe, Davi, de 1 ano
e sete meses, a quem ela chama de irmão, que também divide a cama com elas em
algumas ocasiões.
A mãe de Anne Gabrielly, Marlene
Cardoso da Silva, de 29 anos, perdeu o emprego como auxiliar de cozinha
recentemente, o que tem dificultado a vida das duas e impede a compra de uma
cama nova. O sustento tem sido garantido com a ajuda da mãe de Marlene e do
Bolsa Família. “A gente está numa situação difícil. Eu sou pai e mãe. O pai
dela não ajuda”, desabafa.
Mas elas agradecem pelo que já
tem. Hoje, elas moram numa casa simples do conjunto residencial Praiamar, no
bairro Bom Pastor. A realidade anterior era uma moradia precária em uma
comunidade carente, situada às margens da Avenida Capitão Mor Gouveia, próximo
ao KM-6.
Isaías Ferreira da Silva mora no
povoado Hortigranjeira, na zona rural de Nísia Floresta. Ele chora todas as
noites por causa de uma dor de dente que já se arrasta há mais de um ano. Sendo
de família humilde, ele não tem recursos para bancar o tratamento. A saída
encontrada: pedir ajuda ao Papai Noel.
Mas o problema nos dentes não é o
único. Com problemas de cognição que dificultam seu aprendizado, ele ainda não
é alfabetizado. A carta dele teve que ser redigida pela professora dele, Maria
das Dores de Lima. Segundo ela, o garoto chora com frequência depois do lanche
e pede para ir embora por não suportar as dores. “No começo, a gente achou que
era brincadeira. Fomos até a casa dele e a mãe confirmou o problema”, diz.
Para dizer o que queria, Isaías
fez um desenho. O primeiro pedido foi uma bicicleta, mas com a opção de fazer
dois pedidos, a professora sugeriu o tratamento para os dentes. Ele concordou
prontamente, até porque a situação é um incômodo que vai além das dores: as
crianças da vizinhança e da escola colocam apelidos e o chamam de feio seguidamente.
“Ele fica com vergonha e vai para casa, chorando”, relata a irmã, Tainara
Ferreira da Silva, de 16 anos. “Esse menino chora quase toda noite”, diz a mãe
dele, Francisca de Fátima da Silva, de 59 anos.
Mas ainda que enfrente todas
essas dificuldades, Isaías ainda pensa em ajudar os outros em detrimento de si
mesmo. Ao ser questionado sobre a profissão com que sonha, ele é categórico:
“Quero ser bombeiro. Quero ajudar as pessoas”, afirma.
CAMPANHA PAPAI NOEL DOS CORREIOS
Halinna Dantas
coordena o projeto nos Correios do RN
Necessidades básicas viram sonhos
Fotografia: Júnior Santos
OITO MIL CARTAS ESPERAM POR ADOÇÃO
As cartinhas endereçadas ao Papai
Noel chegam às mãos de carteiros há anos. Contudo, há 24 anos, esses
profissionais resolveram se mobilizar para adotar as cartinhas e dentro dos
Correios uma campanha começou a ganhar corpo, sendo hoje abraçada também pela
sociedade. O principal objetivo é responder às cartas de crianças em situação de
vulnerabilidade social que enviam cartas pedindo presentes de Natal.
Qualquer pessoa pode participar
da campanha, atuando como padrinho e providenciando os presentes solicitados
pelas crianças. As cartas enviadas pelas crianças são lidas, selecionadas e
cadastradas. Em seguida, elas são disponibilizadas para adoção nas agências dos
Correios, que funcionam das 8h às 17h
Os presentes relativos às cartas
adotadas são entregues pelos padrinhos nos pontos divulgados pelos Correios
para que posteriormente a entrega seja feita pela ECT. Não é permitida a
entrega direta do presente e, para assegurar a observância desse critério, o
endereço da criança não é informado ao padrinho.
Informações oficiais sobre o
Papai Noel dos Correios podem ser obtidas pelos telefones 3003 0100 (capitais e
regiões metropolitanas) e 0800 725 7282 (demais localidades).
De acordo com a coordenadora
local do projeto, Halinna Dantas, pedidos de brinquedo, material escolar e
calçados são os mais comuns. “A gente trabalha com um perfil de crianças que
estudam em escolas carentes. Esse ano, temos em torno de 65 escolas”, explica.
A expectativa é que este ano
8.500 cartas sejam cadastradas. Até a última terça-feira (19), já haviam sido
registradas mais de 7.500, de cidades que englobam a região metropolitana, mas
também o interior do Estado, nos municípios de Caicó, Assú, Macau, Nova Cruz,
Parelhas, Pau dos Ferros, Santa Cruz e Severiano Melo. Em 2012, foram atendidos
8.167 pedidos.
CAMPANHA PAPAI NOEL DOS CORREIOS
Isaías, 14 anos,
pediu um tratamento dentário
"Moro com minha mãe e cinco irmãos"
Fotografia: Vinícius Menna
FUNCIONÁRIOS SE EMOCIONAM COM OS PEDIDOS
O Papai Noel dos Correios já foi
responsável por renovar a esperança de muitas crianças potiguares. Os exemplos
de pedidos que foram concedidos através do projeto são os mais variados, chegando
ao ponto de incluir um transplante de córnea. Em 2004, a então menina de 11
anos Tatiane Lima pediu o órgão ao Papai Noel. Apesar de não ter conseguido na
época, a divulgação de sua carta, em reportagem da TRIBUNA DO NORTE,
oportunizou a sua família doações e ainda a realização de um outro desejo: a
menina ganhou uma bicicleta que tanto queria.
“São crianças realmente de áreas
carentes, às vezes de áreas rurais, em que os pais são agricultores e que tem
necessidades básicas mesmo. Muitas dessas crianças não tem às vezes a figura
paterna em casa, é só a mãe que está batalhando ali para garantir aquele
sustento. Em geral, são dependentes do Bolsa Família para poder garantir a
alimentação”, relata Halinna Dantas, que coordena o projeto.
Segundo ela, durante o trabalho
de cadastro das cartas que chegam aos Correios, é comum ver as funcionários em
meio às lágrimas durante o trabalho. “São as
ajudantes de Papai Noel”, brinca Hallina.
A coordenadora cita alguns
pedidos como os que mais marcaram: um emprego para a mãe; um carrinho de
cachorro quente para sustentar uma família que nem móveis tinha em casa; uma
certidão de nascimento para uma criança que estava em adoção irregular.
“A gente poder oportunizar uma
esperança, um sonho realizado através dessas cartinhas. Eu acredito que não é
só uma realização para a criança, mas também para quem colabora com a
campanha”, avalia Hallina Dantas.
PEDIDOS
Eu sou Isaías, tenho 14 anos,
estudo no 4º ano e não sei escrever. Tenho problema cognitivo, moro com minha
mãe e cinco irmãos e todos na minha casa têm problema cognitivo. Mas problema
mesmo é que eu tenho todos os dentes estragados. Gostaria muito de ganhar um
tratamento dentário”.
“Querido Papai Noel, o meu pedido
é uma cama para a minha mãe e meu irmão dormir confortáveis. Mas Papai Noel, se
você não conseguir, pode ser um kit escolar de qualquer personagem”.
“Tenho vontade de ter brinquedos
e não posso. (…) Gostaria muito de ganhar uma boneca da Mônica. Se não for
possível, gostaria de ganhar também um conjunto de panelinhas”.
“Na minha casa mora muita gente
porque tenho 10 irmãos, mas dois já casaram. A gente mora com a minha mãe e o
meu pai mora em outro lugar. (…) Eu gostaria de ganhar uma roupa nova porque
minha mãe ganha pouco e não pode comprar roupa para todo mundo lá em casa”.
“O que meus pais ganham não dá
para comprar o que eu quero. Comigo tenho mais de 4 irmãos e as despesas são
muitas, por isso quero ti pedir amigo Papai Noel meu material escolar completo
para diminuir os gastos dos meus pais”.
“Eu gosto muito de ficar bonita e
gostaria de ganhar uma roupa e um sapato para usar no Natal. Se o sapato for
caro, pode comprar uma percata. Também gosto de brochinho de cabelo”.
COMO FAZER
Se dirija a uma agência dos
Correios das 8h às 17h e informe a intenção de adotar uma cartinha
ESCOLHA
Nas agências, você poderá
escolher uma cartinha disponível para adotar
ENTREGA
Os presentes devem ser entregues
até o dia 12 de dezembro nas agências para posterior entrega pelos Correios.
Por questões de segurança, a entrega direta é vetada
INFORMAÇÕES
Em caso de dúvida, os Correios
oferecem os telefones 3003-0100 (capitais e regiões metropolitanas) e 0800-725
7282 (demais localidades)
...fonte...
TRIBUNA DO NORTE
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