junho 26, 2015

UMA ESTILISTA POTIGUAR NO DISCOVERY

 
MARATONA FASHION
Estilista potiguar participa de reality show
O estilista-top Ronaldo Fraga está orientando a potiguar
Jéssica Cerejeira no reality show
Fotografia: Acervo Pessoal
 
MARATONA FASHION
Estilista potiguar participa de reality show

Por 
Yuno Silva
TRIBUNA DO NORTE

A moda transcende, é dinâmica e mutante. Cataliza atitudes e materializa referências como nenhum outro segmento cultural, e o que chega às vitrines é apenas a ponta do iceberg: por traz dos cortes e costuras há muito conceito, criatividade, talento e loucura(!). Foi inspirada, justamente, no delírio e na rotina do universo manicomial que a jovem estilista potiguar Jéssica Cerejeira, 19, garantiu uma das nove vagas do reality show SENAI Brasil Fashion. A segunda edição do programa, que será exibido a partir de novembro nos canais Discovery, Arte 1 e Band, reúne aspirantes ao mundo fashion sob orientação dos estilistas-top Ronaldo Fraga, Alexandre Herchcovitch e Lino Villaventura. 

Jéssica, selecionada na etapa regional a partir do projeto “Loucure-se”, está na equipe de Ronaldo Fraga. Ela superou outros oito candidatos do RN, alunos e ex-alunos do Núcleo de Moda e Design do SENAI-RN – Centro Clóvis Motta. Aluna do curso de Artes Visuais da UFRN, contou que teve cinco dias para apresentar três croquis: “O edital pedia três propostas de tema livre, uma conceitual, outra prêt-à-porter (pronto para vestir em francês) e um look streetwear”.

A potiguar utilizou como referência o livro-reportagem de Daniela Arbex, “O holocausto brasileiro” (Geração Editorial, 2013), que trata das mortes de internos no Hospital Colônia de Barbacena em Minas Gerais, somadas a visitas etnográficas ao hospital psiquiátrico João Machado em Natal. O programa, patrocinado pelo SENAI-CETIQT (Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil), tem como objetivo promover a integração de alunos e ex-alunos com o mercado, estimular a qualificação profissional e dar visibilidade a novos talentos.  
 
 
Programa com Herchcovitch, Ronaldo Fraga e Lino Villaventura
 será exibido no Discovery, Arte 1 e Band
 Fotografia: Acervo Pessoal 
 
“Comecei a me interessar por moda aos 13 anos. Meu irmão era estilista da (coleção) Miss Young, linha infanto-juvenil da Riachuelo, e levava os croquis pra casa. Os que ele não gostava me dava pra pintar”, contou Jéssica ao VIVER em entrevista concedida direto do Rio de Janeiro, durante intervalo das gravações do reality show. “Com 15 anos fiz o curso técnico em vestuário e estagiei na (fábrica têxtil) Guararapes, e aos 17, quando comecei Artes Visuais na UFRN em 2013, voltei ao SENAI-RN para fazer o curso de estilista”.

Este ano ela está estudando Projeto de Produção de Moda no Centro Clóvis Motta, e na universidade colaborou com a instalação de um laboratório de figurinos que já produziu um acervo com mais de 800 peças e atende cursos de dança e teatro do Departamento de Artes da UFRN. “Estou como figurinista do grupo CRUOR Arte Contemporânea (da UFRN) e como monitora do laboratório de figurino”, disse a universitária, que só não atua na área de moda como profissional para se dedicar a formação. “Também ofereço consultorias dentro do laboratório, e ministro um módulo de desenho de moda dentro da disciplina de figurino e maquiagem do curso de Dança da UFRN. Quando falei tudo o que fazia para a equipe do Brasil Fashion, brincaram perguntando se tinha tempo para outras coisas”, diverte-se a natalense, que divide os holofotes com outros jovens talentos vindos de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Paraíba, Pará, Rio de Janeiro e Maranhão.

Tudo o que for produzido durante o programa será apresentado em São Paulo, no mês de agosto, durante desfile para empresários, especialistas e formadores de opinião do segmento fashion.


Jéssica Cerejeira (à direita) e equipe orientada por Ronaldo Fraga
(ao centro) no SENAI Brasil Fashion
Fotografia: Acervo Pessoal

INFLUÊNCIA DO MUNDO NO BRASIL É O DESAFIO DA COLEÇÃO

Até o mês de novembro, quando o reality show Brasil Fashion vai ao ar, serão quatro encontros com os top-estilistas-técnicos no Rio de Janeiro. Os nove aspirantes a estilista irão desenvolver três looks inspirados no tema “A influência do mundo no Brasil”. Além de desenhar as peças, os alunos terão acesso a tudo o que envolve o universo da moda: desde uma visão 360° da profissão até a estreia na passarela, passando por construção de styling, maquiagem, cabelo, cenografia e trilha sonora.

“Quando fomos (os nove candidatos) ao Rio pela primeira vez, no início deste mês, sabíamos que teria filmagens mas não que seria um reality show”, recorda Jéssica. Ela explicou que deixaram claro não se tratar de uma competição. “Estamos ali com todo o suporte para fazer um belo desfile”, frisou. Como prêmio, além da visibilidade e da formação profissional, cada top-estilista-técnico escolhe um aluno para retornar na próxima edição do programa para atuar como assistente.

“Entre o primeiro (9 a 11 de junho) e o segundo encontro (23 a 25) tive que criar 30 croquis em cima do tema do programa – 'A influência do mundo no Brasil' – já sob orientação do Ronaldo Fraga. Ele fez uns ajustes e daqui 28 dias vamos voltara para mostrar os protótipos das três peças para prova de roupa das modelos”, explicou Jéssica. Os trabalhos de sua equipe irão vestir a top Viviane Orth e outras duas 'new faces' com experiência de passarela – inclusive no SP Fashion Week. “Desejo poder inspirar outros jovens com minha história”, almeja a estilista potiguar.
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junho 24, 2015

A PRIMEIRA VEZ DE ROSSINI PEREZ

 ROSSINI PEREZ
 Fotografia: Magnus Nascimento 

Um dos principais nomes da gravura mundial, quiçá o artista mais importante dessa vertente das artes visuais em atividade. O artista aprendeu sua arte a partir da década de 50, em cursos livres de pintura, desenho e gravura, aprendendo com nomes consagrados como Iberê Camargo.  Em 2012, Rossini Perez visitou sua terra e produziu uma série fotográfica, documentando lugares que reconheceu de sua infância, em Natal e Macaíba, no Rio Grande do Norte. Morou na Europa e participou de mais de onze bienais internacionais. 

  A PRIMEIRA VEZ DE ROSSINI PEREZ

Por
Yuno Silva
 TRIBUNA DO NORTE

Um dos principais nomes da gravura mundial, quiçá o artista mais importante dessa vertente das artes visuais em atividade, o potiguar Rossini Perez rodou por galerias e museus dos cinco continentes, participou de mais de uma dezena de bienais internacionais e parte de seus trabalhos fazem parte do acervo da Pinacoteca de São Paulo e do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Apesar de todo esse alcance, o macaibense de 83 anos, que hoje dedica-se à fotografia, só não expôs ainda – vejam só! – no Rio Grande do Norte. 

Há mais de 30 anos, contabilizou o jornalista e escritor Franklin Jorge, amigo pessoal do gravador, que Rossini tenta articular uma mostra em solo papa-jerimum. Ao que parece, dessa vez, as coisas estão bem encaminhadas: Jorge, que coordena a Sala Natal, setor ligado as artes visuais sediada no Parque da Cidade, esteve no Rio de Janeiro, acompanhando o prefeito Carlos Eduardo e o secretário municipal de Cultura Dácio Galvão para uma série de contatos, e Rossini estava na pauta da comitiva. “Saímos de lá com uma exposição pré-agendada para acontecer no fim deste ano, durante a programação do Natal em Natal, agora temos que organizar um local adequado para receber as gravuras e fotografias de Rossini”, adiantou. 

Rossini esteve no RN em 2012, após 31 anos longe. Em 'missão de reconhecimento', registrou paisagens que conheceu e não mais reconhece. Na época cogitou doar obras, mas recuou diante da falta de condições da Pinacoteca do Estado em cuidar do acervo. Também ficou aborrecido com o abandono em que encontrou o patrimônio histórico da capital e de sua velha Macaíba. “Nem Hiroshima ficou tão destruída quanto Macaíba. Natal também está desfigurada”, declarou ao VIVER há quase três anos.

 Como fotógrafo, Perez documentou as transformações da cidade
do Rio de Janeiro resultantes de intervenções urbanas 

EXPOSIÇÃO

A proposta de Franklin Jorge é promover uma exposição com fotos e gravuras. “Quando vi as imagens que ele fez aqui em Natal em 2012 fiquei encantado, não reconheci nada do que ele fotografou. Nem sabia que cidade era aquela. São detalhes da arquitetura, ladrilhos, portões... e a partir desse material criamos um projeto chamado 'Cidade Invisível'. Atrelada a mostra fotográfica, seria formatada uma retrospectiva do trabalho dele como gravador com parte do acervo da Pinacoteca de SP”, planeja o coordenador da Sala Natal e um dos idealizadores da Pinacoteca no início dos anos 1980. “Quando a Pinacoteca surgiu, havia uma escola de gravura que levava o nome de Rossini, uma forma de homenagear o artista”, lembra. 

Franklin garante que Rossini ainda pretende fazer uma doação de acervo ao RN, mas lamenta que não há estrutura adequada para armazenar e garantir a preservação das obras. 

Filho de um empreiteiro espanhol com uma norte-riograndense, Rossini Quintas Perez mudou para o Rio de Janeiro na década de 1940. Segundo o verbete da Enciclopédia do Itau Cultural (enciclopedia.itaucultural.org.br), Perez despertou interesse pelas gravuras em 1953, quando conheceu o trabalho do pintor e gravador norueguês Edvard Munch (1863-1944), autor do famoso quadro “O Grito” na 2ª Bienal Internacional de São Paulo. 

Para se ter uma noção da importância artística desse ilustre potiguar, desconhecido em sua própria terra, vale listar os países onde já expôs: Brasil, Portugal, Holanda, Alemanha, França, Senegal, Bolívia, Uruguai, Índia, Inglaterra, Dinamarca, Argentina, Peru, Chile, Japão, México, Áustria, Itália, Israel, Estados Unidos, Espanha, Bélgica, Porto Rico, antiga Iugoslávia (hoje Eslovênia), Cuba e Dinamarca.

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junho 22, 2015

MARIANLVA DANTAS: A DAMA DA LIBERDADE

MARINALVA DANTAS
A DAMA DA LIBERDADE
A mulher que libertou mais de 2 mil escravos em pleno século XXI
Veio de uma família pobre, estudou e hoje luta pelo fim da escravidão
Auditora do trabalho, por dez anos autuou fazendas
com trabalho ilegal. Sua história virou livro
Ilustração: Divulgação

 Por
Thaís Herrero
ÉPOCA
 
Graças aos esforços de uma única brasileira, 2.354 pessoas foram libertas da escravidão desde 1995, um século depois da assinatura da Lei Áurea. Essa brasileira é Marinalva Dantas, auditora do trabalho e uma das maiores referências do país no combate à escravidão moderna e ao trabalho infantil. As histórias dessa mulher e dessas causas se misturam e estão contadas no livro A Dama da Liberdade, lançado na data do aniversário de 61 anos de Marinalva, 26 de maio. Resultado de cinco anos de pesquisa, o livro foi escrito pelo jornalista Klester Cavalcanti e publicado pela editora  Benvirá, 376 páginas.

A história de Marinalva teve uma influência crucial em sua carreira. Nascida em uma família muito pobre, em Campina Grande (PB), passou os três primeiros anos de vida em uma casa sem luz, água encanada ou esgoto. Por dentro, não havia banheiro ou paredes entre os quartos. Devido a uma crise grave de lombriga, foi levada à casa dos tios que tinham uma condição financeira melhor e acabou sendo criada por eles, em Natal (RN). Isso permitiu que Marinalva tivesse uma infância decente, bem diferente do que teria vivido se continuasse com seus pais.

Aos dez anos, foi visitar a família e reencontrar a mãe que já não reconhecia. Essa visita mexeu muito com ela, como contou em entrevista ao Blog ÉPOCA AMAZÔNIA. “Me dei conta de que era privilegiada e gostaria que todas as crianças – principalmente meus irmãos – tivessem um pouco do que eu tinha: a possibilidade de brincar e de estudar”. A experiência foi uma das bases para que ela crescesse como uma defensora dos mais fracos – como se define.

Marinalva entrou na faculdade de direito e passou em um concurso público para auditora fiscal do trabalho, em 1984. Pouco mais de dez anos depois, ingressaria nos primeiros grupos que saíram à caça de fazendas que mantinham trabalhadores em condições degradantes e sem direitos trabalhistas. Segundo levantamento apresentado no livro, os casos mais comuns de trabalho escravo estão em fazendas de pecuária (29% dos casos registrados pelo governo federal), cana-de-açúcar (25%). Dezenove por cento estão em fazendas com outras lavouras, como algodão. Os estados com mais casos são da Amazônia Legal: Pará (12.761 de escravos libertos desde 1995) e Mato Grosso (5.953). O perfil desses escravos explica sua vulnerabilidade: 62% são analfabetos e 27% estudaram no máximo até a 4ª série.
 
Como auditora do trabalho, enfrentou situações adversas e encontrou um cenário triste de constatar que ainda exista no Brasil. Viu fazendas em que os agricultores dormiam todos em um galpão, sem banheiro ou qualquer condição sanitária adequada. A comida era sempre escassa e quando ganhavam carne, eram sempre os piores pedaços, cheios de gordura e mal conservados. Em Marabá (PA), encontrou pedaços de carne que seriam consumidos no dia seguinte e estavam ao relento, infestados de moscas e em toras de madeira. A coloração quase preta do alimento a impressionou naquele dia.

Marinalva viu muitas crianças passando fome. E costumava dar a elas os alimentos que tinham no carro dos auditores do trabalho e da polícia federal. Encontrou um homem escravizado há dezenove anos e um menino que não sabia sua idade, pois nunca havia comemorado um aniversário. Questionado se tinha tempo para o lazer, esse menino respondeu que às vezes brincava de desmontar e montar a motosserra “cheia de pecinhas dentro”. Como conta uma passagem do livro, a auditora não sabia o que era mais triste: a criança não brincar por falta de tempo e de energia após um dia intenso de trabalho ou ter como brinquedo o mesmo equipamento que lhe roubava a infância.

Nem sempre era fácil se conter, em muitos capítulos do livro A Dama da Liberdade, Marinalva é retratada como uma mulher forte, porém emotiva, que se comeve e se revolta com o que encontra pela frente. Um dos poucos momentos em que chorou diante de um ex- escravo foi quando ele lhe contou que havia sido espancado por ter pedido um pouco de água limpa. A que tinha para beber vinha de um córrego e era amarela e barrenta. O chefe mandou que um peão, escravo como ele, fosse o autor das pancadas.

A luta de Marinalva a tornou uma personalidade conhecida. Ao longo dos anos apareceu em reportagens e deu inúmeras entrevistas. Descobriu casos de escravidão em fazendas de homens poderosos, como o deputado estadual do Rio de Janeiro Jorge Picciani. E, em 2002, a Polícia Federal encontrou em Marabá uma lista com nome de pessoas que deveriam ser executadas a mando de fazendeiros da região. Marinalva Dantas era um deles. Meses antes, ela comandara uma operação em uma fazenda de pecuária na região.
 
Em 2004, Marinalva foi para Brasília ser diretora da Divisão de Articulação de Combate ao Trabalho Infantil. O cargo mais burocrático do que prático não a agradou e ela voltou a Natal, onde até hoje é auditora. Olhando para trás, vê que a dedicação total à carreira teve impactos grandes também em sua vida pessoal, como o fim do casamento, desentendimentos com os filhos por passar tempo de mais viajando e até uma síndrome do pânico. Apesar de tudo isso, o trabalho a realizou sempre. Hoje, espera que todo o esforço tenha levado mais conscientização aos brasileiros para que não aceitem as barbaridades cometidas com trabalhadores sem direitos. E se diz uma otimista em relação ao fim da escravidão de uma vez por todas no país. “Eu não combatia o trabalho escravo e infantil até saber que isso existia. Depois que você descobre, quer que acabe. Não dá para aceitar que isso ainda aconteça na geração de nossos filhos e netos”.
 
...fonte...
 www.epoca.globo.com
 
Confira abaixo a entrevista que Marinalva Dantas
concedeu ao  Blog ÉPOCA AMAZÔNIA
  www.epoca.globo.com  
 
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