DENICE MARIA
Licenciada em Música pela UFRN, canta profissionalmente em Natal/RN
apresentando-se em supermercados, restaurantes e festas particulares
um raro exemplo ao conseguir tirar desse
trabalho seu sustento TALENTOSOS, MAS DESCONHECIDOS
Por
Jéssica Barros
Especial para O Poti/Diário de Natal
É comum passar por bares, restaurantes, praças de alimentação e outros
estabelecimentos comerciais e se deparar com uma música ambiente vinda
de um artista potiguar pouco conhecido pela maioria da população. A
missão dele é, além de mostrar seu trabalho, entreter os clientes.
Muitos são esses artistas independentes que mostram seu talento
anonimamente na esperança de ter uma oportunidade no cenário musical
potiguar ou de tentar seu sustento através da música.
Ao que se sabe, trabalhar com cultura no estado exige muita dedicação. São inúmeras as dificuldades e poucos os incentivos. Mas, para os que realmente apostam no futuro, musical perseverança é a palavra de ordem. É o caso da jovem e talentosa cantora potiguar Denice Maria, um exemplo de artista que correu atrás do seu sonho desde cedo e que está sempre em busca de novas experiências. Com apenas três anos se apresentando profissionalmente na cena musical independente do RN, Denice consegue viver da música e lançou recentemente seu CD, intitulado Baú, com 12 canções de sua autoria.
Ao que se sabe, trabalhar com cultura no estado exige muita dedicação. São inúmeras as dificuldades e poucos os incentivos. Mas, para os que realmente apostam no futuro, musical perseverança é a palavra de ordem. É o caso da jovem e talentosa cantora potiguar Denice Maria, um exemplo de artista que correu atrás do seu sonho desde cedo e que está sempre em busca de novas experiências. Com apenas três anos se apresentando profissionalmente na cena musical independente do RN, Denice consegue viver da música e lançou recentemente seu CD, intitulado Baú, com 12 canções de sua autoria.
Vinda do interior do Estado, da cidade de Rafael Fernandes, Denice conta
que tudo começou aos 13 anos, quando sentiu despertar o interesse pelo
violão. Em seguida, descobriu o dom do canto e passou a investir em
apresentações de voz e violão. Entre seus 14 e 15 anos, Denice começou a
fazer participações em eventos de sua cidade natal e percebeu que
estava na música o seu futuro. Veio para Natal, se formou em Música pela
UFRN e hoje se apresenta em barzinhos, casamentos, supermercados e
festas em geral. Ela diz que, atualmente, já é possível um artista viver
da música na capital e, trocando experiências com outros artistas mais
antigos, percebe que, hoje, há mais oportunidades para os artistas do
que antigamente.
PRESENÇA IGNORADA
Fazendo um repertório nacional que vai de MPB a
pop rock, Denice conta que, mesmo com mais oportunidades, é difícil
trabalhar música independente em Natal. Com incentivos minguados, ela
afirmaque alguns colegas se sentem desmotivados e chegaram a desistir da
carreira, o que não é o caso dela.
PRESENÇA IGNORADA
Na correria do dia a dia, muitas vezes o público sequer nota a presença do artista no local, mas Denice diz que isso não a desmotiva. "Sempre tem alguém que para, elogia, diz que pensava que era um CD tocando. Principalmente as crianças prestam mais atenção e chegam até a dar 'tchauzinhos', que eu retribuo [risos]. A troca de energias com o público é o que me motiva a seguir em frente", diz ela.
O advogado Eduardo Costa, cliente da rede de supermercados em que Denice se apresenta, diz que tem o hábito de fazer suas compras no local ao som da cantora, elogia o repertório e confessa que, apesar de sempre parar para ver as apresentações de Denice enquanto toma seu "cafézinho", nunca teve a iniciativa de perguntar sobre quem era a cantora. "Eu apenas sento e aprecio a música", confessa.
Abmael também gravou CD, mas com interpretações da MPB
QUANDOS OS FINS DE SEMANA SÃO DE MUITO TRABALHO
Outro artista da terra que se apresenta de forma independente na noite é
o cantor Abmael. Formado em Publicidade e tendo cursado parcialmente
Jornalismo, ele diz que é na música que se encontra, apesar das
dificuldades do meio. Abmael, que decidiu começar a se preparar para
cantar na noite aos 20 anos, em 2002, passou a estudar canto e se
apresenta em barzinhos da cidade desde 2006. Ele diz que são raras as
exceções de artistas que conseguem viver da música no estado e que não
basta ter talento. "É preciso ter com você pessoas que façam a coisa
acontecer, isso é o principal", avalia.
Atualmente, com um repertório voltado para a MPB, Abmael lançará ainda este mês seu primeiro CD, com interpretações de grandes sucessos da MPB tradicional, ao mesmo tempo em que estuda Design Gráfico e procura um emprego fixo, já que, para ele, viver da música ainda não é uma realidade.
Atualmente, com um repertório voltado para a MPB, Abmael lançará ainda este mês seu primeiro CD, com interpretações de grandes sucessos da MPB tradicional, ao mesmo tempo em que estuda Design Gráfico e procura um emprego fixo, já que, para ele, viver da música ainda não é uma realidade.
ROTINA INVERTIDA
É no fim de semana que a rotina de intensifica. De quinta-feira a domingo, muitos bares e restaurantes da capital - apesar dasrecentes proibições a algumas casas que se encontram em bairros residenciais - contam com música ao vivo. E é nesse período que a demanda por artistas, nem sempre conhecidos pelo público, aumenta. De acordo com Denise Maria, o volume de shows cresce em períodos de alta estação de turistas, como no começo, meio e final do ano. "Nos outros meses depende muito dos contatos do artista para manter uma boa frequência de apresentações", explica. Já Abmael diz que, independentemente se o bar é famoso ou um "boteco", qualquer experiência é válida. "O mais importante é não ficar parado".
GRUPOS ALTERNATIVOS ENCONTRAM NOVOS REFÚGIOS
A falta de incentivos e a pouca visibilidade dada aos artistas
independentes não fica apenas àqueles que se apresentam em barzinhos e
tocam os estilos musicais mais comuns, como MPB e pop rock. Trabalhar
com música é ainda mais difícil para os que fazem um bom ainda mais
alternativo, como as bandas de rock n'roll. Segundo André Pinheiro,
guitarrista da banda Fullsion, que toca covers de várias bandas
clássicas de rock, como AC/DC e Pink Floyd, "como em todo o Nordeste,
aqui o rock é desprivilegiado em detrimento do forró".
Apesar de a cena rock ser limitada no estado, André diz que esse cenário vem mudando aos poucos com a chegada de alguns bares específicos para o público mais alternativo, como é o caso do Hell's Pub e do Whiskritório, que abrem espaço para as bandas mostrarem seu trabalho interpretando grandes clássicos do rock.
Nesse estilo é ainda mais dificil pensar em viver apenas da música. Perto de lançar CD demo com quatro músicas inéditas, entre as dificuldades que as bandas de rock enfrentam, o guitarrista da Fullsion reclama do escasso espaço para divulgação de trabalho autoral, além da má remuneração. André lembra que, antigamente, era raro receber cachê. "As bandas tocavam de graça e muitas vezes tinham que vender uma quantidade 'xis' de ingressos e prestar contas para tocar. Atualmente, as coisas vêm mudando, mas as dificuldades persistem", conta.
Apesar de a cena rock ser limitada no estado, André diz que esse cenário vem mudando aos poucos com a chegada de alguns bares específicos para o público mais alternativo, como é o caso do Hell's Pub e do Whiskritório, que abrem espaço para as bandas mostrarem seu trabalho interpretando grandes clássicos do rock.
Nesse estilo é ainda mais dificil pensar em viver apenas da música. Perto de lançar CD demo com quatro músicas inéditas, entre as dificuldades que as bandas de rock enfrentam, o guitarrista da Fullsion reclama do escasso espaço para divulgação de trabalho autoral, além da má remuneração. André lembra que, antigamente, era raro receber cachê. "As bandas tocavam de graça e muitas vezes tinham que vender uma quantidade 'xis' de ingressos e prestar contas para tocar. Atualmente, as coisas vêm mudando, mas as dificuldades persistem", conta.
"Bons equipamentos de som e estudando música
são fatores
essenciais para qualquer artista"
Denice Maria
O QUE FAZER?
Desistir de ter a música como profissão pode até ser uma opção a seguir, mas essa hipótese não parece passar na cabeça desses artistas. A cantora e compositora Denice Maria diz que o segredo é não desistir. Estar sempre atualizando o repertório, não cair da mesmice e investir em si mesmo comprando bons equipamentos de som e estudando música são fatores essenciais para qualquer artista. Cantando também em corais, a cantora acredita que conhecer outros estilos musicais, como música erudita, só tem a acrescentar ao artista. "Conheço coisas novas e me preparo melhor, uma coisa complementa a outra", diz Denice.
Abmael também nem pensa em abrir mão da música. Apesar de procurar um emprego fixo para ter mais estabilidade, quer continuar investindo na carreira e, posteriormente, pretende explorar seu lado compositor, cantando sempre aos finais de semana em barzinhos da cidade e fazendo eventos particulares que, segundo ele, são os que dão maior retorno financeiro ao artista. Abmael diz não esquecer de sua primeira apresentação, quando ele tremia e até esqueceu parte da letra da música, "mas é exatamente a sensação que cada apresentação passa que o motivo a seguir em frente", conclui.
...fonte...
Jéssica Barros
jessicabarros.rn@dabr.com.br
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