Jaime Aquino, um dos
idealizadores da transferência do Anjo Azul
para o conjunto Alagamar, e o escultor Jordão, autor da obra, à direita
fotografia: Rodrigo Sena
para o conjunto Alagamar, e o escultor Jordão, autor da obra, à direita
fotografia: Rodrigo Sena
UM RUMO PARA O ANJO AZUL
Por
Yuno Silva
Yuno Silva
Há
quase dois anos, desde que a galeria de arte Anjo Azul encerrou suas
atividades, a enorme escultura plantada no jardim da casa número 953 na
avenida Hermes da Fonseca, Tirol, estava sem rumo. Sem eira nem beira. O
custo para remover a obra de 12 metros de altura, incluindo transporte e
reinstalação, foi estimado entre R$ 20 mil a R$ 30 mil e já havia
inviabilizado pelo menos três tentativas de encontrar um novo endereço
para o Anjo Azul. Mas, felizmente, o verbo 'estar' foi conjugado no
pretérito imperfeito do indicativo e a escultura, concebida pelo artista
plástico Jordão, está sendo desmontada desde terça-feira (10).
O trabalho, acompanhado de perto pelo artista, é lento e cuidadoso,
pois a escultura terá que ser removida por partes e remontada como um
quebra cabeças de 28 toneladas, e a previsão é que seja concluído em 30
dias - até a tarde de ontem, Jordão e seus dois ajudantes tinham
retirado apenas os adornos da base e iniciaram a remoção das asas.
A
obra será relocada para a praça Omar O'Grady, localizada no Conjunto
Alagamar, em Ponta Negra, zona Sul da capital potiguar. "Vai ficar um
pouco escondido, queria que ele ficasse em um lugar mais movimentado,
mas, diante da falta de opção, é melhor ir pra lá do que ser detonado",
disse Jordão. "Minha causa é salvar o Anjo Azul, e acredito que vão
cuidar bem dele."
Jordão informou que ainda não há recursos
suficientes para concluir o trabalho: "Temos apenas o necessário para
iniciar. Estou buscando o dinheiro que falta, procurando parceiros, a
Fundação José Augusto também se comprometeu em ajudar com dinheiro.
Agora não tem como voltar atrás: o trabalho já começou e a palavra do
Governo do Estado (leia-se FJA) está empenhada", sentencia. Segundo
Jordão, a Prefeitura de Natal, através da Secretaria de Serviços
Urbanos, dará todo o suporte para realizar o transporte. "A Semsur
comprou ferramentas, alugou algumas máquinas e garantiu R$ 5 mil para
ajudar nas despesas", enumera o artista. Ele acredita que, com as
parcerias, o custo deve ficar bem abaixo dos R$ 30 mil inicialmente
previstos.
Leane Fonseca, assessora de imprensa da Semsur,
confirma o apoio na logística. "Ainda não há uma data marcada para a
remoção, pois dependemos do andamento do trabalho do artista, mas
garantimos esse transporte. Também iremos preparar o novo local para
receber a escultura", adiantou. Leane frisou que a Secretaria está
atendendo o pedido de moradores do bairro.
Casarão que abrigava o Anjo Azul foi vendido
...E o destino da escultura de Jordão continuava incerto
fotografia:: Aldair Dantas
FORÇA COMUNITÁRIA
Jaime
e Valéria Aquino, moradores do conjunto Alagamar, contaram que um grupo
de moradores vem se reunindo para buscar melhorias para a praça Omar
O'Grady (nome do prefeito de Natal entre 1924 e 1930). "Criamos uma
comissão com 10 moradores, e depois que lemos a matéria 'O anjo que
ninguém quer' (publicada em fevereiro na TRIBUNA DO NORTE)
decidimos nos mobilizar pra trazer o Anjo Azul pra cá", recorda Valéria.
Ela
contou que a reunião comunitária realizada na praça há mais de um mês
contou com a presença de representantes da Semsur, da Urbana e da
Polícia Militar. "Fizemos um movimento grande. E se ninguém quer o Anjo,
nós queremos, e acredito que o bairro todo também quer", aposta. Nos
planos da moradora está a promoção de programação cultural periódica.
"Queremos colocar o espaço para funcionar."
O advogado Jaime
Aquino, esposo de Valéria, lembrou que no começo houve resistência por
parte do empresário Adroaldo Carneiro, novo proprietário do imóvel onde
funcionou a Galeria Anjo Azul, onde será construída sede da filial
natalense da loja pernambucana de tapetes. "Depois de tantas idas e
vindas com relação à obra, ele tinha receio de não conseguirmos apoio
para relocar a escultura. Mas deu tudo certo: conseguimos formalizar a
doação." Para Jaime, a praça deverá ganhar mais atenção dos moradores do
bairro e "pode se tornar um ponto turístico", fato que poderá melhorar a
frequência do local.
"Esperei encontrar alguém interessado que cuidasse bem dele"
José Jordão
HISTÓRICO
Quando
a Galeria Anjo Azul fechou as portas, em 2010, a primeira opção era
doar o Anjo Azul para a Prefeitura do Natal, que poderia instalar a
escultura em qualquer ponto da cidade. Mas a ideia acabou não
prosperando, principalmente devido o custo do serviço de remoção. Com o
imóvel já sob responsabilidade do empresário Adroaldo Carneiro,
cogitou-se transferir, em abril de 2011, a obra para a praia de
Caraúbas, em Maxaranguape, litoral Sul do RN - também não deu certo.
Por último, em fevereiro deste ano, antes dos moradores do Conjunto
Alagamar manifestarem interesse, houve a intenção (igualmente frustrada
devido as despesas previstas) de levar a obra de 12 metros de altura
para a serrana Monte das Gameleiras.
...fonte...
Yuno Silva
Realmente, é lamentável a falta de sensibilidade do poder público pelo assunto. Um bom lugar seria junto ao pórtico de entrada da cidade, já que chama NATAL... Por que não se tenta isso, com uma grande campanha?... Poderiam ser convocados alunos do dep. de Artes, de Arquitetura e de História, por ex., além dos artistas em geral e a comunidade. Fica a ideia. Um abraço.
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