O professor, poeta e repentista Aldaci de França
coordena um projeto de iniciação à poesia popular que completa 16 anos,
levando poesia e repente para escolas, universidades e empresas
coordena um projeto de iniciação à poesia popular que completa 16 anos,
levando poesia e repente para escolas, universidades e empresas
POESIA NORDESTINA
Via
Gazeta do Oeste
Com 16 anos de existência, o projeto Iniciação à Poesia Popular
Nordestina, coordenado pelo professor e poeta Aldaci de França, poderá
ser transformado em curso. A ideia do professor é levá-lo aos estudantes
da Faculdade de Letras e Artes (FALA), Mossoró/RN. "Nós começamos esta iniciativa
há muito tempo e estamos expandindo cada vez mais. Apesar de todas as
dificuldades, o projeto continua, com apoio de algumas entidades. Por
exemplo, nossa ideia é chegar até a Faculdade de Letras, como forma de
curso de, mais ou menos, 80 horas. Estou tendo o apoio de alguns amigos,
que me ajudaram, inclusive, na elaboração do projeto", destaca.
"Estamos com a perspectiva de firmar essa parceria. Ao invés de oficina, criaremos o curso. Seriam dois ou três encontros por semana, na parte da tarde... tudo ainda está em ideias, sendo trabalhado. Queremos que seja uma coisa renovável, como qualquer disciplina, a fim de aprofundarmos o estudo da poesia popular dentro da universidade e compartilharmos isso com os alunos. Há uma necessidade para a área e queremos preenchê-la", diz.
Segundo ele, ainda falta muito apoio com respeito à poesia popular nordestina. "Temos condições de descobrirmos mais e mais novos autores, poetas populares bons, no entanto, a falta de estrutura prejudica e faz com que esses nomes continuem no anonimato. O curso, por sua vez, faz com que pessoas com aptidão para a poesia conheçam ainda mais a técnica literária. Além de descobrirmos novos nomes, também estamos incentivando que esses nomes venham, tempos depois, nos substituir e renovar o cenário da poesia popular. Por exemplo, quem irá substituir o poeta Antônio Francisco, ou José Ribamar e tantos outros que estão aí produzindo?", questiona Aldaci.
Ele salienta que é preciso levar a cultura da poesia popular e da cantoria para os lugares mais distantes, para as escolas e entidades ligadas à produção cultural. "Não podemos deixar morrer a arte da poesia popular, que traduz bem nossa cultura literária. A cantoria, também, precisa ser preservada, mantida, estudada, pois é uma cultura autêntica e realmente nossa", explica.
ONÉSIMO MAIA
"Onésimo Maia era um repentista como poucos"
O nome do interior potiguar em Portugal
O nome do interior potiguar em Portugal
ONÉSIMO MAIA, UM NOME QUASE ESQUECIDO
Falecido em fevereiro de 2001, o poeta Onésimo Maia, de acordo com Aldaci de França, é um dos nomes que merecem ser homenageados pela cidade. "Ainda não prestamos as devidas homenagens a este grande cantador e poeta", ressalta Aldaci, frisando que um dos seus projetos, o Repente na Escola, recebeu o nome de Onésimo Maia e o Repente na Escola. "Estou passando em alguns lugares em que estive com ele e fazendo esse percurso outra vez. Ele era um grande poeta, tinha uma habilidade impressionante. Geralmente, fazemos uma sextilha em 13 segundos. Onésimo, por sua vez, fazia em sete", fala.
A
rapidez ao pronunciar suas rimas e o pleno domínio da contação
acompanharam Onésimo Maia ao longo de seus 30 anos de carreira. Por
décadas, o repentista expôs sua arte para plateias em cidades de todo o
país. Como violeiro, participou de vários festivais de repentistas do
Nordeste e ainda levou o nome do interior potiguar a Portugal, onde
dividiu o palco com os artistas Antônio Lisboa e Elino Julião.
O professor reforça a necessidade de homenagear os bons nomes da poesia local. "Elizeu foi um dos homenageados pela cidade, pela sua capacidade de decorar e produzir poemas. Onésimo ainda aguarda o devido reconhecimento de sua obra literária", diz.
Uma oportunidade dos estudantes terem
maior contato com a poesia,
com a literatura e os debates em torno da
técnica poética
A POESIA DO NORDESTE FEITA PELOS JOVENS
Aldaci destaca que o projeto tem o objetivo de encontrar novos poetas, através de oficinas. "Conseguimos classificar em terceiro lugar o aluno Joel de Oliveira Lopes, do oitavo ano, da Escola Municipal Dr. José Gonçalves. Ele foi o ganhador do VI Prêmio Cosern de Literatura de Cordel. É uma revelação em termos de poesia, um jovem talentoso, que vem da zona rural e estuda a poesia de forma séria. Inscrevemos dois alunos e um deles conseguiu a classificação. Desde 2010 que estamos com o projeto de iniciação nesta escola. Esta é uma oportunidade dos estudantes terem maior contato com a poesia, com a literatura e os debates em torno da técnica poética", destaca Aldaci de França.
O projeto de Iniciação à Poesia Popular Nordestina é uma extensão, de acordo com ele, do Repente na Escola, desenvolvido por Aldaci há 17 anos. "Hoje nós temos alguns nomes que estão se destacando na poesia e que fizeram o curso de iniciação. Edi Ferreira, por exemplo, depois de se aposentar, dedicou-se à poesia e já publicou, inclusive, vários cordéis, muitos poemas e é uma poetisa em construção. Isso mostra que temos gente muito boa escrevendo, produzindo seus trabalhos, divulgando e precisando de mais espaço, para que tenha seus cordéis e livros espalhados pela cidade", explica o professor.
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De acordo com ele, é necessário que haja maior visibilidade dos novos nomes, fazendo com que os estudantes, principalmente, travem contato com estes poetas que estão surgindo. "Para evidenciar o trabalho deles, fizemos, há alguns anos, ainda na gestão do professor Gonzaga Chimbinho à frente da extinta Fundação de Cultura, dois volumes, em forma de antologia, que reuniam a produção de duas turmas do Curso de Iniciação à Poesia Popular Nordestina, iniciativa que, até hoje, se configura num marco da poesia popular em nosso município, pois evidenciou o trabalho destes novos autores. É isso que precisamos fazer sempre", salienta o coordenador.
De acordo com ele, é necessário que haja maior visibilidade dos novos nomes, fazendo com que os estudantes, principalmente, travem contato com estes poetas que estão surgindo. "Para evidenciar o trabalho deles, fizemos, há alguns anos, ainda na gestão do professor Gonzaga Chimbinho à frente da extinta Fundação de Cultura, dois volumes, em forma de antologia, que reuniam a produção de duas turmas do Curso de Iniciação à Poesia Popular Nordestina, iniciativa que, até hoje, se configura num marco da poesia popular em nosso município, pois evidenciou o trabalho destes novos autores. É isso que precisamos fazer sempre", salienta o coordenador.
José Ribamar diz que o público está, cada vez mais, prestigiando a arte,
a poesia popular tomando outro rumo e abrindo ainda mais portas
a poesia popular tomando outro rumo e abrindo ainda mais portas
A ARTE DA CANTORIA CHEGA ÀS EMPRESAS
Além das escolas em que apresenta seu projeto, Aldaci de França, em parceria com o também poeta e repentista José Ribamar, leva a cantoria e a poesia popular para as empresas da cidade. "Eles nos solicitam, por exemplo, cantorias temáticas, apresentações que versem sobre algum tema e estudamos tudo muito antes, a fim de levarmos, aos trabalhadores dessas empresas, um pouco de poesia e, assim, cumprirmos também nosso trabalho. Existe uma vantagem grande em se tratando de uma cantoria para uma simples palestra: a cantoria, além de entreter e levar arte, serve como uma ferramenta didática importante para assimilar o conteúdo exposto durante as apresentações que fazemos", destaca.
Para José Ribamar, que trabalha ao lado do poeta, é uma oportunidade de compartilhar "conhecimento". "Além de ser um momento interessante em que podemos manter contato com as pessoas e apresentarmos nossas produções", diz.
Segundo ele, muitas pessoas, logo depois das apresentações, demonstram grande interesse em entender a cantoria, perguntam e até mesmo pedem autógrafos. "É um reconhecimento muito bom. Particularmente, fico muito feliz que a poesia popular esteja tomando outro rumo, outros caminhos e abrindo ainda mais portas", diz.
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