ROSSINI PEREZ
"Eu sou praticamente
desconhecido aqui no meu Estado, portanto,
expor em Natal também é uma
questão afetiva"
Fotografia: Magnus Nascimento
ROSSINI PEREZ REENCONTRA A PAISAGEM NATAL
Por
Tádzio França
A Natal que ficou gravada na memória do artista plástico Rossini Perez
não é mais a mesma. A Macaíba, onde ele nasceu, também não. Os cenários
que ele vê hoje não são do seu agrado, mas o sentimento continua
impresso na mente. Após 31 anos sem vir ao Rio Grande do Norte, o
consagrado mestre da arte da gravura, dono de uma carreira reconhecida
internacionalmente, esteve em Natal, de 01 a 11 de novembro, para uma missão de "reconhecimento": a
convite da Secretaria de Cultura e Fundação José Augusto, Rossini
estuda as salas da Pinacoteca do Estado para realizar uma exposição sua
no primeiro semestre de 2013. Um reencontro com sabor de novidade.
Rossini Perez esteve em Natal pela última vez em 1981, à convite da FJA e
também da Funarte para uma exposição. À época foi fundada uma oficina
de gravura com seu nome, um projeto moderno, mas que não foi bem
aproveitado e sobreviveu até o começo dos anos 90. "Eu sou praticamente
desconhecido aqui no meu Estado, portanto, expor em Natal também é uma
questão afetiva", afirma, em uma das salas da Pinacoteca - antigo
Palácio Potengi. O artista está analisando as condições do prédio em se
adequar à exposição de suas obras.
"Só preciso do mínimo para que a mostra se instale decentemente. Quero ver a iluminação, as instalações, e a possibilidade de que seja feito um catálogo, afinal é o que sobra de uma exposição. Quero saber também se a Pinacoteca tem uma reserva técnica, para que se eu fizer uma doação, saiba para onde ela foi", explica Rossini. A exposição ocuparia o amplo andar térreo do palácio, e exibiria uma seleção de trabalhos de várias épocas do artista, como seus trabalhos em gravura com técnicas de xilogravura, linóleo, serigrafia, gravura em metal, litografia, e fotos - às quais ele vem se dedicando com mais afinco no momento. A exposição também terá trabalhos de gravadores locais. Ele deseja que a mostra dialogue com os artistas locais e apresente o que o ateliês natalenses estão produzindo.
"Só preciso do mínimo para que a mostra se instale decentemente. Quero ver a iluminação, as instalações, e a possibilidade de que seja feito um catálogo, afinal é o que sobra de uma exposição. Quero saber também se a Pinacoteca tem uma reserva técnica, para que se eu fizer uma doação, saiba para onde ela foi", explica Rossini. A exposição ocuparia o amplo andar térreo do palácio, e exibiria uma seleção de trabalhos de várias épocas do artista, como seus trabalhos em gravura com técnicas de xilogravura, linóleo, serigrafia, gravura em metal, litografia, e fotos - às quais ele vem se dedicando com mais afinco no momento. A exposição também terá trabalhos de gravadores locais. Ele deseja que a mostra dialogue com os artistas locais e apresente o que o ateliês natalenses estão produzindo.
Como fotógrafo, Perez documentou as transformações da
cidade do
Rio de Janeiro resultantes de intervenções urbanas
GRAVURAS E FOTOGRAFIAS
O artista filho de um empreiteiro espanhol com uma seridoense ficou famoso pela criatividade de seu trabalho em gravuras, repleto de texturas, cores e traços entre o abstrato e o figurativo, com resultados que impressionam os sentidos. Rossini revela que, por questões de saúde, não faz mais gravuras. Hoje ele se dedicada a montagens e colagens de desenhos e fotos. "O público também mudou. Ele é mais atraído por imagens. A gravura, que é uma técnica secular que eu apenas dei uma cara nova, ficou à parte dessa avalanche de imagens. Hoje em dia posso usar mais recursos para trabalhar a imagem", explica.
Rossini Perez nasceu em 1932, em Macaíba/RN
"NEM HIROSHIMA FICOU TÃO DESTRUÍDA QUANTO MACAÍBA"
Resgatar e captar imagens fazem parte das atuais inspirações de Rossini. "As reminiscências da minha infância estão me inspirando cada vez mais. É uma coisa que toma proporções gigantescas com a idade avançada", diverte-se. Rossini nasceu em 1932, em Macaíba, e em 1943 se mudou para o Rio de Janeiro, onde desenvolveu sua carreira artística. O reencontro com a terra natal não foi só alegria; o artista ficou aborrecido com o abandono em que encontrou o patrimônio histórico da capital potiguar e de sua velha Macaíba.
Com a câmera na mão, Rossini vai registrando as paisagens que conheceu e não mais reconhece. "Nem Hiroshima ficou tão destruída quanto Macaíba", brinca, com seriedade. Ele ressalta a decepção de ter encontrado o sítio em que nasceu agora cercado de feios muros brancos, mais um espaço a ser loteado. "Até a bela mangueira que ficava do lado da casa secou, como se tivesse sido carbonizada. Só reconheci a igreja matriz. No mais, está tudo desfigurado", lamenta.
Natal também foi vitimada pelo progresso que desfigura a paisagem. "Fiquei triste com o desrespeito e a indiferença à história. O pedestal da estátua do Augusto Severo está destruído. Até o Teatro Alberto Maranhão sofreu descaracterizações. As placas antigas foram retiradas, e colocaram um espelho estranho", diz. Os alvos favoritos das lentes de Rossini têm sido as velhas estátuas que começaram a ornar a capital no começo do século passado. "Eram todas importadas de Paris, pois havia uma fábrica por lá especializada em fazer obras por encomenda, às vezes podiam ser até cópias de outras famosas. A estátua da Praça Pedro Velho é um dos exemplos. Estou fotografando todas as peças da época que consigo encontrar", diz.
SAIBA MAIS...
Rossini Perez aprendeu sua arte a partir da década de 50, em cursos livres de pintura, desenho e gravura, aprendendo com nomes consagrados como Iberê Camargo. O artista morou na Europa e participou de mais de onze bienais internacionais. É contemporâneo de outro potiguar ilustre nas artes plásticas, Abraham Palatinik. Ambos participaram da Bienal de São Paulo, em 1951. Viajou o mundo entre mostras individuais e coletivas. Implantou oficinas de gravura em metal na Bolívia, Senegal, e em Brasília. No Brasil, destaca-se o período em que deu aulas no Ateliê de gravura do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Também, como fotógrafo, Perez documentou as transformações da cidade do Rio de Janeiro resultantes de intervenções urbanas, como as obras para a construção do metrô. Registrou estatuária e detalhes da arquitetura carioca em muitas edificações mais tarde demolidas. Sua obra é composta por cerca de 7,5 mil imagens.
...fonte...
Tádzio frança
www.tribunadonorte.com.br
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