MARCOS LOPES
Agropecuarista, Produtor Cultural e idealizador do Museu do Vaqueiro
Um sonho de 10 anos que preservará a história e a identidade sertaneja
Fotografia: Rodrigo Sena/TN
MUSEU PARA OS VAQUEIROS
Agropecuarista, Produtor Cultural e idealizador do Museu do Vaqueiro
Um sonho de 10 anos que preservará a história e a identidade sertaneja
Fotografia: Rodrigo Sena/TN
MUSEU PARA OS VAQUEIROS
Por
Talyson Moura
A tradição não pode morrer. A cultura nordestina ganha uma
importante ferramenta neste sentido. Inaugurado o Museu do
Vaqueiro (09/12), na Fazenda do Bonfim, em São José do Mipibu. No espaço, os
visitantes terão acesso a um acervo completo sobre a cultura sertaneja
em textos, fotos e peças originais, incluindo um espaço dedicado a Luiz
Gonzaga, maior difusor dessa cultura em âmbito nacional.
A inauguração acontece justamente no ano
em que o rei do baião completaria 100 anos de idade. O museu funcionará
em um prédio que reproduz uma casa sertaneja do município de Augusto
Severo, hoje Campo Grande. A construção original fica próxima a Serra do
João do Vale. É uma casa que foi construída em 1808 pelo pai do
comandante Manoel Martins Veras, na época em que a família real chegou
ao Brasil.
O espaço começou a ser idealizado pelo agrônomo Marcos Lopes em 2001, época em que inscreveu o projeto na Fundação José Augusto, o qual foi incluído por 12 meses na Lei Câmara Cascudo. O prédio foi erguido inicialmente com recursos próprios, já que apenas em setembro deste ano o projeto ganhou patrocínio da Cosern/Neoenergia. “Eu tinha juntado dinheiro dos forrós, das terras que vendi e tava construindo porque era uma coisa minha, que eu tinha que construir, tinha que fazer e não podia esperar a vida toda que alguém patrocinasse”, explicou.
O espaço começou a ser idealizado pelo agrônomo Marcos Lopes em 2001, época em que inscreveu o projeto na Fundação José Augusto, o qual foi incluído por 12 meses na Lei Câmara Cascudo. O prédio foi erguido inicialmente com recursos próprios, já que apenas em setembro deste ano o projeto ganhou patrocínio da Cosern/Neoenergia. “Eu tinha juntado dinheiro dos forrós, das terras que vendi e tava construindo porque era uma coisa minha, que eu tinha que construir, tinha que fazer e não podia esperar a vida toda que alguém patrocinasse”, explicou.
No local já funcionam as oficinas de confecção em couro e escola de
sanfoneiros para crianças da região. Os instrumentos usados pelos
pequenos foram doados e adquiridos com recursos do idealizador.
Museu do Vaqueiro, na Fazenda do Bonfim, em São José do Mipibu/RN
Fotografia: Eduardo Maia/NJ
A
ideia é que, a partir de agora, o espaço seja aberto para a visitação e
usado como um disseminador da cultura sertaneja.“Tem sempre visitação,
antes de estar pronto, imagine quando estiver pronto mesmo, aí é que vai
ter”, contou o idealizador do projeto, ressaltando que pretende fechar
parcerias com escolas, secretarias de educação e incentivar a visitação
do turista. “As empresas que levam o turista para Pipa, Tibau do Sul,
podem trazer o turista para conhecer um pouco da história do Rio Grande
do Norte, do Nordeste, porque o vaqueiro é o começo de tudo”, afirmou.
O
Museu do Vaqueiro fica a alguns passos de onde acontece desde 2001 o
tradicional Forró da Lua, reaberto oficialmente no sábado da semana
passada em homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga. Para este momento
foi criado um espaço maior. Os artistas convidados foram Dominguinhos e
Elba Ramalho.
A festa já acontece há mais de 10 anos e nasceu com outro nome. Era Forró do Rela Bucho, em homenagem a uma das canções preferidas de Marcos Lopes. Mas como a festa era realizada sempre no período da Lua Cheia, as pessoas criaram esse novo nome. “Então eu tive que mudar o nome na senha, porque as pessoas quando viam o nome do Forró do Rela Bucho não queriam mais comprar”.
E assim, por puro acaso, Luiz Gonzaga, também conhecido por Lua, é duplamente homenageado. A sua música é defendida com zabumba, sanfona e triângulo em um lugar que leva também o seu apelido.
Fotografia: Mário Luiz Thompson
UM SERTANEJO CRIADO NA CAPITAL
Quando não está em cima de um cavalo, na
lida da Fazenda do Bonfim, onde vive, está tocando sanfona e cantando
os hits nordestinos gratuitamente em alguma confraternização. Para
Natal, ele vem a muito contragosto. “O trânsito aqui é terrível”. Marcos
Lopes é, sem dúvida, um típico sertanejo criado na capital.
Agrônomo, ele mantém seus negócios no campo. Seu ofício maior, porém, é lutar para que a cultura nordestina de raiz não morra. Em tudo que faz, procura trazer de volta a tradição vivida de perto em sua infância, quando acompanhava seu pai à fazenda da família, ao Alecrim ou às festas realizadas nos hospitais.
Defensor exímio do sotaque e da música nordestina, ele critica o espaço pequeno dado ao som do Nordeste e o chiado dos sotaques do sul ganhando espaço na mídia local. “A FM Universitária, que deveria estar disseminando cultura, fala ‘estamoxs’ abrindo o espaço pra o ‘artixsta potxiguar’”. Ele ainda questiona porque a música nordestina só toca na FM das 6h às 7h da manhã. “Então nós sofremos preconceito de todos os lados”.
Com o passar dos anos, Marcos afirmou ver as pessoas se envergonhado de serem daqui. E contou que ainda criança, por volta dos 12 anos de idade, foi criticado por dizer, no Goiás, que havia “botado” a cela no cavalo. Décadas depois, já com 52 anos, ainda vê a intolerância disseminada por formadores de opinião. Citou Suzana Vieira, Lulu Santos, o jogador Edmundo e a estudante de Direito Mayara Petruso, condenada por pedir no twitter que afogassem os nordestinos.
Marcos Carvalho busca o respeito e destaca que não há motivo para o nordestino se envergonhar. O nosso português, afirmou, é o mais próximo do falado em Portugal. E há figuras importantes no cenário nacional e mundial que nasceram no Nordeste.
“Saiu do Rio Grande do Norte uma pessoa como Amaro Cavalcanti, um dos primeiros brasileiros a ocupar um lugar na Corte Internacional de Justiça de Haia, o tribunal mais importante do planeta; saiu uma pessoa como Nísia Floresta, precursora da luta pelo direito da mulher; Juvenal Lamartine que, através de um ato, fez a primeira mulher votar”, citou, dizendo que isso não é passado para os estudantes para que eles sintam orgulho de ser daqui.
INSPIRAÇÃO
Marcos, pai de duas filhas, Marina e Mônica, conta que sempre esteve em ligação direta com o meio rural. Quando tirava férias na escola ia para a casa de uma tia, uma fazenda no município de Augusto Severo, hoje Campo Grande. Esta residência, inclusive, foi a inspiração para o prédio do Museu do Vaqueiro.
Do pai, além da paixão pelo mundo sertanejo, herdou o desejo por ajudar ao próximo. Seu pai foi o fundador do Hospital Severino Lopes, antes Casa de Saúde de Natal, criou a Apae ( Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) em 1954 e a Clínica Heitor Carrilho. Sempre que pode, Marcos toca sanfona e canta gratuitamente nestes lugares.
Ele também se apresenta em feiras livres, no abrigo Juvino Barreto, no Anísio Pessoa, em São José de Mipibu, toca nos encontros dos idosos de Nísia Floresta e de São José. E tudo isso tem no fundo a mesma missão: “Divulgar a música nordestina é muito importante. E quando eu digo a música, falo da música de Luiz Gonzaga. Uma música que nasceu da dor, da dor da fome”.
O que herdou do pai, está passando para as filhas. “Não tenho dúvidas que elas vão continuar tudo que eu comecei”. Quando questionado se essa contribuição para a preservação da cultura nordestina é o seu maior legado, ele desconversa. “Nem sei se tudo isso é realmente importante”. Talvez não seja. Ainda assim, certamente, Luiz Gonzaga, o Lua, agradece.
...fonte...
Veja reportagem na íntegra acessando o link abaixo!
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Se copiar textos e ou fotografias, atribua os créditos!
Os direitos autorais são protegidos pela Lei n° 9.610/98, violá-los é crime!
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