agosto 28, 2014

O OLHAR "INVERSUS" DE FERNANDO PEREIRA

 
 FERNANDO PEREIRA
 Fotógrafo, formado em Jornalismo e Letras pela UFRN, 
o carioca Fernando Pereira mora em Natal há 40 anos.
 Fotografia: Argemiro Lima / NJ

O "INVERSUS" DE  FERNANDO PEREIRA

 Por
HENRIQUE ARRUDA do NOVO JORNAL 

Já imaginou se a gente pudesse observar o mundo a partir do seu reflexo? Seja na areia molhada da praia, nas leves ondas de uma lagoa ou mesmo em uma gota de água.  Foi isso que fez o jornalista e fotógrafo Fernando Pereira (61) durante um ano.O resultado pode ser visto na Pinacoteca do Estado até 6 de setembro através das 30 imagens que compõem a exposição “Inversus”.

“Você percebe que essas imagens originalmente estão de cabeça para baixo por se tratar de um reflexo, não é?”, questiona Fernando à reportagem, assim que começa a revisitar as fotografias expostas em diversos tamanhos, explicando que a ideia de observar as paisagens a partir de seus reflexos surgiu em março do ano passado.

No período, ele estava em cartaz na Galeria de Artes da UFRN (Conviv’art), com a exposição “Vivam Natura” até que o marchand Antônio Marques observou “você conseguiu um Monet com esta fotografia aqui não foi rapaz?”, lembra Fernando apontando para a imagem em questão, que exibe uma árvore no município de São Rafael, interior do estado, observada através de uma poça d’água.

“Eu fui para lá no final do inverno e as árvores já estavam com as folhas amareladas, então tinha essa poça muito próxima, mas já com o lodo por conta do tempo... e assim as cores se misturam e formaram essa visão”, explica Fernando sobre a fotografia que mais parece, de fato, uma pintura, assim como boa parte das fotografias expostas.

“É engraçado porque essas imagens realmente parecem uma pintura, algumas até mais que outras. Depende muito da textura que o reflexo tem”, complementa, garantindo que a natureza é o grande objetivo de seu trabalho como fotógrafo, desde que começou na área, no começo dos anos 90.

Com a exposição em mente, a partir da observação do marchand, Fernando continuou com suas rotineiras viagens pelo interior do estado para fotografar as belezas de cada local e assim chegou São Tomé, cerca de 100 km da capital. Por lá, ele obteve uma das fotografias mais destacadas na exposição, a que exibe um caçador visto pelas cores de uma poça d’água.

“Toda vez que chego em uma cidade procuro me informar sobre o lugar mais bonito dela, na opinião dos moradores: um  riacho, uma nascente, pássaro, pedra... o que tiver. E foi assim que eu descobri a Pedra do Oratório em São Tomé. Só que para chegar lá, contei com a ajuda de alguns caçadores que conheciam o caminho e fiz essa foto em um momento do percurso”, conta sobre a imagem, puxando imediatamente seu tablet para mostrar outras imagens do percurso.

“Muita coisa ficou de fora”, conta, adicionando entre os locais já visitados e fotografados no Rio Grande do Norte, o Monte das Gameleiras e principalmente a região de Acari.“Sou apaixonado por Acari”, declara. O próximo destino a ser visitado é Cerro Corá. “Quero ver a nascente do Rio Potengi”, argumenta.

Além de registrar o interior do estado, as 30 fotografias que compõem a exposição, também transportam o público de forma subjetiva para os cartões postais mais comuns da capital potiguar, como Ponta Negra; onde Fernando fotografa o reflexo da sombra de surfistas e garotos jogando bola na praia, e a Ribeira, através de prédios refletidos no Rio Potengi.

Todas as imagens foram registradas em câmera profissional, mas ele argumenta que não é apegado a essa questão. “Hoje em dia muitos modelos de celulares já fazem fotos maravilhosas, e acho que, no fundo, o que vale é a imagem e isso não depende de modelo de câmera, mas da visão do fotógrafo”, menciona.

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agosto 27, 2014

CAMILA MASISO: FINALISTA NO E-FESTIVAL

CAMILA MASISO
FINALISTA NO SAMSUNG E-FESTIVAL
 “Rei do Povo” faz parte do novo cd de Camila Masiso
Música selecionada entre mais de 600 participantes de todo o Brasil
Natural de Natal/RN, firma-se com força e carisma na cena musical nacional
 Fotografia: Elias Medeiros

CAMILA MASISO
UMA VOZ POTIGUAR NO SAMSUNG E-FESTIVAL

Por
SAMSUNG E-FESTIVAL - TRIBUNA DO NORTE - JORNAL DE HOJE

Entre mais de 600 participantes de todo o Brasil, a cantora potiguar Camila Masiso foi selecionada para ser uma das cinco finalistas do Samsung E-Festival. A música “Rei do Povo”, do seu mais novo trabalho, “Patuá”, foi a escolhida para concorrer na categoria “Melhor Canção”. 

Agora, ela depende do voto popular para vencer o festival promovido pela empresa transnacional. Camila Masiso entregou-se à MPB, junto com uma talentosa geração de novos músicos. Natural de Natal/RN, firma-se com força e carisma na cena musical nacional.

Ao receber os trabalhos dos artistas, Thomas Roth, curador do festival, disse que estava em uma “missão impossível” ao escolher somente 5 músicas de cada categoria. Considerou o nível artístico dos trabalhos que ouviu muito bom, muito alto.

 CAMILA MASISO
Fotografia: Elias Medeiros 

E-FESTIVAL

Coisas incríveis podem acontecer quando a tecnologia Samsung se encontra com o talento, a ginga e a musicalidade brasileira.

Para revolucionar o cenário musical do Brasil, a Samsung trás a nova plataforma que irá revelar e consolidar os futuros talentos da música brasileira: Samsung E-Festival –Revelando Talentos. 

O concurso via web, além do compromisso de lançar novos talentos da música, oferece também condições para que estes artistas se desenvolvam e possam construir sua carreira de uma maneira sustentável.

CAMILA MASISO
Fotografia: Elias Medeiros

FORÇA E CARISMA NO CENÁRIO MUSICAL

A música “Rei do Povo” faz parte do repertório de “Patuá”, trabalho recém-lançado por Camila Masiso no Teatro Riachuelo, em Natal. O show do álbum também foi levado a Paris, a Currais Novos e à praia de Pipa. A canção que concorre no Samsung E-Festival é composta por Vinícius Lins, Alex Amorim e João Henrique Koerig, e arranjada pelos músicos norte-rio-grandenses Diogo Guanabara, Rogério Pitomba e Henrique Pacheco.

Camila Masiso começou a carreira solo em 2009, cantando clássicos do samba e da bossa nova em Natal. O seu primeiro disco autoral foi “Boas Novas”, lançado em 2010, com nove canções inéditas. 

A cantora foi finalista do festival MPBeco, recebeu prêmio Hangar de “Intérprete Revelação” em 2010, ganhou prêmio O Poti, promovido pelo jornal Diário de Natal, na categoria “Artista Popular”, após ser a mais votada na internet, participou de duas edições do projeto Parcerias Sinfônicas, do Sesc RN – a primeira edição, na qual foi solista, também levou prêmio Hangar de “Melhor Show do Ano” (2011) – e levou seu talento a países como França, Itália, Áustria e Eslovênia. 

No cenário atual, se firma como uma grande aposta da música popular brasileira. Tocou em grandes palcos, como o do Teatro Rival (RJ), e participou de shows com artistas como Roberto Menescal, um dos criadores da bossa nova, e a cantora mexicana Julieta Venegas, duas vezes ganhadora do Grammy Latino. 
  
VOTE NA CATEGORIA CANÇÃO

O Samsung E-Festival terá encerramento nacional em grande estilo. Estão previstas apresentações dos vencedores em shows com a participação de grandes nomes da Música Popular Brasileira em São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro, em datas que serão divulgadas em breve.

O Samsung E-Festival premiará os três melhores com R$ 5 mil (cinco mil reais) para o terceiro colocado; R$ 15 mil (quinze mil reais) para o segundo lugar e R$ 30 mil (trinta mil reais) para o grande vencedor. O artista mais votado receberá também o apoio artístico de Thomas Roth e da curadoria do projeto para a construção de seu plano de carreira. 

Agora é sua vez de escolher os novos talentos da música brasileira! Camila Masiso é a nossa representante potiguar no renomado festival! Além dela, conheça também os outros finalistas do concurso e vote em seu favorito. Até o dia 05 de setembro é possível votar no site www.efestival.com.br.

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Categoria Melhor Canção
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agosto 26, 2014

DEMÉTRIUS: POTIGUAR EM DESTAQUE

DEMÉTRIUS COELHO JÚNIOR
Diretor Comercial Revista FORMAS
Fotografia: Divulgação

EM BUSCA DO CONHECIMENTO

Por
Assessoria Comunicação Revista FORMAS

Demétrius Coelho Júnior - diretor comercial da Revista Formas e filho do artista plástico Demétrius Coelho - foi para os Estados Unidos fazer o Masters of Product Development na University of Detroit Mercy em Detroit, Michigan.

O Mestrado de Desenvolvimento de Produto (MPD) foi desenvolvido em colaboração com três instituições de ensino: a Universidade de Detroit Mercy, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e do Instituto de Tecnologia de Rochester; e seis parceiros industriais: Ford, General Motors, IBM, ITT, Polaroid, e Xerox; junto com a Marinha dos EUA e da National Science Foundation.

O principal objetivo do programa MPD é melhorar a competitividade global das indústrias norte-americanas, por isso ele é ideal para quem estudou na Engenharia de Produção.

“Esse curso irá me capacitar para trabalhar na área de engenharia do produto e por meio dele eu vou poder me certificar Black Belt em Lean Six Sigma. Fui muito bem recebido em minha chegada, já passei pelas orientações iniciais e estou matriculado nas disciplinas do primeiro semestre. A universidade é bem arborizada, possui vários polos esportivos, além de uma academia com pista de atletismo coberta, pois aqui neva bastante e os treinos não podem parar”, diz o Engenheiro de Produção, Demétrius Coelho Júnior.

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Assessoria Comunicação Revista FORMAS

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agosto 18, 2014

GINGA COM TAPIOCA: PATRIMÔNIO CULTURAL

GINGA COM TAPIOCA
MESMO SEM ABAIXO-ASSINADO, A GINGA JÁ TEM SUCESSO GARANTIDO
Uma petição online sugere que o tradicional prato da Praia da Redinha
seja registrado como bem imaterial do Rio Grande do Norte
Fotografia: Rafael Medeiros/Flickr

GINGA COM TAPIOCA 
PATRIMÔNIO CULTURAL POTIGUAR

Via
Catraca Livre

De origem indígena, a comida foi adotada à mesa dos pescadores da comunidade da Praia da Redinha, litoral de Natal, há mais de 60 anos.

Para realçar o seu valor cultural, um abaixo-assinado online lançado recentemente sugere registrar o prato como patrimônio imaterial do Rio Grande do Norte.

Simples e saboroso, o petisco tem popularidade entre os paladares natalenses e, segundo a descrição da petição, “merece ser uma reconhecida iguaria que representa o sabor e a cara do povo potiguar”.

Os diversos quiosques no Mercado Público da Redinha são os locais de referência para o consumo. Por lá, a ginga com tapioca é o prato mais pedido pelos turistas.

IMORTALIZANDO A GINGA COM TAPIOCA

Por
Tádzio França
TRIBUNA DO NORTE

A comerciante e cozinheira Ivanize Barbosa seria uma personagem essencial no registro (correspondente ao “tombamento” material) da ginga com tapioca como patrimônio imaterial: os pais dela criaram e disseminaram a iguaria, meio século atrás. “Essa história do patrimônio imaterial não é de hoje, já ouvi muito. Eu espero que aconteça, pois seria mais do que justo”, afirma ela, ressaltando que na semana passada recebeu uma equipe de jornalistas de São Paulo para fazer matéria sobre o prato que é “a cara” de Natal, uma das cidades sede da Copa do Mundo.

Ivanize fala com propriedade sobre a iguaria. O pai Geraldo e a mãe Dalila tiveram a ideia de criar um prato a partir daqueles peixinhos minúsculos que os demais comerciantes da área ignoravam. A ginga é um tipo de sardinha, chamada de ‘azul’ ou ‘manteiga’. A receita dos pais de Ivanize é simples e genial: temperar os peixinhos com sal, fritá-los numa mistura de óleo de soja com azeite de dendê, espetá-los num palitinho e rechear a tapioca (em goma de mandioca e coco) com eles. A combinação agradou em cheio e, alguns anos depois, tomou conta da Redinha e de todos que frequentavam a praia de lá.

Hoje tem ginga com tapioca nas duas margens do rio Potengi. Ivanize afirma que nem todas têm a qualidade original da Redinha. “Já comi ginga num shopping. Uma tapioca com três sardinhas a R$15. Achei até graça. Muita gente faz, mas não tem a qualidade da nossa, que é feita na hora, no dendê, com o peixe fesquinho...”, diz. No Box 3, que Ivanize divide com a filha Sandra no Mercado da Redinha, uma porção sai a R$5, recheada de seis a oito gingas, em média. A cozinheira ressalta que o bar vem recebendo ainda mais turistas desde que foi destacado na revista Veja Natal. O “tombamento” da ginga seria um tempero a mais nessa popularidade.

GINGA NO BENDITAS

No ‘outro lado do rio’, a ginga com tapioca se destaca entre vários cardápios diferentes. No boteco descolado Benditas, Petrópolis, a Terça do Mar é o dia da ginga. A iguaria se destaca entre outros petiscos do mar. Uma porção sai a R$7. “Lançamos essa terça há quatro meses, e é um sucesso. Colocamos pratos que não estão no cardápio diário. A ginga é um dos mais pedidos, e muita gente vem só pra comer isso”, afirma a proprietária Márcia Barcellos.

UM BISTRÔ COM GINGA AOS SÁBADOS

O Jardins Café Gourmet, em Petrópolis, dedica um sábado por mês à ginga com tapioca. “É o dia mais aguardado da nossa programação. Quando termina, as pessoas já perguntam quando é a próxima. Comer ginga com tapioca perto de casa é ainda mais gostoso”, diz a proprietária Maria Tereza Cavalcanti. O prato sai a R$6, numa porção com dez gingas. Para acompanhar, uma cerveja bem gelada, de preferência. “Há também a questão da lei seca. Não dá pra ir à Redinha e não beber uma cerveja pra acompanhar”, ressalta. 

GINGA DE CHEF

O chef Daniel Cavalcanti, do Cascudo Bistrô, homenageou o símbolo da Redinha com uma versão gourmet do prato: o gingão com tapioca troca os peixinhos por uma posta de peixe branco alto, frita na farinha de mandioca, servida com a tapioca junto com uma salada e macaxeira cremosa frita. Passou de petiscos a prato principal. “É o prato emblemático de Natal, e a minha versão teve uma ótima aceitação entre a clientela do bistrô”, comenta. O gingão do chef Daniel também figura no livro “Temperos do Brasil”, da escritora Cecília Gianetti, que reuniu receitas regionais de 19 estados do Brasil. O RN foi representado por este prato.

TAPIOCARIA DA VÓ EM PONTA NEGRA

De Redinha à Ponta Negra: a ginga virou carro-chefe no restaurante Tapioca da Vó, cardápio mais tradicional da Vila de Ponta Negra. “Meus amigos sempre agradecem por estar economizando a gasolina da ida à Redinha”, brinca o proprietário Joka Lima. O prato da vila é um pouco diferente do original: a tapioca é toda recheada com cerca de dez gingas, sem o espetinho. “A nossa tapioca também é maior que a da Redinha”, ressalta Joka. Ele destaca que só trabalha com sardinha azul fornecida diretamente pelos pescadores de arrastão de Ponta Negra. O preço é igual ao da Redinha, R$5. Outra diferença, é que a maioria da clientela prefere acompanhar o prato com café, e não com a tradicional cerveja da praia. “A ginga aqui é um prato para jantar”, completa.

CANTO DO MANGUE TEM

Uma das gingas com tapioca mais famosas de Natal fora da Redinha está no Canto do Mangue. A Barraca do Pernambuco, do comerciante Edson Machado, é point para quem está à margem esquerda do Potengi. O prato sai com oito peixes no espeto, fritos no dendê. O seu Pernambuco conta que conhece a receita desde a década de 60, e não teve problema em trabalhar com ele: “Sempre fui acostumado a servir tudo com tapioca”, disse.

HISTÓRICA

Hélio Oliveira, diretor do departamento de patrimônio cultural do Município, acredita que o tombamento/registro da ginga como patrimônio imaterial tem muito potencial à nível local. “A justificativa histórica precisa ser muito embasada. O processo pode partir de qualquer cidadão interessado, mas é algo lento, exige muito estudo e paciência”, conclui.
  
ONDE COMER

*Bar da Sandra e Ivanize Box 3, Mercado da Redinha. 
84.8849-3794/9915-2409
*Benditas Buteco, Petrópolis.
84.3346-3117
*Jardins Café Gourmet, Petrópolis. 
84.2020-4709/9413-3300.
*Tapiocaria da Vó, Vila de Ponta Negra.
84.8722-7570
*Cascudo Bistrô, Praça das Flores, Petrópolis. 
84.3202-1005

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agosto 12, 2014

DESCOBRINDO O RN PRÉ-HISTÓRICO


TOMISLAV R. FEMENICK
O jornalista percorrendo o terreno recoberto por rochas
 Fotografia: Acervo do autor

DESCOBRINDO O RN PRÉ-HISTÓRICO

 Por
Tomislav R. Femenick (*)
especial para a TRIBUNA DO NORTE

Pelo menos há dois milhões de anos já existia vida em Baraúnas, conforme pesquisas que o Instituto de Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte realizou em junho de 1968, na localidade de Olho D’Água da Escada, a 52 quilômetros de Mossoró – Município ao qual Baraúnas então pertencia –, onde foram achados fósseis de animais pré-históricos. 

Fósseis são restos vegetais ou de animais que viveram em épocas pré-históricas e que foram conservados em sedimentos que, com o passar do tempo, se acumularam sobre eles. Esses vestígios, como outros, sinalizam a existência de vida em tempos remotos, como pegadas, conjunto de circunstâncias físicas e geográficas que oferece condições favoráveis à vida e restos de alimentos. A importância de descobertas dessa natureza está no fato de que os estudos da pré-história fundamentam-se quase exclusivamente nos conhecimentos obtidos pela análise de fósseis, a partir do que é possível obter conhecimentos sobre o meio-ambiente, o clima e as migrações da fauna (e da flora), anteriores à evolução do homem.

O trabalho do Instituto de Antropologia da UFRN foi uma verdadeira viagem à pré-história, ao período plistocênico (glacial) e evidenciou a existência de gliptodontes (mamíferos gigantescos e desdentados, fósseis no quaternário da América), megatérios (grande mamífero desdentado, fóssil nos terrenos terciários e quaternários da América) e mastodontes (mamíferos de focinho prolongado em forma de tromba, corpulento e de constituição análoga à do elefante, que surgiu no oligoceno e se extinguiu no plistoceno), ao lado de pequenos roedores e tigres de dente de sabre, que integravam a fauna potiguar em uma época que se conta por milhões de anos, em uma terra que, como de resto a Chapada do Apodi, surgiu do fundo do mar, também há milhões de anos. Os ossos de um cliptodonte (um tatu gigante) que foram localizados pelo pesquisador Manuel Dailou Teixeira formam uma peça de indicação quase perfeita.

ÁREA PESQUISADA

Olho D’Água da Escada apresenta um cenário bruto, inclemente, rude, áspero e agreste. A topologia é um desafio à presença do ser humano, que se sente repelido e quase agredido pelos cactos e outras vegetações características da caatinga nordestina. De espaço a espaço, o afloramento do calcário fere a vista, como em uma paisagem lunar. Completando a cena, cavernas abruptas aumentam o perigo para o passante desprevenido.

Na época das pesquisas a civilização ainda não havia chegado totalmente ao local. Apenas um ou outro tiro de espingarda, disparado por um caçador ocasional, marcava a presença do homem. Distantes alguns quilômetros uns dos outros, se encontram pequenos roçados de milhos, feijão e algodão. A água era trazida de outras localidades, pois não há registro de riachos ou mesmo um único olho d’água, como era de se esperar pelo nome do lugar.

EQUIPE

Os trabalhos de exploração foram realizados em Olho D’Água da Escada, distante oito quilômetros do povoado de Boa Sorte, onde ficaram acampados o professor José Nunes Cabral de Carvalho, diretor do Instituto de Antropologia da UFRN e chefe da equipe; o pesquisador Leon Diniz Dantas de Oliveira, do Departamento de Mastozoologia; os pesquisadores Manuel Daiton Teixeira de Vasconcelos, do setor de Geomorfologia; Marilda Fernandes de Carvalho, do setor de Paleontologia; José Crispin, do setor de Antropologia Física; Celma Bezerra, do departamento de Entomologia e o professor Antonio Campos e Silva, do Departamento de Geologia.

AS CONDIÇÕES

Trabalhando em condições precárias e em constante risco de vida, os pesquisadores faziam uma jornada de mais de dez horas de trabalho por dia. Andavam quilômetros a pé, em solo formado por pedras cortantes ou em veredas que correm dentro a caatinga, para atingirem as cavernas, onde estava localizado o material pesquisado. A descida às cavernas era feita por escadas de cardas, às vezes por aberturas estritas e abruptas, que mal oferecem condições de passagem para uma pessoa. As acomodações da equipe constavam de duas barracas de lona, sob as quais faziam suas refeições, dormiam, revelam filmes e se reuniam os membros do grupo.

AS DESCOBERTAS

Ali foi que o Instituto de Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte realizou alguns dos mais importantes achados fósseis do território nacional, somente comparável aos feitos de Peter Lungan, em Lagoa Santa, no Estado de Minas Gerais. Seis cavernas foram trabalhadas, sendo que a mais importante é a que recebeu a classificação de “F-3”, a qual tem a profundidade de 30 metros, ao pé da escada. Sua largura e seu comprimento são de 20 metros. Do seu salão central surgem dois túneis, um dos quis leva a um sumidouro com 40 metros de profundidade. Na ocasião, mais de vinte e duas toneladas de detritos foram removidas desta caverna, composto principalmente de terra e pedras resultante de assoreamento provocado pelas águas de chuva.

PRECIPITAÇÃO

Os pesquisadores estimaram que na época em que aqueles animais – hoje extintos e cujos fósseis foram encontrados – viviam na região de Baraúnas já eram constantes os períodos de estiagem. Em busca da água, os animais caminhavam para os únicos reservatórios que existiam: as cavernas que armazenavam as águas das chuvas. Cavernas essas que tinham (e ainda hoje têm) pequenas entradas nas grandes cavidades internas. Os pesados animais nelas se precipitaram quando o teto de calcário se partia e trazia todos os elementos de superfície.

MATERIAL COLHIDO

Na ocasião o número de fósseis localizado representou um achado de grande valor. Foram encontrados restos de preguiças gigantes, um tatu de seis metros aproximadamente e um mamute primitivo. Por outro lado, milhares e milhares de pequenos ossos isolados ou componentes de conjuntos também foram encontrados e transportados para a sede do Instituto em Natal.

As pesquisas visam a uma análise do passado e sua correlação com o presente. Paralelamente aos achados paleontólogos, foram sendo efetuados estudos sobre a fauna e a flora atual. Vários animais foram capturados ou mesmo abatidos, para comparação entre as faunas presente e a passada. Com vista a realização de estudos sobre a evolução do relevo do terreno, técnicos do setor geomorfologia (ramo da geologia física que estuda as formas atuais do relevo terrestre e investiga a sua origem e evolução) realizaram coleta de elementos atuais e residuais do passado, característicos da região estudada. Os estudos se complementavam com análise e pesquisa de mastozoologia (ramo da zoologia que se ocupa do estudo dos mamíferos), geomorfologia, paleontologia, antropologia física, entomologia e geologia.

TAMBÉM EM SÃO RAFAEL

O Instituto de Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte também realizou trabalhos de pesquisas no Município de São Rafael, situado na mesorregião Oeste Potiguar e na microrregião Vale do Açu, onde foram encontrados restos de material lítico (cerâmica). Na data das descobertas, esses objetos não tiveram idade catalogada, vez que não tinha sido encontrado um fóssil guia, nem se dispunha de métodos e equipamentos capazes de determinar a idade do material descoberto. A cerâmica encontrada em São Rafael, no nível dos fósseis, não permitiu aos pesquisadores afirmar se ela é contemporânea dos mastodontes, megatérios e outros animais pré-históricos. As pesquisas do Instituto de Antropologia foram realizadas, em grande parte, graças a ajuda recebida do Conselho Nacional de Pesquisas.

DO INSTITUTO AO MUSEU

O Instituto de Antropologia foi criado pela Lei estadual nº 2694, de 22.11.1960, com órgão da então Universidade do Rio Grande do Norte, dias antes desta ser federalizada e ser transformada na atual Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Sua primeira equipe técnica era composta por Luís da Câmara Cascudo, José Nunes Cabral de Carvalho, Veríssimo de Melo e D. Nivaldo Monte. O Instituto de Antropologia foi o primeiro órgão de pesquisa da instituição de ensino superior, tendo como objetivo “promover e divulgar estudos sobre o homem em seus diversos aspectos físicos e culturais, além de realizar pesquisas relativas às jazidas pré-históricas do território norte-rio-grandense”. Além das atividades de pesquisa direta, o Instituto oferecia cursos de extensão universitária nas áreas de antropologia, arqueologia, etnologia e paleontologia. 

Em 1965 passou a ser denominado Instituto de Antropologia Câmara Cascudo, em homenagem ao seu primeiro diretor. Em outubro de 1973, por resolução do Conselho Universitário da UFRN, foi transformado em Museu Câmara Cascudo, tendo como compromisso “preservar os resultados das pesquisas e estruturar as atividades de proteção, utilização e exposição das peças do acervo”. 

  (*) jornalista, historiador e membro da diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.

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 Tomislav R. Femenick
especial para a TRIBUNA DO NORTE
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