fevereiro 02, 2015

NOVAS CORES & NOVOS NOMES

 
MARGOT FERREIRA
NOVAS CORES, NOVOS NOMES
 A inter TV Cabugi, afiliada da Rede Globo no RN, se despede
 de uma das  suas melhores apresentadores de telejornal. 
Margot Ferreira deixa a emissora e é contratada pela Tv Ponta Negra. 
Na nova casa ela vai comandar o Jornal do Dia.
Fotografia: Argemiro Lima/NJ 

NOVAS CORES, NOVOS NOMES

Por
Henrique Arruda
NOVO JORNAL

“Nossa... minha casa está uma zona! cheia de obras! Estou construindo um terceiro andar para os meus pais morarem comigo”, explica Margot Ferreira, 45, ainda se acostumando aos corredores da sua nova casa, não essa mencionada no começo do texto, e sim a TV Ponta Negra (SBT), emissora na qual ela estrEia hoje, 2 de fevereiro, após 22 anos como um dos principais rostos da Inter TV Cabugi, afiliada local da Rede Globo.

O público inevitavelmente acostumado a vê-la todas as noites como âncora do “RN TV 2ª edição”, agora vai receber a jornalista um pouco mais cedo em casa, logo após o almoço, a partir das 13h20 no comando do “Jornal do Dia – 1ª edição”. No mais, tudo permanece como antes, incluindo a vontade de “vestir a camisa”.

“Por onde passei eu vesti a camisa, e não vai ser diferente aqui. Quero retribuir todo esse carinho que a TV Ponta Negra está tendo comigo”, garante Margot se acomodando em uma das cadeiras da redação onde agora além de planejar o “Jornal do Dia – 1ª edição”, também vai trabalhar com afinco nos próximos meses para desengavetar o seu grande sonho, um programa cultural de entrevistas aos sábados.

“Eu saí da Inter TV Cabugi pela porta da frente, assim como entrei. A TV Ponta Negra acaba de surgir na minha vida, e me dando a oportunidade de recuperar duas coisas que até então eu não estava tendo: a minha qualidade de vida e a possibilidade de fazer cultura que é a minha praia”, explica citando o projeto “Cores e Nomes”.

Título do álbum de Caetano Veloso em 1982, e desde 2009 o nome do quadro semanal de entrevistas culturais de Margot Ferreira, o projeto “Cores e Nomes” até chegou a ser cogitado para se transformar em um programa fixo da Inter TV Cabugi, mas a tentativa nunca saiu do papel.

“O projeto foi engavetado, e era o que eu fazia com mais amor, então a possibilidade de levar para frente esse meu projeto específico foi muito importante para mim nessa hora de recomeçar”, complementa a nova jornalista da TV Ponta Negra explicando que o formato da atração ainda está sendo discutido, assim como o próprio nome do programa.

“Muito provavelmente será um programa semanal de 15 minutos e deve ser exibido aos sábados”, sugere sobre a atração que ainda na antiga emissora colecionou nomes como Milton Nascimento, Caetano Veloso, Roberta Sá, Vanessa da Mata e Dominguinhos entre os entrevistados.

“Eu estreei o quadro em 2009 com a Roberta Sá. Naquela época o Cores e Nomes tinha um formato de 8 minutos. Recentemente esse tempo era de 4 minutos, em média, mas ao longo dos anos eu tive a sorte de os próprios artistas tomarem conhecimento desse projeto. O Ivan Lins, por exemplo, chegou a compartilhar a entrevista que fiz com ele na sua página pessoal, e assim tudo foi ajudando para que se tornasse muito forte”, explica.

“Nesse momento da minha vida eu precisava desse resgate tanto do programa, quanto da minha própria qualidade de vida, de mais tempo para os meus pais que são idosos e vão morar comigo, de mais tempo para mim mesma”, reforça a jornalista se dizendo motivada para encarar o recomeço, sensação similar a da menina carioca que aos “vinte e poucos anos” se mudou para Natal com a família a fim de juntar uma grana e logo depois retornar à baixada fluminense. A volta nunca aconteceu.

 
 MARGOT FERREIRA
NOVAS CORES, NOVOS NOMES
 A inter TV Cabugi, afiliada da Rede Globo no RN, se despede
 de uma das  suas melhores apresentadores de telejornal
Jornalista também terá programa semanal 
sobre arte e cultura na nova casa.
Fotografia: Divulgação
 
AS CORES E OS NOMES

Nascida em Nova Iguaçu, na baixada fluminense, Margot Ferreira, cuja mãe é potiguar, precisou se mudar para Natal em 1989, por conta da busca pela tranquilidade de vida, mas muito embora tivesse aceitado acompanhar os pais na mudança, ela pensava mesmo em “juntar uma grana e voltar para os amigos” artistas que cresceram junto com ela.

“Eu fiz teatro no Rio dos 15 aos 20 anos e passei por vários grupos, mas todos amadores”, relembra a jornalista já bem distante da menina menos “careta” que a mulher de hoje em dia. “Ah, a gente muda né?! Não tem como! A Margot de hoje é completamente diferente daquela Margot menina que nem sabia direito qual carreira ia seguir”, avalia.

Com os olhos mais nostálgicos, ela fala brevemente sobre “Também Por Isso”, um dos espetáculos encenados na época, enquanto participava da “Cia Criaturas da Noite”. Na peça, cheia de hippies, ela interpretava ao mesmo tempo uma criança que anunciava o fim do mundo logo no início da história, e mais adiante uma senhora muito velha.

“Eu sempre tive essa facilidade na questão da voz, mas era uma loucura essa peça”, define, dando uma risada. “Era um espetáculo tipo ‘Hair’, sabe? Mas era uma loucura, uma loucura”, lembra, citando o musical norte americano de Milos Forman lançado em 1979, e que se tornou um dos maiores sucesso do gênero.

Assim que chegou a Natal, cidade visitada anteriormente apenas duas vezes para acompanhar a mãe nos períodos de férias, a jovem Margot sentiu dificuldades de se enturmar, nada que uma nova trupe de teatro não resolvesse. Foi então quando ela começou a frequentar uma oficina cênica, onde inesperadamente conheceu boa parte dos repórteres de TV da época.

“Foi bem engraçado porque muitos alunos da oficina faziam TV, como Neuza Farache, Ana Tereza e tantas outras que estavam ali para melhorar a performance no vídeo. E assim eu fui convidada para a TV e nunca mais saí”, conta a jornalista que na época cursava turismo.

“Tinha essa ideia de fazer um jornalismo de viagem, então comecei turismo”, explica, contando ainda que iniciou a carreira na rádio 96 FM, fazendo narração de alguns programas, entre eles o de horóscopo. “Para você que é de Áries”, puxa a apresentadora encarnando o tom da época.

“Era muito engraçado. Queriam que eu fizesse na época ao vivo apenas a leitura dessas revistas semanais, mas eu me recusava. Comecei então a pesquisar mesmo a astrologia, e por um bom tempo até ganhei uma grana fazendo mapa astral para os amigos”, conta, dando mais uma risada, e explicando que hoje está relativamente distante deste universo.

“Não sou ligada nisso não, mas às vezes, quando conheço alguém, eu pergunto de que signo aquela pessoa é, e fico me lembrando, criando algumas conexões”, afirma a jornalista que ainda teve passagem pela TV Tropical (Rede Record) entre os anos de 1990 e 1992, até começar a sua jornada pela Inter TV Cabugi pelos próximos 22 anos.

Na época, o teatro foi ficando em segundo plano e nem mesmo uma Cia ela conseguiu montar. “Por isso eu digo que não escolhi o jornalismo. Foi o jornalismo que me escolheu. Eu realmente fui entrando nesse mundo, e quando vi já estava nele completamente”, diz a jornalista que anos depois não demorou a perceber que precisava largar turismo para cursar jornalismo. A formatura veio somente em 2001.

A vontade de voltar para o Rio de Janeiro não passou completamente até hoje, muito embora ela também se defina potiguar. “Pelo menos duas vezes por ano preciso voltar ao Rio de Janeiro porque nunca perdi contato com os meus amigos de lá. Todo ano eles estão aqui para o meu aniversário”, conta a jornalista nascida no último dia de Peixes.


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