ASSIS MARINHO
Fotografia: Argemiro Lima/NJ
Fotografia: Argemiro Lima/NJ
Um
panorama da vida do artista Assis Marinho a partir de suas criações pictóricas mais
famosas. Assim será construída a mostra “As Fases de Assis” na galeria da Fundação José Augusto.. A
mostra será composta de doze obras que representam os períodos mais marcantes
na trajetória do artista nos últimos 20 anos e ficará em cartaz de 1º a 30 de
agosto, em horário comercial.
Assis Marinho viveu sua infância entre a Paraíba e o Rio Grande do Norte. Seu trabalho é reconhecido internacionalmente e seus quadros ornam até gabinetes na Esplanada dos Ministérios. Atualmente, vive frequentando ateliês, sebos e bares do Centro Histórico fazendo desenhos de rostos e santos em pedaços de folha e papelão.
Assis Marinho viveu sua infância entre a Paraíba e o Rio Grande do Norte. Seu trabalho é reconhecido internacionalmente e seus quadros ornam até gabinetes na Esplanada dos Ministérios. Atualmente, vive frequentando ateliês, sebos e bares do Centro Histórico fazendo desenhos de rostos e santos em pedaços de folha e papelão.
AS DOZE FASES DE ASSIS MARINHO
ARTISTA GANHA MOSTRA NA FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO
Por
Henrique Arruda
Do Novo Jornal
São
quase dez horas da manhã e cai uma chuva fina na Cidade Alta. Assis Marinho,
55, já está de pé, e a reportagem lhe acompanha de casa para sua outra casa,
não muito distante dali, o Bar do Pedrinho, onde o artista plástico se sente
mais a vontade para conversar. “Casa parece prisão”, argumenta no caminho.
Por
ali todos conhecem o homem com alma inegável de artista e habilidade com
pincéis, canetas, carvão ou qualquer material que possa expressar seus
sentimentos nas telas. Ele inaugura uma nova exposição, “As Fases de Assis”, na
galeria Newton Navarro, localizada na Fundação José Augusto (FJA), bairro de
Tirol.
As
doze telas que serão expostas, na verdade, foram criadas em 2013, durante uma
de suas últimas internações em uma clínica de reabilitação localizada no
município de Nísia Floresta, na tentativa de se desvencilhar de um vício que
lhe acompanha desde os “30 e poucos anos”, o álcool.
Na
época as telas lhe renderam uma primeira exposição bem sucedida, com mais de 40
novos trabalhos inéditos pintados durante a reclusão. Quase tudo foi vendido,
restando apenas as poucas obras que o público poderá contemplar/adquirir a
partir de hoje na FJA, com mais algumas recentes inspirações.
“São
todas memórias de um período muito triste... porque o que muda com o passar dos
anos é a sua técnica e não suas memórias. Todas as minhas pinturas saem delas,
das mesmas memórias antigas”, considera emocionado já na cadeira do bar, sobre
as telas que Atendem uma das maiores características de seu trabalho, a
representação do sofrimento no olhar dos andarilhos da seca.
Muitos
dos rostos que ele pinta até hoje, o artista plástico coleciona na memória
desde a década de 60, quando pequeno
acompanhou a peregrinação da família ao partir de Cubati, na Paraíba, para São
João do Sabugi, interior do Rio Grande do Norte. O trajeto foi feito a pé,
cerca de 95 km sob o sol.
“Quando
eu pinto, me sinto como uma mulher grávida porque converso com todos os meus
personagens. Eu sei quem são os vários José, João ou Manel com aqueles olhares
tristes, e não acho que pinte fragmentos do que vivi, porque fragmentos são
pedacinhos, e meus personagens são inteiros”, poetiza Assis Marinho.
Na
época da estrada, Assis tinha apenas cinco anos, mas já desenvolvia gosto pelo
desenho, utilizando pedaços de carvão. Trocando o carvão por pinceis, hoje ele
carrega também o gosto pela leitura das aventuras do Pateta e Mickey. “É massa
demais. Eu leio desde garoto; o Pateta é o mais pateta que eu já vi”, comenta,
dando uma gargalhada, junto com alguns outros comensais das mesas próximas.
“Em
69, quando eu finalmente saí de São João do Sabugi e vim para Natal, dormi na
rua e via o que era tristeza todo dia”, complementa sobre suas memórias que
parecem não se desgastar nem mesmo com o passar das telas. “Não faço ideia de
quantos quadros já pintei nessa vida, mas podem tirar tudo de mim, menos os
meus pinceis e a minha tinta”, ressalta.
A
última internação na mesma clínica de reabilitação em Nísia Floresta aconteceu
no ano passado, quando ficou cerca de “nove meses e dez dias” recluso, desta
vez com uma severa restrição: a proibição de pintar novas telas. “O psicólogo
recolheu todo o meu material”, relembra.
“Eu
não pinto por elegância; eu pinto por sobrevivência revestida de ternura e
afeto”, assegura Assis, mencionando que para esta exposição, aberta à visitação
até o dia 30 de agosto, ele pretende iniciar um novo período criativo.
“To
pensando em produzir novas telas todos os dias ao vivo na exposição. Vai ser
muito bom para mim”, analisa, pedindo logo em seguida o caderno no qual eu
escrevia a conversa até aquele momento. Em questão de minutos, Assis devolve o
caderno, agora comigo mesmo pintado de caneta azul. “Para Henrique, com
alegria”, assinou a caricatura no canto da página.
“Já
teve jornalista que disse que o meu trabalho daria para ilustrar toda a obra de
Graciliano Ramos ou de João Cabral de Melo Neto. Eu só sei que nunca vou
esquecer dos rostos esquálidos quase mortos que vi pela estrada quando era
menino”, conclui, se levantando em direção aos seus afazeres do dia.
...fonte...
Se copiar textos e ou fotografias,
atribua os créditos!
Os direitos autorais são protegidos
pela Lei nº 9.610/98, violá-los é crime!
Aonde anda esse artista? Gostaria de saber.Marcia de São João fo sabugi
ResponderExcluirConheci este Artista ainda um garoto, na praia da Redinha vizinho a minha casa, onde o mesmo foi acolhido por uma família por um longo período. O casal que o mesmo chamava: dona Neide e seu Wilson ( ambos falecidos ), mais tive a honra de apreciar seus belos desenhos quando o mesmo ainda era um garoto. O vi faz bastante tempo aqui em Natal, no beco da lama, onde o mesmo ainda lembrou de mim e conversamos um pouco.
ResponderExcluirSou Beto da De. Ambrozina.
Conheci esse Artista e convivi com ele em 1985 quando trabalhei em Natal! Tenho fortes lembranças dele! Éramos muito malucos nessa época ! Acabei voltando para o Rio de Janeiro e nunca mais fiz contato com ele! Coisas da vida que nem sei explicar!
ResponderExcluir