CUNHAÚ - CANGUARETAMA/RN
Fotografia: Canindé Soares
DO MASSACRE À CANONIZAÇÃO
PAPA FRANCISCO DECRETA SANTIDADE DE 30 MORTOS POR
HOLANDESES NO RIO GRANDE DO
NORTE HÁ 372 ANOS
Por
Renata Moura - Da BBC Brasil em Londres
O Brasil amanhece neste
domingo, 15/10, com trinta novos santos reconhecidos pela igreja católica. São
os Mártires de Cunhaú e Uruaçu, mortos na capitania do Rio Grande do Norte
durante a invasão holandesa no século 17 por não reconhecerem a fé.
HISTÓRIA
Uma missa de domingo em uma
capela, uma celebração em campo aberto às margens de um rio e 150 pessoas
brutalmente assassinadas. Dois massacres registrados no Rio Grande do Norte e
apontados como símbolos da intolerância religiosa de holandeses que dominavam o
Nordeste brasileiro em 1645 renderão ao país, 372 anos depois, 30 novos santos
- "os primeiros santos mártires do Brasil".
Os chamados "mártires de
Cunhaú e Uruaçú" - nomes de duas localidades da época que hoje
correspondem aos muncípios potiguares de Canguaretama e São Gonçalo do Amarante
- foram beatificados no ano 2000 pelo Papa João Paulo II e serão canonizados
neste domingo pelo Papa Francisco.
Os 30 novos santos são os
únicos mortos identificados em dois massacres que deixaram um saldo de aproximadamente
150 vítimas. Por esse motivo, somente eles serão reconhecidos na cerimônia.
O caso é considerado
emblemático, entre outros motivos, porque os massacrados teriam "dado a
vida, derramado o sangue, na vivência de sua fé", segundo a Igreja.
Em Cunhaú, 70 teriam sido
assassinados em 16 de julho de 1645. O episódio é apontado como retaliação
holandesa aos que seguiam a fé católica e se recusavam a migrar para o
movimento religioso protestante que difundiam, o calvinismo.
Quase três meses depois desse
episódio, em 3 de outubro, outras 80 pessoas também viraram alvos em outro
cenário: às margens do rio Uruaçú, foram despidas e assassinadas por não terem
se convertido ao protestantismo.
Nem crianças foram poupadas do
ataque. Uma delas, com dois meses de vida, foi uma das vítimas, junto com uma
irmã e o pai.
Também parte desse segundo
grupo, o camponês Mateus Moreira acabou virando símbolo do martírio porque, no
momento de sua morte, teria bradado: "Louvado seja o Santíssimo
Sacramento". A louvação seria uma prova incontestável de sua fé, na visão
católica. Ele foi morto ao ter o coração arrancado pelas costas.
...fonte...
...ilustração...
Imagem pintada por Padre Eladio
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