O BEIJO NO ASFALTO
FUNARTE TRAZ PARA NATAL MONTAGEM PERNAMBUCANA
Após a apresentação haverá debate acerca da obra de Nelson Rodrigues,
sobre a mídia e a obra de arte, os meios de comunicação, o teatro
contemporâneo e a fabricação das celebridades instantâneas.
Confirmados para o encontro a atriz Titina Medeiros
e os diretores Claudio Lira eFernando Yamamoto.
A mediação será de Andrêzza Alves.
Fotografia: Américo Nunes
FUNARTE TRAZ PARA NATAL MONTAGEM PERNAMBUCANA
Após a apresentação haverá debate acerca da obra de Nelson Rodrigues,
sobre a mídia e a obra de arte, os meios de comunicação, o teatro
contemporâneo e a fabricação das celebridades instantâneas.
Confirmados para o encontro a atriz Titina Medeiros
e os diretores Claudio Lira eFernando Yamamoto.
A mediação será de Andrêzza Alves.
Fotografia: Américo Nunes
O BEIJO NO ASFALTO
Por
Moretti Cultura e Comunicação
Moretti Cultura e Comunicação
No corre-corre de um grande centro urbano, as pessoas parecem não notar umas as outras, mas um acidente no trânsito pode fazê-las interligadas por um breve momento. É o que acontece quando um anônimo atropelado ganha a atenção de inúmeros passantes. Não especificamente pela possibilidade da sua morte, que fatalmente acontece, mas pelo pedido inesperado que ele faz a um jovem que corre em seu socorro: um beijo, desejo prontamente atendido. A inusitada cena dos dois homens se beijando em meio ao caos da cidade grande é flagrada por dezenas de pessoas munidas de aparelhos celulares e o caso ganha repercussão imediata nas redes sociais.
Esta parcela de modernidade, com imagens compartilhadas em tempo quase real na Internet, não estava presente na obra original de Nelson Rodrigues, a peça “O Beijo no Asfalto”, escrita em 1961, mas faz parte da encenação pernambucana assinada pelo diretor Claudio Lira, que será apresentada no Barracão dos Clonws nos dias 19 e 20 de maio, às 20h. A montagem estreou no Rio de Janeiro em agosto de 2012, integrando o projeto “Nelson Brasil Rodrigues: 100 Anos do Anjo Pornográfico”, iniciativa da Funarte. Em seguida, a peça foi apresentada em Recife, dentro do Festival Janeiro de Grandes Espetáculos. Fomentada pela Funarte, a peça inicia em maio sua turnê. Nos dias 19 e 20 será apresentada em Natal, depois João Pessoa (22 e 23) e Recife (25 e 26). Também está confirmada sua participação no Porto Alegre em Cena (07, 08 e 09 de setembro).
O BEIJO NO ASFALTO
Uma releitura da obra de Nelson Rodrigues
Fotografia: Américo Nunes
Uma releitura da obra de Nelson Rodrigues
Fotografia: Américo Nunes
Esta
versão de “O Beijo no Asfalto” que chega do Recife, terra natal de Nelson
Rodrigues, respeita o texto original, mas não teme acrescentar detalhes
contemporâneos à trama, como a referência às redes sociais e as inserções de
imagens em vídeo captadas no momento da apresentação, num paralelo ao
imediatismo atual da mídia, suprimindo ainda todas as referências ao universo
carioca. Tanto que a história passa a acontecer no centro de qualquer grande
cidade. A trama mostra a reviravolta que acontece na vida do jovem Arandir, que
socorre um desconhecido atropelado e, atendendo a um pedido deste à beira da
morte, lhe dá um beijo na boca. Um repórter presencia o fato e vê no ato de um
homem beijar outro homem a possibilidade de ganhar dinheiro. O caso ganha
grande espaço na imprensa, sendo explorado com extrema crueldade tanto por
jornalistas quanto por policiais sem ética e que não temem invadir a
privacidade familiar.
A
partir deste embaraçoso ato de misericórdia – um beijo na morte – presenciado
por um repórter sensacionalista, um escândalo social se avoluma. Explorando o caso,
Amado Ribeiro, o tal jornalista, e Cunha, um delegado corrupto, destroem a
reputação de Arandir, um homem puro até então, e de sua família, levando todos
a um desfecho trágico e surpreendente. A exploração da imprensa é tanta, que a
história ganha outros contornos, retratando os dois homens como amantes em um
crime passional. A partir daí, a vida do jovem se transforma num inferno e nem
mesmo sua mulher, Selminha, acredita que ele é inocente, ainda mais diante das
insinuações do pai dela, Aprígio, que sempre manteve o pé atrás com o genro. Há
referências reais a toda esta história.
O
BEIJO NO ASFALTO
A montagem recebe um caráter mais clássico e psicológico
Fotografia: Américo Nunes
A montagem recebe um caráter mais clássico e psicológico
Fotografia: Américo Nunes
“A peça aborda algo que eu quero dizer e me incomoda muito: essa imprensa que manipula a opinião pública e, principalmente, o ranço preconceituoso que as pessoas mantêm até hoje. Não só na questão da homossexualidade, mas num âmbito mais geral”, diz o encenador Claudio Lira, que ressalta como grande qualidade da escrita rodriguiana esse revelar tão cru da hipocrisia na sociedade. Com “O Beijo no Asfalto”, Lira promove um retorno às suas origens no palco, ainda como ator. “No início da década de 1990, fiz um curso com Almir Rodrigues, grande ator e diretor, hoje afastado da cena por problemas de saúde, e passamos muito tempo estudando as obras de Federico García Lorca e Nelson Rodrigues. O objetivo era unir seus dois universos num espetáculo, mas o projeto não se concretizou. Em 2010, consegui encenar “Um Rito de Mães, Rosas e Sangue”, adaptação minha a partir das três tragédias rurais de Lorca, espetáculo ainda em atividade; e, agora, consigo mergulhar numa das obras de Nelson, o que é uma grande honra para mim, pois o considero um dos maiores dramaturgos do Brasil”, comemora.
NELSON RODRIGUES
Sua obra foi adaptada para o cinema e televisão e ele opinou, com seu
humor ácido, sobre artes, política, esportes e comportamento,
sempre criando frases e personagens memoráveis.
Fotografia: Antônio Andrade
Sua obra foi adaptada para o cinema e televisão e ele opinou, com seu
humor ácido, sobre artes, política, esportes e comportamento,
sempre criando frases e personagens memoráveis.
Fotografia: Antônio Andrade
"O
BEIJO NO ASFALTO"
"O
BEIJO NO ASFALTO" foi escrita especialmente para o Teatro dos Sete, com
estreia no mesmo ano de 1961, no Rio de Janeiro, sob direção de Gianni Ratto e
com Fernanda Montenegro, Sérgio Britto e Ítalo Rossi no elenco, entre outros. A
peça teve ainda duas versões cinematográficas, a primeira em 1963, com direção
de Flávio Tambellini e com Reginaldo Faria, Norma Blum, Xandó Batista e Jorge
Dória nos papeis centrais; e outra em 1981, com direção de Bruno Barreto e
elenco composto por Ney Latorraca, Tarcísio Meira, Christiane Torloni e Daniel
Filho, entre outros.
Originalmente, toda a história acontece durante um dia e meio, portanto, as cenas desenrolam-se como quadros de um videoclipe, em sucessão vertiginosa, pontuada por trilha sonora que mescla sons urbanos a melodias originais, concebida por Adriana Milet, e inserções de vídeo – algumas em tempo real – da videomaker Tuca Siqueira. A iluminação é assinada por Luciana Raposo e o cenário, figurinos e adereços pela dupla Claudio Lira e Andrêzza Alves. A produção executiva é de Andrêzza Alves e Renata Phaelante. “É esta sobreposição de elementos cênicos – dos figurinos masculinizados, das projeções em vídeo, da trilha musical quase constante, da luz forte que nos remete aos cortes cinematográficos e ao cenário composto por várias portas giratórias em 360 graus – que me interessa ao contar esta história, algo que eu quero dizer, tendo como molho o sarcasmo presente em Nelson ao tirar chacota da sociedade”, complementa o encenador.
Sobre o protagonista, Claudio define: “Arandir é um personagem tão comprometido por sua ação que duvida até mesmo da sua verdade. Portanto, assim como Nelson, eu trabalho em cima da dúvida – O beijo de Arandir no atropelado é a substância dessa dúvida – e a verdade, neste caso, pode ser forjada por qualquer um, como o faz a mídia, ao transformar notícias deturpadas em verdades absolutas, infelizmente. Este é o caráter desta tragédia brasileira, deste homem acuado que duvida até de si mesmo”, conclui. No elenco, Arthur Canavarro (Arandir), Andrêzza Alves (Selminha), Eduardo Japiassu (Aprígio), Ivo Barreto (Amado Ribeiro), Pascoal Filizola (Delegado Cunha), Sandra Rino (Viúva, D. Judith e Aruba), Daniela Travassos (Dália) e Lano de Lins (Barros, Werneck e um personagem surpresa ao final). Ainda há a participação das atrizes Cira Ramos, Clenira Melo, Vanda Phaelante, Renata Phaelante, Márcia Cruz e Sônia Bierbard, que mostram-se “virtualmente” na peça, numa homenagem a todas as atrizes pernambucanas, como opção do diretor, com falas da personagem Matilde, vizinha fofoqueira que acompanha o drama de Arandir, além dos comunicadores Gino César e Cardinot, este um símbolo da popularíssima imprensa pernambucana.
...serviço...
O BEIJO NO ASFALTO
19 I 20 DE MAIO ÀS 20h
BARRACÃO DOS CLOWNS - NATAL/RN
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