outubro 12, 2014

POTIGUAR REPRESENTA O BRASIL NA RÚSSIA

ALEXANDRE AMÉRICO 
O bailarino natalense representará o Brasil no
 VI Festival Internacional Mahmud Esambaev de Dança.
O potiguar compete na categoria solo do evento que
 acontece de 15 a 19 de outubro na cidade de Gronzy.
Américo é licenciado em dança pela UFRN, 
atua no  Balé da Cidade de Natal 
e é professor da Cia. Giradança.
Fotografia: Divulgação

NATALENSE EM FESTIVAL DE DANÇA NA RÚSSIA

Por
Yuno Silva
TRIBUNA DO NORTE

“Me descobriram aqui em Natal e soube que serei o único representante do Brasil por lá. Confesso que a ficha ainda não caiu”, disse o bailarino natalense Alexandre Américo sobre sua participação no 6º Festival Internacional de Dança Mahmud Esambaev, que acontece de 15 a 19 de outubro na Rússia. De caráter competitivo e voltado apenas para solos, o evento buscava preencher a vaga verde-e-amarela com trabalhos embasados na estética afro, justamente a área de interesse do artista de 24 anos nascido em Natal que leva na bagagem as coregrafias “Retorno a Nanã” e “Dona de Minha Cabeça”. A trilha sonora das duas coreografias dialogam com os tambores do Candomblé.

O bailarino viaja para o Leste Europeu na madrugada desta próxima segunda (13) para terça-feira (14) com tudo pago, e antes de seguir para a cidade de Grozny, na Chechênia, sul da Rússia, onde ele se apresenta dias 17 e 18, faz um tour por Moscou com direito a intérprete. “Como é um evento competitivo, não há cachê”, disse Américo já na expectativa para sua primeira viagem internacional. “Foi um convite inesperado e acredito que irá abrir novas possibilidades. Estou indo como se fosse dançar no Teatro Alberto Maranhão, disposto a aprender, dialogar e fazer contatos”, planeja o intérprete-criador.

Ele contou que Régis Bastian, presidente (e olheiro) da Federação Brasileira de Artes Populares - Febrarp, instituição responsável por indicar um bailarino brasileiro para o festival russo, ficou sabendo de seu trabalho através de Acácia Oliveira, integrante do grupo Parafolclórico da UFRN, e veio a Natal conferir a performance: “Estavam a procura de um trabalho solo com estética afro-brasileira e gostaram do que apresentei. Fizeram entrevista comigo e enviaram meu material para os russos aprovarem”, lembra. Américo, que não estudou balé clássico e ingressou direto na dança contemporânea, desenvolve pesquisas em torno da temática afro-brasileira desde 2010.

Graduado em Dança pela Universidade Federal, ele informou que não participa de nenhuma companhia de dança (prefere a independência) e que atualmente desenvolve a coreografia “Solo”, inspirada em elementos da ancestralidade tupiniquim: “Apesar da pegada ser diferente da estética afro, tudo está interligado e um trabalho acaba colaborando com o outro. Vejo que vale a pena investir na temática”.

Além do bailado solo, Alexandre também atua como professor, coreógrafo e assistente de direção no grupo Gira Dança. “Tenho sede de produzir conhecimento enquanto danço”, destacou. O artista pretende seguir nos palcos e ingressar na carreira acadêmica, adiantando que sua linha de estudo busca cruzar a arte da Dança com a Psicologia e a Neurociência.

Vale ressaltar que, diferente do balé clássico, onde a carreira é mais curta, a exigência física é maior e na maioria dos casos o profissional do primeiro escalão não passa dos 40 anos, na dança contemporânea não tem idade definida. “Esse é meu caminho, quero dançar até não poder mais”, garante.

Com experiência em dança de salão e contemporânea, danças populares, flamenco, ritmos latinos e afro-brasileiros, Alexandre Américo iniciou profissionalmente na área em 2008. De lá para cá já criou as coreografias “Que Seja Uno” (2011), “Ocaso” (2012), “Marruá” (2012), “Adó” (2012), “Erú-ya” (2012), “LogunEdé” (2012), “Kawóò” (2012), “Clono” (2013) e “Ensaio Sobre Decidir” (2014).

Em tempo: o festival homenageia o bailarino, ator e coreógrafo checheno Mahmud Esambaev. A realização é do Ministério da Cultura da República da Chechênia com patrocínio do Ministério da Cultura da Federação Russa.

Bailarinos da Roosevelt Pimenta no Bolshoi
O balé clássico com DNA local também busca a conquista de novos palcos e extrapola fronteiras de carona na bagagem dos adolescentes Anderson Clementino e Júlia Brito, ambos de 14 anos e alunos da Escola de Ballet Roosevelt Pimenta, instituição vinculada a Fundação Capitania das Artes. A dupla foi selecionada para participar de audição na Escola de Teatro Bolshoi do Brasil, sediada em Joinville (SC) – o teste está marcado para o próximo dia 18 de outubro. Anderson estuda há três anos na escola municipal e Júlia há cinco.

“A audição será fechada para bailarinos de todo o país indicados por mestres da dança no Brasil. É um feito importante para a Escola e para o município, pois reforça a qualidade técnica dos nossos professores e alunos”, ressalta Dimas Carlos, diretor da Escola de Ballet Roosevelt Pimenta, que em 2014 completou 40 anos de atividades. A Escola de Teatro Bolshoi foi criada na Rússia em 1773 e a filial brasileira, fundada em 2000, é a única fora daquele país.

...fonte...
www.tribunadonorte.com.br

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