CASARÃO GUARAPES - MACAÍBA/RN
Fotografia: Canindé Soares
SALVEM O CASARÃO DOS GUARAPES
Por
Eliana Lima
Tribuna do Norte
O casarão dos Guarapes, em
Macaíba, marco da economia potiguar do século 18, continua em ruínas. Enquanto
isso, o recurso de R$ 1 milhão do Ministério do Turismo para a recuperação, que
estava na Caixa Econômica desde 2015 a espera das providências do governo
estadual, já foi devolvido a Brasília.
O grito pela restauração do
casarão partiu de Valério Mesquita, conselheiro do TCE. “Se disserem que isso
ocorreu por contingenciamento de despesa, a declaração não cala porque há quase
oito anos o projeto sofreu “embargo de gaveta na Fundação José Augusto,
Prefeitura de Macaíba, etc”.
“Fabrício continuará donatário
da Capitania de Macaíba e capataz dos ministérios circundantes dos Guararapes.
Ele haverá de entender que o Rio Grande do Norte, hoje, está muito pior do que
aquele do seu tempo”, lastima Mesquita.
Em dezembro de 2015,Valério
Mesquita, estão presidente do Instituto Histórico e Geográfico do RN,
parabenizou a matéria na Revista Bzzz, assinada pela jornalista Adriana Brasil,
sobre as ruínas do Casarão dos Guarapes, e lembrou que no dia 11 daquele mês o
Ministério do Turismo liberou R$ 1 milhão do Prodetur para o início, em
janeiro, das obras de restauração, “coroando uma luta de longa espera (15
anos)”.
Certamente o governador
Robinson Faria tomará providência para reverter tal situação. Logo agora que
ele está conquistando reconhecimento do gestor que resgata a história a cultura
do RN.
De acordo com a matéria na
Bzz, o Casarão do Guarapes fica “no alto de uma colina na divisa entre os
municípios de Natal e Macaíba, às margens da BR-226”. Elo perdido da história
do comércio do potiguar, está “numa localidade carente, escondido pela
vegetação, no bairro que leva o mesmo nome do casarão, onde os índices de
violência são altos”.
O Imóvel – em ruínas – que um
dia foi impotente está à mercê de aventureiros e vândalos. Foi construído pelo
visionário comerciante Fabrício Pedroza, que transformou a realidade da área,
antes inexpressiva, que por pouco não disputou com Natal o posto de capital da
província do RN, diante do prestígio e da visão do patriarca daquelas terras.
Ruínas da maior casa comercial
até hoje implantada em solo de potis-desmemoriados, em 1858. Segundo o
historiador Anderson Tavares de Lyra, Guarapes foi o centro comercial onde se
exportava e importava diretamente da Europa e Estados Unidos. “Navios subiam o
Rio Potengi carregados de açúcar, algodão, couros”, disse à Bzzz.
Os navios passavam direto do
porto de Natal e entravam no Guarapes, carregados. “E de lá saiam ainda mais
carregados de mercadorias do que Natal”. Fabrício Pedroza, muito influente,
cogitou, juntou a Oliveira Junqueira, então presidente da província potiguar,
mudar a capital do RN para o Guarapes, levando em conta que Natal era “um
tabuleiro cercado por dunas, sem condições de alavancar grande um comércio”.
A propriedade foi comprada em
1899, por Juvino Barreto, casado com Inês Maranhão, neta de Fabrício e irmã de
Alberto Maranhão. Depois foi herdada pelo filho Pio Barreto que vendeu a
Nizário Gurgel; que negociou para Manoel Duarte, casado com a famosa viúva
Machado. Posteriormente, foi vendida ao alemão Gerold Gerppert, que nos anos 70
incluiu o terreno em um grande loteamento. O local já estava desocupado e
abandonado.
O arquiteto Paulo Heider
Feijó, especializado em patrimônio, traçou o projeto de restauração para
transformar as ruínas do empório comercial no museu do comércio e da indústria
potiguar. Mas, continua no papel. Além de refazer as estruturas do casarão tais
como antes, seriam construídos estacionamentos, praças, etc. Pode ser um marco
para o turismo. Afinal, histórias interessantes atraem bons turistas. Exemplo
do que acontece na Europa.
Anderson Tavares defende
também que a revitalização homenageie com um memorial o aviador Augusto Severo,
que foi neto de Fabrício Pedroza e criado em Guarapes (assim como Alberto
Maranhão, neto e ex-governador). “Era um apaixonado pelo local”, diz.
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