No Brasil, a literatura de cordel é produção típica do Nordeste, sobretudo nos estados de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará
BOA NOTÍCIA AOS CORDELISTAS
Por
Diário de Natal
A Fundação Biblioteca Nacional/MinC (FBN) começou uma ampla campanha de comunicação para incentivar os autores de cordel a enviarem suas obras para a instituição. Conhecida como a guardiã intelectual do Brasil, a Biblioteca Nacional é uma referência para estudiosos e todo tipo de público que precisa pesquisar, buscar informações e consultar obras raras. E a Literatura de Cordel é uma representação significativa da cultura do nordeste brasileiro e que precisa estar catalogada para o futuro entre os mais de nove milhões de itens que compõe o acervo da BN.
"A Literatura de Cordel representa o talento e a criatividade do povo. Ela registra com lirismo, tradição e muito bom humor histórias e temas do cotidiano. Para que essa forma de arte tenha o seu registro preservado e esteja à disposição de todos os brasileiros, a FBN está iniciando um amplo movimento pela preservação do cordel, por meio do Depósito Legal", afirma a chefe da Divisão de Depósito Legal (DDL), Daniele Del Giudice.
O serviço de Depósito Legal é uma exigência que abrange a todas editoras (e também a produção musical) brasileira que são obrigadas a enviar um exemplar das publicações produzidas à Biblioteca Nacional para salvaguarda daquela peça. E o cordel se enquadra nesta lei, mesmo quando não é produzido numa editora e não tenha o ISBN. O serviço foi criado para assegurar a coleta, guarda e difusão da produção intelectual brasileira, todas elas. Exceto em casos como cartazes de propaganda e monografias universitárias.
Infelizmente, poucos autores de Literatura de Cordel realizam o Depósito Legal. O desconhecimento da iniciativa ou de sua obrigatoriedade são algumas das razões que apontam o baixo número de obras enviadas à fundação. Sem os cordelistas, a coleção da Biblioteca Nacional perde uma parte importante da cultura letrada produzida no país. "Nossa intenção é divulgar a existência do depósito e incentivar o envio de cordéis, que representa uma parte da memória brasileira", afirma Daniele.
FUNDAÇÃO QUER REUNIR PUBLICAÇÕES DE TODO O PAÍS
A divisão recebe cerca de 10 mil itens por mês, entre livros, mapas, discos, partituras, fotografias e imagens. Única instituição habilitada a realizar o Depósito Legal no território nacional, a FBN quer contar em seu acervo com mais trabalhos dos versadores que encantam o país há gerações. "No último mês, recebemos apenas oito cordéis e todos do mesmo autor", conta Danielle. Porém, todos têm direito de eternizar suas obras por meio do Depósito Legal - instrumento de preservação da cultura nacional.
Fazer o depósito é simples. Basta o editor ou autor da obra enviá-la aos cuidados de Daniele Del Giudice, chefe da Divisão de Depósito Legal, para o endereço da Fundação Biblioteca Nacional (Avenida Rio Branco, nº 219, 3º andar - Centro - Rio de Janeiro/RJ, CEP: 20040-008). Junto do material, deve constar uma carta informando quais foram os itens enviados e os contatos do remetente - como nome completo, telefone e e-mail. Os textos enviados não precisam ter registro de direito autoral ou número de ISBN.
Daniele lembra que o e-mail é um dado muito importante, já que a comprovação do Depósito Legal é emitida via recibo eletrônico. "Se mais autores de cordel realizarem o Depósito Legal, teremos a certeza de que essa cultura singular do Brasil em sua forma original seguirá preservada", conclui.
UMA ACADEMIA AO CORDEL POTIGUAR
No dia 19 de dezembro, o cordel potiguar foi prestigiado com uma noite especial. Na sede da Academia Norte-rio-grandense de Letras, foi lançada a Academia Norte-rio-grandense de Literatura de Cordel. O anfitrião dos cordelistas foi o escritor e poeta Diógenes da Cunha Lima, que fez o discurso de abertura.
A proposta inicial veio do pesquisador Gutenberg Costa, que por muitos anos batia na tecla, clamando mais atenção à cultura da literatura de cordel, cujo solo do Rio Grande do Norte sempre foi fértil.
A Academia fica presidida pela cordelista e professora Rosa Régis. A presidenta é figura de grande atuação, sempre escrevendo muitos dos folhetos de cordel produzidos em nosso Estado. O vice-presidente é o poeta Hélio Gomes da Silva, conhecido em Natal pelo pseudônimo de Hegos.
Trinta e quatro cordelistas de todo o Rio Grande do Norte foram empossados e imortalizados. O poeta José Saldanha, falecido este ano, foi homenageado como patrono da cadeira de numero um, ocupada pelo neto dele, o também poeta ThomasSaldanha. Entre os homenageados, Manoel Justino de Araújo. O cordelista de 96 anos, considerado o mais antigo do Estado, recebeu a cadeira de numero 22. Emocionado, ele se mostrou surpreso com o reconhecimento. "Eu nunca tinha participado de uma coisa dessa, até estranhava o que ia acontecer e vi agora de perto, é suportável", disse Manoel Justino.
NOVA GERAÇÃO
Marciano Medeiros, 38 anos, é o mais jovem imortal da Academia. Para ele, esta é mais uma maneira de manter o cordel cada vez mais vivo, entre a juventude. "A literatura de cordel tem recebido um amplo destaque, principalmente após a novela Cordel Encantado. Eu me sinto bastante feliz em ser um jovem cordelista dessa Academia", revela o poeta popular. Marciano Medeiros nasceu em Santo Antônio, em 1973, porém, sempre manteve vínculo com Serra de São Bento, cidade onde está presente toda a sua origem familiar. O escritor foi empossado na cadeira 31, cujo patrono é Luiz Felipe Nerís.
TOMAS QUARESMA Com formação de bailarino, cantor e ator, migrou do balé para os musicais
e, atualmente, encena ao lado de Cláudia Raia o espetáculo "Cabaret"
NA TRILHA DOS MUSICAIS
Por
Yuno Silva
Em qualquer área de atuação profissional, as palavras talento, dedicação e versatilidade são constantes no dicionário daquelas pessoas que se destacam. Um bom exemplo do êxito dessa combinação é o bailarino, cantor e ator natalense Tomas Quaresma, que aos 24 anos colhe os frutos semeados ao longo de quase duas décadas. Há quatro anos longe de Natal, e passagem pelo Bolshoi, desde setembro, ele integra o elenco do musical "Cabaret", adaptado para o Brasil por Miguel Falabella e estrelado pela atriz Cláudia Raia.
Versátil, ele está habilitado para substituir todos os homens e mulheres nos números de dança e canto - por ter formação em canto lírico, Quaresma alcança vários tons. "Como o show não pode parar, tem sempre que ter alguém coringa no elenco, que saiba todas as coreografias e todas as músicas", explica o artista, que ganha mais por ser swing, denominação da função segundo a nomenclatura do teatro norte-americano.
Em Natal aproveitando o breve recesso de fim de ano, ele curte a brecha na temporada iniciada em outubro ao lado da família. Tomas Quaresma é filho da artista plástica Lídia Quaresma e sobrinho do artista plástico Flávio Freitas, ou seja, a arte corre nas veias.
Antes de enveredar definitivamente na carreira artística, Tomas chegou a cursar seis meses Comunicação Social na UFRN em 2006. "Na época do vestibular, comecei a pensar como ganharia dinheiro com arte em Natal, sair da cidade ainda era uma opção complicada na minha cabeça, deixar minha vida pra trás, sair da casa e do colo dos pais, de perto da minha família e de tudo que conhecia. Como não dava tempo pra me dedicar a dançar, tranquei o curso, sentia que teria que sair daqui do RN para continuar evoluindo. Sabia que o palco era meu lugar".
Atualmente morando no Rio de Janeiro com a irmã - a bailarina Flora Quaresma, que também estuda artes cênicas - e trabalhando em São Paulo, o natalense lembra que começou no teatro aos cinco anos e no balé clássico aos oito. "Sempre quis ser ator, falava que ia fazer faculdade no Rio e tal, e quando comecei a dançar fiquei 'viciado', só pensava nisso".
Estudou em várias lugares, mas considera a Escola de Dança do Teatro Alberto Maranhão (EDTAM) sua principal base de formação. "Foi onde mais evolui e tive oportunidades, a diretora Wanie Rose faz um trabalho incrível e vários de seus alunos já foram atuar no exterior", elogia Tomas, que desde pequeno fez todos os cursos ligado a teatro, dança e canto que aparecia pela frente. "O teatro me ajudou a ser um bailarino melhor, por que eu pensava no que estava dançando e isso sempre foi um diferencial", comemora.
O acúmulo dessa bagagem sedimentou seu talento nato, e ao passar na concorrida audição para ingressar na escola do Teatro Bolshoi em Joinville (SC), em 2007, onde os alunos têm aula de música, dança, circo e teatro, ouvia dos colegas: "caramba você já fez tudo, é bom em tudo, canta, dança e interpreta, tem que fazer musical! E aquilo foi despertando em mim atenção por trilhar o caminhos dos musicais".
DO BALÉ PARA OS MUSICAIS
Em 2009 muda-se para o Rio de Janeiro, onde percebe que o mundo da dança significava um esforço nem sempre bem remunerado. "Passei quase nove meses preso numa sala sem ver o sol, das 9h às 19h, de segunda a sábado, com professores dizendo que tudo estava ruim; um povo doido que só queria saber de emagrecer, girar mais piruetas. Tinha dia que sentia tanta dor que era difícil dormir, parecia que tinha apanhado - bailarino profissional tem uma carga de exercício maior que um jogador de futebol. Sem falar na falta de salário, falavam que ia ter mas que o patrocínio não tinha saído e tal. Até que um belo dia dei um basta, e fui ver uma peça pra descansar, passear"
Assistiu 21 vezes o musical "O despertar da primavera", versão brasileira de uma peça da Broadway, com elenco todo jovem. Depois dessa overdose sua vida não foi mais a mesma: "Assistindo aquilo eu disse: 'taí, eu consigo fazer isso. E em três meses estudei as técnicas do musical e passei na minha primeira audição que participei, para o musical 'Gypsy', com Totia Meireles, no papel principal", relembra. Depois fez "Um violinista no telhado", com José Mayer e no fim da temporada recebeu ligação de São Paulo chamando para um teste para "Cabaret". "Eles já conheciam meu trabalho, mas precisavam saber como me sairia. E deu certo! No dia seguinte do teste comecei a ensaiar - isso agora pouco, em setembro".
No espetáculo, seu papel fixo é um garçom bêbado que "briga por vinho com a personagem da Cláudia. Também tenho um momento solo, na pele de um jovem nazista, por isso o cabelo loiro", justifica a mudança no visual. "Sou desapegado a minha imagem, fico com a cara do personagem que estou fazendo - já tive que engordar pra ficar mais forte em outro espetáculo, e dessa vez estou mais magro para vestir bem o figurino de 'Cabaret' que também inclui cinta liga e langerie". Durante o musical, Quaresma usa cinco sapatos, três chapéus, troca oito vezes de roupa e ainda usa peruca.
"É bacana receber, depois do espetáculo, natalenses que estavam na plateia e vêm conversar comigo. Sabem de Natal para trabalhar com os melhores profissionais de teatro do país. Fico orgulhoso junto com eles", confessa.
Sobre trabalhar com Cláudia Raia e Miguel Falabella, Tomas conta que ela "é um ser à parte. Uma estrela sem dúvida, tem um brilho, uma coisa que não se ensina, chega e você presta atenção! É uma das pessoas mais queridas que eu conheço! Uma maezona. Como também é produtora do musical, fica ligada em tudo. Já o Falabella é aquilo que todo mundo acha: uma figura, engraçado até dizer chega, tudo vira uma piada. Acho que ele não dorme por que a cabeça dele não para nunca", diverte-se.
Em março "Cabaret" vai para o Rio de Janeiro e uma temporada no Nordeste ainda não está confirmada.
Veja como a cultura vem ajudando comunidades carentes
de Natal, Rio Grande do Norte, a construir sua própria cidadania
INCLUSÃO PELA ARTE
Por
Itaércio Porpino
Em Natal/RN, nas comunidades mais carentes de políticas públicas, a arte assume um importante papel social. É a cultura na linha de frente da construção da cidadania. Nesta matéria, originalmente publicada no soltonacidade.com.br, você vai ver como algumas iniciativas - que tem como base o trabalho com arte - mexem com a autoestima de crianças e adolescentes, abrindo perspectivas em suas vidas.
fotografia: Pablo Pinheiro
ILHA DE MÚSICA
O garoto na foto é Walter de Oliveira Câmara, de 16 anos; e o cenário, a casa dele, na comunidade da África, Redinha. “A casa é muito pobre, mas a gente vai melhorar”, diz, exibindo um sorriso moleque e confiante. Walter anda com a autoestima lá em cima. A razão disso é o projeto Ilha de Música, onde aos 12 anos pôde ter contato com um instrumento musical. Logo que começou, tinha a autoestima baixa; achava que não conseguia fazer nada. Com pouco mais de um ano, o comportamento já era outro; melhor. E acabou passando de aluno a professor. Ele dá aula de flauta e clarinete para outras crianças da comunidade e até recebe dinheiro pra isso - ajuda de custo dada pelo BNB, que passou a patrocinar o projeto em 2011.
Walter também está muito contente porque foi aprovado no teste para fazer o curso técnico na Escola de Música da UFRN. Antes, não tinha qualquer perspectiva; agora, tem uma certeza: a de que vai se profissionalizar como músico, como clarinetista. A ideia de criar a Ilha de Música foi do trombonista Gilberto Cabral e da mulher dele, Inês Latorraca. A intenção inicial era ocupar as crianças da comunidade com atividades de musicalização básica e afastá-las dos perigos da rua.
Mas não ficou só nisso não. Hoje, mais de 40 crianças e adolescentes têm aulas gratuitas de bateria, violão, percussão, flauta doce, teclado, trompete, trombone, clarinete, sax, entre outros instrumentos, além de Inglês e assistência psicológica. Do projeto, nasceu o grupo Ilha de Música, que tem se apresentado em vários locais da cidade e arrancado aplausos do público. Pela qualidade musical e exemplo
fotografia: Tiago Lima
SONS DA VILA
Crianças, adolescentes e mães da Vila de Ponta Negra têm a casa 26 da rua da Campina como um porto-seguro. No endereço, funciona o Ponto de Cultura Sons da Vila, onde uma família inteira - o casal Graça e Antonio Leal e a filha Maira - vive de pensar e por em prática ações para promover os saberes locais, a melhora da autoestima e a autonomia dos moradores da comunidade. O espaço têm ocupado principalmente o tempo ocioso de crianças e jovens da Vila. “Nossa ação é de prevenção ao crack e à prostituição infanto-juvenil”, diz a arte-educadora Graça Leal.
O Ponto de Cultura Sons da Vila funciona desde 2004, mas anos antes já era uma usina cultural, com diversos cursos abertos à comunidade. O local dispõe de uma biblioteca com mais de mil livros e também kit de cinema. Além do espaço de leitura e das sessões de filmes, sempre seguidas de discussão, são oferecidas às crianças oficinas de artes. Uma das preferidas dos meninos e meninas é a oficina de confecção de fantasias do bloco de carnaval em que eles mesmos brincam, o Jaraguás da Vila, que uma vez por ano sai pelas ruas da comunidade espalhando alegria.
fotografia: Itaércio Porpino
CASA DO BEM
Os pequenos gestos de solidariedade que o jornalista Flávio Rezende praticava diariamente em Mãe Luiza, bairro onde morou por 18 anos, foram o embrião do que é hoje a Casa do Bem, ONG que desenvolve mais de 30 projetos sociais, beneficiando direta e indiretamente quase 3 mil pessoas - moradores da comunidade, em sua imensa maioria.
A arte é um dos alicerces do trabalho, que não só tem tirado da rua crianças em situação de risco, como tem dado a elas oportunidade de aprendizado. Jennyfer Magna, de 18 anos (de azul, na foto), teve a chance de estudar balé na Casa do Bem. Começou aluna e virou professora de lá. Ela dá aula a uma turma de 20 meninas com idade entre 4 e 12 anos, todas de Mãe Luiza. “O balé hoje é minha vida”, diz Jennyfer, que ganhou uma bolsa integral para estudar balé no Espaço Vivo Dança e poder levar adiante seu sonho de fazer carreira como bailarina clássica.“A gente sofre preconceito por morar em Mãe Luiza, mas a dança tem aberto portas pra mim”.
Além do balé, a Casa do Bem oferece aulas gratuitas de violão, percussão, flauta e capoeira, entre outras atividades. Todo final de ano, as crianças e adolescentes se apresentam para a população no evento Natal do Bem - com um orgulho e um prazer imensos!
fotografia: divulgação
CASA TALENTO
A professora e violinista Márcia Pires aprendeu violino de graça e sonhava repassar o que sabia para outras pessoas que não tinham oportunidade de aprender. Pelo método tradicional de ensinar música, levaria muito tempo, mas, entre 1986 e 1987, num festival de música em Curitiba, conheceu o método Suzuki. Uma forma prática de ensino.
Em 2000, mais de uma década depois, Márcia abriu em Natal a organização não-governamental Casa Talento. A intenção era a mesma de anos atrás: oferecer uma chance àqueles que estavam à margem ou fora das atividades culturais. E assim tem sido há 11 anos. Dentre as várias atividades que promove, uma é o ensino básico de música para crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social, proporcionando desenvolvimento pessoal e criando a possibilidade de profissionalização.
“A escola empresta o instrumento, que quando a criança não pode comprar é o primeiro empecilho pra ela estudar música”, diz o diretor da Casa Talento, Marcondi Lima. A ONG está à procura de apoio para manter o trabalho de inclusão social e continuar quebrando barreiras.
fotografia: Ramon Vasconcelos
CONEXÃO FELIPE CAMARÃO
Os saberes da tradição e o patrimônio cultural são as linhas que guiam as ações do Conexão Felipe Camarão, projeto sócio-cultural e educativo idealizado pela professora Vera Lúcia e realizado há oito anos junto à comunidade de Felipe Camarão, bairro da região Oeste de Natal.
Com patrocínio da Petrobras, o projeto integra 400 crianças e jovens entre 4 e 24 anos - e seus familiares - em ações que se fundamentam na cultura local, tendo como referenciais o Mestre de Boi de Reis Manoel Marinheiro (in memorian), o mamulengueiro Chico Daniel (in memorian), Cícero da Rebeca (88 anos) e Mestre Marcos da Capoeira, ícones culturais do bairro.
São desenvolvidas atualmente as oficinas do Auto do Boi de Reis Mirim Mestre Manoel Marinheiro, Capoeira, Musicalização de Flauta/Pífaro, Musicalização de Rabeca e Lutheria de Rabeca. Vera Lúcia explica que embora alguns jovens da comunidade tenham seguido seus próprios sonhos e estejam se profissionalizando em música, a ideia da iniciativa não é formar músicos, mas juntar pessoas e discutir como a vida pode ser vivida de uma forma melhor. Em todos os aspectos
fotografia: divulgação ARTE ECOLÓGICA
Reciclar e negociar. Esses dois verbos agora fazem parte do repertório de uma turma de adolescentes do Planalto, bairro da região Oeste de Natal. O grupo, do Projovem, aprendeu com a artista plástica Ana Selma, por meio da oficina “Ana Selma Arte Ecológica”, a transformar papel em trabalhos artísticos. O Sebrae, através do projeto Responsabilidade Social e Negócios, entrou com a consultoria, orientando os jovens quanto à negociação, planejamento e gerência do negócio.
A Galeria Ana Selma tornou-se o maior parceiro dos adolescentes, comprando toda a produção deles para revender. “Eu fiz a minha parte, que foi dar as oficinas. Espero que eles continuem o trabalho e que fique um legado”, diz Ana Selma. Para ela, uma iniciativa como essa é muito importante no momento em que capacita pessoas e combate a ociosidade, um risco muito grande num lugar tão cheio de problemas.
fotografia: Pablo Pinheiro UMA NOVA CHANCE
Em junho de 2010, a artista plástica Lídia Quaresma recebeu uma proposta desafiadora do Sebrae. Ela foi convidada a dar oficinas de arte para jovens infratores no Ceduc. E não só topou, como acabou se envolvendo muito com o trabalho de responsabilidade social, a ponto de em dezembro ter continuado com as oficinas de forma voluntária, enquanto esperava a renovação do convênio com o Sebrae. Lídia diz que não é tão difícil lidar com os jovens. “Tem que tratar com respeito e carinho. São seres-humanos e precisam ser vistos e se enxergar como gente, como cidadãos. E a oficina dá essa oportunidade”.
Chance que o ex-interno Ewerton Pereira (foto), de 21 anos, não deixou escapar. Aos 18 ele cometeu um crime e foi para o Ceduc. Lá, entrou para a oficina e se dedicou tanto que depois de recuperar a liberdade foi contratado como funcionário do atelier de Lídia Quaresma, com carteira assinada, tudo direitinho. Voltou até a estudar. João Leno Souza Nascimento, 18, e Rogério Soares da Silva, 18, ainda cumprem pena por seus crimes, mas em regime de liberdade assistida e de semi-liberdade, respectivamente. Em novembro, eles também estavam no atelier, pintando camisetas encomendadas a Lídia por uma ONG suíça. Imersos em tintas, cores e pensamentos bons.
fotografia: Tiago Lima
TRANSFORME-SE
Maria da Glória Messias, 44, e Débora Wanessa dos Santos Rodrigues, 29 (foto), cometeram crimes, foram presas, mas hoje, no regime semi-aberto, se dizem reintegradas à sociedade. A ressocialização foi possível graças ao projeto Transforme-se, que oferece a presidiárias capacitação para desenvolver trabalhos artesanais - bolsas e diversos outros acessórios femininos.
O projeto, ideia de Maria da Glória, já tem sete anos e atualmente atende 138 apenadas, que ganham por produção. Os produtos feitos por elas são vendidos na lojinha que funciona no Complexo Cultural de Natal, no bairro Potengi, e também em muitos eventos. Em novembro, por exemplo, o Transforme-se esteve presente na Flipipa. Além da remuneração, as presas que participam do projeto têm a pena reduzida. Mas o prêmio maior é o resgate da autoconfiança.
Não é apenas os natalenses que guardam uma relação de proximidade com a capital que faz aniversário neste domingo, 25 de dezembro. O Poti/Diário de Natal ouviu pessoas que apreciam a cidade não apenas por sua beleza e pelos atrativos turísticos. Em terras potiguares, eles são admirados em suas respectivas áreas de atuação profissional. São artistas, estudiosos, cantores e compositores, Confira:
TOQUINHO
"Natal não é para um dia. É pra ficar uma semana inteira. Adoro a cidade, essa característica de vocês de comer camarões; as praias...".
Toquinho, cantor e compositor
KIKO - ROUPA NOVA
"Antes de mais nada, quero parabenizar esta cidade deliciosa pelos 412 anos de vida. Isso mesmo, vida, pois é isso que encontramos quando se chega a essa maravilha de cidade. Não é à toa que passarei o próximo carnaval junto de vocês. Eu e minha família vamos nos encher de alegria. Se Paris é a Cidade da Luz, Natal é a Cidade da Vida. Feliz aniversário Natal. Obrigado pelo amor com que vocês acolhem o Roupa Nova".
Kiko, músico
CAETANO VELOSO
"Eu adoro Natal. Muito especialmente. Desde os anos 70 e 80, quando minhas idas aí com A Outra Banda da Terra eram uma festa, até passeios em que levei meus filhos menores para subirmos as dunas. Cada ida a essa cidade que é o diamante do Nordeste tem sido um deslumbramento. Gosto do mar, do sol e da simplicidade urbana. A beleza urbanística de Natal parece um poema de João Cabral de Mello Neto". Caetano Veloso, cantor e compositor
GUILHERME ARANTES
"Natal é uma cidade belíssima, das mais incríveis para viver e visitar. É adorável. É uma delícia ir para Natal. Minhas melhores lembranças de shows são em Natal, Fortaleza e João Pessoa. E hoje Natal é uma metrópole, com apelo turístico mundial. Não é mais aquela cidade provinciana de 20 anos atrás. Hoje está moderníssima".
Guilherme Arantes, cantor e compositor
FERNANDA TAVARES
"É sempre bom falar sobre Natal, principalmente por se tratar da única cidade que eu conheço que aniversaria junto com o menino Jesus. É um privilégio pra qualquer pessoa viver numa terra tão linda. Mesmo que nos últimos quinze anos eu só vá a Natal quando meus compromissos permitem, jamais me esqueço da minha cidade. Só fico um pouco triste quando vejo que aí o verde está cada vez mais dando lugar ao concreto... E acho que minha cidade merecia ser mais bem tratada. Mesmo assim, pra mim Natal continuará sendo uma das mais bonitas cidades do mundo. Parabéns, Natal!"
Fernanda Tavares, modelo.
AFFONSO ROMANO DE SANTANA
"A primeira vez que conheci Natal foi durante o projeto Encontro Marcado. Aquelas praias já me encantavam. Mas a cidade foi ficando mais concreta para mim, quando recebi na PUC do Rio, já nos anos 70, vários alunos de pós-graduação vindos de Natal. Era o país crescendo preparando seus novos mestres e doutores. Me lembro de gente especial como a Diva Cunha e o Tarcisio Gurgel, que fez tese comigo sobre "carnavalização". Alunos que fizeram tese sobre Nísia Floresta, como a Contância Duarte, que foi com Eduardo de Assis lecionar em Natal. Sim, Zila Mamede, o Moacyr Cirne, o Nei Leandro e o clássico Câmara Cascudo. Antes era uma ilha, depois foi virando um continente de pessoas. Poetas como Iracema Macedo foram uma descoberta. Estive aí várias vezes".
Aqueles três meninos observavam a correria daquela gente.
O relógio da torre marcava 8 horas da noite, muitas lojas cerravam as portas. Um vento frio fazia tremer o corpo e doíam os ossos. Recostavam-se uns aos outros na espera do pai que tentava (em vão) comprar algo para a ceia.
Tempos ruins aqueles, haviam sido despejados e agora dormiam em um trailer abandonado, com pouca lenha para aquecer nas longas noites de inverno que se anunciavam.
Um dos meninos, que se chamava Juan, olhava para a algazarra de um garoto típico da cidade, escolhendo os presentes mais caros e bonitos que jamais vira, deixava-se levar pelo pensamento, sonhando também tocar aquele presente, momentaneamente parecia-lhe viver aquela cena.
Um de seus irmãos, Rodrigo, parecia ter o olhar perdido na multidão, nada dizia ou gesticulava, contemplava em silêncio uma noite que nada prometia de diferente de outras tantas vividas.
O terceiro e mais velho dos irmãos, Jose, preocupava-se em observar o pai, que em longa confabulação, tentava convencer o dono do armazém a lhe vender algo fiado. Em desespero, o pai mostrava os filhos no frio, ao relento, como última cartada para obter algo para levar para casa.
Nada feito. O pai sai cabisbaixo do armazém, mal podia divisar os olhares de seus filhos, não cabia em si de abatimento e revolta. Quando subitamente, ao atravessar a rua, vê uma criança desprender-se das mãos de sua mãe e postar-se indefesa em frente a um bonde em velocidade.
Trêmula, o medo a impedia de movimentar-se. O pai dos meninos pobres se lança como uma flecha e consegue tirar a menina da frente do bonde, mas o destino cruel lhe reservou uma peça, uma de suas pernas ficou presa nas rodas da composição.
Os meninos correram ao pai e todos os passageiros do bonde e os passantes em solidariedade àquele corajoso homem conseguiram libertá-lo das ferragens do bonde e levaram-no a um hospital.
A criança salva por ironia do destino era nada mais nada menos que a neta do dono do armazém.
Aquele gesto generoso expondo a própria vida, estava prestes a custar à perda da perna do pobre senhor.
Então, eis que subitamente, surge uma senhora de alvos cabelos e tez macia e se oferece para prestar ajuda ao pobre pai.
Durante 7 dias cuidou dos ferimentos, da ameaça de gangrena e o pai já começava a mexer os dedos dos pés, quando ao acordar na véspera do novo ano, ao chamar por tão especial senhora, apenas ouviu de seu filho mais velho:
"Pai, quem cuidou de você foi Nossa Senhora. Ela já se foi pois você está melhor. Quem a chamou foi a menina que você salvou. Ela me disse em sonho para você orar, não entrar em desespero, pois na vida temos provações que são desafios para que mostremos o quanto somos determinados para enfrentá-los com serenidade, fé e determinação."
Ao sair do Hospital, todas as luzes se apagaram e toda a gente da cidade viu um asteróide riscar o céu em belíssima luminosidade.
Enquanto caminhava, todas as pessoas acorriam para ajudá-lo, ofereciam suas casas para a ceia daquela pobre família e brinquedos e roupas para seus filhos.
Um milagre havia acontecido naquela cidade. Um milagre no espírito do Natal.
A generosidade e a solidariedade andam juntas, e aquele pobre senhor bem poderia ser Jesus Cristo e as crianças famintas, os jovens pastores em sua cabana.
Seu nome é destaque no jornalismo potiguar quando o assunto é charge
IVAN CABRAL
UM CHARGISTA A SERVIÇO DO SEU SORRISO
Por
Marcos Sá de Paula
Ivan Cabral, é natural de Areia Branca/RN, de onde saiu aos 4 anos com a família em busca de melhores oportunidades na capital. Casado há 25 anos com Ana Maria, é pai de Ana Raquel e Davi Severiano. O chargista do NOVO JORNAL, desde criança desenhava em todo papel que encontrava. Por várias vezes, inclusive, foi castigado pelo pai por rabiscar as partes internas das capas de seus LP´s.
Os rabiscos continuaram durante toda a sua formação educacional até que, no antigo 2º grau da ETFRN, conheceu o professor Walfredo Brasil, ex-religioso também conhecido como Dom Lucas Brasil, que o apresentou aos integrantes do Grupehq - Grupo de Pesquisa de Histórias em Quadrinhos. Nesse caso, foi Brasil quem descobriu Cabral. O contato com Emanoel Amaral, Aucides Sales e Edmar Viana, dentre outros, proporcionou um amadurecimento na sua técnica de desenho e no uso de material profissional.
Nesse período, publicou na Maturi, fanzine produzido pelo grupo, mas sua estreia como chargista se deu quando substituiu Edmar Viana, afastado em decorrência de uma enfermidade, na coluna Cartão Amarelo, do Diário de Natal, em 1983. Quatro anos depois, substituiu outro chargista: Cláudio Oliveira. Em 1988, com a saída definitiva de Edmar do jornal, Ivan assumiu definitivamente a posição de titular no humor impresso potiguar.
O desafio diário de produzir uma charge levou ao amadurecimento profissional. Em 1997, foi premiado no Salão de Humor de Volta Redonda (RJ) e no Salão de Humor sobre Gastos Públicos da UNACON (DF), ambos em 1º lugar. No ano seguinte conquistou novamente o 1º lugar no Salão de Volta Redonda e em 1999 foi classificado em 2º lugar no Salão de Humor de Natal.
Além disso, recebeu várias menções honrosas em diversos salões (Santo André-SP, Caratinga-MG, Basília-DF). Em 2008 conclui uma dissertação de Mestrado em Educação na UFRN: “Sorriso Pensante: o humor gráfico e a formação do leitor”, sob a orientação da professora e escritora Marly Amarilha. Em 2011, foi eleito melhor cartunista quando recebeu o Troféu Cultura, em sua 8ª edição.
Ivan Cabral é co-autor do livro Já Era Collor, em parceria com Edmar Viana, Cláudio Oliveira e Emanoel Amaral e autor do livro Humor Diário, um coletânea de charges de sua autoria, além de manter o site Sorriso Pensante (www.ivancabral.com), onde publica charges, quadrinhos e ilustrações. Para ele, o humor da charge vai além do besteirol, do riso pelo riso.
Pelo contrário, a charge visa o riso reflexivo, crítico, inteligente, com o peso de um editorial. É um texto jornalístico e precisa ser igualmente ético, apesar da “licença poética” proporcionada pelo humor.
Titina Medeiros no premiado espetáculo Sua Incelença Ricardo III
DE SHAKESPEARE PARA A GLOBO
Por
Yuno Silva
Há quase vinte anos, a adolescente Izabel Cristina de Medeiros percebeu que não adiantava querer controlar o destino em seus mínimos detalhes. Acalentando o desejo de atuar como jornalista profissional, seus planos foram abalados logo na primeira ida ao teatro e desde então passou a cogitar outras formas de atuação: nos palcos, sob os holofotes das artes cênicas. Apesar do nome de batismo, ela já ganhou o mundo como Titina - apelido recebido da madrinha antes mesmo de nascer - e mais uma vez o destino bate à sua porta com um novo desafio.
Dona de grandes olhos verdes, sorriso largo e um ar de seriedade que deixa transparecer o alto nível de seu compromisso com a carreira, a atriz assinou ontem à tarde, no Rio de Janeiro, contrato com a TV Globo para trabalhar na próxima novela das sete em um papel de destaque. A previsão é que "Marias do Lar", título provisório do folhetim que irá substituir "Aquele Beijo", entre no ar em abril. "Tudo aconteceu muito rápido, chega a ser assustador. Mas estou tranquila, segura", disse Titina por telefone pouco depois de conhecer parte do elenco da novela.
Renata Kaiser (esquerda) e Titina Medeiros em Muito Barulho por Causa Nada
(foto: Clowns Shakespeare)
"Foi bom reconhecer na equipe que vai estar comigo no estúdio um técnico de som que havia trabalhado comigo em 2003 e 2004 no quadro (do programa Fantástico) 'Brasil Total' quando fiz três programas falando aqui do RN", comemorou. Titina falou sobre a fabricação do doce chouriço, a encenação da Paixão de Cristo em Apodi e a pesca do siri em Ponta Negra.
Sobre a novela ela adiantou que "o personagem é muito bom, uma vilãzinha legal, engraçada e ingênua, mas não posso adiantar muita coisa". Nascida em Currais Novos por puro acaso, pois na época não faziam cirurgia de laqueadura em Acari, Titina Medeiros contou que tudo começou em abril deste ano, quando esteve no Paraná onde participou do Festival de Teatro de Curitiba com o grupo Clowns de Shakespeare encenando o premiado espetáculo "Sua Incelência, Ricardo III", onde interpreta a desbocada rainha Elizabeth. Nesses grandes festivais, sempre tem olheiros e produtores de elenco de plantão e o grupo acabou sendo convidado para, quando estivesse passando pelo RJ, visitar os estúdios da Globo. "Fiz vários testes desde setembro e calhou que gostaram de mim", lembrou Titina, que preferiu não fazer alarde antes de formalizar sua participação.
"Sua Incelença Ricardo III"
Titina Medeiros no papel da Rainha. Foto: Daniel Sorrentino
Mas a informação 'vazou' e acabou indo parar em páginas eletrônicas especializadas em assuntos de televisão. "De repente comecei a receber mensagens parabenizando, e passei a me perguntar como é que ficaram sabendo. Até que um amigo me disse que tinha visto na internet. Não queria dizer nada, preferia que as pessoas me vissem pela televisão, mas não tinha mais como segurar".
Titina Medeiros vai gravar a novela entre janeiro e agosto do próximo ano, e até lá seus projetos com os Clowns de Shakespeare terão que ser readequados. O ator César Ferrario, companheiro da atriz e parceiro no grupo, disse que houve um consenso de que o melhor a fazer neste momento é ensaiar com outra pessoa para substituir quando Titina não puder conciliar a agenda. "Teremos sim que pensar nessa substituição temporária, é uma coisa natural que acontece com qualquer grupo". A turnê pelo Chile de "Ricardo III" terá a presença de Titina, que na volta já desembarca no Rio de Janeiro.
"Vamos começar a ensaiar 'Hamlet' no segundo semestre como parte das comemorações dos 20 anos dos Clowns, e Titina está no projeto", adiantou César que falou em nome do grupo. Segundo ele, há propostas de fazer algumas apresentações em São Paulo durante o Carnaval e a atriz já está vendo se consegue conciliar.
É interessante notar a segurança que o fazer teatral em grupo proporciona a seus integrantes: "Fazemos um tipo de teatro que não prioriza o lado comercial, a intenção é pesquisar, experimentar, e estamos conseguindo reconhecimento a partir daqui de Natal", lembrou Ferrerio, que prefere não se precipitar quando questionado sobre uma possível renovação de contrato entre Titina e a TV Globo. "É cedo para dizer qualquer coisa, o importante é que estamos todos muito felizes por ela".
Titina Medeiros (Melhor Atriz) - Troféu Cultura 2011 - Natal/RN
HISTÓRICO
Em 1992, mesmo ano em que teve seu primeiro contato com o teatro quando assistiu a performance da atriz portuguesa Maria do Céu Guerra no espetáculo "Pranto de Maria Parda", Titina Medeiros estreou como uma fada na "A Bela Adormecida", dirigido por Jesiel Figueiredo.
Entre 1996 e 98 fez parte do Grupo Tambor de Teatro, de João Marcelino, com quem encenou "O Príncipe do Barro Branco" ao lado do ator Chico Villa, e "Brincadeira de Bolso" que ficou em temporada na Aliança Francesa. "A imagem que tenho de Titina é ela chegando com a prima Nara Kelly e eu disse: 'você não quer participar?' E ela entrou, e foi um momento lindo na minha vida - acredito que na dela também", disse Marcelino. "Acho bacana o fato dela estar na Globo, mas é interessante ter a noção de que é só mais um veículo de manifestação da arte do ator. Não é um prêmio, um troféu, não é o ponto máximo, Titina busca qualidade em qualquer lugar. O bacana é terem visto nela esse talento".
O diretor acredita que o fato também lança luz sobre a cidade, e Titina acaba se transforma em um farol para que as pessoas veja o teatro do Rio Grande do Norte com outros olhos. O Estado ganha outra dimensão, ganha divisas.
Depois do Tambor fez trabalhos avulsos, trabalhou em Autos e começou a participar de espetáculos do Clowns de Shakespeare a partir de 2003. Com o grupo fez "dos prazeres e dos pedaços", "Muito barulho por quase nada", Roda Chico" e "Sua Incelência, Ricardo III". Nesse meio tempo também integrou o grupo Carmim, com o qual montou o espetáculo "Pobre de Marré". Este ano, ainda encenou em Brasília e no Rio de janeiro a peça "A mulher revoltada", do jornalista Xico Sá.
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