julho 31, 2012

EM BUSCA DE UM PÓDIUM PARA O TALENTO

 Depois de despontar no Youtube com um clipe casairo,
Pedro Luccas quer participar do Reallity Show da Rede Globo
Programa tem estreia marcada para o dia 23 de setembro de 2012

 FOI NOS BAILES DA VIDA

 Por 
Sílvio Andrade

Os bailes e bares dos poucos anos de vida do cantor e compositor Pedro Luccas, 25, carioca radicado em Natal, aos poucos estão lhe roubando da publicidade, profissão que hoje ele ainda tem como atividade principal de sobrevivência. No youtube, o clipe caseiro “Acaso”, com quase 16 mil acessos até a última quinta-feira, começa a chamar atenção para a balada pop-rock de sua autoria.

Não é por acaso que Pedro Luccas desponta como uma promessa da nova geração da música em Natal. Derivado de várias estilos como bossa nova e  pop-rock, o tom musical dele é a estética da mistura de ritmos feitos para agradar ao público da noite, onde começou sua carreira.

Inscrito no programa “The Voice”, o reallity show musical que vai estrear na Globo, Pedro Luccas, claro, busca o reconhecimento nacional. A primeira tentativa foi em “Ídolos” da Record este ano, onde ficou entre os vinte primeiros classificados do Nordeste. Não deu pra ir mais longe, mas ficou o aprendizado, já que nesse tipo de programa nem sempre o talento vence.
 
  Pedro Luccas, com dois cês, é um “potiguarioca”
 carioca da gema e potiguar de coração, faz reverência a nomes da terra
como Krhistal,  Isaac Galvão, Manoca, Sérgio Groove, Jubileu, Bethoven

INFLUÊNCIAS

As partituras de livretos com letras despertaram cedo, entre os 12 e 13 anos de idade, o interesse de Pedro Luccas pela música. Ficava ouvindo o pai Lucas, militar da Marinha, dedilhando notas ao violão. O ritmo nunca mais saiu de sua cabeça e, para completar, a mãe Alba Regina cantava e chegou a participar de programas de calouros de TV.

Aprendeu a tocar e a cantar ouvindo ídolos da bossa nova e nomes como Djavan, Os Paralamas do Sucesso, Skank, Biquíni Cavadão, Frejat, Ed Mota. No cenário internacional, cita Stevie Wonder e Brian McKnight, um fera do rithm and blues e pop norte-americano.

Influência à parte, na batalha para sobreviver de música, Pedro Luccas frisa que isso não é fácil: “Falta incentivo aos artistas locais, falta patrocínio”. E faz reverência a nomes da terra como Krhistal, Isaac Galvão, Manoca, Sérgio Groove, Jubileu, Bethoven.


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julho 30, 2012

UMA NATAL COM JORGE AMADO

  Jorge Amado encontra Newton Navarro em sua última passagem por Natal,
 em 1978. No alto, com Zélia Gattai, Dorian Gray, Zaíra Caldas  e  Franklin Jorge,
 num encontro que rendeu muitas histórias  publicadas no Diário Amado.
 Acima, com Calazans Neto.

  UMA NATAL COM JORGE AMADO

 Por
Tádzio França

Não é difícil imaginar que o clima e as paisagens de Natal e redondezas já inspiraram algum trecho da obra do escritor baiano Jorge Amado. Houve boas oportunidades para isso. No ano em que se comemora o centenário de nascimento (dia 10 de agosto de 1912) do autor de "Gabriela", "Tieta" e outras personagens que fazem parte do imaginário popular, as passagens dele pela capital potiguar poderão ser relembradas por registros de algumas privilegiadas testemunhas.

O escritor e jornalista Franklin Jorge reeditará em setembro a coletânea de crônicas que escreveu durante a badalada passagem de Amado por Natal em 1978. As histórias das muitas amizades que o baiano deixou em Natal - entre gente como Câmara Cascudo, Newton Navarro e Dorian Gray - renderiam um belo romance de memórias.
 
"Jorge Amado me surpreendeu em vários momentos de sua visita, pois demonstrou saber coisas sobre Natal que eu mesmo não conhecia", diz Franklin Jorge. Ele acompanhou toda a semana do escritor baiano em Natal, a partir de 08 de janeiro de 1978. Cada dia ganhou uma crônica que ele publicou na TRIBUNA DO NORTE sob o nome "Jornal Amado". Esses textos foram reunidos num livro em março do mesmo ano, pelo livreiro Carlos Lima, da Clima Artes Gráficas. Por ocasião dos seus 60 anos, e também pelo centenário de Jorge Amado, Franklin fará uma reedição fac-similar da obra pela editora FeedBack, em impressão pela gráfica OffSet. Sairá em setembro, junto com o livro "O céu de Ceará-Mirim". 

TIETA DO AGRESTE NA RIBEIRA

Jorge Amado já era um consagrado autor de best-sellers em todas as vezes que esteve em Natal. A primeira vez, em 1959, participou de um festival de folclore ao lado de José Condé e Valdemir Cavalcante, e prestigiou em Mossoró o lançamento do livro "O homem que não gostava de cães", do amigo Milton Pedrosa; por lá encontrou os amigos do Partido Comunista, visitou salinas, e conheceu Tibau. Voltou em 1961, ao lado da cronista Eneida, sendo recebido por Djalma Maranhão. Em 1978, veio a convite de amigos para lançar o sucesso "Tieta do Agreste". Veio acompanhado de Zélia Gattai, do artista plástico Calazans Neto, e Auta Rosa. Foi uma das semanas mais movimentadas que o meio cultural natalense já teve. 

CRÍTICAS À PAISAGEM URBANA

O escritor não queria badalação em solo natalense, mas abriu uma exceção para falar a todos numa entrevista coletiva realizada no dia 09/01, às 11h30, na Cooperativa de Jornalistas que ficava na Rua São Tomé, Cidade Alta. Jorge Amado falou sobre Glauber Rocha, o sucesso dos seus livros e a postura da crítica, censura, a situação política do País, tropicalismo, e suas novas impressões sobre Natal. O escritor ficou impressionado com o crescimento da cidade que ele havia conhecido "infinitamente menor", e fez até algumas considerações sobre urbanismo: defendeu o crescimento inteligente de São Luís (MA), "com apenas três edifícios de apartamento no centro", e criticou as "monstruosas torres de concreto" de Salvador. Eram os anos 70...

O hoje clássico "Tieta do Agreste" era uma novidade a ser celebrada em 1978. No Teatro Alberto Maranhão foi realizada a exposição "Onze gravuras para Tieta do Agreste", pelo artista plástico, ilustrador e cenógrafo Calazans Neto. Em seguida, o houve o lançamento do livro na então novíssima Livraria Clima, no prédio que ainda existe na avenida Dr Barata, Ribeira. Na ocasião do lançamento, foi realizada no mesmo dia uma exposição coletiva com nomes como Newton Navarro, Dorian Gray, Zaíra Caldas, Fernando Gurgel, Jordão, Franklin Jorge, Nivaldete Xavier, entre outros. ""O intercâmbio entre artistas realmente ocorria em Natal, eram outros tempos", ressalta Franklin. 

AMADO, CASCUDO E DORIAN GRAY

A personalidade satírica e intelectual de Jorge Amado também marcou seus momentos natalenses. Em Pirangi, o baiano - então com 65 anos - foi confundido com outro conterrâneo célebre. "Uma senhora de meia-idade, de biquíni cavado, chegou sorridente e perguntou se ele era o Dorival Caymmi. Ele respondeu que era o irmão dele", conta Franklin. A primeira pessoa que Amado pediu pra visitar, em Natal, foi o amigo Câmara Cascudo, com quem já trocava longas correspondências. "Levei ele até Cascudo numa tarde, mas não pude ficar pra conferir todo o papo. Vi quando Amado cobrou de Cascudo um livro sobre Ceará-Mirim que este estava escrevendo", lembra.

Por duas ocasiões, Franklin saiu em dupla com Jorge Amado. Na primeira, o baiano pediu que ele o levasse para comprar livros na Livraria Universitária. "Pra minha surpresa, ele comprou dez  livros...dele mesmo. Perguntei por quê. Ele respondeu que nunca se deve presentear os amigos com a cota de livros que as editoras dão, pois ao comprar os próprios livros, o autor ganha 10%. Achei aquilo incrível", diverte-se.

Na segunda ocasião, Amado quis ir ao Canto do Mangue. "Ele queria ir ao Bar da Elvira, uma pessoa tímida e simples que o encantava. Por lá, comemos tapioca com peixe frito e conversamos muito", diz. Consta que o livro "Os velhos marinheiros" (1961) teria uma passagem  inspirada no Canto do Mangue. 

Anos mais tarde, quando Franklin estava trabalhando em Mossoró, foi surpreendido por uma ligação de Jorge Amado. "Ele me achou por lá! Conversamos bastante e ele me contou causos engraçados sobre personagens de Mossoró. Amado tinha essa cultura de conservar amizades", afirma. 

RETRATOS DE DORIAN GRAY

O artista plástico Dorian Gray foi um dos cativados pela simpatia do escritor baiano. Dorian acompanhou o grupo no almoço à casa da irmã Zaíra Caldas, nas exposições, lançamentos, e passeios pelo litoral.

Dorian levou Jorge Amado até seu ateliê, e o presenteou com um quadro. "Jorge escolheu um que eu nem gostava muito, uma cena de marina. Mas ele adorou justamente aquele", lembra. Dorian registrou a lápis vários momentos daquela semana, e suas gravuras se tornaram ilustrações no livro que Franklin Jorge lançou em março de 78. "Fiz desenhos bem cotidianos, pois foi uma coisa vivida, e não sonhada. Registrei os banhos de mar e na lagoa de Pium, as conversas com Zélia e Calazans, e até mesmo a despedida no avião. São registros singelos e simples, já que o Jorge Amado se mostrou também assim, todo o tempo", recorda. 

...fonte...
 Tádzio França

...fotografia...
Acervo Tribuna do Norte

julho 28, 2012

CAMILA MASISO: DE VOLTA PRA O ACONCHEGO

Graduada em Direito, quando não está ensaiando os próximos acordes,
Camila provavelmente está lendo algum livro ou comprando um novo título
Fotografia: Giovanna Hackradt e Geórgia Hackradt

A ARTISTA DO ANO ESTÁ DE VOLTA

Por
Sérgio Vilar

Mesmo jovem Camila Masiso já completou alguns ciclos na carreira musical. Integrou uma banda pop de forte apelo comercial. Se lançou numa carreira solo calcada no repertório mais sofisticado. E por último foi surpreendida ao receber o Troféu O Poti na categoria Artista Popular como mais votada pelo público. E uma nova fase se inicia. Após uma turnê de quase um mês pela Europa, a cantora se debruça na elaboração do segundo CD, já vivendo "bem" só da música e cheia de planos futuros para seguir na "estrada".

Camila Masiso foi indicada pela comissão de jurados do Prêmio Cultura Potiguar - organizado pelo Diário de Natal/O Poti - a concorrer na categoria Música. "Criei expectativa em vencer o prêmio (entregue à banda Talma&Gadelha). Não esperava vencer como artista mais votada", revela. E venceu com quase o dobro de votos do segundo colocado. Durante a cerimônia de entrega realizada no Teatro Alberto Maranhão, a família recebeu em seu lugar. Camila estava em turnê pela Europa. Até então ela nem desconfiava do resultado.

Variedade musical
"Faço o meu som que considero genuinamente brasileiro"

 fotografia: Rayane Azevedo

"Pelo fuso, o horário era madrugada lá na Áustria. Quando acordei logo cedo acessei meu facebook e tinha uma foto minha com o troféu ao lado. Dei um pulo de alegria, vibrei sozinha", contou. Camila atribui o resultado ao trabalho realizado, sobretudo, no último ano. A parceria com o SESC possibilitou inúmeros shows junto à Orquestra Sinfônica da UFRN. A apresentação de Clássicos da MPB foi agraciada também com o prestigiado Prêmio Hangar 2012, voltado à música potiguar, e abriu novas portas à cantora.

"Tocamos em lugares que normalmente não tocaríamos. Fui apresentada a outros nichos de público. Muitos empresários ligados à Fecomercio, por exemplo, conheceram meu trabalho. Fiz viagens, divulguei muito nas redes sociais e na mídia impressa. Acho que isso ajudou muito. E outro fator importante é que gosto de participar de projetos especiais, diferenciados. Fiz shows assim na Casa da Ribeira, alguns especiais no Buraco da Catita. E são shows que apresentam um trabalho mais profissional e elaborado".

 Show na França
Foram quatro meses de trabalho e estudo para aprender o novo idioma
Fotografia: Giovanna Hackradt e Geórgia Hackradt

 DISCO 2

Trabalho elaborado rima com o novo CD de Camila Masiso, ainda sem título. Definido mesmo só a ideia de 11 faixas e capa com arte pintada por algum artista plástico potiguar. Conversas com Flávio Freitas estão adiantadas e podem estampar as cores do novo álbum. "Penso em algo bem regional e colorido". O repertório será todo potiguar. "Tenho recebido muita coisa e já temos trabalhado algumas músicas. Mas ainda estamos fechando essa parte. Tenho insistido pra Khrystal me dar alguma música. Então o repertório ainda está em construção".

Certo mesmo a presença da canção Mares potiguares, do areiabranquense Mirabô. A música já faz parte do show com a Orquestra. "Tenho uma ligação transcendental com a essa música e quero que esteja no CD". Há também o debut da cantora como compositora. "A turnê pela Europa foi inspiradora. Muito tempo junta com os meninos do Macaxeira Jazz facilitaram a composição". E a canção Morena, composta por Diogo Guanabara (do Macaxeira) e Edu Bandeira, também estará no novo trabalho.

"Ainda penso em pedir música a Pedro Mendes, Babal, Galvão Filho. Luiz Gadelha já me enviou algumas coisas. Tem uma galera nova também... Quero analisar tudo com cuidado e trabalhar muito em cada uma delas. Recebo as músicas cruas e no ensaio de ontem, por exemplo, trabalhamos duas horas apenas em uma música. Quero esse tempo para sentir a sonoridade do disco e apresentar um trabalho legal para o público". A estimativa de Camila Masiso é de que em setembro inicie a divulgação das primeiras músicas na internet.

   Mudança do pop rock para MPB 
ajudou a intérpetre  a ser reconhecida pelo seu trabalho
Fotografia: Giovanna Hackradt e Geórgia Hackradt

"HOJE VIVO BEM SÓ DA MÚSICA. É MEU ÚNICO GANHA-PÃO" 
 
No dia 27 de junho, Camila Masiso e o Macaxeira Jazz partiram rumo à Europa. Contatos com produtores e artistas foram feitos antes. Ela tinha feito show na Casa da Ribeira com o italiano Pheel Baliana. O Macaxeira tinha outros contatos de turnês anteriores e a agenda de shows foi montada. Tocaram na Áustria, depois Itália, passaram três dias em Portugal para estreitar mais contatos e conhecer a cidade, seguiram para Espanha e depois para a Eslovênia. Apresentações em bares, festivais, ruas e até praças onde receberam alguns trocados.

"Foi engraçado. A gente estava numa praça em Barcelona. Aí tiramos os instrumentos, começamos a tocar pra gente mesmo, sendo que o case do pandeiro estava virado, aí quem passava deixava uma moeda", lembra. "Às vezes chegávamos em um bar, sempre com os instrumentos. O dono perguntava se éramos músicos e ali mesmo fechávamos uma data para show no dia seguinte". Camila recorda do público atento e silencioso. Até chegarem os brasileiros: "A gente cantava sem amplificadores. Mas quando brasileiros descobriram a gente lá aí foi uma barulheira".

Uma das experiências mais satisfatórias foi o show no Festival de Lent, na cidade eslovena de Maribo. "Era muito grande. Dava uns três Madas. Era à beira do rio. Cantei Samba da minha terra junto com a cantora Zvezdana Novakovic. Eu em português e ela em esloveno (o vídeo está no youtube). Também descobrimos uma roda de chorinho em Barcelona. Aliás tem muito músico brasileiro por lá". E as lembranças só trazem sorrisos à cantora. Camila Masiso já fechou novas datas na Europa para a turnê do próximo ano.

  Show Camila Masiso & Orquestra
 "É possível, sim, viver só de música"
fotografia: Moraes Neto

NOVA TURNÊ

Camila Masiso acredita em trabalho, iniciativa e profissionalismo para quem quer viver da música. "Hoje vivo bem só da música. É meu único ganha-pão". O novo CD já foi aprovado pelo Programa Djalma Maranhão (lei municipal de incentivo à cultura) e tem recursos captados junto à Unimed Natal. "Se você apresenta um bom trabalho e mostra retorno aos empresários, eles apostam no artista". As passagens para a turnê foram financiadas pela Miranda Computação. "Em troca eu faço um show para eles, num evento de lançamento. É uma troca onde todos saem ganhando, inclusive o público".

...fonte...
 Sérgio Vilar

julho 26, 2012

UM ESPAÇO PARA A MÚSICA INDEPENDENTE

 O Som sem Plugs é um espaço multimídia para apreciação
 e divulgação da boa música no seu formato mais íntimo e verdadeiro
uma plataforma para a música acústica, sem edição ou mixagem

 SOM SEM PLUGS

Por
Sérgio Vilar

Uma nova plataforma de divulgação da música potiguar tem chegado aos ouvidos dos artistas e do público. Sons desplugados, acústicos e honestos na proposta. Uma trupe de produtores de audiovisual decidiu produzir vídeos de músicos locais. Chamaram o projeto de Som Sem Plugs. Tudo gratuito, sem custo ao artista e muito menos ao ouvinte. Mais de uma dezena de vídeos já circula na internet. E dezenas já estão agendados.

O grupo Arquivo Vivo, Zeca Brasil, Dodora Cardoso, Nagério, Lupe Albano, Romildo Soares, Caio Padilha, Anna Fernandêz, Itanildo Show, Oswin Lohss e vários outros foram convidados a participar do projeto. Quem acessar o Youtube e digitar o nome deles acrescido de "som sem plugs" encontra o vídeo, ou mesmo no portal do projeto, www.somsemplugs.com.br. Os autores contam que muitos deles desconfiaram da proposta quando foram convidados a gravar sem pagar nada pela divulgação.

NAGÉRIO
Músico, cantor e compositor assunense 
 toca sua viola sem grandes pretensões, se não a de produzir música

A ideia partiu do artista gráfico Iran Araújo e do jornalista e produtor audiovisual Rafael Araújo. "A gente trabalha junto, temos gostos pela música e pelo audiovisual e queríamos produzir algo. Iran me mostrou sites europeus com esse perfil de produção de vídeos acústicos. Já é uma espécie de movimento, e na Europa já está bem consolidado. Como eu já tinha uma mini estrutura de produção, decidimos por esse caminho, sem muito critério ou metas definidas", contou Rafael.

Aos dois se juntaram os produtores de audiovisual Alan Michel, João Gabriel e Bernardo Luiz, cada qual com uma atividade específica dentro do projeto, "e tudo começou a andar". O compositor, instrumentista e cantor Júlio Lima foi a cobaia do projeto. "Era meu amigo pessoal e o convidei para filmar", disse Rafael. Foi a partir de um material colhido com artistas de Pium a luz para um padrão mais definido. "Vimos a qualidade desses artistas e isso nos fez abrir os olhas para divulgar o trabalho dessa galera menos lembrada pela mídia, ou que não tocam no Seis em Ponto, por exemplo", destacou.

OSWIN LOHSS
Suas composições vão do instrumental meditativo quase erudito, 
a um blues lento, até um jazz melódico e introspectivo

"QUEREMOS MOSTRAR ALGO DIFERENTE"

Rafael Araúo conta que "com a repercussão dos primeiros vídeos, artistas também têm nos procurado. Esta semana nos chegou um CD de um frentista que canta muito bem e estamos pensando em filmar com ele. Enfim, não nos prendemos ao vendável. Queremos mostrar algo diferente", frisa. Ainda assim, alguns dos artistas mais conceituados da cidade também foram convidados: "Convidamos Camila Masiso, Macaxeira Jazz, mas estão em viagem. Enfim, temos muita coisa agendada". Artistas de Caicó, Mossoró e Cruzeta também foram sondados. "Vamos para onde a gasolina der", brinca Rafael. E para ir mais além, o projeto precisa de patrocínio. "Quando você ligou estávamos discutindo justamente isso".

Rafael Araújo diz ainda que, embora nada de concreto tenha sido decidido de como ganhar algum dinheiro com o projeto, nada será cobrado ao artista. "A ideia é atrair investidores privados, parcerias, sem custo algum para o músico. Ainda assim houve artista que quis contribuir e contribuiu. Achamos bacana esse reconhecimento. Mas nãocobramos e sequer tocamos no assunto com eles. Queremos apenas que ele mostre o que ele tem de melhor".

Além de ter sua música e seu depoimento gravado, o artista convidado recebe ainda um DVD com encarte do trabalho desenvolvido. "E queremos agora chegar a 30 minutos de filmagem. Em vez do depoimento seguido de uma música, gravar um show sem plug, uma espécie de show de bolso, com cinco ou seis músicas e depoimentos intercalados. Tudo com o menu visto no youtube, que possibilita o internauta adiantar ou recuar a música, escolher a faixa, etc.".

 ZECA BRASIL
 Autodidata, mas como poucos, consegue ser eclético e singular
compõe músicas dos mais variados ritmos

 CENÁRIOS

O ritmo de gravação é intenso. A cada semana a produção de um vídeo diferente de estilos musicais os mais diversos para quem quer se desplugar do convencional - ver e ouvir a música além da música. As filmagens possuem uma linguagem subjetiva galgando um estilo cinematográfico. A intenção também é estimular diferentes leituras dos cenários em que os artistas são inseridos, sejam eles naturais ou urbanos. "É um projeto simples, feito para ser simples, que visa resgatar a diversidade musical e paisagística que nos passa despercebida", conclui Rafael. E acrescenta: "Parafraseando o músico potiguar Júlio Lima: Há sempre música!" 

...fonte... 
Sérgio Vilar
sergiovilar.rn@dabr.com.br 
 www.diariodenatal.com.br  
 
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   www.somsemplugs.com.br  
 
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 fotografia início postagem adquirida via internet e meramente ilustrativa 

julho 20, 2012

A GENTE VAI SE VER AQUI...

Com o anúncio de que a Rede Globo vai gravar em Natal/RN
cenas da próxima novela das 6, os empresários do setor turístico
 alertam gestores públicos sobre a necessidade de investir 
na melhoria da infraestrutura da cidade
  fotografia: Hélio Duarte

 O CARIBE É AQUI

 Via
Novo Jornal

Natal será cenário de uma novela global. Não, não será apenas sobre sol e praia; e nem será por um ou dois capítulos, como em ocasiões anteriores. A futura novela das seis, intitulada provisoriamente de “O Caribe é aqui”, está sendo escrita por um dos grandes nomes da teledramaturgia brasileira, o paulista Walther Negrão, e irá tratar dos dramas e amores de um piloto de avião da Força Aérea Brasileira (FAB) em terras potiguares.

Mesmo com 18 capítulos já escritos, pesquisa histórica realizada e data de estreia prevista para a primeira semana de março de 2013, as Secretarias de Turismo do Estado (Setur) e de Natal (Seturde) desconhecem detalhes da iniciativa da Rede Globo. Segundo o titular da pasta estadual, Renato Fernandes, ainda não há um plano específico para garantir a vinda da equipe de gravação do folhetim. Já em Natal, o secretário Murilo Barros afirma que a gravação é benéfica para a cidade, desde que não implique em gastos.

 Morro do Careca - Ponta Negra
fotografia: Canindé Soares

De acordo com blogs e sites de notícias, a novela deverá ter os primeiros capítulos gravados em janeiro do próximo ano. O protagonista será Floriano, um piloto da FAB, que logo nos primeiros capítulos se envolverá em um triângulo amoroso. A primeira fase da novela deverá fazer referência à presença do Exército americano em Natal no período da segunda guerra mundial. Os pontos de gravação devem ser a base aérea de Parnamirim e o espaço da Rampa, próximo ao Porto de Natal, que foi um dos principais pontos de embarque e desembarque das tropas americanas.

 JAYME MONJARDIM
 Diretor de televisão e cinema, no qual estreou com o filme Olga,
nome confirmado para dirigir nova novela global

O diretor da novela também está confirmado: será Jayme Monjardim. Ele foi escolhido pela experiência em gravar novelas, filmes e seriados com conteúdo histórico. Esta não será a primeira vez que Walther Negrão escreve sobre o ambiente nordestino. Um dos seus maiores sucessos foi o folhetim “Tropicaliente”, de 1994, gravado na cidade de Fortaleza (CE). De acordo com informações da Rede Globo, o folhetim recebeu apoio financeiro do Governo do Ceará, o que resultou em bons resultados ao trade turístico cearense.  Nos meses de maio e novembro de 1994, enquanto Tropicaliente foi ao ar, o movimento de turistas foi 30% superior ao mesmo período do ano anterior.

 As águas da praia de Genipabu são mornas, calmas e limpas
fotografia: Canindé Soares

Para o gestor do turismo no Estado, Renato Fernandes, que esteve em Brasília para reuniões com técnicos do Ministério do Turismo, em breve será feito um contato com a Rede Globo para confirmar as gravações da novela no Rio Grande do Norte. Ele disse que soube do projeto através da imprensa. “É uma importante ferramenta de divulgação. Não podemos desperdiçá-la”, afirmou, ressaltando que busca a liberação de R$ 27 milhões para a divulgação do destino turístico potiguar. “Estes recursos tornarão o Rio Grande do Norte mais competitivo. Perdemos terreno para outros estados do Nordeste e voltaremos a disputar com outros destinos brasileiros, que recebem milhões para a promoção de suas belezas turísticas”, comentou Fernandes.

Os recifes de Maracajaú, chamados de Parrachos
fotografia: Canindé Soares

Já o titular do Seturde, desconhece completamente as intenções do folhetim global. “Não temos qualquer informação sobre isso. Mas daremos todo o apoio, mesmo com as dificuldades que enfrentamos para dispor recursos. Esperamos que a Rede Globo nos envie algum ofício nos dando maiores esclarecimentos”, comentou Murilo Barros.

Hoje, segundo Barros, a divulgação do destino Natal está sendo feita através de folhetos e trabalhos de exposição em feiras turísticas do Brasil e do mundo. Esta ação, aliás, é realizado em parceria com o Ministério do Turismo, empenhado em melhorar a divulgação das 12 cidades-sedes para a Copa do Mundo do 2014.

O setor hoteleiro comemora mas, ao mesmo tempo, 
alerta os gestores sobre a necessidade de investir 
na melhoria da infraestrutura da cidade
fotografia: Canindé Soares

  VISIBILIDADE

A exposição da cidade na faixa das 18h certamente deve aguçar a vontade de outros brasileiros e até estrangeiros visitarem Natal. De olho na oportunidade de incremetar os negócios, o setor hoteleiro comemora mas, ao mesmo tempo, alerta os gestores sobre a necessidade de investir na melhoria da infraestrutura da cidade.
 
Empresário e ex-secretário de Turismo do Estado, Ramzi Elali destaca o baixo custo de investimento para que a chance não se perca e Natal receba a trama escrita por Walther Negrão e dirigida por Jayme Monjardim. Pelo que se sabe, o folhetim vai narrar a história de um piloto das Forças Aéreas Brasileiras (FAB) que encontra um grande amor em terras potiguares.

fotografia: Canindé Soares

“É uma oportunidade de estarmos diariamente com um espaço destacado na programação de uma TV como a Globo e isso custa muito pouco à iniciativa privada e ao governo, que pode ajudar na alimentação, no transporte e na própria hospedagem”, avalia o hoteleiro, destacando também o exemplo do Ceará quando foi cenário da novela Tropicaliente entre maio e novembro de 1994.

 Um  passeio nas dunas de Genipabu, divertimento e  fotos inesquecíveis
 os dromedários chegam a dois metros de altura e a pesar até 500 kg
fotografia: Ângelo Cabral

De acordo com informações da Rede Globo, a trama recebeu apoio financeiro do Governo do Ceará e aumentou em 30% a movimentação turística de Fortaleza. “É só lembrar também de como O Clone teve repercussão quando parte do elenco veio gravar as cenas finais da novela nas dunas de Genipabu”, complementa Ramzi.

Questionado sobre se o estado precário em que se encontra uma das locações, o sítio histórico da Rampa, ele acredita que isso não prejudicará. “Eu não sei dos detalhes da trama, mas nosso Rio Potengi já tem uma beleza natural imensa, com certeza daqui para lá eles dão um jeito”, afirma.

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julho 19, 2012

UM CARTÃO POSTAL DA CULTURA POTIGUAR

 54 MIL VISUALIZAÇÕES, 54 MIL AGRADECIMENTOS
 montagem: Jorge Henrique  - fotografias: Canindé Soares
 
POTIGUARTE
UMA JANELA PARA A ARTE E A CULTURA POTIGUAR

O blog Potiguarte é um espaço dedicado à divulgação de postagens de matérias jornalísticas que retratam as manifestações culturais e artísticas geradas em Natal e  Região (Rio Grande do Norte), além de tratar daquelas que - de uma forma direta ou indireta -  impactam e trazem mudanças ao cenário cultural regional.  O Potiguarte acredita que a arte e a cultura, assim como seu caráter transformador, são inerentes ao ser humano e como tal devem ser estimulados e encarados como fatores de construção de uma consciência crítica e de indivíduos atuantes social,  intelectual, cultural, política e artisticamente.  Compartilhe conosco esta atitude e abra a janela para mostrar ao mundo a arte e a cultura genuinamente potiguar.

José Carlos da Silva
administrador do blog Potiguarte

Poderá gostar também das últimas 20 postagens do Potiguarte!!!
http://www.dignow.org/blog/potiguarte-35338-25641.html

julho 18, 2012

UMA CARTA PARA YASMINE

  ... DO VENTRE DA CORDILHEIRA: UMA CARTA PARA YASMINE ... 
Um livro emocionante por sua sinceridade e angústia 
Mais que um testemunho de uma época
...E que a história não pode esquecer!    
 
 "NUNCA SE ESQUECE UM ALGOZ"     
 
 Por
Tádzio França    
 
"Hoje me deu uma vontade enorme de conversar com você. Contar coisas a meu modo. Simples. Lembranças que me dão uma sensação estranha". Assim começa a narrativa emocionada que Isolda Melo Lemos dedicou à filha, em 1995, para que esta lesse aos 18 anos. Um registro de lembranças sofridas, da época mais difícil de sua vida durante o exílio no Chile e a Ditadura Militar no Brasil. O livro "Do ventre da cordilheira: Uma carta para Yasmine" é um testemunho essencialmente pessoal, mas fala sobre um tempo que deve ser lembrado para nunca mais ser revivido. A segunda edição do livro será lançada nesta quinta-feira, às 19h, na Trattoria Bella Napoli, Av. Hermes da Fonseca, 960. Tirol - Natal/RN.  

A nova edição vem acrescida de fotos - cedidas pelo fotógrafo Sílvio Tendler, que estava com Isolda e o marido Rubens Lemos no Chile - e três extensas cartas escritas à mulher por Rubens entre 1972 e 73. "São cartas de amor e de angústia. Escolhemos as mais significativas, mas nenhuma de cunho político. São palavras escritas no calor do momento", afirma Yasmine Lemos. Para Isolda, a reedição retoma o mesmo sentimento que a fez lançar o livro há 17 anos. "Eu queria desabafar. Uma boa parcela da juventude não sabia mais o que havia sido a ditadura e todo o sofrimento que a geração passada viveu", diz.

Reviver os "anos de chumbo" - mesmo que em recortes de memória, editados pela emoção - é uma experiência que sempre deixa Isolda Lemos emocionada. E não haveria como ser diferente. "Aprendi que a pior palavra do mundo é 'teje preso'. Nunca se esquece um algoz", diz. Ela conta que começou a escrever essas memórias em meados dos anos 80, de forma descompromissada, sem maiores pretensões. "Mostrei ao meu marido, e ele ficou impressionado. Depois mostrei a alguns amigos e intelectuais, como Agnelo Alves, e todos me estimularam a continuar. Eles viam como um relato histórico precioso", conta. O lançamento, em 95, foi um sucesso - com direito à presença da prefeita paulista Luíza Erundina. 

"DO VENTRE DA CORDILHEIRA: UMA CARTA PARA YASMINE"
Um testemunho essencialmente pessoal, mas fala sobre um tempo
 que deve ser lembrado para nunca mais ser revivido

TEMPO QUE DEVE SER LEMBRADO PARA NÃO SER REVIVIDO

"Do ventre da cordilheira" relata a ida de Isolda para o exílio no Chile e a volta ao Brasil. Alguns momentos felizes entremeados de perseguições e violência. Em 1971 Isolda foi para o Chile, com o filho de dois anos no colo, encontrar o marido que estava auto-exilado no país. Todos os territórios estavam minados. O Chile, sob o governo socialista de Salvador Allende, à sombra do futuro golpe  Augusto Pinochet. No Brasil, a ditadura com paranóia anticomunista e repressão.

Isolda confessa que não tinha interesse, e nem entendimento maior sobre a política da época. "Fui apenas para morar com meu marido, procurar uma vida melhor. Mas saiu tudo diferente do que eu imaginava", diz. Rubens Lemos, que trabalhava como professor, foi demitido à pedido das forças direitistas. Isolda conta que teve de vender as joias dadas pela avó para sobreviver. Já em 1972, estava grávida de Yasmine. Foi aconselhada pela família a voltar para o Brasil. O marido iria depois. O momento de embarque foi registrado por um policial: a foto mostra Isolda acenando, com Rubens filho nos braços e grávida de Yasmine. Ao lado dela está um agente policial disfarçado de comissário de bordo.

A volta ao Brasil foi o início de um pesadelo. Logo ao desembarcar no Galeão, Rio de Janeiro, foi conduzida com o filho a uma delegacia do Dops - Departamento de Ordem Política e Social. "Disseram que se houvesse algo comprometedor na minha bagagem, eu seria presa e meu filho conduzido a uma creche. Fiquei desesperada e pensei em pular com meu filho de uma janela do prédio", conta. Foi liberada, e após 15 dias resolveu voltar para Natal. No aeroporto foi submetida a mais constrangimentos pela polícia repressora. "Pediram pra tirar minhas digitais e ver meus documentos. O avião atrasou 20 minutos por minha causa. Os passageiros me olhavam com desconfiança", lembra.

 ISOLDA MELO LEMOS
Isolda Lemos revive, no livro "Do Ventre da Cordilheira", 
lembranças sofridas na Ditadura Militar entre o exílio no Chile, 
ao lado do marido Rubens Lemos, e a volta ao Brasil.
  fotografia: Alex Régis
 
Em 1973, Rubens Lemos volta a Natal para ver a filha recém-nascida. No entanto, ao ser convidado por um amigo para um jantar, ele e Isolda são presos e levados para uma colônia penal, a futura João Chaves. "Ficaram uma semana sem saber de nós. A nossa família estava desesperada", diz ela. Na colônia a tortura foi basicamente psicológica. A apreensão de não saber o que aconteceria, e de não poder falar com a família. "Foi só através de almas caridosas e de conhecidos ocasionais que pudemos dar sinal de vida aos familiares. Houve solidariedade de muitas partes", ressalta.

Isolda e Rubens foram levados algemados à Polícia Federal. Ela foi liberada, mas ele, enviado à Recife para "averiguação". Foram três meses de degradação para o jornalista. Trinta dias só na solitária, e todos os tipos de tortura. "Meu marido voltou destruído. Não tinha mais dentes, magro, sem as unhas. Mas não se abateu. Pouco tempo depois, pediu emprego a Agnelo e Aluízio Alves", conta. Segundo Isolda, Rubens pôde trabalhar como jornalista, mas só escrevia sobre esportes e música popular brasileira. Nem pensar em assuntos políticos.

A partir daí as coisas foram se acalmando, mas sempre sob aquele estado de tensão e liberdade vigiada. Após o fim da ditadura, Rubens aderiu ao incipiente Partido dos Trabalhadores (PT), se tornando o primeiro candidato a governador pela sigla no Estado. Isolda conta que aos 40 anos, as sequelas psicológicas daquela época começaram a surgir. "Tinha sempre medo que alguém viesse me prender, e até hoje não consigo acompanhar um desfile de 07 de setembro", diz. Segundo ela, foi "penoso escrever essas memórias. Fazia rápido para terminar logo. Chorei muito", completa. Yasmine conta que só leu o livro uma vez. "Não consigo ler de novo. É angustiante para mim", conclui. 

...fonte...
 Tádzio França
 “www.tribunadonorte.com.br 

  ... DO VENTRE DA CORDILHEIRA: UMA CARTA PARA YASMINE ... 
    "Um livro que não deixa nenhum leitor indiferente e traz nas suas linhas
  um soluço,  que se mantém preso na garganta até a última página"
Yasmine Lemos 

...fotografia...
  fotografia início postagem adquirida via internet e meramente ilustrativa

julho 16, 2012

A ALMA POTIGUAR DE LUIZ GONZAGA

LUIZ GONZAGA 
 Ex- parceiros musicais lembram histórias da passagem do Rei do Baião
em solo potiguar e as boas e velhas lembranças vêm à tona
 em tom nostálgico e reverente 

 A ALMA POTIGUAR DE LUIZ GONZAGA

 Por
Sérgio Vilar 

A relação de Luiz Gonzaga com o Rio Grande do Norte perpassa inúmeros fatos marcantes para a história musical potiguar e do Rei do Baião. Troca de amizades, favores e experiências incalculáveis ao acervo do cancioneiro nacional. Desde a composição Ovo de codorna, em parceria com o potiguar Severino Ramos, à reascensão de "Seu Lua" ao mercado com a produção de seus discos na década de 1980 pelas mãos do mossoroense Carlos André. Também a relação afetuosa com o músico Paulo Tito, parcerias com Elino Julião. Gravação do clássico de Chico Elion, Ranchinho de Páia. Entre outros laços arrochados com o cenário potiguar. Mas a amizade de um sanfoneiro e confidente talvez mereça o maior registro. Foi a pedido do próprio Gonzaga um show em Natal para ajudá-lo nas finanças. E aquela seria a última apresentação dele em público, meses antes de sua morte.

A amizade de Roberto do Acordeon e Luiz Gonzaga começou tímida já na década de 1960. O primeiro encontro se deu na rádio Jornal do Comércio, em 1958. À época, Gonzaga lançava a canção Forró no escuro ("O candeeiro se apagou e o sanfoneiro cochilou..."), e Roberto só olhava o pioneiro do baião. Nos anos de Jovem Guarda, da pegada yeah, yeah, yeah, Roberto e Luiz tocaram várias vezes em circos montados em interiores de Pernambuco. Trocavam uma ideia, acenavam um para o outro e mantinham o coleguismo saudável dos sanfoneiros. Somente em 1976 as antigas Casas Régio fizeram contrato com os dois músicos para uma temporada de quatro shows no Rio Grande do Norte: um em Natal (Praça Gentil Ferreira, no Alecrim), em Mossoró (Festa de Santa Luzia), em Currais Novos e Caicó.

"A época tava boa pra Gonzaga. O jornalista Carlos Imperial inventou de divulgar que um dos ex-Beatles tinha gravado Asa branca. Isso deu uma levantada na carreira dele. E fomos os dois para esses shows", lembra Roberto. E sentencia: "Verdade é que Gonzaga, eu, o sanfoneiro em geral, sempre passamos por cima da moda. Enfrentamos o twister, o tcha tcha tcha, a Jovem Guarda, o Tropicalismo, a Lambada. O forró nunca morreu. E Seu Luiz era perseverante, teimoso. Nunca teve essa de período de baixa, não". Passado alguns minutos de conversa, o próprio Roberto se contradiz. E lembra quando, em abril de 1989, a mulher com quem Gonzaga viveu seus últimos anos ligou para o sanfoneiro: "Roberto, é Edelzuíta. Gonzaga pediu para eu ligar pra você. Ele está precisando dos amigos agora. Tem data para ele por aí?".

Roberto era dono do Forró do Sanfoneiro. O espaço marcou época em Natal, localizado na Roberto Freire, onde hoje funciona o supermercado Favoritos. A inauguração foi em 1985. À época foi Roberto quem convidou Gonzaga para o show de estreia. "Liguei convidando. Quem atendeu foi o sobrinho, Piloto. Gonzaga tava dormindo. Acordaram e ele atendeu todo animado. Era sempre assim: perguntava logo como a pessoa estava, se a família tava boa de saúde, sobre a política local. Aí eu disse que tinha feito um negócio e queria a presença dele pra começar. Ele disse: 'Vou e faço um acordo bom pra você: eu toco dois dias e você me paga um'. E esse um ainda foi barato".  Roberto lembra mais de três mil pessoas em cada dia. Espaço superlotado. "

  O ÚLTIMO SHOW

Foram apenas quatro anos do show de estreia do Forró do Sanfoneiro para o último show da vida de Luiz Gonzaga. "Quando Edelzuíte me ligou eu nem sabia que ele estava doente. Mas nem pensei duas vezes. Aceitei logo e marquei pra semana seguinte. E ele repetiu a mesma proposta do primeiro show: fez duas apresentações e só cobrou uma". Desta vez, o empresário hoteleiro Sami Elali soube da vinda de Gonzaga e cedeu hospedagem gratuita ao Rei do Baião. "Fomos ao hotel pegá-lo para o show. E quando chegamos lá é que vimos a cena: ele de cadeira de roda. Quem estava lá chorou. Não teve como segurar. Aí ele dizia que estava tudo bem e que o show seria um dos maiores. E, de fato, superlotou de novo os dois dias".

O show foi em maio. Luiz Gonzaga se locomovia em cadeira de rodas decorrente de osteoporose. Morreria três meses depois, em 2 de agosto de 1989, vítima de parada cardiorrespiratória no Hospital Santa Joana, na capital pernambucana. O Forró do Sanfoneiro fecharia um ano depois, quando "o dono do terreno cresceu o olho no lugar". Ainda saudoso do lugar, Roberto se conforma com a frase do amigo Gonzaga: "Ele me dizia: 'Roberto, se esses forrós fossem bom pra negócio eu tinha uns quatro ou cinco lá no Rio e São Paulo, porque fui eu quem levou o forró pra lá". Mas fato é que, enquanto durou, o Forró do Sanfoneiro foi rentável. O delegado Sérgio Leocádio, que escutava a conversa, confirmou: "A boemia natalense ia pra lá. E Roberto inovou colocando pela primeira vez no banheiro da mulher, cotonete, absorvente e batom".

A INGRATIDÃO 

Roberto é seco quando critica "aproveitadores" do centenário de Luiz Gonzaga, celebrado este ano. "Tem muita gente se aproveitando disso pra ganhar dinheiro; gente que nunca deu a mínima pra ele". No enterro, narrado como fato épico pelo amigo, Roberto lembra da "ingratidão" de três renomados artistas nacionais sempre apoiados por Gonzagão: Fagner, Elba Ramalho e Gal Costa.

"Foi o maior enterro que este Brasil já viu. Na morte de Tancredo Neves o país parou por quatro dias. No de Gonzaga foram cinco. Nunca houve isso". O sanfoneiro lembra que o corpo foi velado na Assembleia Legislativa do Recife e de lá seguiu para o aeroporto da cidade acompanhado por uma multidão, rumo à cidade do Crato, no Ceará, vizinha a Exu, com mais quatro dias de luto.

"A gente ligava a Rádio e ouvia o locutor conversando com Fagner, que estava em Brasília: 'Fagner reserve um tempinho entre os seus shows e venha dar seu último adeus a Gonzaga'. Nem veio ele, nem Elba, nem Gal. Os três tinham gravado com ele não fazia muito tempo. As irmãs de Luiz me disseram que Luiz não tinha feito por elas o que fizera por esses três". E foram lá Alcimar Monteiro, Dominguinhos...

O AMIGO 

Quando a amizade de Roberto e Gonzaga se estreitou em 1976, o filho de Januário pensou em presentear o amigo com uma sanfona novinha. "Todo ano ele ganhava bem três de uma empresa gaúcha porque Gonzaga teve um chamego com a dona. Mas quando ele me viu que eu tava com uma sanfona Scandale Super 6, da antiga, que era a melhor - foi a primeira do Nordeste deste tipo - aí ele disse: 'Pensei que você tivesse pendurado num fio de cabelo, rapaz. Mas você tá é rico'".

Foram incontáveis as vezes que Gonzaga almoçou ou jantou na casa de Roberto. Quando se apresentava pelas redondezas do Rio Grande do Norte, parava por lá. Dormiu só duas vezes. E foi acompanhado - cada vez - com uma mulher diferente. A primeira vez foi com Edelzuíta. E na segunda, com Helena, com quem foi casado. "Quando ela entrou em casa, ele botou o dedo na boca e fez o sinal de silêncio, pra eu não contar nada de Edelzuíta pra ela".

O romance de 13 anos com Edelzuíta Rabelo foi confidenciado por Gonzaga à imprensa já perto de sua morte, a pedido de Edelzuíta, que queria evitar atritos com a primeira esposa de Gonzagão, Helena das Neves, ainda viva na época. "Pode botar aí no jornal que o charme da minha vida agora é Edelzuíta!", disse o Rei do Baião, que morreu nas mãos dela tempos depois.

O CONSELHEIRO 

Se Roberto ajudou Gonzagão no fim da vida, o passado também mostra o contrário. À época do "festão" armado para sua volta a Exu, cidade de origem, Gonzagão ligou e convidou Roberto: "Só tou chamando os amigos", ele me disse. Corria o ano de 1983. E na mesma oportunidade foram inaugurados na cidade o campo de aviação e o museu de Exu.

Em outra oportunidade, no famoso restaurante O Laçador, em Boa Viagem, se apresentavam as grandes estrelas da música nacional. "Só não foi Roberto Carlos porque sempre foi cheio de frescura pra ir aos cantos. Mas Gonzaga me recomendou para o dono e findei tocando lá também. Mas antes ele me aconselhou: 'Chegue lá humilde. Mas se não lhe respeitarem dê de importante porque Deus fez a gente sanfoneiro e nosso feijão com arroz a gente traz de qualquer outro lugar'".

Roberto diz que leva este conselho onde quer que vá. Se orgulha em nunca ter se dobrado à nova música, às novas modalidades do forró, ou mesmo de nunca ter tocado um instrumento eletrônico. E mais ainda: de já estar passando a arte da sanfona ao herdeiro, Robertinho do Acordeon. 


...fonte...
Sérgio Vilar