agosto 31, 2013

BEM MAIS QUE UM NOME DE RUA

 
HOMERO HOMEM DE SIQUEIRA CAVALCANTI
 "BIOGRAFIAS 2011/2012"
 Primeiro biografado no projeto do editor José Correia Torres Neto
 O ensaio biográfico destaca a trajetória de um
potiguar de expressão nacional,
o escritor Homero Homem
Fotografia: Divulgação

  HOMERO HOMEM
BEM MAIS QUE UM NOME DE RUA

Por
Yuno Silva
TRIBUNA DO NORTE

Cultivar a memória e valorizar personalidades que tiveram papel relevante na história do país nunca foi o ponto forte do brasileiro. No Rio Grande do Norte, a aridez no terreno das biografias reflete e comprova a teoria da “memória curta” e poucos ultrapassam a tradicional homenagem de ter o nome gravado em alguma placa de rua, praça ou viaduto. Como um oásis nesse deserto de lembranças, sobretudo na área cultural, o projeto “Biografias 2011/2012”, elaborado pelo editor José Correia Torres Neto, surge como uma miragem real no horizonte literário. A iniciativa prevê a publicação de quatro biografias: do cantor Carlos Alexandre, do escritor Homero Homem, do ator e diretor de teatro Jesiel Figueiredo e do poeta e artista plástico Newton Navarro. 

O primeiro título a sair do prelo, “Canguleiro”, assinado pelo jornalista Alexis Peixoto, remonta a trajetória de Homero Homem (1921-1991), autor dos infanto-juvenis “Cabra das Rocas” (1966) e “Menino de Asas” (1968) que saiu de Canguaretama e foi morar no Rio de Janeiro ainda na década de 1940. “Nosso conhecimento dos diversos artistas potiguares muitas vezes limita-se às conversas de bares e pouco se sabe sobre suas vidas e suas obras”, afirmou o editor José Correia Torres Neto. Ele destaca que a escolha dos quatro biografados não se deu de maneira aleatória: o critério básico foi “priorizar de tal forma que pudesse contemplar o máximo de segmentos artísticos”. 

A próxima biografia a ganhar as bibliotecas do RN, “Um anjo feito sereno”, apurada e escrita por Sheyla Azevedo, é dedicada a Newton Navarro (1928-1992). O livro sobre Jesiel Figueiredo (1938-1994), batizado de “Esse teatro é do povo”, de Luana Ferreira, está na etapa final de revisão antes de seguir para impressão; e em 20 dias será a vez de “O homem da feiticeira”, sobre Carlos Alexandre (1957-1989), este assinado por Rafael Duarte, entrar na gráfica. 

Assim como Alexis, todos os outros três biógrafos convidados pelo editor são jornalistas. Eles tiveram 18 meses para materializar o livro, construído a partir de muita pesquisa e entrevistas. 

Conforme previsto no projeto aprovado pelo programa de incentivo Djalma Maranhão, com patrocínio da Prefeitura de Natal e do Colégio Cei, a primeira edição das quatro biografia-livro-reportagem (500 cópias de cada volume) será inteiramente distribuída entre bibliotecas públicas do Estado, escolas e universidades como material de pesquisa e consulta. Portanto, não adianta esperar por um lançamento formal nem procurar nas livrarias, os livros estarão disponíveis para consulta nas bibliotecas – a segunda edição é que terá perfil comercial.  
 
 HOMERO HOMEM DE SIQUEIRA CAVALCANTI
 Cabra das rocas, menino de asas, deixou o Rio Grande do Norte e, 
como jornalista e poeta, conquistou a cidade do Rio de Janeiro, 
que ele muito amou e cantou em  versos imortais
Ilustração: Divulgação

MERGULHO NO UNIVERSO DO 'MENINO DE ASAS'

A primeira biografia do projeto, o livro-reportagem “Canguleiro”, sobre o escritor, jornalista e político Homero Homem, foi construída a base de pesquisas e muitas entrevistas. Alexis Peixoto foi até o Rio de Janeiro conversar com familiares do autor potiguar, colheu depoimentos de contemporâneos como Dorian Gray Caldas e gente ligada ao universo cultural como Woden Madruga, Diógenes da Cunha Lima, Franklin Jorge e Manoel Onofre Júnior, entre outros. A publicação traz vasta lista de referências, iconografia, relação dos livros publicados por Homero e uma linha do tempo com as principais passagens de sua vida pública, profissional e pessoal. 

“Antes de começar a pesquisa confesso que só conhecia os livros ‘Menino de Asas’ e ‘Cabra das Rocas’, os mais conhecidos e em catálogo até hoje. Sabia que ele tinha escrito outras coisas, que tinha tido contato com Carlos Drummond de Andrade, mas bem vagamente. Esse foi um dos motivos que despertou meu interesse: como é que um cara chega tão longe e está tão esquecido hoje?”, recorda Alexis. 

Sobre as dificuldades de reunir material, ele diz ter encontrado pouca coisa nos arquivos de Natal, “salvo as matérias sobre a Semana de Cultura Nordestina que ele coordenou por aqui em 1978. Tirando isso, notinhas esparsas dando conta de lançamento de livros e uma ou duas entrevistas com ele”. 

Outro desafio superado foi rastrear os familiares: “Existem membros da família Siqueira Cavalcanti aqui em natal, mas a maioria não tem contato com a família de Homero que mora no RJ. Foi um trabalho de detetive encontrar esse pessoal, com pistas falsas e investigação mesmo. Mas quando os encontrei foram todos muito receptivos e deram uma força tremenda ao projeto”. 

Alexis Peixoto diz que a falta de interesse está diretamente ligada a falta de conhecimento. “Acredito e espero que essas biografias sirvam também para ‘apresentar’ Homero, Newton, Carlos Alexandre e Jesiel a um publico novo, que pode descobrir que a cultura do RN é tão interessante quanto a de qualquer outra parte do Brasil ou do mundo”. 
 
Entre as surpresas publicadas no livro “Canguleiro”, o jornalista e agora biógrafo destaca o fato de Homero Homem ter sido duas vezes candidato a vereador do Rio de de Janeiro pelo PSB e por ter criado uma especie de cooperativa para publicar escritores estreantes, chamada Clube dos Inéditos na década de 1950.  

HOMERO HOMEM, JESIEL FIGUEIREDO, NEWTON NAVARRO
E CARLOS ALEXANDRE SÃO OS ESCOLHIDOS
PARA SÉRIE DE BIOGRAFIAS
 Fotografia: Divulgação

PESQUISA E PERSPECTIVA

A princípio o objetivo de José Correia Torres Neto era publicar oito biografias, mas por questões burocráticas somadas a dificuldade de captar recursos o editor precisou fazer ajustes no projeto e reduzir pela metade sua proposta. “Começamos com 30 nomes, até chegar aos oito e por fim publicarmos quatro”, recorda. Torres Neto adiantou que há uma nova versão do “Biografias” tramitando na no programa Djalma Maranhão para outras quatro biografias. 

“Se e quando for aprovado partimos para a parte mais difícil, a captação, até lá melhor não revelar os nomes dos próximos biografados para não criar expectativas”, ponderou o editor. “O que posso dizer é que, muito provavelmente, vamos continuar com o mesmo time de biógrafos”. 

Apesar dos quatro artistas biografados neste primeiro ciclo do projeto terem falecido há pouco tempo, menos de 25 anos, a dificuldade de encontrar material foi sentida por todos: “Tinha pouca escrita, basicamente matérias pontuais publicadas nos jornais. Então a equipe precisou viajar, conversar com amigos e parentes para aprofundar a pesquisa”, disse Torres Neto. 

 ...fonte...
  www.tribunadonorte.com.br

 Se copiar textos e ou fotografias, atribua os créditos!
Os direitos autorais são protegidos pela Lei nº 9.610/98, violá-los é crime!

agosto 29, 2013

JÚLIA, UMA REVOLUCIONÁRIA

JÚLIA AUGUSTA DE MEDEIROS
 Fotografia: Acervo Particular

UM NOME PARA FIGURAR NA HISTÓRIA POTIGUAR
A COMOVENTE HISTÓRIA DE UMA CAICOENSE À FRENTE DO SEU TEMPO

O jornalista e professor Manoel Pereira da Rocha Neto lançou nesta quarta-feira (28), na Livraria Cooperativa Cultural (Centro de Convivência da UFRN), o livro “Júlia Medeiros, uma trajetória entre a Educação e a Imprensa no Rio Grande do Norte".

O livro é resultado da tese de doutorado de Manoel no Departamento de Educação da UFRN, dentro da base de pesquisa Gênero e Práticas Culturais. Com o título "A Educação da mulher norte-rio-grandense segundo Júlia Medeiros (1920-930)", o trabalho foi apresentado em 2005. Naquele ano, numa mesa de bar, o autor bateu um longo papo com o jornalista Itaércio Porpino (hoje, editor do guia cultural SOLTO NA CIDADE) para uma matéria que seria publicada na Tribuna do Norte em 18/09 de 2005. 

O blog Potiguarte parabeniza a iniciativa que conduziu o trabalho ao formato de livro e lembra que já realizou neste espaço - por três oportunidades - postagens desta comovente história, o que a levou a ser  uma das mais visualizadas no rol de postagens do Potiguarte. E, pela quarta vez, o texto desta matéria é transcrito neste espaço. Confesso, é uma história que - merecidamente - deveria ser adaptada para o cinema! Boa leitura!

 JÚLIA AUGUSTA DE MEDEIROS
Fotografia: Acervo Particular

 "ROCAS-QUINTAS
JÚLIA AUGUSTA DE MEDEIROS
UMA MULHER À FRENTE DO SEU TEMPO

 Por
Itaércio Porpino

Natal, década de 60, em algum lugar entre os bairros das Rocas e Quintas... 

Garotos se divertem provocando uma senhora trôpega, suja e maltrapilha. Os meninos fazem coro: "Rocas-Quintas"! E ela, com o dedo em riste, revida: "Me respeitem, que eu tive vida importante"! A zombaria continua, e a mulher, que se tornou folclórica por fazer todo santo-dia, a pé, o mesmo itinerário da linha de ônibus Rocas-Quintas (daí o apelido), retoma as passadas ligeiras e nervosas, parando sempre para catar lixo e restos de coisas podres.

Caicó, final da década de 50...

Júlia Augusta de Medeiros, uma das mulheres pioneiras no jornalismo e na educação no Rio Grande do Norte nos anos 20, feminista, mulher de ideias avançadas, com participação destacada na vida pública e política do RN (ela foi uma das primeiras mulheres a votar no Estado e chegou a exercer dois mandatos como vereadora), começa a apresentar lapsos de memória e a perder a sanidade mental. O estado de saúde vai se agravando e Júlia, que desafiara a sociedade assumindo uma postura ousada, termina seus últimos anos deprimida em Natal, no mais completo ostracismo, perambulando pelas ruas feito mendiga.

Júlia Medeiros, educadora e jornalista que um dia teve lugar cativo nas rodas de intelectuais, gozando da amizade e apreço de gente como Câmara Cascudo e Palmira Wanderley, é a mesma Rocas-Quintas. Em um minucioso trabalho investigativo, o jornalista natalense Manoel Pereira da Rocha Neto, 33, conseguiu unir os dois capítulos extremos dessa história e contá-la na íntegra pela primeira vez. "Júlia teve um passado obscuro, que ficou perdido, pois enquanto Rocas-Quintas ela falava quem tinha sido e ninguém acreditava. As pessoas a insultavam e a depreciavam", diz Manoel.

O objetivo de sua tese de doutorado no Departamento de Educação da UFRN, dentro da base de pesquisa Gênero e Práticas Culturais, era (e foi) falar das práticas pedagógicas de Júlia enquanto educadora, mas o jornalista acabou também mergulhando fundo na vida da personagem à medida que descobriu história tão rica e dramática.

O autor, além de conseguir conceito máximo com a tese, acabou quitando uma dívida com a memória de Júlia Medeiros. "Em cinco anos de pesquisa, não encontrei quase nada em livro, a não ser algumas poucas citações, e também uma monografia do curso de História, em Caicó, sobre Júlia, mas muito superficial. A casa em que ela morou em Caicó foi demolida e no lugar existe atualmente uma boutique. Já a casa em que ela viveu em Natal, na rua da Misericórdia, Cidade Alta, foi demolida para a construção de uma praça. Até o túmulo e seus restos mortais, no Cemitério Parque, em Caicó, foram violados e extraviados. Ela não tem direito sequer a ser lembrada como cidadã no Dia de Finados. Em sua cidade natal, deu nome a uma rua e a uma escola. Foi só", fala.

JÚLIA AUGUSTA DE MEDEIROS
Fotografia: Acervo Particular

A história de Júlia Medeiros, do nascimento à morte (1896 a 1972), foi totalmente reconstituída pelo jornalista Manoel Pereira da Rocha Neto e contada com riqueza de detalhes em seu trabalho. A maior parte das informações ele coletou com pessoas que foram vizinhas de Júlia, em Caicó e em Natal, e com os ex-alunos dela. "Foi uma pesquisa difícil. A família dela ofereceu muita resistência. Somente uma sobrinha sua, Julieta Dantas, que vive em Caicó, ajudou, cedendo inclusive um farto material fotográfico", conta Manoel, que chegou a pagar para conseguir uma cópia do atestado de óbito de Júlia Medeiros/Rocas-Quintas.

"A família não quis ceder, então fui até o 4º Ofício de Notas e paguei por uma cópia", conta Manoel. O laudo deixa em dúvida se Júlia cometeu suicídio, mas o jornalista acredita que ela tenha mesmo se matado. "Acho que o ostracismo e a depressão contribuíram para isso. Há um detalhe importante: Júlia morreu na madrugada do dia seguinte ao seu aniversário. Acho que em sua loucura ela pode ter tido um momento de lucidez e lembrado a data".

E esse não teria sido o único momento de lucidez em sua fase de loucura e mendicância. Certa vez, conta Manoel, ela ficou parada observando por bastante tempo a vitrine de uma loja de roupas. Quase foi presa ao tentar entrar. Isso só não aconteceu porque na hora passou uma pessoa de Caicó que a conhecia e contornou a situação. "Penso que ela estava recordando sua época de moça. As moças da alta sociedade caicoense só vestiam as roupas feitas por Maria do Vale Monteiro, costureira mais famosa da cidade. Mas antes Júlia tinha que vestir e aprovar. Por causa do corpo bem feito, ela era uma espécie de manequim no município".

O jornalista conta que, antes disso, Júlia havia adquirido uma máquina Singer pensando em fazer os próprios vestidos, como forma de relembrar a época áurea. Ela comprou em dez vezes sem juros, na Loja Natal, o que já era um sinal também de sua fragilidade financeira.

"Júlia veio para Natal já doente e, aposentada e deprimida, começou a perambular pelas ruas, levando sempre junto ao corpo um monte de penduricalhos. A cada dia seu estado mental ia se agravando. Ela já não cuidava da higiene, catava lixo e andava com roupas em trapos. Ninguém acreditava quando dizia ter sido uma pessoa importante", diz Manoel.

A aposentada Lúcia Bruno Damasceno mora na rua da Misericórdia, onde Rocas-Quintas viveu de 1960 até 1972, e confirma a informação do jornalista: "Ela vivia na rua catando coisas e entulhava tudo num porão em casa. Costumava dizer que foi uma mulher de destaque em Caicó, mas ninguém acreditava".

JÚLIA AUGUSTA DE MEDEIROS
Votando em Caicó/RN
Participação ativa na vida pública
Júlia questionava a condição da mulher da década de 20
 Fotografia: Acervo Particular

JÚLIA, UMA REVOLUCIONÁRIA
 
Exceção entre as meninas de seu tempo, Júlia Medeiros teve a sorte de pertencer a uma família abastada e de visão pedagógica diferente da maioria das famílias do início do século 20. O pai, Antônio Cesino Medeiros, detentor de grandes propriedades de terra em Caicó, sendo a maior e mais próspera delas a fazenda Umari, onde Júlia nasce no dia 28 de agosto de 1896, cuida desde cedo para que a filha tenha acesso à educação. A menina aprende as primeiras letras em casa com um mestre-escola e depois é mandada para estudar em Natal.

Júlia deixa Caicó no ano de 1910. Com 13 anos, enfrenta uma jornada de oito dias em lombo de burro. Era uma comitiva em que estavam outras duas moças, Olívia Pereira e Maria Leonor Cavalcanti. A futura feminista hospeda-se em uma casa na Ribeira - a do professor de português João Vicente - e passa a estudar no Colégio Imaculada Conceição, onde conclui o ginásio. Em 1920, faz a seleção para a Escola Normal de Natal.

Forma-se em 1925 e, um ano depois, volta a morar em Caicó, passando a lecionar no Grupo Escolar Senador Guerra, a mais conceituada instituição de ensino do município. A essa época já escrevia para o "Jornal das Moças", periódico que logo passa a redigir sozinha com a saída da fundadora, Georgina Pires. A publicação, um marco no jornalismo feminino no Rio Grande do Norte, dura de 1926 a 1932.

Júlia Medeiros também já participava ativamente da vida pública de Caicó, envolvida com a elite intelectual e política da cidade. Ela foi amiga, entre outros, de Juvenal Lamartine, senador e governador em meados da década de 20, e de José Augusto Bezerra de Medeiros, governador que dominou a política no RN até 1930.

Considerada exímia oradora, Júlia notabiliza-se por questionar, em seus discursos de improviso, a condição da mulher da década de 20 - cuja vida resumia-se aos afazeres domésticos. Em suas falas em público, exigia, principalmente, o direito à educação e à cidadania. Sua amizade com a feminista Berta Lutz e suas idas ao Rio de Janeiro - onde tomava conhecimento da modernidade - fortaleciam ainda mais seus ideais. Júlia choca a sociedade caicoense com seu comportamento avançado.

Ela passa a usar roupa preta - cor condenável a não ser em ocasião de luto - calça jeans e costas nuas. Ao aparecer nas ruas dirigindo um automóvel - um ford 29 (baratinha) que compra no Rio de Janeiro com dinheiro do próprio trabalho - promove um escândalo. Choca mais uma vez a sociedade ao recusar um pedido de casamento e ao ir morar sozinha, na casa de número 157 da rua Seridó.
O preço da "ousadia" acaba sendo alto. Júlia passa a ser excluída e alvo de preconceito. Na rua, é perseguida pelas crianças, que entoam uma cantoria assim: "Júlia Medeiros no seu carro ford, virou a princesa do caritó".

Antes de aposentar-se como professora, em 1958, se candidata a vereadora, sendo eleita para dois mandatos, de 1951 a 1954 e de 1954 a 1957. É nesse período que começa a apresentar lapsos de memória e a ficar perturbada mentalmente. Em 1960, a família a leva para Natal, entendendo ser essa a melhor opção. Júlia passa a morar sozinha, por vontade própria, em uma casa de frente para o rio Potengi, na rua da Misericórdia. Seu quadro de saúde vai se agravando e, na madrugada do dia 29 de agosto de 1972, aos 76 anos, morre como a mendiga Rocas-Quintas. Louca, pobre, esquecida e insultada; excluída da sociedade e da história.

 ...fonte...
 Itaércio Porpino
(Jornal Tribuna do Norte, edição do dia 18 de setembro de 2005)
www.potiguarte.blogspot.com
www.soltonacidade.com.br

Se copiar textos e ou fotografias, atribua os créditos!
Os direitos autorais são protegidos pela Lei nº 9.610/98, violá-los é crime!

agosto 26, 2013

O CLICK MÁGICO DOS CAÇADORES DE IMAGENS

 
"HORA MÁGICA"
Hora Mágica" reúne trabalhos de profissionais de diversas áreas
de atuação, tendo em comum a paixão pela fotografia,
a paixão pela fotografia conceitualmente artística.
Fotografia: Bruno Lacerda

CLICKS  MÁGICOS  DO COLETIVO CAÇADORES DE IMAGENS
 CHEGAM AO FÓRUM MIGUEL SEABRA FAGUNDES

 Por
José Carlos da Silva
 www.potiguarte.blogspot.com

A hora mágica na fotografia,  é a hora em que as cores ficam mais agradáveis, a saturação lindamente aumentada, os detalhes e texturas revelados e as sombras suaves. A hora mágica é mais ou menos meia hora antes e depois do nascer do sol e meia hora antes e depois do pôr do sol. “Mais ou menos”,  pois depende de onde você está e em qual época do ano.

E a “Hora Mágica” é o tema da exposição fotográfica do Coletivo Caçadores de Imagens, grupo de fotografia artística já reconhecido pelo público potiguar, que poderá ser vista a partir desta segunda, 26/08, no Fórum Miguel Seabra Fagundes, Lagoa Nova, Natal/RN,  e estará em cartaz até o dia 30 de agosto.
 
 "HORA MÁGICA"
Fotografia: Luciano Nobre

O Coletivo Caçadores de Imagens, grupo de fotografia artística já reconhecido pelo público potiguar, conta com 26 fotografias nesta mostra. São registros dos olhares singulares de 13 profissionais de diversas áreas de atuação, tendo em comum a paixão pela fotografia arte e que nos revela o quanto o click de uma câmera fotográfica pode ser mágico.

"O acervo fotográfico a ser exposto no Fórum, terá a temática ligada ao momento em que decidimos perpetuar momentos provocadores e sublimes ao nosso olhar e, através de uma câmera fotográfica, constatamos  a somatória do nosso olhar e da nossa cultura nos resultados capturados, chegando a um resultado surpreendente até mesmo ao nosso olhar", relata um dos fotógrafos expositores. 

 "HORA MÁGICA"
Fotografia: José Carlos da Silva

A exposição no Fórum Miguel Seabra Fagundes sinaliza o ponto alto de um trabalho em equipe que, até então,  não havia a pretensão da grande visibilidade alcançada. Os treze fotógrafos que terão seus trabalhos expostos  são: Aluísio Bezerra, Antônio Câmara, Bruno Lacerda, Carla Belker, Charlles Macedo, Fernando Chiriboga, Heider Miranda, Hênio Bezerra, José Carlos da Silva, Josuá Carlos, Luciano Nobre, Pedro Morgan e Tássio Ribeiro.

O Coletivo Caçadores de Imagens surgiu de um grupo homônimo, através de uma grande rede social, em 2012, quando seus integrantes foram descobrindo a grande afinidade existente entre eles  por meio da fotografia.

Os protagonistas desta edição prometem repetir  nesta mostra fotográfica o desempenho do bom nível técnico já percebido nos trabalhos que já  foram expostos  em vários polos culturais da capital potiguar.

...fonte...
José Carlos da Silva
www.potiguarte.blogspot.com

...serviço...
"HORA MÁGICA"
EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA 
 26/08  a 30/08
FÓRUM MIGUEL SEABRA FAGUNDES
Rua Drº  Lauro Pinto - 315 - Lagoa Nova - Natal/RN
84. 3616.9300

Se copiar textos e ou fotografias, atribua os créditos!
Os direitos autorais são protegidos pela Lei n° 9.610/98, violá-los é crime!

agosto 19, 2013

O CAÇADOR DE IMAGENS E SENTIMENTOS

 
J.B. SEGUNDO SE DESTACA ENTRE OS
PROMISSORES NOMES DA FOTOGRAFIA POTIGUAR

UM OLHAR SOBRE AS PESSOAS

 Por
Mário Gerson
GAZETA DO OESTE

O passo lento pela escadaria de um prédio da cidade denuncia – logo – que estamos diante de alguém que observa a vida calmamente. Alguém que espera o momento certo, mas também que acredita naquele instante “de sorte”, a imagem certa, o lugar exato, a hora ideal, aquelas cenas que nos são entregues pela Providência, como uma forma de nos alegrarmos por estarmos diante da obra de arte maior: a própria vida.

José Bezerra Neto Segundo, ou apenas J. B. Segundo, como assinava (e ainda assina), à época de jornalista, é um desses casos interessantes da fotografia e da mídia impressa. Como repórter, editou cadernos, escreveu matérias, mas foi com uma máquina fotográfica nas mãos que se realizou ainda mais, de maneira que isso se tornou não apenas um hobby, mas uma forma de ver o mundo, como um terceiro olho, um dispositivo que ele aciona para entrar “na alma das pessoas” e de lá “apreender as coisas mais belas”, pois ele entende que “a máquina é apenas um recurso. É preciso técnica, mesmo que demore para consegui-la. Já percepção, é uma junção de muitas coisas. Mas a fotografia necessita de tudo isso e algo mais”. Claro, é preciso alma, alma para sentir as outras almas...

Fotografia: J. B. Segundo

Em viagens que faz pelo interior do Estado, seja acompanhado ou não de colegas, ou mesmo pelas andanças na zona rural de Mossoró, J. B. encontra a sua matéria-prima, o seu substrato, aquilo de que precisa para compor sua obra: as pessoas.

Fotografia: J. B. Segundo

No início de tudo, porém, tudo começou com as próprias coisas, silhuetas de objetos, junções de camadas, estudos de cores e formas, experimentos. Aos poucos, no entanto, ele se aproximou das pessoas em seu trabalho e começou a colocá-las em suas fotografias. Melhor dizendo, começou a chamá-las para participar de suas imagens, pois uma das principais características do trabalho de J. B. é justamente essa: as pessoas, de uma forma especial, acabam por participar do momento e expõem, nesse caminho, o olhar, a alma, o ser que paira na imagem, aquele gesto ou mesmo aquela forma de encarar o fotógrafo e o momento... é uma criança que, sentada junto a outras, olha para câmera, é uma mulher que, ao lado de outra que costura, olha para câmera, enfim, são pessoas que entram nas fotografias não apenas com sua imagem, mas com seus sentimentos.

Em 2009, ele comprou um celular com câmera e começou a tirar fotos. “Eu já tinha certo interesse em fotografia e pintura, a pintura como uma satisfação pessoal. Comecei a perceber que prestava atenção aos detalhes das coisas. Não precisava de um aparato, mas de uma máquina pequena, algo acoplado, para apreender, de certa forma, a realidade. Se formos comparar com os equipamentos de 1940, estaria no céu, pois o material é diferente e vale reforçar que a máquina, em si, não faz o fotógrafo”, destaca José Bezerra Neto Segundo.
 
 "A COSTUREIRA"
 foto contemplada com 1º lugar na categoria Profissional PB
no 35º Concurso Fotográfico da Cidade de Santa Maria/RS
Fotografia: J. B. Segundo

APREENSÃO DA REALIDADE

O estudo nas formas e o aprimoramento – através de contatos, também, com outros fotógrafos – fez com que J. B. Segundo conseguisse repercussão com seu trabalho, principalmente nas redes sociais, onde posta algumas fotos. “Hoje temos todas as ferramentas para estudarmos, temos a internet que nos leva para outros documentos, dados, livros. 

Quando comecei a pesquisar, o primeiro fotógrafo no qual me detive foi Henri Cartier-Bresson, considerado O Olho do Século. Isso me fez também chegar a outros. Acredito que, na questão de estudo, é preciso. Se não há interesse, não há foco. Não julgo as pessoas que não estudam, de sorte que acredito que antes de criticar é preciso ensinar, dar horizontes e se colocar no lugar do outro”, afirma J. B. Segundo, que se considera “um pequeno beija-flor que leva sua contribuição para apagar o fogo”.

Segundo ele, esse momento foi um dos mais importantes de sua trajetória, pois lhe trouxe novas percepções. “As pessoas, por exemplo, ainda não faziam parte de meu trabalho. Mas, a partir daí, comecei a inseri-las”, explica.

...fonte...

Se copiar textos e ou fotografias, atribua os créditos!
Os direitos autorais são protegidos pela Lei n° 9.610/98, violá-los é crime!

agosto 16, 2013

UM CLICK EM TERRAS POTIGUARES

 
 OFF-ROAD FOTOGRÁFICO NO PICO DO CABUGI
Um ato solitário, mas em grupo se torna uma grande atividade
Cenários bucólicos e alguns desafios pelo caminho
Fotografia para quem gosta de aventura
Fotografia: Canindé Soares

UM CONVITE AO CLICK

 Por
Tádzio França
TRIBUNA DO NORTE

As evoluções tecnológicas  facilitaram a vida de quem gosta de fotografia. Através dos cliques acessíveis nos mais diversos aparelhos – das câmeras digitais ao celular – tudo é um convite a virar foto. Com o cenário e as companhias ideais, fotografar deixa de ser uma atividade solitária e se torna um programa de lazer dos mais animados. Uma oportunidade de apurar o olhar coletivamente será a 1ª Caminhada Fotográfica Forte-Redinha, que será realizada neste domingo, a partir das 7h, com direito a banda de música e segurança. Entre o Forte, o Rio Potengi e a Redinha, e bons cenários não faltam.

O encontro é uma realização da Associação Potiguar de Fotografia – Aphoto – em comemoração ao Dia Mundial da Fotografia. A caminhada fotográfica da Aphoto terá concentração na área de quiosques do forte. A caminhada deverá sair às 7h da manhã, passando rapidamente pelas brancas muralhas da fortaleza e depois seguindo pela Ponte Newton Navarro – que terá uma das faixas interditadas para os caminhantes passarem. O grupo contará com escolta policial, e acompanhamento da banda de metais do Maestro Duarte. Chegando ao Mercado Público da Redinha, mais fotos. Vários cenários e um clima de festa. 
 
      ALEX GURGEL
Presidente da Aphoto e idealizador do passeio
"Fotografia é um prazer. E quando junta o lazer, fica perfeito"
Fotografia: Divulgação

Para fazer parte da caminhada fotográfica, basta ir ao local e estar com algum aparelho para clicar o roteiro. “Pode vir com um equipamento super moderno ou  um celular com câmera. O que importa é o encontro, a celebração à fotografia”, diz Alex Gurgel, presidente da Aphoto. Virão caravanas de Mossoró, Currais Novos e Macau. Todos em busca do registro perfeito. “As pessoas gostam de fotografar, postar na Internet, nos blogs e redes sociais,  e receber elogios. Sem falar que é uma arte democrática, basta comprar um equipamento e treinar muito para melhorar”, afirma.

“Fotografia é uma prazer, e quando junta com lazer, fica perfeito”, ressalta Alex. A Aphoto promove regularmente encontros e expedições do gênero, já levando câmeras empolgadas para lugares como as Dunas do Rosado, Cerro-Corá, Currais Novos, e partes do agreste potiguar. Após os passeios, a associação costuma fazer saraus fotográficos, num bar ou restaurante, onde são projetadas as fotos e os participantes falam sobre equipamentos, filtros, lentes,  e demais detalhes técnicos.

Alex Gurgel recomenda para quem deseja um domínio melhor das lentes, fazer um curso de fotografia. Conhecer os equipamentos é importante para fotografar melhor. Quanto ao material de trabalho, ele ressalta que varia conforme o bolso do candidato a fotógrafo: há peças de 300 reais até 30 mil reais. “A Aphoto não é uma associação de fotógrafos, mas de fotografia. A maioria de nossos associados são pessoas que têm a fotografia como hobby e amam isso”, diz. Para fazer parte da Aphoto é preciso ao menos ter feito um curso de fotografia, e pagar uma anuidade de R$100.
 
 OFF-ROAD FOTOGRÁFICO
 O esquema é informal, mas sempre render expedições animadas
Martins, São Rafael, Dunas do Rosado, Assu, e Pico do Cabugi
Encontros são marcados através das redes sociais
 Fotografia: Canindé Soares  
 
FOTOGRAFIA DE AVENTURA PARA QUALQUER UM

Fotografia para quem gosta de aventura. O fotógrafo Canindé Soares promove regularmente encontros entre fotógrafos profissionais e amadores que gostam de cenários bucólicos e alguns desafios pelo caminho. Recentemente ele e um grupo estiveram no Pico do Cabugi. Dois dias de aventura para quem tem fôlego. Os registros finais compensam. “O objetivo é confraternizar e também divulgar as belezas naturais do interior do Estado, que muito natalense ainda não conhece”, diz.

Canindé divulga os encontros apenas nas redes sociais, e os interessados preparam os carros e as caronas. O esquema é informal, mas sempre renderam expedições animadas, como as que já foram para Martins, São Rafael, Dunas do Rosado (do pólo Costa Branca, Porto do Mangue), Assu, e Pico do Cabugi. O fotógrafo comenta que a pega de boi em Acari já atraiu gente do Rio de Janeiro e Brasília, interessada em registrar esse segmento da cultural local. “Não me preocupo que venham só profissionais, apenas gente que goste de fotografar e tenha espírito de aventura”, diz.

O fotógrafo comenta que já está sendo cobrado para uma nova volta ao Pico do Cabugi. Ele por enquanto tem fechada uma ida às cavernas próximas ao Cabugi, em Lajes, na segunda semana de janeiro. Mas algo sempre pode aparecer antes. “É impressionante como esses encontros reúnem pessoas de todos os segmentos. Hoje todo mundo pode fotografar, e as pessoas adoram se mostrar nas redes sociais”, analisa.

GALERIA ZOON DE FOTOGRAFIA
Tradicional entidade cultural da cidade, 
promove diversos cursos e oficinas de fotografia 
em parcerias com outras entidades
 Fotografia: Divulgação   
 
OFICINAS DE CLIQUES EM AULAS PRÁTICAS

A Galeria ZooN de Fotografia, tradicional entidade cultural da cidade, promove diversos cursos e oficinas de fotografia em parcerias com outras entidades. Em cada uma dessas atividades, as aulas de campo são as favoritas dos participantes. “O ato da foto é solitário, mas em grupo se torna uma grande atividade coletiva, pois entre uma foto e outra as pessoas trocam experiências, conversam, aprendem mais”, diz Henrique José, um dos diretores da ZooN.

Um dos “passeios” da ZooN poderão ser vistos por toda cidade: em parceria com o Iphan, um grupo fotografou o centro histórico de Natal, e o resultado vai virar cartões postais para serem comercializados. O lançamento será ainda este ano. Outro projeto é a inauguração (até o fim do mês) da galeria móvel, um container adaptado para ser uma galeria de fotos que vai percorrer bairros e municípios, promovendo oficinas, exposições e exibições de filmes. As lentes da ZooN já passaram pelo rio Potengi, Pedra da Boca e Sagi. Os projetos da entidade podem ser acompanhados pela Internet.
 
 ...fonte...

...serviço...
 1ª Caminhada Fotográfica Forte-Redinha
Domingo, a partir das 7h da manhã - Acesso gratuito
Concentração nos quiosques da Praia do Forte - Natal/RN
84.8896-5436  
 
 Se copiar textos e ou fotografias, atribua os créditos!
Os direitos autorais são protegidos pela Lei n° 9.610/98, violá-los é crime!