maio 27, 2015

TEM POTIGUAR NA BROADWAY

 
PLÍNIO SÁ
Fotografia: Thatiane Mendes 
 
Musical “Avenida Q” marca a primeira montagem brasileira da Broadway fora do eixo Rio-São Paulo. Com estreia em Fortaleza, o espetáculo contará, no elenco, com um potiguar, o ator Plínio Sá. Para integrar o elenco do musical, o ator mossoroense passou por uma criteriosa seleção que contou com mais de mil inscritos de todo o Brasil.

TEM POTIGUAR NA BROADWAY

 Via
TRIBUNA DO NORTE 
 
Um jovem recém formado e com pouco dinheiro vai morar numa região barata, onde conhece diversos vizinhos bizarros. Esse é o mote para se fazer um retrato ácido da sociedade atual, com referências bem humoradas e um enredo politicamente incorreto sobre religião, raça, sexualidade e pornografia. Essa é a sinopse de “Avenida Q”, um dos musicais mais premiados da Broadway, em cartaz desde 2003, e que neste ano ganha sua primeira montagem fora do do eixo Rio-São Paulo, em Fortaleza. 
 
O elenco, composto de atores de vários estados do país, será representado também por um potiguar que começa a ter seu talento reconhecido fora do Rio Grande do Norte. Seu nome é Plínio Sá, ator mossoroense de 30 anos, que coleciona papéis em espetáculos como “Auto da Liberdade” (o maior espetáculo brasileiro em palco ao ar livre), “Chuva de Bala” (musical que conta a história da resistência de Mossoró ao bando de lampião), “Oratório de Santa Luzia” (história da padroeira de Mossoró), dentre outros. 
 
PLÍNIO SÁ
A Fera, no espetáculo (A Bela e a Fera).
Fotografia:  Thatiane Mendes
 
Para integrar o elenco de “Avenida Q”, Plínio passou por uma criteriosa seleção que contou com mais de mil inscritos de todo o Brasil. Ele gravou um vídeo cantando uma canção do musical “Corcunda de Notre-Dame” e enviou para a organização. Desse vídeo ele ficou entre os 100 selecionados para fazer os dois dias de audições em Fortaleza, quando, após essa etapa, conseguiu ser aprovado na equipe.  

O espetáculo está previsto para estrear no dia 2 de julho, em Fortaleza. Por enquanto a produção segue em ritmo forte, com ensaios diários. “Começamos a preparação em abril. A rotina tem sido bastante intensa. Os trabalhos iniciam com o ensaio das músicas e em seguida a montagem das cenas. Por três dias da semana temos acompanhamento de fisioterapia (pilates, Gyrotonic, acupuntura). Tudo tem exigido muita energia, concentração, estudo e dedicação”, conta.

Plínio Sá na seletiva que contou com mais de mil inscritos
 Fotografia: Divulgação 
 
O personagem de Plínio é “Brian”, um judeu que tem o sonho de ser comediante. No musica há personagens humanos e bonecos, e, para o ator, este tem sido o maior desafio. “O retorno expressivo, a reação e a intenção da palavra trocada entre bonecos e humanos é algo novo pra mim”. 
 
Mas o ator vê o esforço com bons olhos. A “oportunidade impar” de estar no espetáculo veio para reforçar o que ele já buscava de realização, “é uma resposta positiva para minha vida profissional”.

PLÍNIO SÁ
Em 2014, no espetáculo “Chuva de Bala no País de Mossoró”, direção 
do potiguar João Marcelino,  Plínio Sá  interpreta o cangaceiro
Massilon Leite. A voz grave e interpretação marcante, 
mexe com o público que elogia a desenvoltura.
Fotografia: Divulgação

O Avenida Q que o ator está participando possui a mesma estrutura técnica de como é produzido em Nova York. Mas há novidades na montagem, tanto no  storytelling, como no cenário, que nessa versão será maior, além do gingado brasileiro que vai temperar o espetáculo. 
 
O musical tem produção do cearense Allan Deberton e direção geral de Andre Gress e direção musical de Miguel Briamonte (O Fantasma da Ópera” e “Les Miserables”). O espetáculo fica em cartaz durante o mês de julho, no teatro Viasul, em Fortaleza. Segundo Plínio, a montagem foi planejada de maneira que o espetáculo possa ser apresentado em outros palcos, “e o Rio Grande do Norte está no roteiro”. Mas para entrar em turnê, a produção ainda busca captar recursos e patrocinadores.

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maio 22, 2015

JOÃO MARCELINO - UM CRIADOR DE MAGIAS

 JOÃO MARCELINO
 
Quadrienal de Praga, maior evento de cenografia do mundo, terá um potiguar
integrando a mostra. Pra chegar a esse resultado, acredite, não foi tarefa
 nada fácil. Um currículo com mais de 100 participações em espetáculos
 locais e  nacionais, recebendo  25 prêmios no Brasil e um no  exterior,
 seja como diretor, ator, cenógrafo e figurinista.
Fotografia: Alex Régis/TN

UM CRIADOR DE MAGIAS

Por
Ramon Ribeiro
TRIBUNA DO NORTE

Em algum lugar na década de 60, sentado no chão, embaixo da máquina de costura da mãe, um menino dava seus primeiro passos no universo da arte. A cena pode parecer corriqueira às crianças da época, mas para o diretor teatral e figurinista João Marcelino, esse foi um dos aspectos que o colocou no teatro e no trabalho de figurinista. O outro, as primeiras experiências com a pintura ainda na adolescência. Aos 66 anos, o multi-artista potiguar ainda é capaz de ter o mesmo entusiasmo daquele jovem de Macaíba/RN, cidade onde nasceu.

Da estreia no teatro, em 1980, até hoje, Marcelino acumulou muita história, são mais de 100 participações em espetáculos locais e nacionais, recebendo 25 prêmios no Brasil e um no exterior, seja como diretor, ator, cenógrafo e figurinista.

E justamente com o seu mais recente trabalho como figurinista, assinando o vestuário da peça Quintal de Luiz, apresentado pelo grupo Estação de Teatro no Natal em Cena de 2014, que Marcelino ganha mais uma vez reconhecimento internacional. O potiguar foi convidado a apresentar uma reflexão artística sobre sua última criação na importante Quadrienal de Praga, na República Tcheca, maior evento no mundo sobre design da performance (figurino, palco, iluminação, sonoplastia, dança, teatro etc), que reúne trabalhos de mais de 60 países.

O convite partiu de uma das curadoras do evento que acompanha o trabalho de Marcelino de longa data. “Ela viu meu figurino feito para o Quintal de Luiz e me pediu para enviar o material para apreciação dos outros curadores. Mandei as fotografias de estúdio e de cena e o croqui”.

O artista conta que esse será o material que constará na exposição e no catálogo do festival. E acrescenta que o mesmo material também vai ser exposto numa mostra em Brasília, com data ainda a ser definida.

Ainda dentro da Quadrienal de Praga, haverá outra exposição, com o nome “Confissão do Artista”, e que Marcelino também foi convidado a participar, ao lado de cenógrafo, design de cena e figurinistas de várias partes do mundo. Ele explica que vai ser uma espécie de instalação com esferas de alumínio contendo em seu interior  uma reflexão artística pessoal. “Na minha esfera eu coloquei os materiais que foram provocando a minha cabeça para a descoberta do figurino”, detalha.

Sobre os desafios de criar o figurino para o espetáculo do grupo Estação de Teatro, Marcelino diz que são os mesmos dos outros que já fez, a partir da página em branco. “Eu presto atenção nas falas, na cena que o dramaturgo César Ferrario criou, na cena que Rogério Ferraz como encenador montou, cenografia, a musica, a voz da atriz Nara... Essa somatória de observações vai dando corpo a ideia. Parto do papel em branco como uma esfinge que precisa ser desvendada. Se há algum desafio é este. Eu procuro me colocar dentro daquele texto, daquela fábula”.

CARREIRA NO TEATRO

Com passagens por importantes companhias de teatro do Rio Grande do Norte, como o Stabanada Cia. de Repertório, e de outros estados, como o Armazém Cia. de Teatro, João Marcelino completa em este ano 35 anos de carreira. Sua estreia foi com 18 anos, com o grupo Manacá de Teatro, a convite do diretor Costa Filho. No mesmo grupo, viu pela primeira vez um ator vestido em cena com um figurino que havia construído.

Nos anos 2000, Marcelino dirigiu por 11 anos o “Chuva de Bala”, espetáculo encenado ao ar livre, que conta a história de bravura e resistência de Mossoró ao Bando de Lampião.

Marcelino trabalhou com muita gente importante no teatro potiguar e nacional. Um dos seus encontros marcantes foi com o prestigiado ator Paulo Autran, em Londrina, quando o potiguar fez o figurino e a cenografia do espetáculo “A Tempestade”, montagem shakespeareana do  Armazém Cia. de Teatro.

“Eu estava diante de uma pessoa que carregava a história do teatro brasileiro. Uma respirada, o silêncio de Paulo Autran, já dizia muita coisa. Eram silêncios preenchidos de muitos sentimentos. Diariamente ele estava com livros na mão. Me orientou muito a consultar cada vez mais a leitura, para que ajudasse na minha formação de artista”, lembra.

NOVAS MONTAGENS

Sobre as novidades, Marcelino revela que está envolvido em dois projetos distintos, mas paralelos. O primeiro é novamente com o grupo Estação de Teatro, para dirigir texto inédito de César Ferrario, com atuação das atrizes Nara Kelly e Giovana Araújo.

O outro projeto é um livro que está em formatação e vai ser dedicado ao figurino teatral. “Vai remontar um pouco da minha história no teatro, e de um bocado de parceiros que eu fui fazendo ao longo da carreira. Vai estar entremeada com textos meus, retirado dos meus diários, e textos dos parceiros. A editora responsável é a Fortunella”, conta.

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maio 19, 2015

ERA UMA VEZ...


MARCELO BUAINAIN

“Cheguei à triste conclusão de que Era uma vez o nosso litoral! Era uma vez o nosso povo! Era uma vez a esperança de um Brasil gigante, civilizado e exuberante! Assim, à medida que me aprofundava neste trabalho, conversava com as pessoas e documentava as realidades do sertão e litoral, fui compreendendo que o abandono dos jumentos simbolizava o descarte de uma cultura e valores que não precisariam ser desprezados em nome do desenvolvimento. Esse entendimento me levou também a perceber que Era uma vez o jumento, o jegue, o jerico, o burro, o roxinho…”, explica o fotógrafo.

"DEU JEGUE" no CONCURSO POYLATAM - 1º LUGAR
UM BRINDE A TUDO ISSO, HEIN?

Via
Blog PoTiGuArTe 

Boa notícia para a fotografia potiguar. Duas fotografias relacionadas ao projeto ERA UMA VEZ..., do Marcelo Buainain, foram contempladas com o primeiro e segundo lugar no maior concurso ibero-americano de fotografia, o POYLATAM, que contou com 31.100 imagens e 168 multimídias inscritas por candidatos de quase todos os países ibero-americano.

Premiada com o PRIMEIRO LUGAR, na categoria cotidiano individual, o destaque foi para a fotografia realizada nas dunas do Estado do Rio Grande do Norte (RN). Já na categoria Retrato, o SEGUNDO LUGAR foi atribuído para uma imagem captada no interior do RN. Marcelo Buainain é fotógrafo e documentarista. Nascido em Campo Grande (MS), mora no RN há mais de doze anos.
 
 Fotografia: Marcelo Buainain

 ERA UMA VEZ...

O ostracismo, abandono e o perigo da extinção em que esse animal (o jegue, o jumento, o jerico, o burro, o roxinho) encontra-se envolvido, sensibilizou o fotógrafo a iniciar um importante registro fotográfico e documental. "Desde a edificação das pirâmides no Egito à construção de açudes no Nordeste, ele se mostrou o verdadeiro melhor amigo do homem”, afirma Marcelo Buainan.
 
 Fotografia: Marcelo Buainain

O Ensaio Fotográfico, Era uma vez, que já recebeu o XIII Prêmio Marc Ferrez de Fotografia da Fundação Nacional de Artes (Funarte) em novembro de 2013, cujo enfoque foi resgatar a importância cultural, social e econômica que o jegue prestou ao nordeste brasileiro.
  

  Fotografia: Marcelo Buainain    


Na música Apologia ao Jumento, Luiz Gonzaga diz que “o jumento é nosso irmão” e “o maior desenvolvimentista do sertão”. Para exemplificar, o cantor e compositor conta, ainda, que o animal já arrastou lenha, madeira, pedra, cal, cimento, tijolo, telha, contribuiu na construção de açudes, estradas de rodagem, carregou água para a casa do homem e já serviu como meio de transporte. 

O Rei do Baião ressalta também os maus-tratos – a que os animais são submetidos constantemente – como a injusta “recompensa” destinada àquele que deveria ser tratado com mais respeito, tendo em vista sua importância social, econômica e cultural. Não por acaso Buainain mostra, além dos animais nas fotografias, o homem. Como o artista (pois é o que ele é) costuma dizer: “não consigo fotografar sem inserir o ser humano no contexto”. E no ensaio fotográfico Era uma vez, sua presença é parte integrante, e primordial, para se fazer repensar a relação que há entre o ser humano e aquele que faz parte da história de um povo.

MARCELO BUAINAIN

Marcelo Buainain, nasceu em 1962 na cidade de Campo Grande, Estado do Mato Grosso do sul – Brasil. Enquanto acadêmico de medicina abandonou o quinto ano do curso para se dedicar exclusivamente ao mundo imagético. Hoje é pai, fotógrafo e documentarista.


Na década de noventa em busca de novas experiências fixou residência na Europa onde trabalhou como free lancer para publicações brasileiras e europeias. Neste período abraçou a fotografia documental publicando três livros, com destaques para as obras “Bahia – Saga e Misticismo” e “Índia Quantos Olhos tem uma Alma” que recebeu em 1998 o Prêmio Máximo conferido pela II Bienal Internacional de Fotografia da Cidade de Curitiba.


Realizou diversas exposições individuais e coletivas e nos anos 80 com o apoio da Funarte coordenou a I e II Semana Campograndense de Fotografia. Dotado de um olhar que revela equilíbrio entre o apuro estético e o aspecto documental, em 2009, foi um dos sete fotógrafos convidados para compor a mostra coletiva Bressonianas, realizada em São Paulo, em paralelo a uma grande retrospectiva em homenagem ao consagrado fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson.


No ano de 2002 Marcelo Buainain regressou ao Brasil fixando residência no nordeste do país e recebe a Bolsa Vitae de Arte para desenvolver o projeto “Brasil: a Religião e o III Milénio”.

A procura de novas linguagens renuncia a fotografia e se lança no universo do áudio visual dirigindo o premiado documentários “Do Lodo ao Lotus” e Hermógenes – Deus me Livre de Ser Normal, este produzido para a TV Cultura no âmbito do II DOCTV.


Em 2011, a revista brasileira PhotoMagazine incluiu Buainain entre os dez fotógrafos brasileiros da década e é neste ano que ele retoma a fotografia publicando o seu quarto livro, Mi Amas Vin, obra contemplada em 2013 no concurso internacional POY (Picture of the Year) Latam com a Menção Honrosa do Juri na categoria de Melhor Livro do Ano.


Com a série Retratos de Família recebe, em 2012, na cidade de Paris o Prêmio Martín Chambi de Fotografia com uma exposição na Galerie VU. Neste mesmo ano, na Argentina, a obra do fotógrafo é também contemplada com I Prêmio Latinoamericano de Fotografia conferido pelo Centro Latino Americano.


Em 2013 a série sobre A Cultura dos Mutilados é premiada na Colômbia no âmbito do XIX Concurso Latinoamericano de Fotografia Documental - Los Trabajos y los Días.

A versão digital do livro ERA UMA... está disponível para download no site indicado logo abaixo desta postagem.
...DOWNLOAD...
www.buainain.com 

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maio 10, 2015

LENO & LILIAN, O RETORNO

A Jovem Guarda não trouxe apenas grandes cantores, reis, ou grupos vocais. Temos também uma dupla que marcou no sucesso seus nomes: Gileno Osório Wanderley de Azevedo, natural de Natal/RN e Sílvia Lília Barrie Knapp, natural do Rio de Janeiro/RJ, que compuseram a dupla Leno e Lílian. Agora, ao mesmo tempo em que retoma dupla com a amiga Lílian, o potiguar Leno, aos 66 anos, se prepara para relançar disco em vinil. (Fábio Cortez / NJ)

LENO E LILIAN, O RETORNO  
  
 Por
Cleo Lima
DO NOVO JORNAL
 
A meia noite que irá separar os próximos dias 20 e 21 de junho marcará, também, a reunião de uma das duplas mais importantes da música brasileira em toda sua história: Leno e Lílian. Dessa vez, contudo, não se trata apenas de uma celebração, uma sessão nostalgia; as vozes que embalaram a ingênua rebeldia juvenil de outrora voltaram com tudo – música, turnê, parceria; tudo novo. Os eternos jovens guardaram muitas surpresas para 2015. 

“O tempo não passou pra nós. É só seguir a minha voz e logo vai me achar ao lado de você”, diz, oportunamente, a letra de ‘Lado a lado’, uma das novas músicas que farão parte dessa etapa atual do dueto. Enquanto dedilha calmamente um belo violão folk, Leno Azevedo explica que a canção é uma adaptação para a balada ‘Wicked Little Town’, de Stephen Trask.

A versão em português, conta ele, foi feita a quatro mãos, junto à própria Lílian. Um dado curioso é que, mesmo durante os áureos anos da dupla, em fins dos anos 1960, jamais existiu qualquer música creditada aos dois em parceria.

Mais que isso, os artistas não apenas remodelaram um clássico internacional para o idioma tupiniquim, mas compuseram juntos “Poeira das estrelas”, música inédita que completa o single virtual que será lançado para marcar a retomada oficial da dupla, daqui a pouco menos de dois meses.

O show de “relançamento” de Leno e Lílian está agendado para ocorrer na Virada Cultural 2015, em São Paulo. Conforme explica a parte potiguar do duo (Leno nasceu e mora atualmente em Natal), o evento paulista fará uma grande homenagem em alusão ao aniversário de 50 anos da Jovem Guarda.

“O pessoal da produção quer fazer quase uma festa temática, esse ano, por conta da comemoração. Tocaremos no ‘Palco Jovem Guarda’, que será montado no coração da cidade, no cruzamento das avenidas Ipiranga e São João. Vários colegas nossos da época deverão participar do evento, também. Será uma festa bacana, com projeção de 40 mil pessoas no horário do nosso show. A ideia é registrar tudo para um novo DVD”, adianta, animado.

Aproveitando o assunto, o cantor pega carona para criticar as políticas culturais existentes em Natal e no Rio Grande do Norte, de uma forma geral. Ele conta que ficou absolutamente surpreso ao receber o convite para se apresentar na capital paulista, feito diretamente pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.

“Sempre defendi Natal, levei o nome da minha cidade onde fui, mas jamais obtive qualquer retribuição local. Nunca, nunca mesmo, fui chamado para qualquer evento daqui, seja pela Fundação José Augusto ou pela Fundação Capitania das Artes (FJA e Funcarte, órgãos gestores da cultura no Estado e no município, respectivamente). Ao mesmo tempo, a cultura de outro Estado me valoriza, sempre sou lembrado pelo pessoal de fora, impressionante. Já aqui...”, reclama.
  
Leno e Lilian
A dupla se desfez, se refez e não alcançou mais o mesmo sucesso
 na década de 70.  Leno e Lílian, apesar das brigas, 
sempre se encontram para reviver a
época de ouro de seus sucessos.
 Fotografia: Divulgação   
 
REENCONTRO CONTOU COM AJUDA DA INTERNET

Ainda que ambos sejam já sessentões (Leno fez 66 na semana passada; Lílian completou 67 no último dia 30), o ambiente que propiciou o reencontro e o início das negociações para o retorno da dupla não poderia ser mais atual: a internet.

Os artistas sempre mantiveram uma relação de amizade, mesmo após o encerramento das atividades musicais. Recentemente vinham conversando pelas redes sociais e, nesses encontros online, surgiu a ideia de retomar a parceria, reforçada pela comemoração dos 50 anos da Jovem Guarda.

Daí para a ampliação dos projetos, foi um curtíssimo salto. Logo que a notícia do retorno se espalhou pelo meio empresarial do entretenimento no eixo sul-sudeste, começaram a pipocar convites para turnês nacionais, o que, segundo Leno, deve ocorrer ao longo de todo o segundo semestre desse ano.

“É uma volta real, não uma comemoração. Só não estamos nos cobrando, queremos cantar, compor e curtir. A proposta é deixar fluir, pode durar um mês, pode durar 10 anos, vamos deixar acontecer”, comenta.

A animação de ambos os lados foi tanta, que os bate-papos progrediram para as parcerias em composições novas. Mais interessante, a produção desse trabalho será assinada pelo jovem, mas tarimbado, produtor musical carioca Diogo Strausz, que tem em seu currículo trabalhos com João Capdeville, o britânico Jacob Perlmutter e Alice Caymmi, neta de Dorival. Diogo, 25 anos, é filho de Leno.

É o rebento, conta o papai orgulhoso, quem faz a intermediação entre a dupla, já que ele mora no Rio de Janeiro, assim como a ‘tia’ Lílian, mas vem sempre a Natal visitar o progenitor. Essa mediação contempla as músicas, inclusive. Funciona mais ou menos da seguinte maneira: Leno dedilha algo para o filho, que leva as ideias para casa, arranja, organiza e repassa para que os cantores possam finalizar a canção. Tudo com muito Facebook, telefone, manda arquivo daqui, recebe mixagem de lá.

Outra curiosidade que marca o retorno da dupla é que já está tudo acertado para a apresentação, entrevistas marcadas na TV, repertório praticamente definido, mas Leno e Lílian ainda não se encontraram pessoalmente para amarrar as minúcias do projeto.

“Não é nada fora do comum, nos conhecemos como ninguém, não há a menor necessidade de formalidades. Somos amigos, nunca deixamos de ser, então não precisamos pegar um avião só para tirar foto e apertar as mãos”, assegura Leno, que deve embarcar com destino a SP cerca de dez dias antes do show inaugural, para os ensaios. 

Os cantores desfizeram a parceria pela primeira vez ainda em 1968, retomando a carreira em 1972. O encerramento definitivo das atividades ocorreu no ano de 1974, quando saiu o último disco do dueto. Como permaneceram em contato ao longo dos anos, sem qualquer indício de crise pessoal, eles sempre se apresentaram juntos em eventos que homenageavam a Jovem Guarda - tocaram nos 30 (1995) e nos 40 anos do movimento (2005), por exemplo. Esse show de dez anos atrás, inclusive, foi a última vez em que Leno e Lílian pisaram juntos em um palco. 

 Leno e Lilian
 Os artistas sempre mantiveram uma relação de amizade, 
mesmo após o encerramento das atividades musicais,
o que ocorreu em definitivo em 1974.  
  Fotografia: Divulgação
 
ÁLBUM CLÁSSICO, DE ROCK, RELANÇADO EM VINIL

A carreira de Leno está mesmo movimentada. Ao mesmo tempo em que anuncia o retorno da parceria com Lílian Knapp, o potiguar revela que um de seus discos mais importantes – o seminal “Vida e Obra de Johnny McCartney”, engavetado pela gravadora CBS nos anos 1970 e lançado 20 anos depois – deverá ser relançado em vinil ainda em 2015. As cópias serão prensadas na República Tcheca e distribuídas por lojas especializadas no Brasil. Leno ainda não sabe a tiragem exata das bolachas que vão para a rua.

“Johnny McCartney”, primeiro álbum a ser gravado em oito canais no Brasil, é um dos discos considerados “cult” no rock brasileiro (Leno, aliás, foi o produtor musical de outra joia rara do estilo no País, o “Lágrimas Azuis”, do grupo potiguar Impacto 5). À época de seu lançamento, teve quatro músicas barradas pela censura, o que levou ao engavetamento do projeto por parte da CBS.

“Fiquei ressentido, até rescindi contrato. Eles sequer tentaram diálogo com o Governo, o que era praxe em casos de censura. Na verdade, não fizeram questão por conta da minha mudança radical de estilo, tiveram medo de apostar. Imagina só, eu tinha acabado de lançar ‘A festa dos seus 15 anos’ e voltei com um disco de rock no talo em parceria com Raulzito Seixas...”, ri o cantor.

As fitas ficaram nos porões da gravadora por muito tempo, até que o pesquisador Marcelo Fróes encontrou tudo e telefonou para Leno.

“Foi um susto, nem sabia que essa master ainda existia. Pedi de volta os direitos à Sony (que comprara a CBS) e eles me cederam, então lancei o disco de maneira independente no meio dos anos 90. Tempos depois, já em dois mil e pouco, fui ‘descoberto’ pela Lion Records’, gravadora americana que se interessou em lançar o material no exterior. Finalmente se fez justiça, um trabalho bonito e bem acabado. Agora veio esse lance do vinil, que me deixou muito animado, pois sou um eterno apaixonado pelos LPs”, suspira.
Compositor explica problemas de saúde

Antes de encerrar a entrevista, Leno faz questão de se explicar para os fãs potiguares, após a remarcação de dois shows seus, que ocorreriam nesse início de ano no Teatro Riachuelo. O cantor passou por problemas de saúde que o deixaram impossibilitado até mesmo de andar, por um longo período de tempo.

“Tive um problema sério no pé, quase perdi um dedo, mas depois de muita batalha me recuperei totalmente. Em seguida precisei passar por um procedimento cirúrgico, em decorrência de uma hérnia. A sequência nos hospitais me impossibilitou de fazer os shows anunciados, mas pretendo compensar muito em breve, quem sabe já junto da Lílian novamente”, projeta.

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