setembro 29, 2013

MARCELUS BOB E A ODISSEIA DAS CORES

MARCELUS BOB
Um dos precursores do grafite na capital potiguar
O artista celebra três décadas de artes visuais e apresenta
nova série de personagens com os etiliconoides
Fotografia: João Maria Alves

ODISSEIA HUMANOIDE

Por
Yuno Silva
TRIBUNA DO NORTE

“Peace and love”. A expressão desbundada bastante difundida pelos hippies na virada dos anos sessenta para os setenta se tornou uma espécie de marca registrada do possibilista Marcelus Bob, um roqueiro de carteirinha que há mais de três décadas exerce a profissão de artista plástico. Ser errante, comumente visto circulando com sua vasta cabeleira e bigode espesso pelas ruas e becos do centro de Natal, Bob comemora seus 33 anos dedicados às artes visuais com a exposição “Odisseia das Cores”, em cartaz na galeria de arte do IFRN-Cidade Alta. 

A mostra permanece aberta a visitação até o fim do mês de outubro, e reúne um acervo atualizado do criador do “humanoide” – uma figura enigmática de capuz, nômade subversiva, que surgiu no fim dos anos setenta e que até hoje resiste em painéis pintados na Cidade Alta. 

Marcelus, um dos precursores do grafite em Natal, estava na expectativa de comemorar seus trinta anos de carreira há algum tempo, mas a data fechada acabou passando batido: “Não foi por minha livre e espontânea vontade, mas agora deu certo e ficou até bacana os 33, uma coisa meio de celebração cristã”, disse o artista na manhã de ontem, enquanto terminava a montagem da exposição. Compenetrado, estava atento a todos os detalhes: “Vamos colocar esse (poster) Jimi Hendrix ao meu lado bem ali”, sugere apontando, com um retrato seu desenhado por Franklin Serrão nas mãos, uma parede ainda por preencher. “Assim vão saber que o artista é roqueiro”, emenda. 

Aos 56 anos, Bob apresenta uma versão ébria de seus indefectíveis humanóides: os “etiliconóides”. Além deles, o artista também traz quadros avulsos e trabalhos da série “As Pipas”. Porém, o ponto alto da exposição são as 21 paletas que sintetizam a tal “odisséia das cores”: “Por elas passaram vários desses quadros”, valoriza. Sobre os etiliconóides ele explica: “São repentistas, todos já ‘biritex’. Anotou? É um detalhe importante: estão todos biritex!” 

As paletas estão todas à venda, diferente das telas. “Tem muita coisa emprestada e outras são do acervo do IFRN-Cidade Alta”, avisa. O primeiro quadro, “O nono sonho” criado em março de 1980, também faz parte da mostra. “Esse não está à venda, mas se oferecerem um carro e um apartamento posso pensar no assunto”, garante. Apesar de não terem sido produzidas para essa mostra, boa parte das telas são de 2013. 

Apontado pela revista alemã de arte Neue Blätter como um dos 100 maiores artistas de vanguarda do mundo, Marcelino William de Farias mergulha no underground urbano para criar seus personagens. Segundo Marcelus, os figuras retratados podem ser bom ou maus, “um zorro urbano, um pastor de ovelhas, um padre, um santo, um Dom Quixote ou até mesmo o Mister M”, garante. Para algumas pessoas é a própria personificação.

Marcelus Bob vive, desde 1980, no cenário potiguar de pintura amealhando prêmios e espalhando suas criações de telas à muros. A data indica que já está próximo de uma grande comemoração em festividade aos seus 30 anos de carreira. Ele considera-se um possibilista, termo que se identifica porque diz da abertura presente em todas as situações. 

Nos anos 80 ele foi um dos poucos artistas a driblar a “censura” à grafitagem em muros pela cidade (o que ainda acontece, de certo modo, até hoje). Bob conseguiu um autorização oficial para colocar os humanóides circulando pela cidade. 

Inspirado na escola surrealista, mesmo definindo-se como um “possibilista”, Marcelus Bob se diz um artista 100% auto-didata. Pesquisador das artes plásticas do mundo, ele conta que desenvolveu a técnica trabalhando sozinho em casa. Mas não esquece do apoio de duas figuras importantes em sua vida: a mãe, Odete do Carmo. “Em 1967, minha mãe me levou para fora do barraco onde a gente morava e diante da lua nascendo por trás das dunas, em Mãe Luíza, disse para que eu pegasse papel e lápis todas as vezes que visse uma visão daquela porque fazia bem para a alma das pessoas”, disse com as lágrimas ameaçando descer pelo rosto.

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setembro 23, 2013

A NOIVA DO SOL POR CANINDÉ SOARES

 
 CANINDÉ SOARES
 Exposição do premiado fotógrafo potiguar
 retrata paisagens da Princezinha do Atlântico
A capital potiguar em foco
Fotografia: Elias Medeiros
 
 NATAL, por CANINDÉ SOARES

Via
REDAÇÃO DO NOVO JORNAL

Vinte e seis imagens da cidade de Natal, focando principalmente a exuberância de suas paisagens, constituem a exposição do premiado fotógrafo Canindé Soares. As fotos estão expostas no Natal Shopping, precisamente na loja nº 328, e ficam à disposição do público até 14 de outubro. Cada quadro emoldurado custa R$ 380. 

“Essa exposição busca sintetizar Natal, o paisagístico, a arquitetura antiga, praias. A exposição retrata a cidade e seus diversos aspectos”, explica Canindé. No espaço, predominam imagens das praias e vistas aéreas da cidade. Estão expostas algumas das primeiras fotos feitas com câmera digital em 2002.

“A direção do shopping me convidou para realizar esse evento e cedeu o espaço, a ambientação e iluminação. As fotos foram escolhidas por mim”, ressalta. 

Canindé Soares tem 53 anos, é casado, pai de dois filhos e tornou-se fotógrafo profissional há mais de 35 anos. É natural de São Bento do Trairi. De origem humilde, lembra que o primeiro curso de fotografia foi feito por correspondência, mas não chegou a concluir por falta de dinheiro

“Hoje consigo viver da fotografia. Cerca de 30% da minha renda provém da venda de imagens”, comemora. Canindé retrata eventos e possui um acervo de imagens que são vendidas principalmente para o segmento de turismo, seguido de editoras de livros didáticos.

O fotógrafo ainda possui um blog e um site. No primeiro - blog Canindé Soares - ele divulga imagens dos trabalhos realizados. “Sou previamente contratado, vou lá, faço as fotos e posto no blog”, informou. O blog tem uma média de mil acessos diários. 

O segundo é um site que ainda está em desenvolvimento e pretende ser lucrativo. “Será um banco virtual de imagens, dividido em temáticas, como a gastronomia, artesanato, religiosidade e praias do Rio Grande do Norte. Postamos 500 imagens até agora e iremos ampliar esse número. 

O internauta encontrará imagens sobre qualquer assunto relacionado ao estado”, informou. Mais conhecido pelas paisagens evocando as belezas do estado, Canindé também tem trabalhos com enfoque no fotojornalismo ou documental: “Tenho diversos trabalhos nessas áreas, mas não são imagens divulgadas com muita evidência”, refletiu. 

O fotógrafo Ney Douglas, do NOVO JORNAL, acrescenta: “Canindé Soares é um cara que não está preocupa com o ‘contemporâneo’. Está preocupado com a fotografia, é um entusiasta da fotografia, que ele divulga muito bem”.

Tem repercutido positivamente um trabalho que ele realizou para o portal UOL. Canindé passou dez dias fotografando paisagens potiguares, percorrendo os principais roteiros de lazer, gastronomia e cultura do estado. O trabalho rendeu sete álbuns com os temas “Natal”, “Gastronomia”, “Pipa”, “São Miguel do Gostoso”, “Maracajaú”, “Centro Histórico” e “Praias”. 

Semana passada, ele recebeu uma ligação da governadora Rosalba Ciarlini, que o cumprimentou pela repercussão do trabalho de divulgação do estado. “Uso bastante a internet para divulgar as maravilhas do estado”, afirmou. 

Em novembro, Canindé pretende lançar seu terceiro livro de fotografias. O título será o mesmo do anterior, lançado em 2012: Natal, por Canindé Soares. “O projeto está em fase de finalização. Haverá, no máximo 100 imagens. O livro será impresso em acabamento especial; as imagens terão legendas. Quero fazer numa embalagem diferenciada, própria para presentear”, revelou, visando o período natalino. “Esse novo livro foi editado com base nas críticas recebida dos fotógrafos Orlando Brito e Marcelo Buainaim”. 

O livro anterior foi bancado por investimento do fotógrafo e por meio de empréstimos a amigos.

“O livro vendeu bem e eu consegui viabilizar rapidamente o valor gasto”, diz. Para essa edição ele quer obter patrocínios, mas se não conseguir fará vendas antecipada para os amigos. “A torcida muito grande de amigos tem mudado a minha vida. Postei ontem uma foto do estádio Arena das Dunas e, em menos de 24 h teve quase sete mil visualizações”.

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BLOG POTIGUARTE NO GRANDE PRÊMIO TOP BLOG 2013 

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setembro 19, 2013

FILHO DE PEIXE, PEIXINHO É...

 
 MATHEUS JARDIM
Aos 18 anos, baterista  vai para a Kunst Universitat Graz, na Áustria. 
Para celebrar a conquista e se despedir dos amigos, Matheus e 
família Pádua promovem show de despedida neste sábado (21), 
às 21h30, no Zenbar em Pium, Natal/RN
  Fotografia: Adriano Abreu

UM POTIGUAR NA MAIS ANTIGA UNIVERSIDADE DE JAZZ DA EUROPA

Por
Yuno Silva
TRIBUNA DO NORTE

A máxima “filho de peixe, peixinho é” cai como uma luva para o baterista Matheus Jardim, que no próximo dia 24 segue para a Áustria onde irá cursar Jazz na Kunst Universitat Graz pelos próximos quatro anos. Filho do multi-instrumentista Antônio de Pádua, Matheus aproveitou a rápida passagem da família pela Europa entre os meses de maio e julho para prestar o vestibular. Nos planos do jovem músico, que decidiu abandonar o bacharelado na Escola de Música da UFRN para buscar qualificação no Velho Mundo, é engrenar a graduação com um Mestrado. A origem da Kunst Universitat remonta ao ano de 1815, quando surgiu como liceu de artes na cidade de Graz, e desde o início dos anos 2000 passou a oferecer curso específico de Jazz – o primeiro da Europa. 

“A concorrência era grande, 50 candidatos para quatro vagas em bateria, e nem imaginava que iria passar. Fiz as provas por experiência, espremendo o que sabia de inglês, e acabou dando certo”, disse o músico de 18 anos. Até ser aprovado, Matheus Jardim passou por prova teórica e provas práticas: 15 foram eliminados na primeira fase e outros 20 na segunda. Os quatro aprovados foram definidos após nova série de testes pela banca formada por professores e nomes do Jazz europeu. “Foi tenso. Teve muita leitura de partitura e precisei inventar um arranjo ali na hora, em 10 segundos, com os dois alunos que acompanhavam os candidatos. Na hora todo mundo se entendeu, apesar do meu inglês precário, e a coisa fluiu”. 

Na prova prática, Matheus tinha que tocar três músicas: dois clássicos do Jazz mundial, “Nardis” (Miles Davis) e “The Savoy Recordings” (Charlie Parker), e um tema brasileiro. “No final disseram que não precisaria fazer a música brasileira, sabiam que teria mais facilidade que as outras duas”. 

DIFERENÇAS

O músico potiguar destacou que a principal diferença entre a Escola de Música da UFRN e a universidade austríaca está no direcionamento profissional e no perfil do curso. “A Escola de Música daqui prepara o aluno para ser professor, investe em música clássica, enquanto na Áustria a universidade preparar o cara para tocar, participar de festivais”, disse Matheus, que cursava percussão erudita na UFRN. 

Na Europa ele vai morar em uma república universitária mantida por um instituto afro-asiático. “Confesso que não estou preparado para o frio, nunca peguei menos de 10 graus, e minha mãe já está com saudades”. 

Nascido em família musical, Matheus Jardim começou a tocar bateria dos 9 para os 10 anos, e acredita que é só questão de tempo para seu irmão mais novo, João Vitor, 13, flautista, seguir rumo parecido. “Ele está muito ligado ao choro, não sei se vai querer enveredar para o Jazz, mas quando estivemos na Europa agora em maio (junho e julho) vi professores brigando para dar aula pra ele, sabem que quanto mais novo começar melhor”. 

PRÊMIO HANGAR

Indicado como artista revelação no Prêmio Hangar de Música 2013, Matheus Jardim estica até o extremo oriente antes de responder presença na Kunst Universitat Graz: será percussionista da cantora Liz Rosa no Cotai Jazz & Blues Festival, China. Liz se apresenta no dia 11 de outubro, mas outros shows estão agendados: “Vamos passar duas semanas para aquelas bandas, com apresentações extras em Macau, Hong Kong e Taiwan”. Ele e Liz Rosa dividem o palco com os potiguares Darlan Marley (bateria) e Marco Antônio da Costa (guitarra e piano, ex-Macaxeira Jazz), e os cariocas Sérgio Brandão (baixo, que toca com Toninho Horta) e Jean Charnaux (violão, que tocava na banda de Emílio Santiago).

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setembro 11, 2013

POTIGUARTE CONCORRE AO TOP BLOG 2013

 
 POTIGUARTE NO TOP BLOG 2013
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Arte: blog Potiguarte   
 
TOP BLOG 
POTIGUARTE CONCORRE AO TOP BLOG 2013

Por
José Carlos da Silva
Administrador do Potiguarte

O Prêmio Top Blog 2013 é um sistema interativo de incentivo cultural destinado a reconhecer e premiar, mediante votação popular (júri popular) e acadêmica (júri acadêmico), os blogs brasileiros mais populares que possuam a maior parte de seu conteúdo focado para o público brasileiro, com melhor apresentação técnica específica a cada grupo (Pessoal e Profissional ) e suas respectivas categorias. Cada categoria premia blogs com primeiro, segundo e terceiro lugares tanto no júri popular, com votação pela internet, quanto no júri acadêmico, avaliação técnica. 

Hoje, no Brasil, são lançados cerca de 120.000 novos blog todos os dias. Esse número mostra o quanto a sobrevivência na Blogosfera é acirrada e competitiva. Estima-se que no país existam mais de dois milhões de blogs publicados em língua portuguesa. Só em 2011, o prêmio Top Blog teve 250 mil blogs inscritos/indexados no processo seletivo.  

POTIGUARTE

O blog Potiguarte é um espaço dedicado à divulgação de postagens de matérias jornalísticas que retratam as manifestações culturais e artísticas geradas em Natal e Região (Rio Grande do Norte), além de tratar daquelas que - de uma forma direta ou indireta - impactam e trazem mudanças ao cenário cultural regional. O blog Potiguarte tem mantido um estilo peculiar de compartilhar, divulgar e mostrar ao mundo a arte e cultura genuinamente potiguar.

O Potiguarte acredita que a arte e a cultura, assim como seu caráter transformador, são inerentes ao ser humano e como tal devem ser estimulados e encarados como fatores de construção de uma consciência crítica e de indivíduos atuantes social, intelectual, cultural, política e artisticamente. 

Em pouco mais de dois anos, o blog Potiguarte conseguiu a façanha de atingir a marca dos 123.000 acessos por um refinado perfil de leitor, ávido por arte e cultura regional. Além de, conforme dados do Google analytics, a constatação do acesso diário de leitores distribuidos em quase todos os estados brasileiro e em vários países da África, Europa, América Latina e Ásia. 

 AGRADECIMENTOS  

Para o  blog Potiguarte figurar entre melhores blogs do País e ser indicado à participação no grande prêmio Top Blog Brasil 2013, passou a ser um fato. E, permanecer entre os melhores do Pais, em sua categoria, é um feito que logo, logo será alcançado. Um feito que será alcançado graças a você que acredita no real propósito do blog e já o colocou em um dos lugares mais alto do pódium da blogosfera. Agradeço a você que nos brinda com a sua visita diária, curte, compartilha e fornece um feedback nos comentários do que aqui é postado. Agradeço aos visitantes esporádicos que caem de paraquedas aqui pelo Google ou outros sites de busca.   

Um agradecimento, pra lá de especial, à nossa mídia potiguar, impressa ou virtual, com seus competentes editores, jornalistas e fotógrafos, pois são destes veículos que são reportadas as postagens por aqui ancoradas. Sim, isso mesmo,  agradecimentos à Tribuna do Norte, Gazeta do Oeste, Novo Jornal, Jornal de Hoje e ao Jornal De Fato, entre outros.

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setembro 08, 2013

HÁ BELEZA NO ABANDONO?

BELEZA NO ABANDONO
Publicitário e fotógrafo Flávio Aquino retrata objetos
 encontrados no lixo ao acaso e monta uma
 exposição na Pinacoteca do Estado
Fotografia: Divulgação

HÁ BELEZA NO ABANDONO?

Por
Henrique Arruda 
NOVO JORNAL
 
A ideia é simples: registrar objetos que já foram importantes para alguém, mas que, por algum motivo, foram jogados no lixo ou em outro lugar qualquer. O publicitário e fotógrafo Flávio Aquino, 43, começou a prestar mais atenção nessa relação há cerca de oito meses e o resultado de sua observação pode ser conferido em "Abandonados". Sua nova exposição fotográfica, lançada oficialmente ontem, fica em cartaz na Pinacoteca do Estado até o dia 31 de setembro. 
 
Ao todo, onze imagens contam a experiência de arqueólogo que o fotógrafo diz ter experimentado para capturar os objetos durante as pesquisas que realizou pela cidade, principalmente aos finais de semana, quando tinha tempo livre. Entre os registros, o visitante se depara com máquinas de datilografia, estátuas, disquetes, cigarros, ar-condicionados, máquinas de fotografar, sofás e carcaças de carros. 
 
Aliás, tudo surgiu a partir de uma máquina fotográfica antiga. Esse foi o primeiro objeto encontrado por Aquino, enquanto ele caminhava. Quando eu vi aquela câmera jogada em um terreno baldio, eu me dei conta de que ela tinha vivido histórias com alguém e resolvi pensar nisso mais a fundo, então tive a ideia de criar essa exposição, recorda. 

Ainda de acordo com o fotógrafo, todas as imagens dão a impressão de que o próprio público está se encontrando com aqueles objetos pela primeira vez. Eu fiz questão de não interferir em nada. Todos os objetos foram fotografados no mesmo lugar onde eu os encontrava. No máximo ajustava a posição de um ou outro, garante Aquino, afirmando também que todas as fotografias foram produzidas à noite, com a técnica light painting, que consiste em iluminar o objeto com uma lanterna ou outra fonte de luz, utilizando o modo de longa exposição na câmera. 
 
O resultado lhe empolgou tanto que mesmo após montar a exposição, ele ainda continua buscando pelas ruas da cidade objetos que tenham história para contar. Não fui atrás dos donos desses objetos, mas sei que existem histórias por trás disso tudo. E a ideia é um pouco essa também, de deixar que as pessoas imaginem isso, comenta. 
 
Muito embora essa exposição já traga duas sequências fotográficas com estátuas, ele pretende montar em breve outra exposição somente com imagens de esculturas abandonadas. A ideia começou a partir das fotografias que fez com o Anjo Azul. A estátua servia como ponto de referência de uma loja de antiguidades na Avenida Hermes da Fonseca, até a galeria que levava seu nome fechar em 2010. Após anos de negociação, a peça foi desmontada e transferida para Ponta Negra, onde permanece espalhada na praça do conjunto Alagamar até hoje. 
 
O anjo azul foi arrancado daquela casa e jogaram ele lá em Ponta Negra sem nenhum compromisso. Uma estátua que é tão importante para a cidade, pelo menos na minha opinião, está desmontada. Dá pena, eu fiquei muito triste quando fui fotografar, considera. Em "Abandonados", partes do Anjo Azul de Jordão (o escultor da peça) aparecem em quatro fotografias individuais, que juntas formam uma colagem. É tão importante para mim que resolvi usá-la para divulgar a exposição, argumenta. 
 
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Pinacoteca do Estado
Até o dia 31 de setembro
08h às 17h
Entrada Gratuita

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setembro 02, 2013

PEDRO PEREIRA: O JARDINEIRO DAS CORES

 PEDRO PEREIRA
 Ainda se recuperando do AVC que sofreu há onze anos,
Pedro Pereira prepara nova exposição para o dia
6 de setembro na Capitania das Artes
Fotografia: Rodrigo Sena
 
 PEDRO PEREIRA PINTA DE NOVO
 
Por
Tallyson Moura
NOVO JORNAL
 
Revolução: ato ou efeito de revolucionar ou de revolver; sublevação, rebelião, revolta, insurreição. As definições no dicionário são várias, mas curtas. Pouco poéticas. O melhor jeito de entender o significado deste substantivo feminino é, sem dúvida, com um bom exemplo, uma boa história e um bom protagonista.

Pedro Pereira, artista plástico, 50 anos de idade e quase 25 de revolução. Em 1º de setembro de 1991 fincou definitivamente a bandeira contra o mundo preto e branco e, na contramão dos encalços da vida, espalha cores, flores e sorrisos por todos os lados. Nesta luta lenta e sem data para acabar, já há um novo ato marcado para o próximo dia 6 de setembro.

O evento – chamado também de exposição - foi intitulado de “O jardineiro das cores’ e trará, em molduras, as armas preferidas do revolucionário. “Não consigo fazer revolução se não for através das cores e das flores. Elas são meus elementos de suporte”, justificou.

 
 PEDRO PEREIRA
 Fotografia: Rodrigo Sena

A exposição cheia de jardins e pinturas abstratas, exemplos fiéis do estilo pós-impressionista que adotou, ficará disponível até o dia 25 de setembro na Capitania das Artes. Serão apresentadas ao público 175 telas. Os quadros foram produzidos entre 1992 e 2013, com mais destaque para os concluídos nos últimos três anos.

Quando optou pela arte, há mais de duas décadas, a revolução era despretensiosa. Contudo, mudou de tônica quando tudo ficou preto de repente. Em 2002, no dia do velório da sua mãe, ele apagou após uma dor de cabeça e só despertou três meses depois. Ele havia sofrido de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), o que o deixou 90 dias em coma. Quando acordou, estava preso em um corpo que mal se movia. Os lábios e a língua, por mais que tentasse falar, não o obedeciam.

 PEDRO PEREIRA
 Fotografia: Rodrigo Sena

Após a alta médica, Pedro iniciou então um tratamento de reabilitação no Hospital Sarah Kubitschek, em Fortaleza. “Lá você é reabilitado para ser o que você era antes. Se você era pedreiro, você vai voltar a ser pedreiro. Se você é pintor, você volta a ser pintor”, contou. E foi neste momento mais crítico que Pedro se muniu definitivamente de pincel e tinta e pôs para correr a angústia, a depressão e o medo. A revolução ganhou tons de guerra.

“O mundo não acabou. Quando eu vi pessoas mais graves do que eu, eu me olhei e disse: ‘estou ótimo!’”, recordou. Neste período, Pedro não tinha, sequer, equilíbrio de tronco. “Era todo mole”, lembra. Ainda assim, bateu recorde em produção, pintou como nunca. Em uma mesa adaptada, ele retomou o 
 
 PEDRO PEREIRA
 Fotografia: Rodrigo Sena

trabalho de pintura e, em pouco tempo, concluiu mais de 50 obras. A força de vontade do artista foi transformada em uma exposição, no próprio hospital, com direito a convites, drinks e roupas de gala.

“Eu aprendi que uma sequela, seja ela qual for, você pode tirar proveito dela. Porque você tem noção do que realmente é a vida. Ela é única e você tem que cuidar dela. A vida só gosta de quem gosta dela”, afirmou.

Antes do derrame, Pedro tinha uma vida ativa. Morava em Cidade Satélite e tinha um ateliê no Tirol, por trás do Clube América. Em alguns dias, ele fazia o percurso mais de uma vez e sempre de bicicleta. Produzia muitos quadros e seu nome estava cada vez mais consolidado entre grandes artistas potiguares. O AVC interrompeu a carreira de Pedro, mas não por muito tempo.
 
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