DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO, GETÚLIO NÓBREGA, CONTA
COMO SE INSPIROU NO CLIMA QUE NATAL VIVEU COM A PRESENÇA
DOS AMERICANOS PARA PRODUZIR SEU SEXTO TRABALHO MUSICAL
Fotografia: Elaine
Por
Henrique Arruda
NOVO JORNAL
O ano era 1942 e o mundo estava
em guerra pela segunda vez. Enquanto lá fora a batalha entre países aliados e
os do eixo seguia firme, Nalva Nóbrega, 85, adorava conhecer os soldados
estrangeiros que chegavam em
Natal. Por causa da sua timidez, que só desaparecia quando
ela estava acompanhada de sua grande paixão, o piano, a caicoense deixava as
tentativas de comunicação com os homens para as amigas desinibidas.
E se hoje em dia a moderna Natal
não fala em outra coisa senão na Copa do Mundo e na quantidade de estrangeiros
que vai passar pela cidade no período dos jogos, imagine para aquela cidadezinha
pacata da época, perdida entre dunas, mar e rio, que de repente é tida como a
principal base para as tropas norte-americanas durante o confronto de
proporções globais!
Diante da efervescência
registrada no recém-inaugurado Grande Hotel, na Ribeira, e em toda extensão da
Rua Dr. Barata, Nalva e suas amigas observavam os bonitões que circulavam pela
cidade. “What time is it (que horas são)?”, perguntava em voz alta a mais
animada do grupo quando algum deles se aproximava, até mesmo para testar o aprendizado
da língua estrangeira que estudavam no Colégio Santa Terezinha, em Caicó.
Exatamente 72 anos depois, Nalva
está na sala de seu apartamento, em Petrópolis, sentada ao lado do seu piano
branco, enquanto relembra esses e outros episódios da época em que Natal foi invadida
pelo país da Coca Cola, chicletes e outras maravilhas, em plena II Guerra
Mundial.
Grupo de militares americanos, década de 40, bebendo no Grande Hotel,
defronte a igreja de Bom Jesus, no bairro da Ribeira, em
Natal/RN
Foram essas mesmas memórias que
lhe fizeram gravar o sexto CD da carreira como pianista. No repertório, o foco
foi para as canções que costumavam tocar nos bailes e rádios de Natal naquela
época. O trabalho foi lançado há pouco mais de duas semanas em sessão solene no
Teatro Alberto Maranhão.
A pianista tira da memória 20
canções, incluindo a icônica valsa “Royal Cinema” de Tonheca Dantas, que no ano
passado completou 100 anos e é tida como uma das composições mais importantes
para a história da música no Rio Grande do Norte.
“A BBC vivia tocando a Royal
Cinema, mas dizendo que era de autor desconhecido”, recorda Nalva, carregando o
mesmo brilho no olhar da caicoense que aprendeu a tocar piano aos 4 anos com
sua tia. “Minha tia foi uma excelente pianista e Tonheca Dantas, inclusive,
chegou a fazer uma música para ela, mas eu não tenho mais a partitura”,
lamenta, apontando para o teto do escritório, onde se pode observar na
prateleira uma pasta com partituras e documentos relacionados ao seu universo
particular da música.
“Se for lhe contar tudo pode
sentar que vai demorar. Minha vida é um romance”, adverte sem se decidir entre
ficar em pé ou sentada, empolgação que carrega desde os tempos de sala de aula.
Além de ser aposentada pelo Tribunal de Contas da União, Nalva também é
aposentada pela UFRN, onde foi professora de contabilidade no curso de
Administração.
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