janeiro 30, 2012

YES, OXENTE! NÓS ESTAMOS NA FINAL, VIU?

BRAZILIAN INTERNATIONAL PRESS AWARDS 
 "Estamos na final!!!! Obrigadão pela força!!!!
...E se tudo der certo, venceremos geral!!!"
 RASMUSSEN XIMENES  

PROJETO MOCO ESTÁ  NA FINAL DE PRÊMIO AMERICANO
 MAIS DE 130.000 VOTOS DEFINEM OS INDICADOS
UM TALENTO  PRA LÁ DE RECONHECIDO

Você já imaginou entrar para o hall da fama, ganhar um prêmio internacional e conquistar o reconhecimento do público neste mundo globalizado? Sonhar com tapete vermelho hollywoodiano e todos os flashes de um evento desse tipo é coisa para poucos. Rasmussen Sá Ximenes, 40 anos, artista plástico natural de Currais Novos (RN), criador da Arte Mocó, está na final do concorridíssimo prêmio do  Brazilian International Press Awards, nos Estados Unidos, uma das mais relevantes celebrações da cultura brasileira no âmbito internacional.

O evento homenageia as personalidades, instituições e iniciativas comprometidos com a promoção artística, cultural e imagem positiva do Brasil. Gente importante como Jorge Bem Jor, Ivete Sangalo, Lima Duarte, Antônio Fagundes, Regina Duarte, João Ubaldo Ribeiro, Luís Fernando Veríssimo, Glória Maria, Caco Barcelos, Washington Olivetto, Maurício de Sousa, Emerson Fittipaldi, o ex-lutador de box, Acelino Popó Freitas e a ex-jogadora de basquete, Hortência Macari, já foram agraciados com o troféu do Brazilian International Press Awards.

O seridoense Rasmussen Ximenes concorre na categoria de artes visuais, mas a premiação abrange a dança, a música, o esporte e ações comunitárias. "O que mais me orgulha foi ter sido selecionado por indicação de jornalistas da Califórnia que conheceram o projeto de arte Mocó e se tornaram admiradores do nosso trabalho. Eu não me inscrevi em nada. Fui descoberto", comemora Rasmussen.

"Agora a decisão final é do Colégio Eleitoral "
 
PRESS AWARD 2012 DE ARTE E CULTURA & COMUNIDADE
MAIS DE 130.000 VOTOS DEFINEM OS INDICADOS 
 
A votação popular da 15ª edição do Brazilian Press Awards foi encerrada à meia noite do dia 25 de janeiro batendo recordes de votos e votantes.  47.405 votantes geraram130.716 votos e definiram os 5 indicados à premiação nas categorias de Arte, Cultura e Comunidade.

Mais uma vez as indicações refletem o caráter nacional do prêmio, com indicados residentes nos estados da Flórida, Georgia, Washington-DC, New Jersey, New York, Massachusetts, Illinois e Califórnia.

O Board de Premiação do Brazilian Internacional Press Awards oficializou a relação dos cinco indicados nas 14 categorias de Arte, Cultura & Comunidade. A partir de agora, a decisão estará nas mãos cerca de 200 integrantes do Colégio Eleitoral, que definirão os ganhadores.

O Colégio Eleitoral do Press Awards é formado por representantes das mídias comunitárias (jornais, revistas, programas de TV, sites, Web TVs, Blogs, programas de rádio), das entidades culturais e comunitárias, agências de publicidade, produtores e empresários artísticos.

A divulgação dos vencedores dessas categorias e também dos Prêmios Especiais do Board e Lifetime Achievement Awards será dia 13 de março, às 6 da tarde,  no Einstein Room do Broward Center for the Performing Arts, seguido de coquetel à imprensa.

"Eu não me inscrevi em nada. Fui descoberto"

 BRAZILIAN INTERNATIONAL PRESS AWARDS 
VEJA AS ETAPAS DA PREMIAÇÃO

O processo de indicações e premiação do PRESS AWARDS aglutinou quatro etapas: A primeira foi aberta ao público através da Internet e encerrou-se no último dia  25 de janeiro, onde foram recebidas centenas de sugestões de indicados através do site oficial http://www.pressaward.com/votacao/.

Com base nessas sugestões, o Board do Press Awards elaborou a lista dos pré-indicados, que foram submetidos  a voto popular pelo site oficial. Estes votos definiram os indicados em cada categoria.

Em seguida, o Colégio Eleitoral, formado por representantes das mídias, lideranças e representantes de entidades culturais e comunitárias brasileiras de cada região escolherá, entre os indicados, os ganhadores da temporada. Os vencedores receberão o troféu "Newspaper Boy" (Jornaleiro) criado pelos artistas Romero Luis (estatueta) e Arthur Moreira (base).

As cerimônias de premiação do Press Awards-USA 2012 estão marcadas para os dias 4 de maio (Imprensa & Publicidade, no Cinema Paradiso, e 5 de maio (Arte, Cultura & Comunidade), no Amaturo Theater/Broward Center, em Miami.

A iniciativa da Associação Brasileira de Imprensa Internacional conta com o apoio de empresas brasileiras como a TAM, Banco do Brasil e Rede Globo Internacional. Além de Miami (EUA), o evento realiza edições em Londres (Reino Unido) e Tokyo (Japão).

"Eu estou muito feliz por ter sido indicado para participar do prêmio. E  mais feliz ainda por estar na final. Meus agradecimentos para  a galera que votou na  arte Mocó (risos). Já imaginou se eu ganhar?", indagou Rasmussen confiante.

 
   "Procuro sempre o contraste com as cores primárias"

RASMUSSEN SÁ XIMENES
UM ARTISTA POTIGUAR  ENCANTA  A CALIFÓRNIA

Um Curraisnovense, com um nome arábico e residente nos Estados Unidos. Dessa mistura de culturas e influências nasceram a arte e a personalidade de Rasmussen Sá Ximenes. Aos 40 anos, o potiguar radicado na Califórnia transformou as telas e a tinta acrílica no mais fiel retrato do dia-a-dia das famílias americanas, o qual descreve como um “estilo de vida curioso e extremamente consumista”. Com influências de várias partes do mundo, o artista potiguar está encantando aos americanos com seus traços e cores fortes. Mocoh e Glorinha Távora idealizaram  uma exposição no Consulado do Brasil em San Francisco.

Em meio aos vinhedos de Sonoma, onde encontra inspiração para seus quadros, Mocoh (como assina suas obras e como o chamaremos) tem encantado aos norte-americanos com as cores vivas, que não negam suas origens tropicanas. “Minha relação com as tinhas é muito simplória. Procuro sempre o contraste com as cores primárias. Acho que foi exatamente esta simplicidade que seduziu os americanos”, destacou em entrevista especial ao portal Nominuto.com.

Uma olhada rápida para se perceber a grandiosidade do trabalho de Mocoh

Admirador pleno da beleza e da harmonia, Mocoh encanta com seus sentimentos, reproduzindo-os em cenas do cotidiano e fazendo uma fusão de culturas entre as Américas. Suas obras também denunciam o passado nômade, herdade pelo pai minerador. Mesmo sendo filho e neto de professoras, não foi um aluno exemplar, o que não impediu que mais tarde nascesse o artista inovador, livre de todas as regras “normalistas”.

Atualmente, o artista desenvolve uma série intitulada “Mesas”. Nela, expõe resquícios de uma outra paixão que cultiva: a culinária. A ideia, segundo ele, é retratar o cotidiano dos americanos em personagens com características da arte nordestina. “Neste trabalho, utilizo a aplicação de pasta sintética em tela, rabisco com carvão e tudo começa a se harmonizar com muita tinta acrílica”, descreveu. Falando assim, parece simples, mas basta uma olhada rápida para se perceber a grandiosidade do trabalho de Mocoh e o capricho nos detalhes.

 Glorinha Távora, a quem Mocoh se refere, é sua conterrânea e atual curadora

No entanto, apesar da desenvoltura com as tintas, suas habilidades pictóricas são relativamente recentes. Tudo começou há cerca de 10 anos, quando morava em Brasília. Lá, Mocoh viveu uma fase de muita produção. Na época, realizava trabalhos com tinta guache em cartolina e que hoje estão espalhados por São Paulo, Brasília e Natal. “Nasci artista, mas as habilidades pictóricas estiveram um bom tempo introspectas, pelo menos até Glorinha Tavora, a potiguar mais cosmopolita que conheço, introduzir meus trabalhos nos crivos dos críticos de arte de San Francisco”, comentou.

Glorinha Távora, a quem Mocoh se refere, é sua conterrânea e atual curadora. Foi ela a responsável por projetar seu trabalho em San Francisco e tem participado ativamente do processo de produção. “Aqui, tive contato com as obras de Henri Matisse, e isso me inspirou. Mas, passei a conhecer arte de verdade e de qualidade nos anos que vivi em Brasília, quando Sávio e Dodora Hackradt me deram todo suporte”, revelou o artista curraisnovense.

"...E se tudo der certo, venceremos geral!!!" Obrigadão pela força!!!"

Hoje, Mocoh dedica todo o seu tempo à pintura, mas Rasmussen é também cozinheiro profissional e já comandou as panelas de alguns restaurantes americanos, inclusive com bandeira francesa. Para o futuro, seus planos estão todos ligados à pintura. A primeira exposição do artista aconteceu  no Consulado do Brasil em San Francisco. "Meus planos para o futuro são de divulgar meu trabalho, crescer e aprender novas técnicas. Poder criar com mais liberdade e espaço. Tudo até agora tem acontecido de maneira espontânea", comemorou o artista.

Mocoh também não descarta uma volta ao Brasil. “Tenho sangue nômade, herdado pelo meu pai, e muita disposição para percorrer o mundo. Mas, penso sim em me aquietar no Seridó, minha grande paixão e parte das minhas inspirações”, completou. Essa é a arte de Mocoh, que longe de ser um artista impressionista, impressiona, expondo seu lado expressionista e encantando pela ingenuidade de seus traços e personagens de fisionomias austeras.

...fontes...
Diógenes Dantas
Carla Cruz  
www.nominuto.com  &   www.nominuto.com
 http://www.pressaward.com/eua/

...fotografia...
Divulgação

janeiro 29, 2012

POTIGUARES NO CAMINHO DE ELIS REGINA

 Elis só veio ao Rio Grande do Norte uma vez, em meados de 1960,
contratada para realizar um show em Natal no Teatro Alberto Maranhão  
 
ELIS, A CANTORA DO BRASIL
 
Por
Jornal DeFato

Ninguém nunca saberá o que aconteceu com Elis Regina. Sua morte precoce, aos 36 anos, chocou o Brasil. Em janeiro, após 30 anos de sua morte, muita gente ainda chora o seu desaparecimento. Cultuada como a maior cantora do país, a gaúcha passou metade de sua vida em estúdios, emprestando a sua voz impecavelmente afinada em 27 LPs, catorze compactos simples e seis duplos, que venderam mais de 4 milhões de cópias.

Elis só veio ao Rio Grande do Norte uma vez, em meados de 1960, mas sua relação com o Estado não ficou somente nisso. Em 1961, quando chegou à gravadora Continental Discos, foi recebida por outro prodígio da época, o cantor e compositor natalense Paulo Tito, com quem iniciou uma parceria que se estendeu por três discos.

Logo no primeiro trabalho gravado no Rio, "Viva a Brotolândia", ela gravou o sucesso "Samba feito pra mim", composto e musicado por Tito. O vinil de 12 polegadas foi produzido por Nazareno de Brito, com a assistência do potiguar. "Ela tinha chegado de Porto Alegre e ainda 'cheirava a churrasco', mas depois foi se aproximando do povo do Rio", disse Paulo Tito.


Anos 1960, logo que Elis  se afastou da dupla que fazia com Jair Rodrigues, 
foi contratada para realizar um show em Natal no Teatro Alberto Maranhão

Desde então, ficaram amigos, tanto que, segundo ele, ela chegou a se hospedar em sua casa algumas vezes. "Ela ficava lá em casa, na Vila Isabel. Era uma pessoa muito alegre, muito sorridente, já tinha o brilho; ela gostava de escolher as músicas. Quer dizer, ela já veio com as características de grande artista", enfatizou.

A segunda gravação em parceria com Paulo Tito veio logo no segundo LP, "Poema de Amor", com a música "Vou comprar um coração", que tinha letra de Romeu Nunes. Em 1963, o disco "O bem do amor" trouxe ainda a canção "Domingo em Copa Cabana", com letra de Roberto Faissal, já na gravadora CBS.

O sucesso de Elis nos festivais a levou para a fama e para longe dos antigos amigos. "A última vez que a vi, ela ainda não tinha estourado com "Arrastão". Depois disso, ninguém mais chegou perto dela", disse Paulo Tito. Nenhum dos três discos com músicas suas chegou a fazer sucesso, mas ele afirma que ainda recebe os direitos autorais. "Ainda dá para eu fazer minha feira", revela.
 
OUTRO POTIGUAR

Além de Paulo Tito, Elis Regina gravou a música "Adeus Amor", do potiguar Newton Ramalho, feita em parceria com Almeida Rego. Filho de Macau, Nilton foi, segundo o empresário Zé Dias, um dos precursores da Bossa Nova. Ele também foi gravado por outros grandes nomes da música popular brasileira.

 
 Seresteiro e compositor, Paulo Peres Tito, 82,
é natural de Natal e foi criado no bairro das Rocas
 
UM SERESTEIRO POTIGUAR

Nascido em Natal, Paulo Tito, hoje com 82 anos, ainda é reconhecido como um dos mais importantes cantores tradicionais das noites na capital. Sua vida musical começou aos oito anos no colégio, quando a professora pedia para ele cantar o Hino Nacional antes das aulas. Com 12 anos, venceu um concurso na rádio Educadora de Natal, no programa "Por trás da cortina", no qual passou a se apresentar regularmente.

De Natal, foi convidado a cantar na Rádio Jornal do Commercio, no Recife (PE), em 1951, onde foi descoberto por Luis Gonzaga, que o levou para sua casa no Rio de Janeiro. Lá, chamou a atenção de Lamartine Babo, que o contratou para cantar na rádio Mayrink Veiga ao lado de estrelas como o próprio Luis Gonzaga, Ângela Maria e até Roberto Carlos. "Nessa época, Roberto Carlos estava se chegando e pedindo espaço", conta. 

O sucesso o levou também para a Rádio Nacional e, depois, para a Continental Discos, onde conheceu e gravou Elis Regina. Outras parcerias foram feitas com Maysa, para quem tocou e acompanhou (Candidata a Triste, com letra de Ricardo Galeno); Altemar Dutra (Cantiga de um homem triste); Cauby Peixoto (Quero você, letra de Ricardo Galeno); Elsa Soares e outros. 

Paulo Tito gravou 14 discos, entre 1955 e o final da década de 1970. Em 1975, integrou uma caravana de artistas potiguares e retornou ao Rio Grande do Norte fazendo apresentações em diversas cidades do interior.

 Produtor Cultural  Zé Dias teve  o seu momento com Elis Regina
fotografia: Vlademir Alexandre
 
ELIS EM NATAL E O MICO DE ZÉ DIAS

Nos anos 1960, logo que Elis Regina se afastou da dupla que fazia com Jair Rodrigues, foi contratada para realizar um show em Natal no Teatro Alberto Maranhão (TAM). Um dos espectadores dessa apresentação foi o promotor musical Zé Dias, na época, com pouco mais de 10 anos.

De acordo com ele, contradizendo as expectativas, ao invés de entrar por trás do Teatro, entrou pela lateral. "Eu quando vi Elis entrando gritei para todo o teatro: 'Mamãe, olhe Elis Regina'. O teatro veio abaixo rindo de mim", conta.

Um dos maiores fãs da cantora gaúcha, Zé Dias, que realiza grandes shows no RN e é casado com a cantora Khrystal, vive a frustração de nunca ter ido a outros shows de Elis. "Ela ainda é a maior cantora do Brasil, porque além de cantar, tinha atitude, repertório e a capacidade de lançar outros artistas como Fagner, Belchior, Ivan Lins", conclui.


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janeiro 25, 2012

NOVO RUMO AO CINEMA DE ARTE EM NATAL

 Os integrantes ativos que formam a organização do Cineclube Natal
Pedro Fiúza, Vítor Bezerra, Nelson Marques, Gian e Themis Marchi,
Andressa Vieira e Isadora Lima

 NOVOS RUMOS  AO CINEMA DE ARTE

Por
Sérgio Vilar

O cinema é chamado de 7ª Arte. Em Natal/RN, bem poderia ser a 15ª ou a última das artes. A história de decaso com o fazer e o assistir cinema na cidade impressiona. A produção audiovisual ainda engatinha. As poucas salas de cinema são concentradas em shoppings. O público superlota o lançamento de blockbusters e esvazia qualquer iniciativa de exibição de cinema de arte. Se em estados vizinhos como a Paraíba, Pernambuco ou Ceará se formam federações com 30 ou 40 cineclubes, no Rio Grande sem Cinema há apenas um cineclube atuante.

E o Cineclube Natal inicia o ano reformulado. Novos parâmetros de atuação, nova equipe e novos projetos. A ideia é se adequar ao comportamento do público. E para isso, a diretoria diagnosticou quais os costumes do natalense. Foram sete anos de observação, desde a fundação do Cineclube Natal. A conclusão é precisa se considerados alguns fatos. “O público natalense é midiático, fruto de uma elite econômica extremamente conservadora. Gosta de ver e ser visto. Típico de um provincianismo de vila”, aponta Nelson Marques, diretor do Cineclube Natal.

A observação é comprovada em exemplos. Se as sessões de cinema ora gratuitas, ora a preço simbólico de R$ 2 para filmes de inquestionável qualidade rendem gatos pingados, mais de mil pessoas pagam ingressos acima de R$ 80 para shows de artistas nacionais no Teatro Riachuelo. “Se o show for em uma praia popular, não dá essa quantidade de pessoas. No TR você é visto; você está no local badalado da cidade. E isso vale para várias outros exemplos onde o povo frequenta não pela qualidade da arte mostrada, mas para ser visto”, acredita Nelson Marques.

Em 2011, o público minguado e a dificuldade de manutenção de alguns projetos de sessões fixas de cinema em razão da equipe reduzida provocou a suspensão de algumas ações. Este ano a ideia foi reformular. O projeto Cinéphilie, em parceria com a Aliança Francesa para exibição de filmes de origem francesa será mantido. Será retomado o Cine Café, em Nalva Melo Salão. E a parceria de cinco anos com o Cine Assembleia será suspensa. “Não sentimos mais interesse da parte deles”, lamenta o cineclubista.

A parceria com o Teatro de Cultura Popular Chico Daniel (TCP) será diferente. “Em vez do projeto Cine Vanguarda (de exibições semanais) promoveremos mostras com cinco dias seguidos de filmes temáticos, a exemplo da semana dedicada a John Cassavetes, que atraiu bom público no ano passado. Nelson também adiantou a intenção de promover a segunda edição da mostra Cinema e Cabelos, mais uma vez exibida em Nalva Café. “Desta vez dedicada aos cabelos masculinos”. Em maio, uma mostra de cinema cult, provavelmente de volta ao TCP. “E também retomaremos a mostra do filme asiático”.

 O Carrossel da Vida e do Amor
O Cineclube Natal em sua 199ª  sessão em 2010

FILMES E LIVROS

O Cineclube Natal tem projetos de publicação de livros em andamento e outros a serem iniciados. “Temos franco interesse no trabalho de pesquisa. Temos compilado material para dois livros. Um é sobre a história do cineclubismo potiguar. Nós temos uma peculiariedade: nunca na história pelo menos dois cineclubes potiguares atuaram de forma intensa. No passado foi o Cineclube Tirol. Hoje o Cineclube Natal. E os outros promovem ações pontuais, de âmbito particular e sem participação na política do audiovisual potiguar”.

Nelson Marques aponta alguns fatores para a existência ínfima de cineclubes no Estado. “Compare o cenário cultural em estados vizinhos e veja que o Rio Grande do Norte está a anos luz de distância, no cinema ou outra área artística. E cineclube depende de público, de estímulo, da equipe. E aqui é como eu já falei: o povo quer ser visto. E para construir esse contexto de badalação precisa de muita coisa ainda”. O outro livro diz respeito à iconografia das salas de cinema no Rio Grande do Norte. “Se as salas de cinema do estado sumiram, a história delas precisa ser resgatada”, acrescenta.

Um terceiro livro é uma meta do Cineclube Natal: uma avaliação do papel dos filmes B no cinema. “No meu tempo as salas de cinema exibiam dois filmes por vez, sendo uma de menor qualidade e orçamento. E essa restrição orçamentária serviu de estímulo para bons diretores produzirem verdadeiras obras primas do cinema. Então, este livro pretende resgatar alguns desses filmes, tecer comentários, resenhas; abrir a discussão em torno desses filmes”, adianta Nelson Marques.

O quarto livro – ou o primeiro, pela ordem – está pronto e entregue à comissão de editores da UFRN, à espera do parecer de aprovação. O nome é Sessão Dupla. São comentários, resenhas e ensaios comparativos entre filmes e remakes. “Imagino ser interessante ao público esse tipo de comparação a partir do contexto de épocas, de releituras. Veja que qualquer obra de Shakespeare foi cinematografada. Tem o caso de Hitchcock, autor de duas versões para um mesmo filme. Tem muita coisa interessante”, se orgulha.

 Cineclube depende de público, de estímulo e de equipe

NOVOS RUMOS

Durante praticamente todo o ano passado, o Cineclube Natal arquejou com apenas os três diretores na equipe: o presidente Pedro Fiúza, o tesoureiro Nelson Marques e a secretária Tatiana Lima. Este ano angariou outros sete voluntários. A pretensão é transformar o blog em site e receber textos colaborativos sobre o cinema. “Agora podemos trabalhar de forma mais eficaz, porque o trabalho intelectual de definição de filmes e mostras é o mínimo. Tem o físico que é o de montar equipamento, etc. E é um trabalho voluntário, sem remuneração, por puro idealismo e paixão pelo cinema”, conclui Nelson Marques.


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Sérgio Vilar

janeiro 23, 2012

UM MUSICAL PARA SER VISTO E LEMBRADO

 "DOLORES"
 Isaque Galvão e Cláudia Magalhães no elenco do musical
Selecionado entre os melhores espetáculos de teatro da Revista Bravo!

DOLORES VAI A RECIFE

Por
Diário de Natal

18ª edição do Janeiro de Grandes Espetáculos, festival internacional de artes cênicas de Pernambuco, tem abertura nesta quarta-feira, no Teatro de Santa Isabel, em Recife, com extensões às cidades de Olinda e Caruaru, e convidou como representante do Rio Grande do Norte o musical Dolores, da Ronaldo Negromonte Produções, que traz no elenco Isaque Galvão e Cláudia Magalhães. Nesta edição, que celebra a maioridade do festival, além de mais de 30 produções pernambucanas, estarão na grade espetáculos de estados como RN, Paraíba, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Porto Alegre e Brasília. Também participam atrações de cinco outros países, Canadá, Argentina, Portugal, Equador e Chile.

O festival reúne mais de 90 apresentações da produção de artes cênicas nacional e internacional, além de 12 shows musicais e uma série de atividades extras. A apresentação de Dolores ocorre no dia 24, às 20h, no Teatro de Santa Isabel. O ingresso custa R$ 10 (preço único promocional). A montagem vai ser vista por diversos curadores convidados, profissionais vindos de várias partes do Brasil e de outros países. O objetivo é estimular contatos e a possibilidade de intercâmbio de espetáculos.

No enredo, com trilha sonora ao vivo, o musical tece uma colcha de retalhos sentimentais em homenagem à cantora e compositora carioca Dolores Duran e ao compositor e poeta pernambucano Antônio Maria, conhecidos pela amizade, pela boemia e por suas críticas à sociedade dos anos 1950. A direção geral e iluminação são de Diana Fontes; co-direção: Jonas Sales; direção musical: Maria Clara Gonzaga e Franklin Nogvaes; músicos: Maria Clara Gonzaga, Franklin Nogvaes e John Fidja.

O festival prossegue até o dia 29 de janeiro, numa realização da Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco (Apacepe), acontecendo nas cidades do Recife, como seu principal pólo, Olinda e, pela segunda vez consecutiva, em Caruaru. Janeiro é um mês estratégico para atrair muita gente às casas de espetáculos por ser um período de férias e com diversos turistas em Pernambuco.

Dolores foi considerada a melhor crooner da década de 1950
e inspiradora da bossa nova; compôs com Tom Jobim e Vinicius de Moraes

PIONEIRA DO SAMBA-CANÇÃO   

Dolores Duran percorreu os limites dos sentimentos. Compôs algumas das mais tristes e belas canções da MPB. Viveu 29 anos de paixão e desilusões amorosas em um Brasil-boemia, ressacado da 2ª Guerra e influenciado pelo jazz americano. O clima de cigarros, uísques e boemia nos pubs cariocas, aliado às constantes paixões desfeitas, resume a vida de Dolores Duran e da peça Dolores.

Em cena, a atriz Cláudia Magalhães interpreta a pioneira do samba-canção e uma das precursoras da Bossa Nova. O amigo cronista e parceiro em algumas canções, Antônio Maria, é vivido pelo ator e cantor Isaque Galvão. A peça é uma espécie de musical intimista. O clima informal procura retratar os anos 50 no Brasil, das boates do Hotel Glória, da malandragem e poetas bêbados. Tudo pelas letras do casal de amigos inseparáveis.

"O musical é uma oferenda à sensibilidade. Dolores Duran é essa pessoa sensível, amorosa e que transmite essa poesia visceral. É preciso ser muito sensível para sofrer tanto", comenta Diana Fontes. Para Isaque Galvão, a peça fala ao público. "Todo mundo sofreu, sofre ou sofrerá por amor. Dolores e Antônio Maria transformaram essa dor do amor em arte; virou um sentimento eternizado". Cláudia Magalhães ressalta que a natureza do musical intimista é justificada pelo enfoque no sentimento, sem pirotécnicas cênicas. "Por isso é menos plástico, menos grandioso. O sentimento presente na peça já é muito intenso". E Isaque complementa: "A lágrima já brilha tanto que não precisa de lantejoula".

O espetáculo dura 60 minutos. As músicas de Dolores Duran percorrem a encenação até o fim, entremeadas por diálogos baseados em textos de Antônio Maria. "Coloquei uma ou outra poesia minha para ligar os diálogos. Mas a peça é baseada na obra deles dois", frisou Cláudia Magalhães. As músicas são interpretadas em maioria pelo dueto. A voz aguda de Cláudia e o vozeirão de Isaque se harmonizam com os arranjos da banda formada pelo contrabaixista Franklin Nogvaes, o baterista John Fidja e a diretora musical do espetáculo, a pianista Maria ClaraGonzaga. Entre as canções, clássicos como A noite do meu bem e Olha o tempo passando.

 Teatro Santa isabel - Recife/PE
 crédito: Marcelo Lyra 

INGRESSOS POPULARES

Com ingressos populares que variam de R$ 10 a R$ 20, além de atrações gratuitas, o Janeiro de Grandes Espetáculos aposta numa programação bastante diversificada, com produções do teatro para adultos e para crianças, abrindo espaço também para espetáculos de dança e shows musicais, além de atividades formativas como aula espetáculo, lançamentos de livros, seminário de dança, mesas de discussão e debates de teatro e dança.

O foco principal é apresentar os maiores destaques da produção pernambucana que estrearam no ano anterior, não só da capital, mas de outros municípios, convidando, ainda, estreias locais e realizações cênicas de outros estados brasileiros, além de atrações internacionais, algo que vem crescendo a cada ano.


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janeiro 22, 2012

UMA JANELA PARA O MUNDO

 UMA VIAJEM DE 45 ANOS
 É  O TEMA DO NOVO LIVRO DO MÉDICO TARCÍSIO GURGEL
ilustração: coletada via internet

 JANELA ABERTA PARA O MUNDO

Por
Walter Medeiros

Janela aberta para o mundo é o novo livro do médico e escritor Tarcísio Gurgel, que será lançado no próximo dia 28 de Janeiro, às 17 horas, na Livraria Siciliano do Shopping Midway Mall, em Natal-RN. O livro bilíngue - português e inglês - trata do ano que o autor passou nos Estados Unidos como estudante e das experiências que vieram em seguida. Ele mostra como conheceu outras partes daquele país, trazendo importantes informações, orientações, vivências e fatos hilários que viveu no decorrer destes anos, que não são poucos: faz 45 anos que ele concluiu os estudos proporcionados através do intercâmbio do American Field Service.

Com uma memória privilegiada e um senso de organização raro, o autor resgata momentos, fatos, informações e fotografias, que, com o passar do tempo, vão se revelando preciosidades, e que vale a pena ler e ver. Cada página da obra traz uma síntese madura e qualificada do pensamento sobre intercâmbio estudantil e os valores sociais e humanos que o autor tão bem soube adquirir e cultivar durante todas essas décadas. Trata-se de uma leitura que com certeza vai valer a pena.

Trata-se de uma espécie de viagem no tempo e no espaço, que começa com a narração sobre "West Chicago - Intercâmbio em Illinois, EUA (1965/1966)"; descreve em seguida como se sentiu "Vivendo nos EEUU - Uma experiência ímpar, singular, exclusiva e diferente"; fala sobre "O American Field Service (AFS) - Promovendo a formação do cidadão pleno"; detalha a "Convivência na Família Americana - Morando com a minha família norte-americana e estudando em West Chicago"; cita - "Letras de Saudade - As cartas que enviava e recebia - palavras de parentes e amigos"; e conta viagens que fez posteriormente ao ano do intercâmbio, a Denver, que descreve como "Um retorno emocionante e compensador"; Nova Iorque e Flórida (Miami, Kennedy Space Center e Disney World).  

Tarcísio Gurgel tem 63 anos, é médico e perito aposentado do INSS
crédito: Canindé Soares

Em fins do ano passado foi aos EUA, onde, em West Chicago, lançou o livro para colegas de High School e foi orador da festa que reuniu estudantes da época. Foi da segunda turma de brasileiros a participar do American Field Service - AFS. Foi intérprete no navio americano HOPE, que passou um ano em Natal, nos idos de 1971. Depois da viagem aos EUA, onde ficou um ano, tomou gosto por viagem e em todas as férias ou recesso está de mala na mão.

O autor já conhece mais de 50 países, de todos os continentes. Em suas viagens, viveu os episódios mais variados e surpreendentes. Na viagem mais recente, em Nova Iorque, foi recebido pelo diretor do AFS, a quem entregou um exemplar do seu livro e deixou outros para a biblioteca. Em 2007, ao completar 60 anos, contava 32 países e lançou seu primeiro livro - Batendo asas, onde e como. Agora lança Uma janela para o mundo em português e inglês.


...fonte...
 Walter Medeiros

janeiro 21, 2012

PROCURA-SE ESCRITORES EM SOLO POTIGUAR

"Existe literatura potiguar?"

 PROCURA-SE ESCRITORES
EDITAL QUE PREVÊ PUBLICAÇÃO DE 30 LIVROS
SEGUE COM 12 INSCRITOS

 Por
Sérgio Vilar

O título de matéria publicada em O Poti/Diário de Natal há dois meses questionava: "Existe literatura potiguar?". O resultado do edital de publicações lançado pela secretária extraordinária de Cultura em 2011 mostra que não. Ou pelo menos que é insignificante. O edital prevê patrocínio para publicação de 30 livros. E o que deveria ser disputa pela oportunidade virou apelo da Secult para mais participação. Apenas 12 autores se inscreveram. O prazo para inscrição foi prorrogado duas vezes no ano passado para oferecer novas chances aos autores. Sem resultado, a secretária Isaura Rosado decidiu ontem deixar as inscrições abertas permanentemente até preencher os 30 títulos aptos a publicação. "E olhe que em cada um dos 30 municípios que visitei chamei a atenção para este edital".

Os critérios para a seleção incluem obras que contribuam para o registro histórico das origens potiguares e também para o desenvolvimento de novas linguagens culturais. A Secretaria pretende publicar, além de livros, cordéis, ensaios antropológicos, inéditos de autores consagrados e até quadrinhos. Cada um dos 30 títulos a serem publicados terá tiragem de 500 exemplares. Destes, 200 ficarão com os autores e o restante encaminhado para bibliotecas nacionais, à mídia especializada, ao governo e à reserva técnica da Gráfica Manimbu. Um dos objetivos deste edital é atuar diretamente no fomento e na formação de escritores e leitores. "É mais uma ação do Governo para apoiar e difundir a cultura potiguar através da literatura", destaca a secretária.

A Secult nomeou uma comissão técnica formada por Racine Santos, Carlos Gurgel e José Albano para avaliar o material enviado sob a ótica das exigências do edital. E uma segunda comissão para analisar o mérito das obras, formada por Vicente Serejo, Carlos de Souza, Tarcísio Gurgel, Iaperi Araújo e Sérgio Vilar. Já foram enviadas 13 obras, sendo aprovadas 12 pela comissão técnica e o cordel será encaminhado à edital específico para esse gênero literário. Parte dos livros foi distribuída ontem entre membros da comissão de análise de mérito. Outra parte será entregue ainda este mês. "Nossa intenção é iniciar o lançamento dos primeiros livros assim que passar o período do carnaval", adiantou Isaura Rosado.

Prestes a ser lançado o livro inédito de João Alves de Melo
  contendo três fotos nunca publicadas de Saint Exupéry
ilustração: coletada via internet

LANÇAMENTOS À VISTA

Três livros de reconhecido valor literário já estão prontos para lançamento. O livro de prosa Cidade dos Reis foi apresentado ontem ao autor, Carlos de Souza. Estão na agulha também o esperado título do folclorista Deífilo Gurgel, O Romanceiro Potiguar. E ainda um livro inédito de João Alves de Melo contendo três fotos nunca publicadas de Saint Exupéry, possivelmente em Natal - retomando a polêmica da presença ou não do aviador francês na capital potiguar. Esses três livros foram publicações avulsas, sem o crivo de edital ou comissão. Assim como foram publicados 24 títulos (afora 11 cordéis) em 2011. 

 Pinacoteca do Rio Grande do Norte
fotografia: Fellipe Souza  

COMISSÃO AVALIARÁ CONTEÚDO DAS OBRAS

Todos os outros 30 livros programados para publicação em 2012 serão analisados pela comissão. "Esses 24 títulos publicados (incluindo dois catálogos, de Fé Córdula e outros sobre as Joias da Pinacoteca Potiguar) foram livros já encaminhados, alguns semiprontos pela Fapern e outros que julgamos importantes para o acervo literário potiguar. É possível que tenhamos cometido alguma injustiça. Mas foi importante retomar esse ritmo de publicações e este ano haverá um crivo técnico para melhor avaliação", disse a secretária. A última gestão, comandada pelo cordelista Crispiniano Neto publicou menos de dez livros em quatro anos. "Conseguimos resgatar a Gráfica Manimbu com cinco máquinas doadas pela Fapern, que eu havia comprado para a gráfica de lá e eles julgaram que deveriam vir pra cá". As máquinas são uma off-set e outras quatro para acabamento de impressão.

Entre os livros publicados no ano passado estão obras de Adriano de Souza, Dorian Gray Caldas, Paulo Jorge Dumaresq, Iaperi Araújo, Enélio Petrovich, Marize Castro, Maia Pinto, Antônio Júnior, José Lacerda Felipe e outros. Além de 11 cordéis e três edições da Preá, sendo uma já pronta e com lançamento previsto para fevereiro. Isaura Rosado também adiantou que todos os lançamentos previstos para 2012 virão acompanhados de outra solenidade, para contenção de custos de buffet e logística. "Ou é assim ou a Fundação vai viver de festa", brincou a secretária.  

 O acervo literário potiguar em crescente refomulação
 ilustração: coletada via internet

INSCRIÇÃO

Para se inscrever, os candidatos devem comparecer à Fundação José Augusto com requerimento e formulário de identificação do autor, incluindo mini-currículo (entre 5 e 10 linhas), resumo informativo do trabalho entre 100 e 300 linhas, digitado em fonte Times 12, espaço 1,5 em duas vias impressas e também em meio eletrônico; termo de entrega e compromisso do autor com a Secretaria /FJA/Gráfica e Editora Manimbu. Cada proposta deverá estar inteiramente editorada, pronta para impressão, em arquivo aberto, acompanhada dos originais do livro em três vias, sendo duas impressas e uma em CD-R ou DVD, à exceção dos projetos de reedições. Nos originais devem constar: o texto a ser publicado, apresentação, sumário, anexos, orelhas quando houver, e capa (até 4 cores). 


...fonte...
Sérgio Vilar

janeiro 18, 2012

A SEGUNDA PELE DE ROBERTA SÁ

  "SEGUNDA PELE"
A cantora  potiguar vem mais sensual e tropicalista em novo disco
crédito: Fernando Torquatto

 ROBERTA SÁ EM NOVO ÁLBUM
"EU ERA SENHORA. AGORA SOU JOVEM"

 Por
Lívia Machado
Do G1, em São Paulo

Saem de cena os tons rosados do figurino e a postura recatada, ora senhoril e por vezes infantil. Em seu novo álbum - “Segunda Pele” - Roberta Sá canta sobre (e com) malícia. Para ela, a mudança faz parte do seu processo de inovação. 

“Eu era mais senhora e ao mesmo tempo, meio menina, doce. Roupa rosa, cenário rosa", disse ela, durante coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (17), em São Paulo. "Depois que completei 30 anos ganhei uma caixinha de liberdade e permiti ser mais vaidosa e sensual. Agora sinto que posso me apresentar de uma forma madura, sem tantos medos", completa.

Durante o período de maturação do trabalho, Roberta leu livros da obra de Hilda Hilst (1930 - 2004), escritora, poeta e dramaturga brasileira. As histórias de amor da escritora contaminaram o processo criativo e de libertação, concluídos no disco - o quinto da carreira - que será lançado no dia 24 de janeiro nas lojas de todo o país. “É um livro que eu recomendo. Fez parte de todo o processo do novo álbum, me inspirou demais. O disco tem essa coisa jovem, do flerte, da lua, primeiro beijo e do amor.”

  "Depois que completei 30 anos ganhei uma caixinha de liberdade"
 crédito: Natura Musical

NOVOS CAMINHOS

Além de investir em roupas mais sensuais, Roberta optou por fugir do samba, que a consagrou. Queria mostrar um produto mais abrangente e diferenciado. Quase pop. Ela conta que tinha um atalho fácil para dar sequência e fazer uma espécie de “Que belo estranho dia para se ter alegria 2”, um dos seus álbuns de maior sucesso. “Tinha em minhas mãos um repertório bem similar ao segundo disco. Mas eu queria propor algo novo ao meu público. Como ouvinte, eu não gosto de trabalhos repetidos, acho chato.”

Para tentar fugir da mesmice musical, buscou canções inéditas de novos compositores. Rubinho Jacobina, Moreno Veloso, João Cavalcanti são alguns de seus fornecedores. Embora tenha priorizado um material fresco, concedeu espaço a duas regravações especiais: “Deixa sagrar” e “No arrebol”.

Sucesso de Caetano Veloso lançado por Gal Costa no Carnaval de 1970, “Deixa sangrar” fazia parte do repertório de Roberta quando ela cantava em bailes pré-carnavalescos. A releitura remete a tal fase, e coloca a letra de Caetano para dançar frevo. “Eu adorava cantar essa música. Era um desejo antigo, sempre tive vontade de gravar, mas não conseguia encaixá-la nos outros discos. Agora deu certo.”

“No arrebol”, música do sambista Wilson Moreira, foi a primeira canção garantida no disco. Roberta revela que queria gravar algo do mestre de qualquer jeito. “Quando recebi a versão em reggae fiquei encantada. É linda demais, foi um presente.”
 
    Roberta Sá canta sobre (e com) malícia
  crédito: fabio bartelt

CONEXÃO

Ao soltar as rédeas, e mostrar mais até do próprio corpo, Roberta também resolveu testar sua voz em outro idioma, o que achava arriscado no início de sua carreira. “Desde o primeiro disco eu tenho vontade, mas sentia que era precipitado. Estava me lançando como cantora, era muita coisa pra querer abraçar. Nesse disco, achei que era viável. Procurei pelo Drexler e ele topou na hora.”

Roberta conheceu o cantor e compositor uruguaio Jorge Drexler em 2004. Assistiu ao show do músico no Rio de Janeiro e se encantou pela qualidade e gentileza do rapaz. “Fiquei admirada com a voz doce, o jeito dele. Faz parte de uma nata de compositores novos, jovens, que eu gosto muito. Ele é quase brasileiro.”

Drexler não apenas compôs “Esquirlas”, musica inédita para Roberta, como aproveitou sua passagem pelo Brasil em 2011 para gravar ao lado da cantora. “Ele vinha para o Rock in Rio e eu o convidei para o duo. Ficou lindo.”

Roberta Sá e Chico Buarque
A cantora e compositora  acredita que compor é uma função superior
crédito: Dora Jobim

COMIDA CASEIRA

O trabalho que pretende simbolizar a segunda pele da cantora ainda mostra um lado autoral. Roberta ajudou a compor a música “No bolso”, feita por ela e pelo marido, o músico e compositor Pedro Luís, em uma conversa no sofá de sua casa.

Embora tenha gostado do resultado, se sente mais confortável no papel de intérprete. Acredita que compor é uma função superior, digna de músicos como Chico Buarque, Edu Lobo e Tom Jobim. “Minha educação e influência musical me deixaram com um padrão muito alto. Acho que compor é coisa para esses músicos geniais. Sou muito crítica e julgo bastante meu trabalho.”
 
A turnê do novo disco começa no dia primeiro de março, em Salvador. Roberta ainda se apresentará no Recife (03/03), em Natal (04/03), no Rio de Janeiro (10/03), em Porto Alegre (16/03), Curitiba (17/03), Florianópolis (18/03) e São Paulo, ainda sem data confirmada.

...fonte...
Lívia Machado
Do G1, em São Paulo

...fotografia...
  Fernando Torquatto - Natura Musical
Gui Paganini - Dora Jobim - fabio bartelt

...frase...
"Há sonhos que devem permanecer nas gavetas,
nos cofres, trancados até o nosso fim.
E por isso passíveis de serem sonhados a vida inteira"
(Hilda Hist)