outubro 30, 2012

O SILÊNCIO DE UMA ORQUESTRA

ORQUESTRA SINFÔNICA DO RIO GRANDE DO NORTE
Concerto  da Orquestra do RN é adiado por falta de pagamento
Respeito e incentivo  fragmentados para  uma orquestra que
Irá representar o Estado em uma temporada na China
   Fotografia: Jardson Amaral

CONCERTO DA ORQUESTRA SINFÔNICA DO RIO GRANDE NORTE
É ADIADO POR FALTA DE PAGAMENTO    
 
 Via
Tribuna do Norte     
 
A Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte  teve novamente que ficar em silêncio. Foram adiados o concerto oficial que aconteceria hoje, 30/10 (terça), no Teatro Alberto Maranhão, e o concerto didático de amanhã, 31/10. A direção administrativa da OSRN alegou que achou por bem não realizar as apresentações enquanto a Fundação José Augusto não pagar os cachês dos músicos contratados nos últimos concertos. Serão acertadas novas datas para novembro. A última apresentação foi em setembro, fechando o Agosto da Alegria com Geraldo Azevedo, sob a regência de Luiz Carlos Durier.  

"Acreditamos que não seria ético convocar mais 20 músicos que não seriam pagos. Infelizmente, não estamos contando com o respaldo que a fundação deveria nos dar", afirma Paulo Sarkis, contrabaixista da orquestra e vice-presidente do Sindicato dos Músicos do RN. A Secretaria Extraordinária de Cultura/FJA dá, em tese, suporte financeiro à vinda dos maestros convidados e para contratação dos 20 músicos extras que completam o corpo de 65 instrumentistas da OSRN. No momento, há o impasse.    
 
 Linus Lener é o quarto maestro a reger a OSRN em 2012    
 
A Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte lida desde o começo do ano com a alternância de regentes. Já foram quatro diferentes só em 2012. "O governo não sinaliza a realização de um concurso público para a orquestra. E mesmo que fizesse, não há atrativos, pois os salários são baixíssimos. Sinto que os músicos reativaram a orquestra na marra, mas o governo não está dando respaldo. A gente começou a ensaiar, mas nem sabe para quê", afirma Sarkis.

Os concertos teriam ainda a função de subsidiar uma temporada da OSRN na China, em fevereiro de 2013. As apresentações foram articuladas pelo maestro Linus Lerner, nome que estaria nas apresentações de hoje e amanhã. O governo chinês oferece hospedagem, transporte local e alimentação; mas a tarefa local de  viabilizar as 65 passagens internacionais parece agora ainda mais difícil. A data marcada da viagem seria fevereiro de 2013. Com a indefinição, é possível que fique para depois. 
    
 
  ORQUESTRA SINFÔNICA DO RN RUMO À CHINA
Variedade rítmica brasileira e a riqueza do cancioneiro musical nordestino
Será a primeira  orquestra do Brasil a se apresentar no país oriental
Fotografia: Carlos Costa/Mossoró-RN

CHINA DE OLHO ATÉ NA NOSSA ORQUESTRA

Por
 Sérgio Vilar

A importância de uma orquestra sinfônica no contexto histórico-cultural e artístico de uma sociedade é indiscutível. E para um estado potiguar rico na tradição das bandas musicais, a orquestra figura como referência máxima. Em 2012 ela está mais presente no cotidiano cultural do Estado. Foram seis concertos realizados este ano - o dobro de 2011 - e já tem agendados mais três apresentações apenas neste mês de agosto. Um deles em parceria com o compositor Geraldo Azevedo, para centenas de pessoas presentes no Largo do Teatro Alberto Maranhão, no encerramento do Festival Agosto da Alegria.

A característica praticamente uniforme na constituição instrumental das orquestras (de formação tradicional europeia) possibilita peculiaridades às sinfônicas brasileiras e, mais ainda, às nordestinas. A variedade rítmica da música brazuca ou a riqueza do cancioneiro musical nordestino - muito presente na obra de Luiz Gonzaga - presentes no repertório das orquestras tupiniquins encantaplateias mundo afora. E foi este diferencial o mote para a Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte ser a primeira do Brasil a se apresentar na China. O concerto histórico para o Estado potiguar está agendado para abril de 2013.

Mas antes de conquistar a China, a preocupação maior da OSRN é atrair cada vez mais o público potiguar. Quebrar o estigma de música elitista é o obstáculo. Para isso, a música erudita - quase sempre clássica - tem dividido espaço e acordes com chorinhos e canções regionais. "Este é o propósito da OSRN desde sua fundação. E hoje temos a meta de viabilizarmos três concertos mensais, sendo um oficial, um didático e um popular. Todos gratuitos", estima o atual diretor administrativo da OSRN, Luís Antônio de Paiva. Por ora, os concertos populares - em escolas, shoppings e praças - estão apenas no planejamento.

"Queremos tirar a Orquestra do teatro e levar à periferia. Por isso estamos incrementando o repertório com xotes, baiões, para aproximar o público. E já temos percebido a mudança de público. Já vemos até crianças presentes". Paiva ressalta que este será o repertório básico levado também à China. "Dessa forma queremos também entrar no calendário cultural do Estado; participar dos eventos festivos, a exemplo das festas juninas, e datas comemorativas. É uma maneira eficaz de tornar o trabalho da Orquestra cada vez mais perto de todos", ressalta o diretor, também músico e há 24 anos presente no cotidiano da sinfônica potiguar.

  ORQUESTRA SINFÔNICA DO RIO GRANDE DO NORTE
 Escassez de concurso público para contratação de novos músicos
Fotografia: Carlos Costa/Mossoró-RN

REGULARIDADE

Luís Antônio Paiva dirige o novo momento da história da OSRN. A regularidade de concertos não é à toa. Desde abril a Fundação José Augusto acatou a solicitação e hoje os próprios músicos escolhem o diretor e o regente da Orquestra. A dinâmica, o aprendizado e as condições de trabalho melhoraram. O resultado apontado por alguns integrantes foi a substituição da figura do burocrata pela do músico de carreira, mais inteirado da realidade que os cerca. "Foi uma conquista dos músicos da OSRN junto ao Sindicato dos Músicos do RN (hoje presidida por Ricardo Antão)", comemorou o diretor. 

  ORQUESTRA SINFÔNICA DO RIO GRANDE DO NORTE
Um concerto histórico para o RN  está agendado para 2013

 Fotografia: Argemiro Lima/Novo Jornal
 

FALTA SALÁRIO, FALTA MÚSICO
  
Ainda assim há outros lamentos. O salário dos músicos da OSRN gira em torno de R$ 3 mil - compatível com a realidade das outras orquestras nordestinas, mas muito aquém das sulistas, com média salarial de R$ 8 mil a R$ 10 mil. "A Osesp, por exemplo, paga R$ 13 mil. Então há uma debandada de músicos para lá ou para o estrangeiro. A Orquestra é uma espécie de seleção. Então os mais talentosos recebem propostas melhores e vão embora", disse Luís Paiva. A outra reclamação é a escassez de concurso público para contratação de novos músicos.

Hoje faltam 23 no quadro da Orquestra, mas o diretor pondera: "Repomos essas faltas com contratações temporárias. É uma forma de gerarmos melhor intercâmbio com músicos e aprendermos com eles. Na verdade esta é uma tendência mundial. Por outro lado os contratos temporários não nos permite termos estabilidade ou planejarmos temporadas. Então, o ideal seria mesmo o concurso público", conclui. 

  ORQUESTRA SINFÔNICA DO RIO GRANDE DO NORTE
Uma seleção de talentosos músicos norte-rio-grandenses
 Fotografia: Rodrigo Sena/Tribuna do Norte

CANÇÕES POPULARES NORDESTINAS CAIRAM NO GOSTO DOS CHINESES
  
O CD da Orquestra composto por músicas populares nordestinas foi o grande atrativo aos ouvidos chineses. O palco deve ser o suntuoso teatro de Beijim. E a música potiguar atravessará o Atlântico junto com os músicos. No repertório, peças do carnaubense Tonheca Dantas e do taipuense K-Ximbinho, entre clássicos do cancioneiro nordestino e peças chinesas. Mas até a viabilidade do concerto muito acordo e acordes rolaram por debaixo do palco. O embrião partiu da esposa de Luís Antônio de Paiva, a cantora Sibelle de Luna. Ela trabalhou com o maestro Manoel Martins, em Curitiba, especialista em Villa Lobos. O maestro mantinha contato com o colega regente Linus Lerner, gaúcho com trabalho de regência em orquestras no mundo inteiro e radicado nos Estados Unidos há dez anos. Manoel repassou um Cd com trabalho de música regional da OSRN a Linus, e deste aos músicos chineses.

A praticamente entrega da administração da Orquestra aos próprios músicos foi crucial nesse processo. O sistema de revezamento de maestros, iniciado em abril, possibilitou o convite a Linus Lerner. Foi ele o regente do último concerto e permanece hoje como o maestro da sinfônica potiguar. Um dos músicos da OSRN, Paulo Sarkis, disse que Linus tentou levar as sinfônicas de Curitiba e Porto Alegre ao mesmo palco chinês, sem sucesso. "Eles rejeitaram por serem triviais", disse.

A China possui um programa bancado por empresas e governo responsável pelos concertos de sinfônicas e grupos de dança de diferentes partes do mundo, geralmente apresentados em grandes teatros e em datas comemorativas, a exemplo do ano novo. "Eles rejeitam clássicos de Mozart e Beethoven, por exemplo, porque orquestras austríacas e alemãs fazem isso bem melhor. O programa chinês é voltado para essa excelência musical da cada povo. E nossos ritmos populares entraram no gosto deles".

  ORQUESTRA SINFÔNICA DO RIO GRANDE DO NORTE
"Nossos ritmos populares entraram no gosto deles"
 O programa chinês é voltado para a excelência musical da cada povo
 Fotografia: Carlos Costa/Mossoró-RN

REPERTÓRIO

Sarkis já adianta mais ou menos o repertório a ser mostrado: "Basicamente o mesmo do nosso último concerto, quando tocamos peças nordestinas como a gonzaguiana de Ciro Pereira, a suíte nordestina de Duda, Royal Cinema de Tonheca Dantas com arranjos de Gilberto Cabral. E deveremos acrescentar um choro de K-Ximbinho, outro potiguar, além de duas peças chinesas. E por aí vai". O concerto estava agendado, inicialmente, para dezembro. Segundo Sarkis, há um processo lento e burocrático de envio de passaportes e crivos para imigração.  

  ORQUESTRA SINFÔNICA DO RIO GRANDE DO NORTE
Maestro brasileiro radicado nos EUA, regente e diretor artístico
de orquestra no Texas, Linus Lerner é o responsável 
pelo intercâmbio da Sinfônica do RN com a China
  Fotografia: Rodrigo Sena/Tribuna do Norte

SAIBA MAIS 

A Orquestra Sinfônica do RN foi criada através do Decreto n.6874-A de março de 1976 por iniciativa do então Secretário de Educação e Cultura, João Faustino, passando a pertencer aos quadros administrativos dessa Secretaria. O primeiro regente foi o Maestro Mário Câncio Justo dos Santos, que organizou e regeu a orquestra por 10 anos. A princípio contava com um quadro de 23 músicos - apenas cinco residiam na cidade - executando um repertório barroco e camerístico. Em 1989 é integrada à estrutura básica administrativa da Fundação José Augusto, pelo Decreto n.10.338 e ingressam nela jovens músicos norte-rio-grandenses formados principalmente através do projeto UFRN-CSU da Cidade da Esperança, além de vários professores da UFRN que atuavam no projeto. O professor e maestro Oswaldo D'Amore passa a ser o novo regente, cargo no qual permaneceu durante 20 anos. A orquestra se amplia e passa contar com 60 músicos. Em 2007, assume a regência o maestro André Muniz. O padre Pedro Pereira foi último regente da OSRN, tendo regido a última apresentação da OSRN em dezembro de 2011, quando pediu demissão e a administração da Orquestra foi entregue aos músicos, que estabeleceram sistema de revezamento de maestros. 

outubro 29, 2012

A FACE DA POESIA POPULAR NORDESTINA

  O professor, poeta e repentista Aldaci de França
coordena um projeto de iniciação à poesia popular que completa 16 anos, 
levando poesia e repente para escolas, universidades e empresas

POESIA NORDESTINA

Via
Gazeta do Oeste  

Com 16 anos de existência, o projeto Iniciação à Poesia Popular Nordestina, coordenado pelo professor e poeta Aldaci de França, poderá ser transformado em curso. A ideia do professor é levá-lo aos estudantes da Faculdade de Letras e Artes (FALA), Mossoró/RN. "Nós começamos esta iniciativa há muito tempo e estamos expandindo cada vez mais. Apesar de todas as dificuldades, o projeto continua, com apoio de algumas entidades. Por exemplo, nossa ideia é chegar até a Faculdade de Letras, como forma de curso de, mais ou menos, 80 horas. Estou tendo o apoio de alguns amigos, que me ajudaram, inclusive, na elaboração do projeto", destaca. 

"Estamos com a perspectiva de firmar essa parceria. Ao invés de oficina, criaremos o curso. Seriam dois ou três encontros por semana, na parte da tarde... tudo ainda está em ideias, sendo trabalhado. Queremos que seja uma coisa renovável, como qualquer disciplina, a fim de aprofundarmos o estudo da poesia popular dentro da universidade e compartilharmos isso com os alunos. Há uma necessidade para a área e queremos preenchê-la", diz.

Segundo ele, ainda falta muito apoio com respeito à poesia popular nordestina. "Temos condições de descobrirmos mais e mais novos autores, poetas populares bons, no entanto, a falta de estrutura prejudica e faz com que esses nomes continuem no anonimato. O curso, por sua vez, faz com que pessoas com aptidão para a poesia conheçam ainda mais a técnica literária. Além de descobrirmos novos nomes, também estamos incentivando que esses nomes venham, tempos depois, nos substituir e renovar o cenário da poesia popular. Por exemplo, quem irá substituir o poeta Antônio Francisco, ou José Ribamar e tantos outros que estão aí produzindo?", questiona Aldaci.

Ele salienta que é preciso levar a cultura da poesia popular e da cantoria para os lugares mais distantes, para as escolas e entidades ligadas à produção cultural. "Não podemos deixar morrer a arte da poesia popular, que traduz bem nossa cultura literária. A cantoria, também, precisa ser preservada, mantida, estudada, pois é uma cultura autêntica e realmente nossa", explica.

ONÉSIMO MAIA  
 "Onésimo Maia era um repentista como poucos"
O nome do interior potiguar em Portugal

ONÉSIMO MAIA, UM NOME QUASE ESQUECIDO
 
Falecido em fevereiro de 2001, o poeta Onésimo Maia, de acordo com Aldaci de França, é um dos nomes que merecem ser homenageados pela cidade. "Ainda não prestamos as devidas homenagens a este grande cantador e poeta", ressalta Aldaci, frisando que um dos seus projetos, o Repente na Escola, recebeu o nome de Onésimo Maia e o Repente na Escola. "Estou passando em alguns lugares em que estive com ele e fazendo esse percurso outra vez. Ele era um grande poeta, tinha uma habilidade impressionante. Geralmente, fazemos uma sextilha em 13 segundos. Onésimo, por sua vez, fazia em sete", fala.

A rapidez ao pronunciar suas rimas e o pleno domínio da contação acompanharam Onésimo Maia ao longo de seus 30 anos de carreira. Por décadas, o repentista expôs sua arte para plateias em cidades de todo o país. Como violeiro, participou de vários festivais de repentistas do Nordeste e ainda levou o nome do interior potiguar a Portugal, onde dividiu o palco com os artistas Antônio Lisboa e Elino Julião.

O professor reforça a necessidade de homenagear os bons nomes da poesia local. "Elizeu foi um dos homenageados pela cidade, pela sua capacidade de decorar e produzir poemas. Onésimo ainda aguarda o devido reconhecimento de sua obra literária", diz.

 Uma oportunidade dos estudantes terem maior contato com a poesia, 
com a literatura e os debates em torno da técnica poética    
 
A POESIA DO NORDESTE FEITA PELOS JOVENS

Aldaci destaca que o projeto tem o objetivo de encontrar novos poetas, através de oficinas. "Conseguimos classificar em terceiro lugar o aluno Joel de Oliveira Lopes, do oitavo ano, da Escola Municipal Dr. José Gonçalves. Ele foi o ganhador do VI Prêmio Cosern de Literatura de Cordel. É uma revelação em termos de poesia, um jovem talentoso, que vem da zona rural e estuda a poesia de forma séria. Inscrevemos dois alunos e um deles conseguiu a classificação. Desde 2010 que estamos com o projeto de iniciação nesta escola. Esta é uma oportunidade dos estudantes terem maior contato com a poesia, com a literatura e os debates em torno da técnica poética", destaca Aldaci de França.

O projeto de Iniciação à Poesia Popular Nordestina é uma extensão, de acordo com ele, do Repente na Escola, desenvolvido por Aldaci há 17 anos. "Hoje nós temos alguns nomes que estão se destacando na poesia e que fizeram o curso de iniciação. Edi Ferreira, por exemplo, depois de se aposentar, dedicou-se à poesia e já publicou, inclusive, vários cordéis, muitos poemas e é uma poetisa em construção. Isso mostra que temos gente muito boa escrevendo, produzindo seus trabalhos, divulgando e precisando de mais espaço, para que tenha seus cordéis e livros espalhados pela cidade", explica o professor.
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De acordo com ele, é necessário que haja maior visibilidade dos novos nomes, fazendo com que os estudantes, principalmente, travem contato com estes poetas que estão surgindo. "Para evidenciar o trabalho deles, fizemos, há alguns anos, ainda na gestão do professor Gonzaga Chimbinho à frente da extinta Fundação de Cultura, dois volumes, em forma de antologia, que reuniam a produção de duas turmas do Curso de Iniciação à Poesia Popular Nordestina, iniciativa que, até hoje, se configura num marco da poesia popular em nosso município, pois evidenciou o trabalho destes novos autores. É isso que precisamos fazer sempre", salienta o coordenador.

 José Ribamar diz que o público está, cada vez mais, prestigiando a arte,
    a poesia popular tomando outro rumo e abrindo ainda mais portas   
 
A ARTE DA CANTORIA CHEGA ÀS EMPRESAS
 
Além das escolas em que apresenta seu projeto, Aldaci de França, em parceria com o também poeta e repentista José Ribamar, leva a cantoria e a poesia popular para as empresas da cidade. "Eles nos solicitam, por exemplo, cantorias temáticas, apresentações que versem sobre algum tema e estudamos tudo muito antes, a fim de levarmos, aos trabalhadores dessas empresas, um pouco de poesia e, assim, cumprirmos também nosso trabalho. Existe uma vantagem grande em se tratando de uma cantoria para uma simples palestra: a cantoria, além de entreter e levar arte, serve como uma ferramenta didática importante para assimilar o conteúdo exposto durante as apresentações que fazemos", destaca.

Para José Ribamar, que trabalha ao lado do poeta, é uma oportunidade de compartilhar "conhecimento". "Além de ser um momento interessante em que podemos manter contato com as pessoas e apresentarmos nossas produções", diz.
  

Segundo ele, muitas pessoas, logo depois das apresentações, demonstram grande interesse em entender a cantoria, perguntam e até mesmo pedem autógrafos. "É um reconhecimento muito bom. Particularmente, fico muito feliz que a poesia popular esteja tomando outro rumo, outros caminhos e abrindo ainda mais portas", diz.

outubro 26, 2012

NATAL: CENAS DOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS

 Pontos turísticos da capittal potiguar, como a Fortaleza dos Reis Magos,
serão filmados para cenas da nova trama da Globo
 
 "FLOR DO CARIBE"
REDE GLOBO ESCOLHE NATAL PARA CENÁRIO DE NOVELA

 Via
 Jornal De Fato e Novo Jornal    

A cidade do Natal foi escolhida pela Rede Globo para servir de cenário da próxima novela das 18h, que irá ao ar de março a setembro de 2013 com o nome de Flor do Caribe. De autoria de Walter Negrão, a nova trama contará com a direção de Jaime Monjardim e a participação dos atores Henri Castelli e Grazi Massafera, como principais protagonistas.

Em reunião realizada na manhã desta sexta-feira, 26, na Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico (Seturde), que contou com a presença de Tatynne Lauria, coordenadora de produção de Flor do Caribe, foram definidos os principais pontos do apoio logístico, ambiental e de segurança fundamentais para a realização das gravações.

Na ocasião, a secretária adjunta, Ana Cristina Felinto, disse que o apoio da Prefeitura do Natal se dará por meio da Seturde e Guarda Municipal, além das secretarias municipais de Mobilidade Urbana (Semob) e de Comunicação (Secom). A equipe da Globo também contará com o auxílio da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros.

Grazi Massafera

“Daremos total apoio. Temos experiência nesse sentido porque já acompanhamos outras novelas que tiveram cenas gravadas aqui em Natal”, revelou o tenente coronel de operações da Polícia Militar do Rio Grande do Norte (PMRN), Túlio César Alves de Oliveira. “Contamos com essa colaboração da Polícia Militar, da Guarda Municipal e do Corpo de Bombeiros porque estaremos gravando em muitos locais abertos, como praias, dunas e lagoas”, frisou Tatynne Lauria.      
 
Henri Castelli

De acordo com ela, as gravações serão realizadas durante a semana para evitar grandes concentrações e não atrapalhar o turismo local. A história da novela fala de lugares paradisíacos e Natal apresenta essa característica. “O nosso objetivo é valorizar a região Nordeste, é mostrar Natal como ela é, com todos os seus pontos turísticos. Enfim, a cidade tem esse cenário desejado”, ressaltou Tatynne.   
     
Segundo ela, as gravações serão realizadas no espaço de 40 dias, entre os meses de novembro e dezembro. Nesse período, deverão ser feitas todas as imagens de Natal para a novela inteira. “Esse material será mesclado com as cenas que serão produzidas na cidade cenográfica, montada no Rio de Janeiro”. O enredo da novela conta a história de um piloto de caça aérea, interpretado por Henri Casteli e de uma bugreira, por Grazi Massafera. As respectivas cenas serão realizadas na Base Aérea de Natal e na Praia de Genipabu.

Além disso, os pontos turísticos Forte dos Reis Magos e ponte Newton Navarro, bem como as praias de Pitangui, Pipa, dos Amores, Chapadão Vermelho (Tabatinga), Barra do Cunhau e Malemba. O roteiro também inclui as minas localizadas na cidade de Currais Novos, as dunas do rosado, em Ponta do Mel e, provavelmente, as salinas de Macau.

 
   Com o anúncio de que a Rede Globo vai gravar em Natal/RN
cenas da próxima novela das 6, os empresários do setor turístico
 alertam gestores públicos sobre a necessidade de investir
na melhoria da infraestrutura da cidade


NATAL NA GLOBO

O Rio Grande do Norte é famoso por servir de cenário de pontas de novela e filmes. Vimos isso em "O Clone", "Cambalacho" e o filme do padre Marcelo Rossi , "Maria". Não são poucos os relatos de como uma gravação de novela pode alavancar o turismo de uma região. Fortaleza já experimentou isso e até mesmo Natal, quando, embora por curto período, sediou capítulos finais de Tropicaliente, da Globo, no início dos anos 90, e em época mais recente, em obra dramatúrgica da Record, com tema bíblico.
 
Natal tem diante de si, portanto, mais uma oportunidade, aberta não somente por causa de suas belezas naturais. No caso específico, em decorrência de seu passado histórico, de cidade importante no chamado “teatro” da Segunda Guerra, por onde transitavam milhares de militares com destino ao palco do conflito, na África e na Europa.

A história de verão se desenvolve nas praias mais importantes do RN
fotografia: Canindé Soares

Até nisso Natal deu sorte: pode fugir à promoção costumeira das cidades costeiras, ou seja, “vender” mais do que sol e mar. Afinal, há muita história do tempo da guerra ainda aguardando um bom roteiro. Sendo cidade com economia baseada no turismo, abre-se um leque formidável de oportunidades para promoção de Natal – com benefícios estendidos a inúmeros segmentos, principalmente o comércio e a área da prestação de serviços.    
 
 Gestores precisam cuidar do mais importante, da própria cidade
É necessário que a capital esteja bem cuidada
 fotografia: Canindé Soares  
 
Favorecida pela natureza exuberante, com suas conhecidas praias urbanas tornadas cartões postais (embora hoje mal cuidadas), como a do Forte e Ponta Negra; e com o entorno da capital reunindo inúmeros municípios litorâneos, tem-se uma chance generosa de o estado aparecer mais uma vez – e bem – no cenário nacional. Evidentemente, desde que sejam tomadas medidas para evitar que o efeito não seja o contrário. 

Além de adotar postura de parceiro, os gestores precisam cuidar do mais importante, da própria cidade. Diferente de realizar obras de maquiagem, é necessário que a capital esteja bem cuidada – de verdade. Ruas precisam estar trafegáveis;  praças, conservadas; sem lixo espalhado pelas ruas; com calçadas em condições de uso. O turismo agradece.
  
...fonte...

outubro 25, 2012

A IDENTIDADE NORDESTINA AUTENTICADA

   Antônio Francisco, 63 anos, obra repercutida fora dos limites do Estado.
  Antes de ser conhecido como cordelista, foi soldado, soldador e sapateiro.
 Graduado em História pela Uern, o cordelista mossoroense/RN
  transita entre a poesia popular e a xilogravura    
 
 IDENTIDADE NORDESTINA 

Por
Jocenilton Cesário da Costa

Caminhar pelas brenhas do Nordeste nas diversas trilhas literárias é uma tentativa de adentrar por veredas de um espírito audaz manifestado por vários escritores, ditos e tidos como populares por falar de/para o povo. É esse caminho que nos leva até Antônio Francisco Teixeira de Melo, ou, como popularmente é conhecido no campo da literatura, Antônio Francisco, um poeta que nasce em Mossoró/RN e passa a ter um destaque implacável no âmbito da literatura de cordel.

Seguir os rastros que servem de guia ao conhecimento da trajetória de vida desse poeta significa conhecer a mais pura representação da identidade nordestina. Ao procurá-lo, nos meandros do Nordeste, encontra-se um sertanejo arguto, corajoso, audaz, que, desde a infância, cresceu sob os costumes, crenças e valores do homem sertanejo.

A poesia foi, é e parece ser a ração capaz de nutrir todos os anseios e angústias encontradas na gênese do escritor. A riqueza poética de Antônio Francisco, com o passar do tempo, foi sendo cada vez mais admirada e elogiada pela crítica literária.

Na pirâmide representativa da Literatura, especificamente a de cordel, o poeta parece ter chegado ao topo quando, em 15 de maio de 2006, tomou posse na Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), na cadeira de número 15, cujo patrono é o saudoso poeta cearense Patativa do Assaré. A partir de então, passa a ser chamado de o “novo Patativa do Assaré”, devido à cadeira que ocupa e à qualidade de seus versos.   
 
Debruçar-se diante da poesia desse cordelista significa mergulhar em um universo permeado de translações simbólicas, através da qual se constroem as mais variadas reproduções da vida nordestina. É esse o homem que, além de autor, ainda vende seus próprios folhetos, embora seja possível encontrar alguns de seus livros expostos à venda em livrarias, em estantes onde se encontram os grandes clássicos canônicos da literatura nacional e internacional.     
 
Embrenhar-se na produção poética de Antônio Francisco é, além de ir a fundo às situações de vida do homem nordestino, penetrar em uma significativa gama de aparato das denúncias circundantes da sociedade moderna. Estritamente ligada aos problemas corrobarativos do mundo contemporâneo, a lira do poeta revela, com grande veemência, as mazelas que se perpetuam na sociedade atual, denunciando suas causas e consequências. Trata-se, na verdade, de uma viagem pelas histórias de vida, lendas, mitos e fantasias que conseguem imbricar uma situação real que nossa sociedade enfrenta, em meio a um sistema sócio-político mal planejado, desigual e perverso.

Seus poemas são como um alto-falante, que lança para diferentes lados aquilo que poucas pessoas teriam coragem de dizer em cima de um palanque, no meio do povo, pois essa atitude sempre meche com chagas da sociedade e, uma vez machucadas, não são sanadas e nem tão pouco diagnosticadas. Em outras palavras: seus poemas são vozes anunciadoras das incoerências políticas, sociais e humanas; são formas de declarar as problemáticas que se configuram em meio aos mais diversos contextos do mundo atual.

Além de ser um terreno que se faz brotar a reflexão para várias outras temáticas que nos levam a pensar sobre o comportamento humano, a poesia de Antônio Francisco serve de tela para pintar a verdadeira realidade da condição de vida do homem nordestino. Dentre os inúmeros cordéis publicados, a maioria em livros, é notável a forte presença da simplicidade na vida do poeta, o que aflui na sua maneira de fazer poesia. É também nessa preocupação com o mundo, com a terra, com o planeta que ele constrói suas liras, montando um palco para a apresentação de diversas temáticas. No bojo dessa produção poética, é inevitável encontrar a figura do sertanejo como sendo o porta-voz, o lugar-comum para se disseminar as sementes do sofrimento, das dores e das angústias, características constituintes da identidade nordestina.       
 
  ANTÔNIO FRANCISCO
POETA, RIMADOR, CORDELISTA E COMPOSITOR
Membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel – ABLC, 
na cadeira de número 15, que tem como patrono 
o poeta cearense Patativa do Assa

O AUTOR

Antônio Francisco Teixeira de Melo nasceu em Mossoró, em 21 de outubro de 1949, no bairro que ele traduziu em forma de poema, Lagoa do Mato. É filho de Francisco Petronilo de Melo e Pêdra Teixeira de Melo.

Graduado em História pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), descobriu-se poeta quase na casa dos 50 anos. O cordel sempre foi sua principal paixão. Membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), Antônio Francisco é um dos mais atuantes cordelistas brasileiros, tendo obras selecionadas para compor, por exemplo, o currículo escolar de unidades de ensino no Estado de São Paulo.

Sua poesia é reconhecida nacionalmente, não apenas pela qualidade dos versos, mas também pela mensagem contida.Com forte ligação com o Nordeste, sua inspiração diária, Antônio Francisco produziu um admirável mosaico de temas que vão da preservação da natureza aos dilemas humanos, como o amor, o ódio e a caridade.

Seus textos podem evidenciar, ao mesmo tempo, a redenção do homem através do “fazer bem”, quanto a sua perdição por meio da ganância capitalista e da desenfreada corrida pelo ter.
 
...fonte...
  Especial para o Expressão - Jornal Gazeta do Oeste
Jocenilton Cesário da Costa
 Mestrando do PPGL/UERN