outubro 25, 2012

A IDENTIDADE NORDESTINA AUTENTICADA

   Antônio Francisco, 63 anos, obra repercutida fora dos limites do Estado.
  Antes de ser conhecido como cordelista, foi soldado, soldador e sapateiro.
 Graduado em História pela Uern, o cordelista mossoroense/RN
  transita entre a poesia popular e a xilogravura    
 
 IDENTIDADE NORDESTINA 

Por
Jocenilton Cesário da Costa

Caminhar pelas brenhas do Nordeste nas diversas trilhas literárias é uma tentativa de adentrar por veredas de um espírito audaz manifestado por vários escritores, ditos e tidos como populares por falar de/para o povo. É esse caminho que nos leva até Antônio Francisco Teixeira de Melo, ou, como popularmente é conhecido no campo da literatura, Antônio Francisco, um poeta que nasce em Mossoró/RN e passa a ter um destaque implacável no âmbito da literatura de cordel.

Seguir os rastros que servem de guia ao conhecimento da trajetória de vida desse poeta significa conhecer a mais pura representação da identidade nordestina. Ao procurá-lo, nos meandros do Nordeste, encontra-se um sertanejo arguto, corajoso, audaz, que, desde a infância, cresceu sob os costumes, crenças e valores do homem sertanejo.

A poesia foi, é e parece ser a ração capaz de nutrir todos os anseios e angústias encontradas na gênese do escritor. A riqueza poética de Antônio Francisco, com o passar do tempo, foi sendo cada vez mais admirada e elogiada pela crítica literária.

Na pirâmide representativa da Literatura, especificamente a de cordel, o poeta parece ter chegado ao topo quando, em 15 de maio de 2006, tomou posse na Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), na cadeira de número 15, cujo patrono é o saudoso poeta cearense Patativa do Assaré. A partir de então, passa a ser chamado de o “novo Patativa do Assaré”, devido à cadeira que ocupa e à qualidade de seus versos.   
 
Debruçar-se diante da poesia desse cordelista significa mergulhar em um universo permeado de translações simbólicas, através da qual se constroem as mais variadas reproduções da vida nordestina. É esse o homem que, além de autor, ainda vende seus próprios folhetos, embora seja possível encontrar alguns de seus livros expostos à venda em livrarias, em estantes onde se encontram os grandes clássicos canônicos da literatura nacional e internacional.     
 
Embrenhar-se na produção poética de Antônio Francisco é, além de ir a fundo às situações de vida do homem nordestino, penetrar em uma significativa gama de aparato das denúncias circundantes da sociedade moderna. Estritamente ligada aos problemas corrobarativos do mundo contemporâneo, a lira do poeta revela, com grande veemência, as mazelas que se perpetuam na sociedade atual, denunciando suas causas e consequências. Trata-se, na verdade, de uma viagem pelas histórias de vida, lendas, mitos e fantasias que conseguem imbricar uma situação real que nossa sociedade enfrenta, em meio a um sistema sócio-político mal planejado, desigual e perverso.

Seus poemas são como um alto-falante, que lança para diferentes lados aquilo que poucas pessoas teriam coragem de dizer em cima de um palanque, no meio do povo, pois essa atitude sempre meche com chagas da sociedade e, uma vez machucadas, não são sanadas e nem tão pouco diagnosticadas. Em outras palavras: seus poemas são vozes anunciadoras das incoerências políticas, sociais e humanas; são formas de declarar as problemáticas que se configuram em meio aos mais diversos contextos do mundo atual.

Além de ser um terreno que se faz brotar a reflexão para várias outras temáticas que nos levam a pensar sobre o comportamento humano, a poesia de Antônio Francisco serve de tela para pintar a verdadeira realidade da condição de vida do homem nordestino. Dentre os inúmeros cordéis publicados, a maioria em livros, é notável a forte presença da simplicidade na vida do poeta, o que aflui na sua maneira de fazer poesia. É também nessa preocupação com o mundo, com a terra, com o planeta que ele constrói suas liras, montando um palco para a apresentação de diversas temáticas. No bojo dessa produção poética, é inevitável encontrar a figura do sertanejo como sendo o porta-voz, o lugar-comum para se disseminar as sementes do sofrimento, das dores e das angústias, características constituintes da identidade nordestina.       
 
  ANTÔNIO FRANCISCO
POETA, RIMADOR, CORDELISTA E COMPOSITOR
Membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel – ABLC, 
na cadeira de número 15, que tem como patrono 
o poeta cearense Patativa do Assa

O AUTOR

Antônio Francisco Teixeira de Melo nasceu em Mossoró, em 21 de outubro de 1949, no bairro que ele traduziu em forma de poema, Lagoa do Mato. É filho de Francisco Petronilo de Melo e Pêdra Teixeira de Melo.

Graduado em História pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), descobriu-se poeta quase na casa dos 50 anos. O cordel sempre foi sua principal paixão. Membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), Antônio Francisco é um dos mais atuantes cordelistas brasileiros, tendo obras selecionadas para compor, por exemplo, o currículo escolar de unidades de ensino no Estado de São Paulo.

Sua poesia é reconhecida nacionalmente, não apenas pela qualidade dos versos, mas também pela mensagem contida.Com forte ligação com o Nordeste, sua inspiração diária, Antônio Francisco produziu um admirável mosaico de temas que vão da preservação da natureza aos dilemas humanos, como o amor, o ódio e a caridade.

Seus textos podem evidenciar, ao mesmo tempo, a redenção do homem através do “fazer bem”, quanto a sua perdição por meio da ganância capitalista e da desenfreada corrida pelo ter.
 
...fonte...
  Especial para o Expressão - Jornal Gazeta do Oeste
Jocenilton Cesário da Costa
 Mestrando do PPGL/UERN

Um comentário:

  1. Amo poesia e saber que um poeta do Rio Grande do Norte
    por nome Antônio Francisco,nos representa na Academia Brasileira de literatura de Cordel fico muito feliz, sou Piauiense e moro em São Paulo SP e também escrevo literatura de cordel e poesias e também sou compositor, assim como ele já depois dos 50 anos venho me dedicando mais a esta arte. parabens ao grande poeta Antonio Francisco! Abraços literario! Maurício Pereira da Silva.

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