PEDRO GRILO
Poeta e pintor, o artista de 75 anos imortaliza e compartilha
78
imagens que fizeram parte de sua infância
CORES DE GRILO
Por
Yuno Silva
Figura inconfundível, errante que perambula com desenvoltura das Rocas
até a Cidade Alta, sempre protegido por seu indefectível sombreiro e
quase sempre amparado por um cajado, Pedro Grilo abriu sua primeira
exposição individual nesta quinta-feira, 26/04, no Palácio Potengi -
Pinacoteca do Estado. Poeta e pintor, o artista de 75 anos imortaliza 78
imagens que fizeram parte de sua infância e compartilha essas memórias
em "Grilo Borratela".
Em cartaz até dia 26 de maio, a exposição apresenta detalhes de uma
Natal perdida no tempo, mas extremamente viva nas cores vibrantes dos
quadros de Pedro Grilo, que ampliou fotografias antigas e aplicou sobre
elas uma espessa camada de sua paleta furta-cor. "Gosto de cores",
simplificou Grilo ao VIVER. As obras, de dimensões generosas (60cm por
80cm), estão todas à venda e o potencial comprador precisa considerar
seu alto valor histórico ao desembolsar R$ 3 mil por cada uma. "Minha
intenção é arranjar alguma empresa que compre e doe tudo para o
Instituto Histórico (e Geográfico do RN)", adiantou.
Negociações quanto ao valor estão fora de cogitação, e o autor avisa que
se não conseguir vender vai "chamar a imprensa e queimar tudo aos pés
(da estátua) de Iemanjá" na praia do Meio. "Quero dar um golpe no
capitalismo, que pode até cagar na cabeça dos outros, mas na minha não!"
A exposição está sendo planejada por Grilo desde 2005, e talvez, como
disse o próprio, seja a única. "Por mim faria mais umas 80 (exposições),
mas falta apoio, as coisas nas Fundações são lentas demais."
A ideia para montar "Grilo Borratela" surgiu como um estalo, quando um
amigo mostrou quatro fotos antigas. "Foi como um estalo: 'vou pintar uns
quadros a partir disso'. As imagens estavam ruins, muita coisa
faltando, tudo em preto e branco, e lembro de muita coisa, das cores,
coisas que nem existem mais e são difíceis de encontrar mesmo nos
arquivos disponíveis", valorizou o artista, cuja intenção inicial era
mostrar 80 pinturas - "só consegui aprontar 78 a tempo", justifica.
Uma dessas raridades, perseguida pelo incansável 'garimpeiro' de imagens
Eduardo Alexandre "Dunga" Garcia, é o retrato da antiga fábrica de
tecido de Juvino Barreto, que funcionou onde hoje é a agência Ribeira da
Caixa Econômica, na subida da avenida Câmara Cascudo (antiga Junqueira
Ayres). Mas entre as obras destacadas, uma em especial mereceu atenção e
carinho redobrado do artista: a escola onde estudou, o antigo colégio
Augusto Severo na Ribeira. "Hoje está caindo aos pedaços. Aquela praça
(Augusto Severo) era tão linda, toda arborizada, tinha um lago,
pontezinhas... destruíram tudo", lamentou Pedro Grilo.
As telas,
muitas com um colorido psicodélico, misturam realidade e elementos
complementares de perfil naïf, e retratam paisagens, monumentos e
prédios históricos dos bairros das Rocas, Ribeira e Cidade Alta até o
Baldo.
Além da intenção "de golpear o capitalismo" com a venda dos quadros,
Grilo também pretende financiar o relançamento da primeira edição de seu
livro "Mel e cicuta" (2000), lançamento abortado devido os erros de
digitação que tiraram o autor do sério. "Inexperiente, mandei fazer o
livro numa copiadora e a mulher que digitava deu bem uns 100 erros de
português. Onde era 'cinco' escreveu 'clínico', em vez de 'promissor'
botou 'promissária'." Corrigiu tudo, mas não salvou no disquete, "na
época só tinha disquete", e teve que suspender a venda na noite de
lançamento.
...fonte...
Yuno Silva
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