Romper paradigmas e promover reflexão sobre a inclusão social
são os principais desafios da Companhia Gira Dança
são os principais desafios da Companhia Gira Dança
DANÇAR E SER FELIZ
Por
Jéssica Barros
Trabalhar com corpos diferentes, promover a inclusão social e trazer à
sociedade a mensagem de que cada um tem suas limitações, independente de
necessidades especiais ou não, e de que se deve conviver com as
diferenças. Tudo isso compõe a proposta da companhia de dança
contemporânea potiguar Gira Dança. Criada em 2005 pelos bailarinos
Anderson Leão e Roberto Morais, a companhia completa sete anos com seu
trabalho reconhecido em escalas nacional e internacional. Seus
idealizadores vieram de uma experiência parecida no projeto Roda Viva,
que também trabalha a dança como fator de inclusão social e é um projeto
de extensão da UFRN.
Em 2005, Anderson e Roberto optaram por criar a própria companhia, visando maior liberdade de criação e abordagem de novas temáticas, bem como para explorar a dança contemporânea. Dessa forma surgiu a Gira Dança. Atualmente com 10 integrantes, seu corpo de bailarinos tem alguns tidos por "normais" e pessoas com deficiência - cadeirantes, deficiente visual, com síndrome de down e nanismo. Corpos diferenciados que dão vida à arte, promovendo a inclusão social e executando um trabalho artístico de qualidade para o público através da dança contemporânea. A companhia acumula prêmios nacionais, apresentações no exterior e vem lutando a cada dia para passar a mensagem de que todos são iguais dentro de suas diferenças. "É possível transformar as pessoas, lhes dar oportunidades, fazer um mundo melhor. É possível dançar, independente do corpo que você tenha, basta querer, se dedicar", explica Anderson.
O documentário A Cura dirigido pelo fotógrafo Rodrigo Sena
selecionado para participar do Brasil Move Berlin, em 2011, na Alemanha
selecionado para participar do Brasil Move Berlin, em 2011, na Alemanha
A
companhia ensaia de segunda a sexta-feira em sua sede própria, na rua
da Casa da Ribeira, das 19h às 22h. Já para os interessados em conhecer o
trabalho e fazer parte dele, basta se candidatar em uma das audições
periódicas que a Gira Dança realiza. O coordenador da companhia,
Anderson, diz que muitas pessoas desconhecem a capacidade dos bailarinos
da companhia e os taxam de incapazes, mas quando veem o trabalho, mudam
sua concepção. "A arte trazida pela companhia mexe, promove a reflexão e
quando as pessoas veem a apresentação se surpreendem e viram
espectadores". Ele diz ainda que os "não-deficientes" têm uma maior
rotatividade na companhia. Anderson lembra que, no início, somou forças a
Roberto Morais para arcar com os custos de aluguel, contas de água, luz
e demais custos.
A CURA - A Gira Dança chegou, inclusive, a ser a única companhia de dança potiguar a ser selecionada para participar do evento Brasil Move Berlin, em 2011, na Alemanha, com o espetáculo A Cura. Segundo seus integrantes, o reconhecimento da qualidade do trabalho e serem tratados de igual para igual com as demais companhias de todo o mundo em Berlin foi o mais gratificante. "A diversidade de corpos que só nós levamos e não termos tido nenhum tratamento preferencial por isso foi emocionante", diz Anderson Leão.
da Ribeira e a
falta de acessibilidade das ruas do bairro
DESAFIOS EXTRAPOLAM O PRECONCEITO
Entre os desafios, além dos financeiros, a companhia Gira Dança teve que
enfrentar a insegurança do bairro da Ribeira, onde sempre ensaiaram, a
falta de acessibilidade das ruas do bairro e ensaiar espaços inadequados
para a dança. A Gira Dança contou com o apoio de outros grupos e
parcerias com empresas para passar pelas muitas dificuldades ao longo
dos seus sete anos, até conquistarem uma sede própria, mas sempre com a
preocupação de como manter financeiramente o local e promover a
autonomia da companhia. Hoje, a Gira Dança equaciona o apoio das
empresas somado aos cachês das apresentações, de editais e outros
projetos para conseguir manter a estrutura física, comprar figurinos e
realizar espetáculos a preços populares. O programa Cidadão Nota Dez
também é uma alternativa usada pelo grupo, que cadastra notas fiscais e
consegue recursos para pagar suas contas.
Para Anderson, o momento de maior dificuldade é um vilão antigo da cultura potiguar, o atraso no repasse de recurso aos Pontos de Cultura do estado. Após aprovação no edital de iniciativa do Ministério da Cultura (MinC) e gerido pela Fundação José Augusto (FJA) em Natal, o atraso no repasse de recursos foi difícil, pois com a falta de verba, uma série de projetos parou, não havia como montar um bom espetáculo, nem pagar aos bailarinos. "Quando a gente recebe um prêmio desse, nós deixamos de ser só artistas, viramos também administradores. Você é um prestador de serviço para a sociedade. A responsabilidade e as cobranças são grandes", relata Anderson.
Para Anderson, o momento de maior dificuldade é um vilão antigo da cultura potiguar, o atraso no repasse de recurso aos Pontos de Cultura do estado. Após aprovação no edital de iniciativa do Ministério da Cultura (MinC) e gerido pela Fundação José Augusto (FJA) em Natal, o atraso no repasse de recursos foi difícil, pois com a falta de verba, uma série de projetos parou, não havia como montar um bom espetáculo, nem pagar aos bailarinos. "Quando a gente recebe um prêmio desse, nós deixamos de ser só artistas, viramos também administradores. Você é um prestador de serviço para a sociedade. A responsabilidade e as cobranças são grandes", relata Anderson.
"HOJE JÁ NÃO ME VEJO SEM A DANÇA, SENÃO EU CEGO DE VEZ"
Chamada carinhosamente pelos colegas de Jô, acredita que muitos deficientes se limitam a fazer as coisas por medo ou desconhecimento. A dança era um sonho de infância que só após a perda da visão, subitamente aos 24 anos, ela decidiu tentar a fim de manter sua postura, sensibilidade e se mover com maior expressividade. Quando soube do trabalho feito pela Gira Dança com cadeirantes, ela diz ter pensado "por que não uma 'cegante'?", e foi atrás. Joselma fala que a dança é importante para ela como pessoa e também como profissional, artista, já que o objetivo da companhia não é mostrar a deficiência, mas a arte em si, com cada um trabalhando dentro de suas limitações. "Hoje já não me vejo sem a dança, senão eu cego de vez (risos)".
Para Joselma, a mensagem principal que deve ficar é de que as pessoas percebam que a vida é feita de coisas boas e ruins e que, mesmo nas coisas ruins, se pode extrair coisas boas. Ela espera que a pessoa com deficiência "passe a enxergar isso de outra forma. Ela faz parte desta vida, desta história e ela não está fora da sociedade, está aqui de igual para igual, ela deve tomar as rédeas da própria vida", diz.
"A pessoa com deficiência faz parte desta vida, desta
história e ela
não está fora da sociedade, está aqui de igual para igual"
não está fora da sociedade, está aqui de igual para igual"
MARCONE ARAUJO
"AS LIMITAÇÕES EXISTEM PARA A GENTE PASSAR POR ELAS"
Bailarino
da Gira Dança há quatro anos e sem nenhum tipo de deficiência, Álvaro
Dantas fala da experiência de contracenar com outros bailarinos com
corpos diferenciados na companhia. "No início é mais complicado, a gente
tem medo de tocar no deficiente e machucar, mas com o tempo a gente vai
aprendendo até onde pode ir com eles e eles com a gente, porque
qualquer pessoa tem suas limitações", diz.
"Tinha vergonha
de pedir para as pessoas descerem minha cadeira do ônibus,
mas aos poucos eu fui quebrando isso com a ajuda da dança"
mas aos poucos eu fui quebrando isso com a ajuda da dança"
Filho mais velho de quatro irmãos e com paralisia infantil desde os três meses de vida, Marcone Araújo é um exemplo de independência. Cadeirante, ele conta que quem o ensinou a ser assim foi sua mãe logo cedo. Criado na zona rural, teve que lidar com um novo cenário ao se mudar para Natal, com as pessoas parando para olhar para ele. O interesse pela dança vem desde a época do ensino médio, a convite de um amigo. Ele passou pelas companhias de dança Anjori e Roda Viva até, finalmente, se encontrar na Gira Dança. Até esse contato com a dança, ele diz que não imaginava como um cadeirante poderia dançar artisticamente.
"Até esse contato com a dança, não imaginava
como
um cadeirante poderia dançar artisticamente"
Marcone conta que a primeira experiência na dança o ajudou a quebrar alguns complexos que tinha, como o medo de andar só e a conquistar a autonomia de circular livremente pela cidade, ir aos ensaios e tocar a vida. "Tinha vergonha de pedir para as pessoas descerem minha cadeira do ônibus, mas aos poucos eu fui quebrando isso com a ajuda da dança", relata ele. Na dança contemporânea ele se descobriu como artista, viu um reconhecimento não esperado do seu trabalho e se encantou com a oportunidade de ter um público ávido por ver um trabalho artístico desenvolvido com qualidade, não um deficiente em cena.
"Apesar das desigualdades físicas de cada
um, todo mundo é igual"
FAMÍLIA
No Gira Dança, Marcone diz ter aprendido que "as limitações foram feitas para a gente passar por elas", como diz. Marcone leva consigo a ideia de que cada um dentro de suas limitações, já que ninguem é perfeito, tem plenas condições de realizar um trabalho artístico. A companhia é tida pelo dançarino como uma família onde "ninguém vê ninguem como deficiente. Na hora que tem que brigar a gente briga". Outra falha de conceito da população em geral mostrada por Marcone é o fato de as pessoas encararem o deficiente. "As pessoas têm que ver que eu não sou deficiente, eu tenho uma deficiência e é isso que tentamos colocar na cabeça das pessoas, essa ideia de que todos podem ser produtivos. Nosso ideal é montar um espetáculo que as pessoas vejam e saiam com uma reflexão, não a dança pela dança, mas a dança que passe, que transmita alguma coisa", diz. Afinal, "apesar das desigualdades físicas de cada um, todo mundo é igual", completa.
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"Não é o ritmo nem os passos que fazem a dança,
mas a
paixão que vai na alma de quem dança"
Augusto Branco
Olá, amigo, copiei e estou colando aqui a notícia sobre show da potiguar Liz Rosa (v. facebook), que lança o seu primeiro CD no Rio (sugiro uma matéria com essa guerreira):
ResponderExcluir"Neste ano comemoro 10 anos de carreira e lanço em parceria com a Som Livre meu primeiro CD intitulado Liz Rosa.
O show de lançamento acontecerá no dia 22 de Maio no Studio RJ dentro da programação da “Noite Jazzmania”.
Quem assina a direção musical do show e do CD é Ricardo Silveira, que juntamente com Marcelo Martins (sax e flauta), Marcio André (trompete), Daniel Ribeiro (baixo elétrico), Darlan Marley (bateria) e Juliano Ferreira “Jow-Jow” (violão e guitarra) formam o time de talentosos músicos que dividirão o palco comigo neste momento tão importante.
No repertório estarão todas as canções que fazem parte de CD e releituras de Tom Jobim, Chico Buarque, Glberto Gil e João do Vale.
SERVIÇO:
SHOW: LANÇAMENTO DO CD LIZ ROSA
DATA: 22 de MAIO
HORÁRIO: 21:30
LOCAL: STUDIO RJ - Av. Vieira Souto, 110 – Arpoador. PREÇO: R$ 60,00 e R$ 30,00 (lista amiga)*"
Grata.