novembro 25, 2013

CAMPANHA PAPAI NOEL DOS CORREIOS

CAMPANHA PAPAI NOEL DOS CORREIOS
OITO MIL CARTINHAS ESPERAM POR ADOÇÃO
“Querido Papai Noel, o meu pedido é uma cama para a minha mãe
 e meu irmão dormir confortáveis. Mas Papai Noel, se você não conseguir,
 pode ser um kit escolar de qualquer personagem”
Fotografia: Alexis Regis

! ! ! EDIÇÃO ESPECIAL ! ! ! 

CAMPANHA PAPAI NOEL DOS CORREIOS
NECESSIDADES BÁSICAS VIRAM SONHOS

Por
Vinícius Menna
TRIBUNA DO NORTE

Enquanto muitas crianças aguardam a chegada do dia 25 de dezembro para por às mãos no brinquedo que tanto almejam, Anne Gabrielly da Silva, de 11 anos, decidiu pedir ao Papai Noel uma cama nova para a mãe. Já o garoto Isaías Ferreira da Silva, de 14, escreveu ao Bom Velhinho em busca de um tratamento odontológico. O apelo dos dois está entre as mais de 8.500 cartas que estão disponíveis nas agências dos Correios para adoção. Para ajudar, basta escolher uma carta e entregar o presente até o dia 12 de dezembro.

O pedido de Anne Gabrielly é uma forma de recompensar e ajudar a mãe pela travessura que fez. “Nossa cama se quebrou. Já que fui eu que quebrei, eu pedi uma na cartinha. Eu estava brincando e aí quebrou. A outra opção foi material escolar, que também é bom porque ajuda a diminuir o prejuízo da minha mãe”, explica.

Com a cama quebrada, elas estavam dormindo juntas todos os dias com o estrado ao chão, coberto com o colchão. Somente há alguns dias elas conseguiram uma cama emprestada, de maneira provisória. Na carta, ela menciona também o afiliado de sua mãe, Davi, de 1 ano e sete meses, a quem ela chama de irmão, que também divide a cama com elas em algumas ocasiões.

A mãe de Anne Gabrielly, Marlene Cardoso da Silva, de 29 anos, perdeu o emprego como auxiliar de cozinha recentemente, o que tem dificultado a vida das duas e impede a compra de uma cama nova. O sustento tem sido garantido com a ajuda da mãe de Marlene e do Bolsa Família. “A gente está numa situação difícil. Eu sou pai e mãe. O pai dela não ajuda”, desabafa.

Mas elas agradecem pelo que já tem. Hoje, elas moram numa casa simples do conjunto residencial Praiamar, no bairro Bom Pastor. A realidade anterior era uma moradia precária em uma comunidade carente, situada às margens da Avenida Capitão Mor Gouveia, próximo ao KM-6.

Isaías Ferreira da Silva mora no povoado Hortigranjeira, na zona rural de Nísia Floresta. Ele chora todas as noites por causa de uma dor de dente que já se arrasta há mais de um ano. Sendo de família humilde, ele não tem recursos para bancar o tratamento. A saída encontrada: pedir ajuda ao Papai Noel.
  
Mas o problema nos dentes não é o único. Com problemas de cognição que dificultam seu aprendizado, ele ainda não é alfabetizado. A carta dele teve que ser redigida pela professora dele, Maria das Dores de Lima. Segundo ela, o garoto chora com frequência depois do lanche e pede para ir embora por não suportar as dores. “No começo, a gente achou que era brincadeira. Fomos até a casa dele e a mãe confirmou o problema”, diz.

Para dizer o que queria, Isaías fez um desenho. O primeiro pedido foi uma bicicleta, mas com a opção de fazer dois pedidos, a professora sugeriu o tratamento para os dentes. Ele concordou prontamente, até porque a situação é um incômodo que vai além das dores: as crianças da vizinhança e da escola colocam apelidos e o chamam de feio seguidamente. “Ele fica com vergonha e vai para casa, chorando”, relata a irmã, Tainara Ferreira da Silva, de 16 anos. “Esse menino chora quase toda noite”, diz a mãe dele, Francisca de Fátima da Silva, de 59 anos.

Mas ainda que enfrente todas essas dificuldades, Isaías ainda pensa em ajudar os outros em detrimento de si mesmo. Ao ser questionado sobre a profissão com que sonha, ele é categórico: “Quero ser bombeiro. Quero ajudar as pessoas”, afirma.

CAMPANHA PAPAI NOEL DOS CORREIOS
Halinna Dantas coordena o projeto nos Correios do RN
Necessidades básicas viram sonhos
Fotografia: Júnior Santos

OITO MIL CARTAS  ESPERAM POR ADOÇÃO

As cartinhas endereçadas ao Papai Noel chegam às mãos de carteiros há anos. Contudo, há 24 anos, esses profissionais resolveram se mobilizar para adotar as cartinhas e dentro dos Correios uma campanha começou a ganhar corpo, sendo hoje abraçada também pela sociedade. O principal objetivo é responder às cartas de crianças em situação de vulnerabilidade social que enviam cartas pedindo presentes de Natal.

Qualquer pessoa pode participar da campanha, atuando como padrinho e providenciando os presentes solicitados pelas crianças. As cartas enviadas pelas crianças são lidas, selecionadas e cadastradas. Em seguida, elas são disponibilizadas para adoção nas agências dos Correios, que funcionam das 8h às 17h

Os presentes relativos às cartas adotadas são entregues pelos padrinhos nos pontos divulgados pelos Correios para que posteriormente a entrega seja feita pela ECT. Não é permitida a entrega direta do presente e, para assegurar a observância desse critério, o endereço da criança não é informado ao padrinho.

Informações oficiais sobre o Papai Noel dos Correios podem ser obtidas pelos telefones 3003 0100 (capitais e regiões metropolitanas) e 0800 725 7282 (demais localidades).

De acordo com a coordenadora local do projeto, Halinna Dantas, pedidos de brinquedo, material escolar e calçados são os mais comuns. “A gente trabalha com um perfil de crianças que estudam em escolas carentes. Esse ano, temos em torno de 65 escolas”, explica.

A expectativa é que este ano 8.500 cartas sejam cadastradas. Até a última terça-feira (19), já haviam sido registradas mais de 7.500, de cidades que englobam a região metropolitana, mas também o interior do Estado, nos municípios de Caicó, Assú, Macau, Nova Cruz, Parelhas, Pau dos Ferros, Santa Cruz e Severiano Melo. Em 2012, foram atendidos 8.167 pedidos.

CAMPANHA PAPAI NOEL DOS CORREIOS
Isaías, 14 anos, pediu um tratamento dentário
"Moro com minha mãe e cinco irmãos"
Fotografia: Vinícius Menna

FUNCIONÁRIOS SE EMOCIONAM COM OS PEDIDOS

O Papai Noel dos Correios já foi responsável por renovar a esperança de muitas crianças potiguares. Os exemplos de pedidos que foram concedidos através do projeto são os mais variados, chegando ao ponto de incluir um transplante de córnea. Em 2004, a então menina de 11 anos Tatiane Lima pediu o órgão ao Papai Noel. Apesar de não ter conseguido na época, a divulgação de sua carta, em reportagem da TRIBUNA DO NORTE, oportunizou a sua família doações e ainda a realização de um outro desejo: a menina ganhou uma bicicleta que tanto queria.

“São crianças realmente de áreas carentes, às vezes de áreas rurais, em que os pais são agricultores e que tem necessidades básicas mesmo. Muitas dessas crianças não tem às vezes a figura paterna em casa, é só a mãe que está batalhando ali para garantir aquele sustento. Em geral, são dependentes do Bolsa Família para poder garantir a alimentação”, relata Halinna Dantas, que coordena o projeto.

Segundo ela, durante o trabalho de cadastro das cartas que chegam aos Correios, é comum ver as funcionários em meio às lágrimas durante o trabalho. “São as  ajudantes de Papai Noel”, brinca Hallina.

A coordenadora cita alguns pedidos como os que mais marcaram: um emprego para a mãe; um carrinho de cachorro quente para sustentar uma família que nem móveis tinha em casa; uma certidão de nascimento para uma criança que estava em adoção irregular.

“A gente poder oportunizar uma esperança, um sonho realizado através dessas cartinhas. Eu acredito que não é só uma realização para a criança, mas também para quem colabora com a campanha”, avalia Hallina Dantas.

PEDIDOS

Eu sou Isaías, tenho 14 anos, estudo no 4º ano e não sei escrever. Tenho problema cognitivo, moro com minha mãe e cinco irmãos e todos na minha casa têm problema cognitivo. Mas problema mesmo é que eu tenho todos os dentes estragados. Gostaria muito de ganhar um tratamento dentário”.

“Querido Papai Noel, o meu pedido é uma cama para a minha mãe e meu irmão dormir confortáveis. Mas Papai Noel, se você não conseguir, pode ser um kit escolar de qualquer personagem”.

“Tenho vontade de ter brinquedos e não posso. (…) Gostaria muito de ganhar uma boneca da Mônica. Se não for possível, gostaria de ganhar também um conjunto de panelinhas”.

“Na minha casa mora muita gente porque tenho 10 irmãos, mas dois já casaram. A gente mora com a minha mãe e o meu pai mora em outro lugar. (…) Eu gostaria de ganhar uma roupa nova porque minha mãe ganha pouco e não pode comprar roupa para todo mundo lá em casa”.

“O que meus pais ganham não dá para comprar o que eu quero. Comigo tenho mais de 4 irmãos e as despesas são muitas, por isso quero ti pedir amigo Papai Noel meu material escolar completo para diminuir os gastos dos meus pais”.

“Eu gosto muito de ficar bonita e gostaria de ganhar uma roupa e um sapato para usar no Natal. Se o sapato for caro, pode comprar uma percata. Também gosto de brochinho de cabelo”.

COMO FAZER

Se dirija a uma agência dos Correios das 8h às 17h e informe a intenção de adotar uma cartinha

ESCOLHA
Nas agências, você poderá escolher uma cartinha disponível para adotar

ENTREGA
Os presentes devem ser entregues até o dia 12 de dezembro nas agências para posterior entrega pelos Correios. Por questões de segurança, a entrega direta é vetada

INFORMAÇÕES

Em caso de dúvida, os Correios oferecem os telefones 3003-0100 (capitais e regiões metropolitanas) e 0800-725 7282 (demais localidades)

...fonte...
TRIBUNA DO NORTE

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