abril 04, 2013

LUZ E AÇÃO PARA A CINEMATECA POTIGUAR

 
CINEMATECA  POTIGUAR
Projeto em desenvolvimento no IFRN-Cidade Alta, Natal/RN,
abre espaço para produções audiovisuais com pretensões de se 
transformar em local para pesquisas, exibições e debates
Arte: Reprodução/Divulgação

 CINEMATECA ABRE ESPAÇO PARA O AUDIOVISUAL POTIGUAR

Por
Alexis Peixoto
Tribuna do Norte

Imagine um espaço onde qualquer interessado em cinema possa assistir ou pegar emprestado filmes potiguares. Imaginou? Essa ideia está prestes a sair do papel graças à iniciativa da videomaker e jornalista Maryland Brito, que dá os toques finais no projeto da Cinemateca Potiguar em andamento na unidade Cidade Alta  do Instituto Federal do RN (IFRN). A criação do espaço coincide com a formatura da primeira turma do curso de Cinema da Universidade Potiguar (UnP), onde menos de um terço da turma original concluiu o curso. Os dois fatos, embora apontem em direções distintas, reaquecem a discussão em torno do audiovisual no Rio Grande do Norte.

Em linhas gerais, a Cinemateca Potiguar vai funcionar como uma videolocadora só de vídeos potiguares, onde qualquer pessoa interessada pode retirar os filmes, mediante cadastro e de forma gratuita. O espaço também funcionará como ponto de exibição e local de pesquisa. Para este último fim, uma pequena hemeroteca será montada no local, reunindo material publicado na imprensa sobre o audiovisual potiguar.

Maryland Brito explica que a ideia de criar o acervo de vídeos potiguares partiu da dispersão entre as pessoas que compõem o setor. “Em conversas com outros realizadores  fui percebendo que nós mesmos, que militamos no audiovisual potiguar, desconhecemos muita coisa que se produz aqui no Estado”, disse. “A ideia é centralizar as informações  para facilitar o acesso e promover a difusão”, explicou.

 NATAL/RN
A Capital potiguar está  inserida no Sistema Nacional de Cultura do MINC
Um dos fatos mais relevantes para a política cultural da cidade 
Fotografia: Canindé Soares   
 
MOSTRA NO MINC NORDESTE

Para compor o acervo da Cinemateca Potiguar, Maryland Brito pede a colaboração dos próprios realizadores: os filmes podem ser entregues durante o horário comercial na chefia de gabinete do IFRN-Cidade Alta. No envelope, deve constar ficha técnica e quatro cópias do vídeo em formato DVD: uma para empréstimo, outra para exibição na Cinemateca e uma terceira para reserva técnica.

A quarta cópia poderá ser enviada para a Sede Nordeste do Ministério da Cultura, em Recife, onde uma mostra dedicada ao audiovisual norte-riograndense vem sendo articulada.

A oportunidade já pode ser considerada uma conquista da Cinemateca Potiguar. Ao saber sobre o processo de criação do espaço, o Minc Nordeste abriu dois meses de pauta em sua sede para exibição de vídeos potiguares. Em troca, a Cinemateca Potiguar receberá uma mostra de filmes pernambucanos.

“Temos até o final de abril para enviar uma lista com os filmes selecionados para a mostra. Já conseguimos o espaço, só falta o pessoal enviar os filmes”, pede Maryland Brito.    
 
  "VIVA O CINEMA BRASILEIRO"
Quiteria Kelly no Longa de Buca Dantas
Fotografia: Divulgação 
 
PÚBLICO TEM INTERESSE

Como parte do projeto da Cinemateca Potiguar, uma pesquisa foi realizada entre espectadores de cinema para medir o interesse e conhecimento  sobre a produção local. O resultado foi surpreendente: mais da metade dos entrevistados se mostrou interessada no cinema potiguar.

De um universo de 56 entrevistados, 43 disseram ter assistido filmes potiguares recentemente.  Desses, 15 lembraram do nome dos filmes que assistiram – o documentário “Sangue do Barro” de Maryland Brito e Fabio DeSilva e o longa “Viva o Cinema Brasileiro”, de Buca Dantas foram os mais citados - fotos acima. Todos os entrevistados se disseram interessados em conhecer a produção cinematográfica potiguar.

A pesquisa foi feita pelo estudante de Produção Cultural do IFRN Cristiano Micussi, durante a edição 2012 do Goiamum Audiovisual e nas duas redes de cinema de Natal, nos horários de maior movimento. Micussi também conduziu uma pesquisa semelhante com realizadores potiguares, que elencaram algumas das principais dificuldades na produção. Captação de recursos, acesso à equipamentos e distribuição dos filmes foram os problemas mais citados.

 
  MARY LAND BRITO
Luz, câmara mas falta ação!
Produtores natalenses reconhecem que faltam apoio
 do poder público, cursos de formação e interação 
entre eles para fomentar a cena local
Fotografia: Divulgação 
 
HÁ MERCADO PARA CINEMA

Se a Cinemateca Potiguar gera otimismo, a formatura da primeira turma de Cinema da UnP tem um sabor melancólico. Dos 25 alunos que se matricularam em 2009, apenas quatro se formarão no final desse semestre.

O coordenador do curso e cineasta Fabio DeSilva admite que o número é pequeno, mas chama atenção para o fato de que muitos dos desistentes continuam trabalhando na área. “Mesmo os que desistiram continuam produzindo com a experiência adquirida no curso”, diz.

Em 2012 e 2013, o curso de Cinema não abriu novas turmas por falta de demanda. DeSilva lamenta, mas diz que o “hiato” será aproveitado para reestruturar o curso e que, em breve, novas turmas serão ofertadas.

Apesar da aparente falta de interesse de novos estudantes, o coordenador acredita que existe mercado para os formandos em cinema – em especial na área de publicidade e nas emissoras de televisão locais. Para ele, o problema mais grave do setor é a falta de organização.

“Enquanto o setor não se organizar, não vamos conseguir crescer. Se formos comparar com outros estados, estamos muito atrás da Paraíba, por exemplo”, afirma. “A criação da Cinemateca Potiguar é um ótimo momento para que possamos aprofundar as discussões em torno da captação de recursos, mecanismos de produção, distribuição e capacitação de pessoal”. 

Maryland faz coro com o colega cineasta. Para ela, a falta de organização se reflete na pouca variedade da produção. 


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