março 25, 2013

A ESSÊNCIA DO DESIGN POTIGUAR

  FELIPE BEZERRA & ANDRÉ GURGEL
O arquiteto Felipe Bezerra, 42 anos, e o designer gráfico André Gurgel, 25 anos, foram buscar no sertão a essência de um trabalho que nem começou direito e já conquistou o primeiro grande prêmio internacional. A mula preta cantada por Luiz Gonzaga  é a inspiração de uma dupla  premiada do designer potiguar. Eles viajam à Europa em abril em busca dos prêmios.
Fotografia: A`Design Award & Competition

 O DESIGN PREMIADO DO MULA PRETA

Por
Yuno Silva 
Tribuna do Norte

Pare um instante e olhe ao redor. Atente nos objetos e equipamentos à sua volta, repare na roupa que está vestindo, no seu calçado, celular, guarda-chuva. Agora preste atenção onde e como está lendo esta notícia: se na versão impressa ou digital? Se está no carro ou no ônibus; tomando café ou almoçando. Independente de onde esteja, você está cercado pelo design – seja ele agradável ou não (aos olhos), funcional ou não. Desde xícaras e talheres a fachada de um edifício, um panfleto ou o visual de uma página eletrônica... tudo é design e foi pensado para desempenhar determinada função. 

O que diferencia um produto do outro, por mais que sirvam para a mesma coisa, é a aplicação de conceitos e soluções que agregam valor e fazem de uma cadeira uma obra de arte. É neste universo, do design enquanto arte funcional, que se insere o estúdio potiguar Mula Preta Design, único representante brasileiro premiado no evento A’Design Award & Competition, de Milão (Itália). 

 BANCO CENTOPÉIA
Faturou a prata no evento italiano e terá produção limitada 
com lançamento em Natal/RN no mês de maio
Fotografia: A`Design Award & Competition

Criado em 2012 pelo arquiteto Felipe Bezerra e pelo designer André Gurgel, o Mula Preta teve os três projetos inscritos na categoria móveis reconhecidos pelos jurados: a poltrona “Basquete” (feita de couro e espuma) faturou o ouro, a poltrona “Nest” e o banco “Centopeia” (em madeira) levaram prata, e a cadeira “Reta” (de plástico injetado) ficou com o bronze.

Os projetos vencedores foram anunciados logo após o Carnaval e a entrega dos prêmios acontecerá no próximo dia 15 de abril. Vale registrar que em cada uma das 80 categorias do evento italiano, criado há três anos e já entre os principais do gênero no mundo, são distribuídos vários prêmios de 1º, 2º e 3º lugares. Os projetos 'top' são agraciados com o troféu platina e ainda há espaço para menções honrosas. Outro detalhe a ser ressaltado é a posição do Brasil no ranking elaborado pela A'Design Award, que saltou do décimo lugar para o sétimo com o desempenho da dupla potiguar.

POLTRONA BASQUETE
 Menina dos olhos do estúdio Mula Preta
Poltrona em formato de bola de basquete é Ouro na Itália.
 Em couro e espuma, foi a grande vencedora em sua categoria
 no A`’Design Award & Competition, de Milão.  
Fotografia: A`Design Award & Competition

Como arquiteto sempre tive a satisfação e o interesse em mostrar o lado artístico do meu trabalho”, disse Felipe Bezerra. “Por isso vejo o estúdio Mula Preta como uma boa oportunidade de extravasar esse lado da arquitetura e do design”. Felipe lembra que o design brasileiro, de uns 10, 15 anos para cá, disparou no mercado internacional. “Não só a produção atual como a de outras épocas”, ressaltou.

Os próximos passos de Bezerra e André Gurgel é participar de festivais semelhantes, como o conceituado Red Dot Award que acontece em Singapura, na Ásia, e tentar viabilizar a fabricação dos móveis – que ainda permanecem apenas como projetos eletrônicos.

“Por enquanto o único que será produzido é o banco Centopeia, por uma empresa aqui do RN, a ser lançado durante um evento de design aqui em Natal no mês de maio. Vamos fazer uma edição limitada de 99 peças”, disse o arquiteto. A outra meta é tentar emplacar a poltrona “Basquete” nos Estados Unidos.

André, que participou de forma individual da edição 2011 do A’Design Award, ganhou prêmios pela poltrona ‘namoradeira’ “Fluens” e pelo abajur “Six Table”. “Cheguei a visitar uma fábrica de móveis em Gramado (RS) para ver a viabilidade de fabricar a Fluens”, informou o designer.

POLTRONA "NEST"
Também premiada no A`’Design Award & Competition, Milão
 Um festival de Cingapura e o Museu da Casa Brasileira, 
em São Paulo, estão na mira da dupla em 2013.
 Fotografia: A`Design Award & Competition  
 
OUSADIA DEPENDE DO MERCADO

Autor do projeto Hermes 880, um prédio comercial semelhante a uma pilha de livros que será construído na Av. Hermes da Fonseca, Tirol, o arquiteto Felipe Bezerra contou ser difícil erguer projetos arrojados em mercados considerados pequenos. “É preciso ter capital circulando para viabilizar edifícios conceituais. Aqui em Natal, apesar da expansão, estamos limitados ao perfil do mercado, as contas precisam bater no final de uma obra, mesmo assim sempre procuro incorporar algum diferencial nos projetos que faço da Ecocil”.

Para ele, que atua fortemente na área da construção civil, qualidade de vida também inclui viver rodeados de belos prédios. “Poucas empresas que atuam na capital potiguar se preocupam com o design dos edifícios, e “investem em prédios como mera 'commodities' (mercadoria)”, avalia Bezerra.

ECOCIL -  FÁBRICA DE SONHOS
A maior e mais tradicional empresa de construção civil do RN
Fundada em 1948, permanece em modernização e atividades ininterruptas
Fotografia: Divulgação

 ANTIGA SEDE DA ECOCIL PODE VIRAR ESPAÇO CULTURAL

Questionado sobre os rumos da urbanização natalense, o arquiteto chama atenção para o propalado legado da Copa do Mundo: “No final das contas trocamos seis por meia dúzia (o Machadão pelo Arena das Dunas), pois não acredito que a prometida infraestrutura e as obras de mobilidade irão sair até a Copa”, critica.

Quanto a também prometida (e tantas vezes anunciada) revitalização da Ribeira, Felipe Bezerra diz que só será possível com a “união de empresários e poder público”. Ele adiantou que a antiga sede da Ecocil, que funcionava na Av. Tavares de Lira, poderá ser transformada –  “em breve” – em um espaço cultural. “A Ribeira é o melhor lugar para abrir um restaurante, para investir em entretenimento, e pra dar vida ao bairro só uma urbanização definitiva, um programa de incentivos fiscais”. Bezerra reforça a importância de um museu sobre a Segunda Guerra Mundial e que o Museu da Rampa precisa ser pensado de forma integrada com o Canto do Mangue, Rua Chile e Praça Augusto Severo.

...fonte...
Yuno Silva
 www.tribunadonorte.com;br
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 www.mulapretadesign.com
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março 22, 2013

SEM JAMAIS PERDER A TERNURA

DANIELLE FILGUEIRA
 Delegada Adjunta da Deicor
Elas são lindas, jovens e poderosas... E andam armadas!
Cada vez mais assumem cargos de comando nas polícias brasileiras.
Na novela ‘Salve Jorge’, a delegada Helô, personagem da atriz 
Giovanna Antonelli, reflete um pouco essa nova realidade.
 O ambiente pode ser masculino, mas está mudando!
 Fotografia: Eduardo Maia/NJ 
 
 DELEGATAS

 Por
Talysson Moura  
 DO NOVO JORNAL

O sucesso da atriz Giovanna Antonelli na novela Salve Jorge tem sido tão grande que ela “roubou” a atenção dada pelos autores à protagonista Morena, vivida por Nanda Costa. O estilo “perua chique” da delegada - o celular com capa de “soco inglês”, muita pantalona, calças de corte reto e muitos acessórios - faz sucesso entre as mulheres.
 
Se Helô, vivida por Giovana Antonelli na novela Salve Jorge, existisse fora da ficção, ela certamente formaria neste time da nova safra de delegadas da vida real. Trabalhando no Rio Grande do Norte, seria colega de Danielle, Karen e Karla, mulheres de carne e osso que dão forma e graça à personagem de ficção mais comentada do folhetim das nove. Femininas, vaidosas e perspicazes, elas não abrem mão do salto alto nem da pistola calibre 40 na cintura. Com muito blush, batom, lápis de olhos e muita disposição, estão mudando a cara da Polícia Civil no Rio Grande do Norte.
 
Neste time de beldades (quase) anônimas, talvez seja dela o troféu “vaidade”. A delegada adjunta de Combate ao Crime Organizado, Danielle Filgueira, 29, antes de conversar com a reportagem, gastou pelos menos cinco minutos na frente do espelho. Produção impecável. Mas transformação mesmo acontece é quando ela se prepara para cair em campo. Prende o cabelo, troca a roupa justa por uma preta folgada, retira brincos e relógio, substitui o salto alto pelas botas táticas e não tem quem segure.

Foi assim, esquecendo a vaidade, que ela participou recentemente de um curso de técnicas e táticas policiais, considerado muito pesado para o dito “sexo frágil”. Ficou exposta a gás lacrimogêneo, spray de pimenta, fez patrulhamento, executou exercícios de força e, para sua surpresa, mesmo com a maioria esmagadora masculina, repetiu o desempenho que já tinha obtido no curso de formação geral da Polícia Civil: tirou o primeiro lugar entre todos os participantes, homens e mulheres.

Nas mãos, contrastando com as unhas muito bem feitas, carrega as marcas das flexões que fez no chão com punho cerrado, de igual para igual com os demais homens que participaram do curso. “Era no sol, sangrando, e eu lá. Igual a homem. Joelhinho no chão não tem, mãozinha aberta não tem”, contou orgulhosa.

Participar de cursos como este ajuda a jovem e bela delegada a se firmar num meio prioritariamente masculino. Ela foi a única mulher, em meio a 239 homens, a participar de um curso oferecido pela Swat com policiais do mundo inteiro. Danielle ressalta, contudo, que há muito respeito dos colegas. “É engraçado; eles me protegem. ‘Ali é nossa companheira de equipe e a gente está do lado dela. Ninguém mexa com ela’. Acho isso muito bacana”, reforçou.

A policial durona é casada. E por causa da profissão que toma boa parte do seu tempo, sofre cobranças do marido, dos familiares e dos amigos. “Mas com aquele jeitinho feminino, a gente consegue contornar ”, brincou. E ser policial, revela, não é para quem quer, mas para quem ama. Uma certeza que ela tem desde os nove anos de idade, quando trocava as brincadeiras com a Barbie pelo “polícia e ladrão” com os meninos na rua. Aos 10 anos de idade já atirava com o pai, caçando arribaçãs na zona rural de Pedro Avelino.

O lado policial, conta, nunca entrou em conflito com o lado vaidoso. Cada um no seu espaço. “O único momento em que eu desço do salto, feliz, é quando ponho minha bota tática”, afirmou. Por outro lado, é ‘masculinizada’ para realizar os treinamentos, mas não reclama: “depois volta tudo ao normal”.

Vaidosa assumida, ela conta que investe pesado para se manter bem. Não se priva de comprar uma maquiagem de marca ou um perfume francês. “Sou vaidosa ao extremo. De investir mesmo em mim. Trabalho para isso”, brincou. Para cuidar do corpo, ela faz muay tai três vezes por semana, além dos treinamentos diários na Deicor, de defesa pessoal e educação física.

 GIOVANNA ANTONELLI 
Personagem em 'Salve Jorge' inspira mulheres a entrar na polícia. 
Carreira exige diploma de Direito e concurso público
 Fotografia: Divulgação/Globo
 
PLANOS

Sua trajetória na Polícia Civil do RN começou pela Divisão de Polícia do Oeste (Depoe), ao lado do delegado Odilon Teodósio. Passou no concurso, logo após terminar o curso de Direito, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Agora, sonha alto: quer ser a primeira mulher do grupo de operações especiais, uma equipe de elite que está sendo criada no estado.

No segundo dia de polícia, participou do caso Cinthia Lívia, menina assassinada por um vizinho em Tibau. No dia em que o assassino foi descoberto, ela teve que agir rápido para que a população não ateasse fogo na casa do criminoso com o filho dele, de apenas 14 anos, dentro do imóvel. Interviu pulando o muro da casa e assumindo a linha de frente contra o ataque.

Cair em campo, aliás, é o que a delegada Danielle mais gosta de fazer. Ela entende a importância do trabalho burocrático, mas gosta mesmo é de ação. “Eu boto uma pistola na cintura, boto uma arma longa e vou mesmo. E gosto de estar na primeira equipe, que é a equipe de entrada”, revelou.

Outro caso marcante para ela foi a operação Mal Assombro, que resultou na prisão do presidente da Câmara dos Vereadores de Assu, Odelmo de Moura Rodrigues. Danielle conta que teve que lidar com pessoas realmente muito perigosas e que tentaram intimidá-la.

Como meta, ela ainda espera mostrar que a polícia civil merece um crédito da sociedade. “Quero mostrar que a gente quer trabalhar, quer fazer, só precisa de investimento. Só precisa que o governo olhe um pouquinho para a gente, dê um pouquinho de estrutura”.

 KAREN LOPES
Delegada da Mulher
 Fotografia: Eduardo Maia/NJ

"NENHUM DELEGADO TEM A PRODUTIVIDADE QUE TENHO"

Confiante em seu trabalho, a delegada garante que é a policial que mais remete inquéritos de todo o estado. Só em um mês, são concluídos mais de 100 inquéritos. No ano passado, foram mais de 900. “Nenhum delegado tem a produtividade que eu tenho, de remeter tantos processos à justiça. De cumprir tantos procedimentos. Isso eu posso garantir. Eu aposto meu salário”, destacou.

Por dia, ela trabalha de dez a doze horas, o que consome também parte de sua vida pessoal. Nunca conseguiu trabalhar oito horas, como lhe é permitido. “Eu fiz disso aqui a minha vida”, contou a jovem delegada que é natural do Paraná. Hoje, ela mora com um noivo que veio de sua terra natal para acompanhá-la. O filho de três anos ficou com os avós. “Pela profissão, eu prefiro que esteja longe, não corra nenhum risco”.

Para exercer o ofício, a delegada reclama principalmente da falta de estrutura operacional. “Eu não vejo nossa profissão com glamour nenhum. Eu vejo com muito trabalho. Trabalho, trabalho, trabalho, e falta de estrutura. E sempre batendo nesta tecla, tentando melhorar as coisas. Eu me sinto indignada com as coisas, quero mudar, mas não sei. Já é assim há tanto tempo... e todo mundo empurrando com a barriga”, lamentou.

Nunca, reforçou, a Delegacia da Mulher esteve com apenas um delegado no comando. A jovem, de cabelos longos e claros, está substituindo sozinha outros três colegas. Antes de ser designada para o posto que ocupa atualmente, ela ficou à frente da delegacia de Caraúbas, no oeste potiguar, e outras cinco cidades.

Manter a vaidade é algo que ela não abre mão. Apesar de não viver em salões de beleza, mantém unhas e cabelos sempre impecáveis. E depois que foi para a Delegacia da Mulher, passou a se maquiar um pouco mais. Nos pés, sempre um salto alto, que destaca os seus quase 1,70 de altura.

Sustentar a feminilidade e doçura, sem abrir mão da firmeza, é encarado como um desafio. “A polícia endurece as pessoas. Sinto muito isso de muitos delegados antigos, que são duros mesmo. Eu não quero que isso aconteça”, destacou. “Até pelo tipo de trabalho que eu tenho, que é mais de atendimento ao público, com mulheres vitimizadas”, completou.

CARLA REGO
Delegada da Dehom (Homicídios)
 Fotografia: Eduardo Maia/NJ

“ANTES DE SERMOS DELEGADAS, SOMOS MULHERES” 

A vontade de ingressar na Polícia Civil, contou, surgiu ainda na faculdade de Direito, concluída na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O que chamou a atenção da Karla universitária foi a dinamicidade do trabalho, segundo ela, pouco presente nas demais carreiras jurídicas. “O dia a dia é bem corrido. Todo dia é uma emoção diferente. Aqui, a gente não tem rotina”.

Antes mesmo de terminar a faculdade ela começou a fazer cursinhos preparatórios. A meta inicial era a Polícia Federal. Na época havia uma expectativa de que fosse lançado um edital pra concurso, o que não ocorreu até hoje. Antes, porém, surgiu o concurso para a Polícia Civil na Paraíba e no RN. “Eu estudei com muito afinco durante três ou quatro meses. Dedicação exclusiva, porque é um concurso muito difícil. E tive a sorte de passar aqui e na Paraíba”, contou.

Em João Pessoa, foi delegada da Mulher. Ela conta que ser delegada não é um trabalho fácil, assim como de toda a polícia. Karla ressalta que é um ofício em que é necessário pensar rápido e em que há um estresse enorme por se tratar, sempre, de um momento muito delicado tanto para os familiares das vítimas quanto para os próprios suspeitos.

Na delegacia, onde fica a maior parte do tempo, tenta estar vestida sempre à altura do cargo, mas não se vê escrava da moda. Até porque não pode aderir aos decotes nem usar roupas curtas. Tem que estar sempre muito bem coberta, já que recebe suspeitos, representantes do Ministério Público e até presos.

Na delegacia, ela destaca que o caso de maior relevância já desvendado por sua equipe foi o assassinato do sargento da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, Haroldo Lasmar Alves Cardoso, ocorrido na manhã do dia 24 de fevereiro de 2012.

Assim como as outras delegadas, não reclama de assédio nenhum por parte dos colegas de profissão. Pelo contrário, sente que eles evitam assuntos muito masculinos e ficam até constrangidos quando soltam alguns palavrões na sua frente.

  SHEILA DE FREITAS
Primeira mulher a comandar a Delegacia 
Especializada de Combate ao Crime Organizado
  Fotografia: Eduardo Maia/NJ

Solteira, a delegada confidencia que a profissão de certa forma intimida alguns homens, assim como as demais profissões em que as mulheres estão no comando, mas ela reage a isso com tranquilidade.

As características femininas, revela, ajudam na investigação. A perseverança, a curiosidade e determinação das mulheres já haviam quebrado a resistência masculina antes de sua entrada na polícia, com a chegada de outro time de mulheres, com Margareth Gondim, eternizada na Delegacia da Mulher, e Maria do Carmo. “Elas já tinham aberto as portas para a gente, tinham vencido essa barreira. E com o sucesso delas, foi possível que a gente fosse melhor aceita”, analisa.

A delegada é casada e tem três filhos. A rotina na polícia, para ela, atrapalha muito a vida pessoal, já que apesar de ter horas determinadas, sempre acaba havendo uma sobrecarga maior, por causa das necessidades que vão surgindo.

Com relação à vaidade, conta que não tem restado muito tempo para se dedicar aos cuidados. Ainda assim, estava impecavelmente vestida, cabelo arrumado, unhas feitas - com a unha do dedo anelar pintada de dourado -, blusa bem estampada e de salto alto. Para justificar a produção, modestamente, revelou que vinha de uma reunião com o secretário de segurança.

Para tudo o que se propôs fazer sempre fez com dedicação e amor, ressalta Sheila, o que para ela é o segredo do trabalho bem feito. Dos casos mais marcantes, ela lista o sequestro do jovem Popó Porcino, desvendado em pouco tempo e com desfecho muito positivo no ano passado. Outros casos que ganharam muita repercussão foram o estupro de várias jovens em uma granja e o assassinato de um pastor em uma duna. Para as novatas, ela dá apenas um conselho. “Polícia não é para quem quer. É para quem gosta”.

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www.novojornal.jor.br

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março 18, 2013

UMA CIDADE, MUITOS CASCUDOS

CÂMARA CASCUDO
Ilustre folclorista empresta seu nome para biblioteca, museu, memorial,
instituto, bistrô, livraria, rua, avenida, agência bancária e dos correios;
ainda assim, muitos conterrâneos não o conhecem
Fotografia: Acervo

 UMA CIDADE, MUITOS CASCUDOS

Por
Henrique Arruda
Do Novo Jornal

Pesquisador, folclorista, escritor, professor, mas também nome de livraria, faculdade, agência bancária, bistrô, biblioteca, museu, rua, avenida, instituto... Câmara Cascudo, em Natal, significa muito mais do que os livros de história ou a Wikipédia podem contar a quem não nasceu por essas plagas. São muitos e variados os espaços localizados nesta cidade que prestam homenagem ao icônico potiguar falecido em 1986. Ainda assim, seus familiares e guardiães de sua obra consideram que os conterrâneos precisam valorizar e conhecer mais profundamente aquele que, dizendo-se provinciano incurável, foi e é cultuado por escritores e estudiosos de renome nacional.

Ainda em vida, Cascudo participou de uma homenagem significativa, a da criação de uma Biblioteca Pública Estadual, que pouco depois de inaugurada recebeu o seu nome. A ideia da homenagem partiu do poeta e atual presidente da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, Diógenes da Cunha Lima, que na época presidia a recém-criada Fundação José Augusto, responsável por gerir as atividades culturais do Estado.

BIBLIOTECA CÂMARA CASCUDO
Cenário desolador, triste  e,  há pelo menos seis anos,
camadas de poeira, mofo e descaso público 
acometem a Biblioteca Câmara Cascudo
Fotografia: Cláudio Abdon

“Ele (Cascudo) esteve na inauguração, fez um discurso marcante e, entre outras coisas, comentou que uma biblioteca poderia ser um depósito de livros ou um instrumento vivo de cultura e que esperava que aquela biblioteca seguisse a segunda opção”, lembra Cunha Lima.

Funcionando ainda hoje em seu endereço original, na Rua Potengi, Petrópolis, a biblioteca ironicamente vem seguindo justamente o caminho que Cascudo temia: o de um depósito de livros. Agora, o espaço espera por uma reforma que, depois de tantos prazos adiados, finalmente vai sair do papel. “Está prevista para começar daqui a 60 dias, mas a documentação é muito burocrática. Toda vez que enviamos uma parte à Brasília, novos documentos são exigidos”, explica o diretor da biblioteca Márcio Farias.

Com a neta Daliana e o neto Newton
Luís da Câmara Cascudo foi um historiador, antropólogo, advogado
 e jornalista brasileiro. Passou toda a sua vida em Natal 
e dedicou-se ao estudo da cultura brasileira
 Fotografia: Carlos Lyra

Os recursos, cerca de R$ 1,5 milhão, financiados pelo Ministério da Cultura, irão servir para reformar toda a estrutura física do prédio. Por enquanto, os funcionários estão guardando o acervo em caixas para que, durante as obras, os 100 mil livros, aproximadamente, fiquem no Centro Experimental da Fundação José Augusto. “A gente ainda está recebendo novos títulos, mas agora todos estão sendo guardados porque o prédio precisa ser desocupado”, complementa Farias.

Quem vai ao Teatro Alberto Maranhão e precisa voltar para o centro da cidade terá que passar pela antiga Avenida Junqueira Aires, agora denominada Avenida Câmara Cascudo. É nela que funciona o Ludovicus – Instituto Câmara Cascudo, na casa que pertenceu ao mestre da cultura popular. Ele comprou o imóvel de sua sogra, dona Maria Leopoldina Viana Freire, e ali viveu cerca de 40 anos até o fim de seus dias em 1986.

Após o falecimento de sua esposa Dáhlia, em 1997, a casa permaneceu sob os cuidados da filha Anna Maria Cascudo que, em 2005, resolveu reformar a estrutura do local - seriamente comprometida por uma infestação de cupins no telhado. E assim, em 2010, o espaço foi aberto para o público. Quem vai ao Instituto pode ter a certeza que vai encontrar a casa “do jeito que o mestre deixou”.

 MUSEU CÂMARA CASCUDO
O Museu foi criado no dia 22 de novembro de 1960 como
 Instituto de Antropologia da Universidade do Rio Grande do Norte (IA/URN),
 federalizada nesse mesmo ano, passando a chamar-se 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
 Fotografia: Acervo do Arquivo do Museu Câmara Cascudo

“É a casa dele. Não alteramos nada, o museólogo foi ele mesmo”, brinca a sua neta e diretora do Ludovicus, Daliana Cascudo, explicando que é muito importante a preservação de cada detalhe para que o público e pesquisadores se tornem mais íntimos da figura do seu avô. “Cascudo só dormia em rede, por exemplo, e lá está ela na casa também”, exemplifica.

Além da preciosa pinacoteca particular, do mobiliário de época e da coleção de comendas, a biblioteca também chama atenção por ter suas paredes autografadas. O acervo pode ser consultado no local e muito em breve ainda vai ganhar um atrativo a mais: três terminais de consulta para as 27 mil cartas digitalizadas que Cascudo trocou com diversos protagonistas da literatura nacional, como Mário de Andrade e Monteiro Lobato.

 CASA DE CÂMARA CASCUDO - INSTITUTO LUDOVICUS
Fotografia: Canindé Soares

“A gente contratou uma empresa local e digitalizamos todo o acervo. É um material impressionante porque o seu principal meio de pesquisa era a correspondência por cartas. Ele escrevia perguntando as pessoas como era tal coisa no lugar delas e assim ia tomando anotações. Ele amava isso”, comenta Daliana, garantindo que, se Cascudo estivesse vivo, certamente seria bastante popular nas redes sociais.

“Eu não tenho dúvidas que ele seria ligado demais no facebook e iria manter bem atualizado o seu perfil no twitter, porque inclusive, em algumas cartas, reclama do tempo que demorava para obter uma resposta; imagina ele em contanto com essa interação imediata que a internet proporciona?”, vislumbra.

 Visita de Gilberto Freyre a Câmara Cascudo, em 1984.
Em pé, Fernando Luis (filho de Cascudo) e, sentada, Dona Dahlia (esposa)

Fotografia: Acervo

PESQUISA

Ainda de acordo com Daliana, os terminais de consulta para as cartas de Cascudo estarão abertos ao público a partir deste mês. “Qualquer pesquisador poderá ter acesso, basta ligar com antecedência e agendar uma hora. Fizemos questão de preservar as características originais de cada carta, então tem muitas anotações de rodapé que ajudam bastante nas pesquisas”, garante.

O instituto também é importante por reunir e disponibilizar para venda toda a obra já lançada por Cascudo. “Então não tem desculpa para dizer que não encontrou o livro. Temos tudo, inclusive alguns trabalhos acadêmicos sobre ele também”, garante a diretora do instituto, dando uma dica para quem ainda não conhece a obra do mestre. “Comecem por Dicionário do Folclore Brasileiro, que atualmente está na 3ª edição pela Global Editora”, indica.

“É um índice para tudo o que ele vai desenvolver em outros livros, muito embora não tenha escrito Dicionário do Folclore Brasileiro primeiro. Acaba sendo interessante porque você lê sobre quase tudo o que ele escreveu: danças, superstições, alimentação, vaquejada, contos...”, justifica.

MEMORIAL CÂMARA CASCUDO - NATAL/RN
FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO QUER MODERNIZAR O MEMORIAL

Um acervo com mais de 10 mil ítens com informações sobre 
folclore, religião e biografia de Luís da Câmara Cascudo

fotografia: Y. Masset

MEMORIAL E MUSEU
ESPAÇOS PARA VISITAÇÕES

Ainda na Cidade Alta não se espante ao encontrar Câmara Cascudo em cima de uma mão nas proximidades da praça André de Albuquerque: é apenas o monumento que recebe o visitante na entrada do Memorial que também leva o nome do ilustre potiguar. Lá dentro, algumas salas foram reservadas para lembrar os caminhos que ele explorou durante a elaboração de suas obras, desde os cordéis até as crenças populares.

O Memorial pode ser reformado ainda este ano. A proposta é inserir a entidade na modernidade, projeto que possivelmente será assinado por um dos museólogos mais respeitados do país, Marcello Dantas. Ele visitou Natal há poucos dias para apresentar esboço do projeto. “Foi ele que criou toda a museografia do Museu da Língua Portuguesa (SP) e é completamente incrível a estrutura de lá”, explica Daliana Cascudo, também é diretora do Memorial.

 MARINA ELALI EM VISITA AO INSTITUTO LUDOVICUS
Fotografia: Rodrigo Loureiro

“Diferente do Instituto Ludovicus, aqui no Memorial as pessoas não vão encontrar nada que pertenceu a Cascudo. É sim um espaço para relembrar sua obra. Agora queremos que ele seja mais interativo e para isso a avaliação de Marcello será fundamental”, completa.

Daliana também aproveita para diferenciar mais um espaço que leva o nome de seu avô, o Museu Câmara Cascudo, localizado na Avenida Hermes da Fonseca. “O Museu pertence à UFRN e não tem nenhum objeto de Cascudo; o nome foi apenas uma homenagem, já que ele foi o seu primeiro diretor”, diferencia.

A homenagem se justifica ainda porque Câmara Cascudo foi professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na disciplina de Direito Internacional, aposentando-se pelo cargo. Em 1971, o mesmo ano de inauguração do Museu, ele recebeu o título de Professor Emérito e, seis anos depois, o de Doutor Honoris Causa. Ainda na UFRN, existe também o Núcleo Câmara Cascudo de Estudos Norte-rio-grandenses [NCCEN].

CASCUDO EM MOÇAMBIQUE - JULHO DE 1963
 Luis da Camara Cascudo em seu livro “História da Alimentação no Brasil” 
 “debulha” as origens desta nossa cozinha tão ampla e misturada que faz 
do ato de comer do Brasileiro, um importante veio cultural
 Fotografia: Ed Keffel, Revista O Cruzeiro

MASCOTE DE LIVRARIA E DA CULINÁRIA

Continuando no centro da cidade, mais especificamente na Avenida Rio Branco, os pequenos podem começar o ano letivo com uma inspiração a mais. É a linha “Cascudinho”, lançada pela Livraria... adivinha o nome? A ideia partiu do empresário Bira Marques, dono da livraria. Além do caderno do Cascudinho, também estão à venda estojos e aventais do personagem. 

“A gente não fez nenhum estudo para que o personagem se parecesse com Câmara Cascudo quando jovem. O traço foi livre, no entanto acho que é mais uma forma de prestar homenagem e foram os próprios internautas que escolheram esse nome”, garante o empresário, contando também que novos produtos estão em estudo para que, no futuro, uma linha maior seja montada com o novo mascote da loja.

Já a escolha para nomear a livraria - que existe há cerca de 15 anos e, além de uma loja na Avenida Rio Branco, possui também uma filial em Parnamirim – ocorreu pela força do nome. “Sem dúvida é um nome forte no Estado”, reforça o empresário, admitindo que ainda não leu toda a obra do folclorista. “Li algumas coisas só”, confessa.

Tendo pesquisas importantes na área da alimentação, não era de se estranhar que Câmara Cascudo também virasse nome de um bistrô. Pois bem, ele está localizado na Praça das Flores, em Petrópolis, sob o comando do chef Daniel Cavalcanti.

 Retrato de Câmara Cascudo pintado por Alice Brandão,
reconhecida nacional e internacionalmente pela sua
obra de mais de quinze mil quadros

“Foi Câmara Cascudo que catalogou a gastronomia nacional, através do livro “História da alimentação no Brasil”. Assim como Cascudo brincava com as palavras, o Cascudo Bistrô brinca com os ingredientes e produtos, então nada mais justo que homenagear uma pessoa tão importante para o Rio Grande do Norte”, justifica o site do restaurante.

No cardápio do bistrô, que fica aberto de terça a sábado, das 18h às 23h, seis opções de salada, além de pratos que lembram bastante o folclorista, como a “Batata Arretada” (batatas rústicas fritas servida com molho picante) e o “Camarão Santo” (Camarão com creme de capim santo e manjericão acompanhado por talharim e caviar de acerola).

De acordo com Daliana Cascudo, restaurantes que levem o nome de Cascudo é uma tendência que vem crescendo entre as homenagens que chegam ao conhecimento da família. “Em São Paulo também pudemos conhecer recentemente o Restaurante Cascudo, que é um lugar completamente deslumbrante. Realmente a “História da Alimentação” elaborada por ele serve como base para muitos chefs, principalmente os que estão interessados nas nossas raízes alimentares”, explica Daliana.

“Nada de muito estranho chegou ao nosso conhecimento não. A gente acha muito interessante as homenagens e até agora sempre foram de coisas ligadas a ele de alguma maneira. É uma forma de mantê-lo vivo”, completa Daliana ao ser questionada se alguma funerária já havia pedido permissão para uso do nome.

E por mais que o ilustre potiguar esteja presente em diversos lugares da cidade, ela ainda considera que o natalense precisa descobrir Câmara Cascudo. “É inevitável, as pessoas conhecem, mas não como eu gostaria. A gente percebe principalmente pelo instituto que muitos pesquisadores são de fora, de São Paulo, Minas e Rio de Janeiro, ele ainda precisa ser mais valorizado pelos próprios conterrâneos”, conclui.

 Cascudo, em sua casa, visitado por duas artistas famosas:
Eva Todor e a francesa Henriette Morineaux

Fotografia: Moraes Neto

NO LOTEAMENTO, POUCOS CONHECEM O PATRONO

Prova de que muitos potiguares ignoram a figura de Câmara Cascudo está na Zona Norte da cidade, onde a maioria dos moradores do loteamento que leva seu nome desconhece a importância do citado personagem que figura como patrono da comunidade. Entre as exceções está a família de Edson Nascimento Gomes, 32, que trabalha como auxiliar de cozinha e já visitou o Instituto Ludovicus.

“Eu sei que tem um Instituto na Ribeira que tem muita coisa dele, já passei e entrei lá, olhei as poesias. É interessante ver esse legado que ele deixou para a cidade”, lembra, perguntando a filha se ela já leu alguma coisa de Cascudo. A pequena Yasmim Silva, de 9 anos, brinca com um óculos escuro e balança a cabeça negativamente dizendo que não, mas o pai duvida. “Acho que ela já leu sim, só não tá lembrada. Lá no Sesc eles colocam muita coisa para ela ler”, opina.

A mãe Francisca Osenilda Gomes, 34, diz que nunca tinha parado para pensar na importância do nome do local em que mora, mas diz que a vida no Loteamento Câmara Cascudo não é das mais tranqüilas, principalmente “mais lá para dentro”.

“Estamos na primeira rua e é bem calmo, mas semana passada mesmo mataram quatro aí pra dentro. O problema com drogas é grande. Nesse momento nosso principal problema é a segurança e o saneamento porque nenhuma das ruas é saneada, mas pelo menos passa coleta”, desabafa o auxiliar de cozinha, que mora com sua família há cerca de 14 anos no local. “Fomos quase os primeiros a chegar aqui”, lembra.

Zila Mamede e Câmara Cascudo 
Fotografia da década de 1960

Na terceira rua, também de areia, assim como todas elas, Waldeci do Monte, de 66 anos, tem um pequeno comércio há 8 anos e também desconhece quem, de fato, seja o potiguar cujo nome todo mês lê impresso nas contas que tem a pagar. “Nunca li nada dele não, mas ouço falar né? e tenho curiosidade de um dia procurar me informar melhor”, garante.

“O senhor acha que se Câmara Cascudo fosse vivo hoje em dia, ele moraria aqui?”, pergunta o repórter enquanto ele vende um refrigerante para uma garotinha que volta pedalando sua bicicleta amarela. “Rapaz, aí é complicado né... a cabeça de cada um é a cabeça de cada um, isso eu não sei lhe responder”, desconversa o comerciante, também reclamando da falta de segurança por aquelas bandas.

Um pouco mais à frente encontramos Maria José ,de 36 anos, carregando no colo um dos mais novos habitantes do Loteamento Câmara Cascudo, o pequeno Isac, com 4 meses. “Eu nunca tive a oportunidade de ler não, mas já ouvi falar sim. Mas vocês vieram aqui num tempo bom danado, precisam voltar quando chove que ninguém consegue passar nessa rua. Tá vendo ali o muro que construí na minha casa?”, indaga e aponta para uma cerca de tijolos bem no portão.

“Pois é um problema sério! as casas ficam cheias de lama, eu fiz esse murinho e todo mundo tem que fazer também. Viver por aqui é ótimo, mas quanto mais lá pra dentro a coisa se complica; semana passada mesmo teve festa aí e mataram umas quatro pessoas, uma delas estava até grávida”, garante a moradora.

 Em 2005, o túmulo do Mestre,  já sofria a ação dos vândalos.
O novo jazigo foi inaugurado em novembro de 2012
e os velhos problemas persistem e
causam transtorno à família 
Fotografia: Júnior Santos 

O TÚMULO NO ALECRIM

O túmulo de Câmara Cascudo fica localizado no cemitério do Alecrim. O novo jazigo foi inaugurado em novembro do ano passado, exatamente no dia de finados. Por mais que agora seja imponente, de mármore na cor preta e ornamentado com a escultura de um livro, também em mármore cinza, a neta Daliana Cascudo conta que velhos problemas persistem e causam transtornos à família.

O túmulo não possui placa de identificação e quem ajuda a reportagem a localizá-lo é o vigia do local. “A gente não aguenta mais tanto roubo. Já roubaram a placa três vezes desde a inauguração do novo jazigo. Por cima do livro tinha a escultura linda de uma pena e roubaram também. É um absurdo o que acontece no cemitério do Alecrim, não somente no túmulo de vovô, mas com todos os outros que também têm visibilidade”, desabafa Daliana.

Agora a família estuda alguma forma de fixar a nova placa, que já está pronta, pela terceira vez. “No jazigo anterior, que era todo em mármore branco, roubaram o Cristo que ficava em cima, as argolas do túmulo... enfim, estamos estudando alguma forma de fixar a placa por dentro do túmulo... eu realmente não sei, mas estamos estudando a melhor possibilidade. Quando eles não roubam, depredam tudo”, completa.

  EFÍGIE DE LUÍS DA CÂMARA CASCUDO
 O principal responsável por tornar conhecidas 
 
figuras fantásticas do folclore brasileiro
 Fotografia: Divulgação

E TEM MAIS...

A reportagem ainda contabilizou com o nome “Câmara Cascudo”: uma rua na Ribeira (onde ele nasceu)o campus da Faculdade Estácio de Sá Natal, localizado no Alecrim; uma Escola Estadual em Candelária; a Lei Estadual de Incentivo à Cultura, uma agência dos Correios na Rua dos Tororós, em Lagoa Nova; uma agência da Caixa Econômica Federal em Ponta Negra e outra do Banco do Brasil na Avenida Salgado Filho. 

“O Banco do Brasil pode fazer referências a pessoas ilustres e como aqui é muito forte a figura dele resolvemos prestar esta homenagem. São 30 mil clientes aqui nessa agência; se formos imaginar quatro pessoas por família, são pelo menos 120 mil pessoas ligadas diretamente ao nome Câmara Cascudo, ajudando a divulgá-lo”, considera Francisco Marlon, gerente de negócios da agência Câmara Cascudo da Avenida Salgado Filho, no Centro Administrativo do Estado, informando ainda que a agência completou 10 anos. Ah! E no passado recente o potiguar famoso também emprestou sua imagem para ilustrar a cédula de 50.000 cruzeiros, lançada pelo Banco Central na década de 90.

...fonte...
 www.novojornal.jor.br

...visite...
www.elfikurten.com.br

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