agosto 31, 2012

A PRINCEZINHA DO ATLÂNTICO NA GLOBO

  NATAL NA  SEGUNDA GRANDE GUERRA
O QUE HOJE NA CIDADE LEMBRA ESSE PERÍODO?

 Com o anúncio de que a Rede Globo vai gravar em Natal/RN
cenas da próxima novela das 6, os empresários do setor turístico
 alertam gestores públicos sobre a necessidade de investir 
na melhoria da infraestrutura da cidade  Fotografia: Canindé Soares   
 
 O CARIBE É AQUI

 Via
Novo Jornal 

Natal será cenário de uma novela global. Não, não será apenas sobre sol e praia; e nem será por um ou dois capítulos, como em ocasiões anteriores. A futura novela das seis, intitulada provisoriamente de “O Caribe é aqui”, está sendo escrita por um dos grandes nomes da teledramaturgia brasileira, o paulista Walther Negrão, e irá tratar dos dramas e amores de um piloto de avião da Força Aérea Brasileira (FAB) em terras potiguares.

Mesmo com 18 capítulos já escritos e pesquisa histórica realizada, de acordo com blogs e sites de notícias, a novela deverá ter os primeiros capítulos gravados em janeiro do próximo ano. O protagonista será Floriano, um piloto da FAB, que logo nos primeiros capítulos se envolverá em um triângulo amoroso. 

A primeira fase da novela deverá fazer referência à presença do Exército americano em Natal no período da segunda guerra mundial. Os pontos de gravação devem ser a base aérea de Parnamirim e o espaço da Rampa, próximo ao Porto de Natal, que foi um dos principais pontos de embarque e desembarque das tropas americanas. 

"O CARIBE É AQUI"
A história de verão se desenvolve nas praias mais importantes do RN
fotografia: Canindé Soares

 NATAL NA GLOBO

A notícia surge como se a sua importância se resumisse à presença de personalidades ou a de buxixos de televisão, mas a confirmação de que Natal/RN vai ser cenário de uma nova novela da Globo, aliás antecipada pelo NOVO JORNAL ainda no início de julho, tem de ser vista pelos gestores públicos como uma excelente – e, sobretudo, imperdível – oportunidade de negócios. Assim mesmo.

A capital potiguar não terá ocasião melhor para ganhar visibilidade, ainda mais porque a novela, de título “O Caribe é Aqui”, estará no ar em período próximo da realização da Copa de 2014.

Sendo cidade com economia baseada no turismo, abre-se um leque formidável de oportunidades para promoção de Natal – com benefícios estendidos a inúmeros segmentos, principalmente o comércio e a área da prestação de serviços.

 Década de 40, Av Rio Branco, nº 795,  Natal, Rio Grande do Norte
Nos intervalos dos combates no Atlântico, a boa vida dos norte-americanos
em um passeio pelo centro da capital potiguar, a principal  base

  aérea do hemisfério sul na Segunda Guerra Mundial

fotografia: Ivan Dimitri/Wittlesey House / NATIONAL GEOGRAPHIC

Favorecida pela natureza exuberante, com suas conhecidas praias urbanas tornadas cartões postais (embora hoje mal cuidadas), como a do Forte e Ponta Negra; e com o entorno da capital reunindo inúmeros municípios litorâneos, tem-se uma chance generosa de o estado aparecer mais uma vez – e bem – no cenário nacional. Evidentemente, desde que sejam tomadas medidas para evitar que o efeito não seja o contrário.

O primeiro deles deveria ser a manifestação urgente de apoio à empreitada global. As secretarias de turismo de Natal e do estado não encontrarão, nos próximos anos, um “gancho” tão favorável quanto este, potencializado pela realização de um torneio esportivo com o peso de uma Copa do Mundo.

 Natal, Rua Ulisses Caldas, um dia qualquer do ano de 1943
Um grupo de soldados americanos visita a loja de "Seu Alcides",
 a loja é a Casa Rio – que anos depois deu origem às lojas Rio Center
Fotografia: Acervo de  Minervino Wanderley

Não são poucos os relatos de como uma gravação de novela pode alavancar o turismo de uma região. Fortaleza já experimentou isso e até mesmo Natal, quando, embora por curto período, sediou capítulos finais de Tropicaliente, da Globo, no início dos anos 90, e em época mais recente, em obra dramatúrgica da Record, com tema bíblico.

Além de adotar postura de parceiro, os gestores precisam cuidar do mais importante, da própria cidade. Diferente de realizar obras de maquiagem, é necessário que a capital esteja bem cuidada – de verdade. Ruas precisam estar trafegáveis;  praças, conservadas; sem lixo espalhado pelas ruas; com calçadas em condições de uso.

  JAYME MONJARDIM
 Diretor de televisão e cinema, no qual estreou com o filme Olga,
nome confirmado para dirigir nova novela global

Natal tem diante de si, portanto, mais uma oportunidade, aberta não somente por causa de suas belezas naturais. No caso específico, em decorrência de seu passado histórico, de cidade importante no chamado “teatro” da Segunda Guerra, por onde transitavam milhares de militares com destino ao palco do conflito, na África e na Europa.

Até nisso Natal deu sorte: pode fugir à promoção costumeira das cidades costeiras, ou seja, “vender” mais do que sol e mar. Afinal, há muita história do tempo da guerra ainda aguardando um bom roteiro. 

GRAZI MASSAFERA
Atriz está confirmada em "O Caribe é Aqui”

SAIBA MAIS

O Rio Grande do Norte é famoso por servir de cenário de pontas de novela e filmes. Vimos isso em "O Clone", "Cambalacho" e o filme do padre Marcelo Rossi , "Maria". Entretanto, o Estado está prestes a ser cenário permanente de uma novela inteira. Trata-se de um folhetim global escrito por Walter Negrão para o horário das seis de título provisório, "O Caribe é aqui". A história de verão se desenvolve totalmente nas praias mais importantes do RN.

Embora só tenha estreia prevista para o ano que vem, a Globo está avançando na escalação de elenco de "O Caribe é Aqui", substituta de "Lado a Lado" na faixa das 18h. Além de Grazi Massafera, que já terá saído da licença-maternidade, outros nomes também estão escalados. Henri Castelli, Juca de Oliveira, Sérgio Mamberti, Rafael Viana, Bete Mendes, Dudu Azevedo, Igor Cotrim, Laura Cardoso, José Loreto e Thiago Martins são alguns dos outros já fechados com a produção, que será dirigida por Jayme Monjardim. O turismo agradece.

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agosto 28, 2012

UM MÚSICO POTIGUAR NA TERRA DE CABRAL

 KLÊNIO BARROS
Trombonista de Cruzeta/RN, um dos 20 candidatos do mundo
selecionados para mestrado em Portugal, enfrenta problemas financeiros
para fazer o curso. Ele ainda não  sabe como vai se manter em Portugal,
mas desistir do sonho também não está nos seus planos!
Fotografia: Humberto Sales/NJ

 DIFICULDADES LUSITANAS

Por
Henrique Arruda
 
Ele ainda não  sabe como vai se manter em Portugal, mas desistir do mestrado também não está nos seus planos. A partir do dia 17 de setembro, o trombonista Klênio Barros, deixa o solo potiguar e começa a encarar os dois anos que vai passar na “terrinha” já que foi um dos 20 selecionados, de todo o mundo, para estudar mestrado de Trombone e Perfomance na Universidade de Aveiro.  

Para entender o que esta oportunidade significa agora, é preciso voltar bastante no tempo. Pelo menos até os seus 10 anos, quando resolveu prestar atenção na banda que tocava em frente a igreja de sua cidade. Era festa da padroeira de Cruzeta/RN, Nossa Senhora dos Remédios, e a cena festeira era típica. Por coincidência, o menino só achou lugar muito próximo ao “curioso instrumento” e não demorou muito para ser hipnotizado enquanto tentava adivinhar como o músico tocava as notas.

“Porque quem estuda trombone sabe onde ficam as posições das notas musicais, mas não há nenhuma indicação no instrumento. E eu ficava fascinado com aquilo”, explica. O passo seguinte, portanto, foi se juntar à banda, sob os cuidados do maestro Bembem, que, segundo Klênio, foi o grande responsável por sua vida acadêmica. “Ele ficava insistindo para que nós fôssemos buscar uma formação acadêmica em música”, diz.

Sem ousar duvidar das recomendações do maestro, Klênio investiu na sua formação e começou a fazer o curso técnico em música na Escolade Música da UFRN aos 14 anos. “Ia para Natal uma vez por semana”, afirma, comentando também que enquanto isso concluiu o ensino médio em sua cidade e assim pôde prestar vestibular para Bacharelado em Música com Habilitação em Trombone.

Após concluir a graduação, fez um teste para professor substituto, já que o efetivo havia se afastado para um mestrado em João Pessoa. Foi aprovado e assumiu o cargo até o primeiro semestre deste ano, quando o prazo acabou e por coincidência soube da oportunidade do mestrado “para chamar de seu” em Portugal.

  KLÊNIO BARROS
A trajetória do jovem trombonista potiguar, que saiu de Cruzeta/RN,
 tornou-se professor de música e agora parte rumo à Europa
 Fotografia: Humberto Sales/NJ
 
“Fiz a inscrição online e mandei toda a documentação para lá. Foram 20 vagas para o mundo todo e eu passei em décimo lugar”, explica. Da prefeitura de Cruzeta veio uma pequena contribuição para ele complementar o dinheiro da passagem de ida. No bolso, praticamente a esperança. “Estou indo com o dinheiro da passagem, basicamente, e agora estou correndo em busca de apoio, tanto de políticos, quanto de amigos. Qualquer ajuda é válida”, afirma.  

Klênio explica ainda que junto com ele, outros dois potiguares também vão cursar o mestrado em Portugal. “Mas graças a Deus eles possuem uma condição financeira melhor e podem se sustentar”, comenta. Klênio é filho de artesãos, seu pai trabalha em uma fábrica de cerâmicas local e sua mãe faz crochê.

“Já fui também buscar apoio dos órgãos competentes dentro da UFRN, como o CNPQ e CAPS, mas eles estão interessados em apoiar mais estudos em doutorado”, lamenta. De acordo com o trombonista o próximo passo é indispensável. “Desde que vim para Natal que eu tive que cair na noite tocando, muitas vezes por um valor que só dava mesmo para pagar a comida. Sempre batalhei bastante. Sou louco pelo palco, pelo Buraco da Catita, mas para me manter hoje eu enxergo que a minha carreira deve ser acadêmica e estou investindo nisso”, avalia.

Ele não tem pretensão de continuar vivendo na Europa após o mestrado e sim voltar para sua cidade de origem e ensinar aos jovens o que ele aprendeu por lá. “O pessoal tá com uma ideia de fazer uma extensão da Escola de Música no Seridó, um curso técnico aprovado pelo MEC e o projeto está engatinhando agora. Espero que voltando daqui há 2 anos com o mestrado, a escola já esteja funcionando e eu possa me tornar professor”, vislumbra o trombonista que também tem na bagagem uma pós-graduação em Práticas Interpretativas do século XX e XXI [música moderna].

Uma outra possibilidade de sobrevivência em Portugal, enxergada por ele, são as bolsas de estudo na própria universidade. “Mas a Europa está em crise e pelo que pesquisei vi que a situação está difícil para os próprios estudantes de lá, imagine para um estrangeiro. Mas sei que meu professor, um britânico, toca em umas orquestras de jazz, de repente começo a tocar devagarinho com ele e quem sabe é outra oportunidade”, conclui. Quem tiver interesse de ajudar o músico, pode entrar em contato com ele pelo número 84.91602556.  
 
...fonte...
 Henrique Arruda
 www.novojornal.jor.br

...contato...
84.9460.2556

agosto 27, 2012

A ALMA FRANCESA DE UMA POTIGUAR

  ILZA CIRNE
Pioneira em arte francesa - na capital potiguar - ao fazer uso de fotografias 
O resultado são obras cheias de detalhes, profundidade e delicadeza
Fotografia: Ana Amaral/DN/D.A Press   

A ALMA FRANCESA DE UMA POTIGUAR     
 
Por
Simone Silva    
 
O quadro enche os olhos. A foto antiga de casamento ainda em preto e branco destaca as camadas do vestido. As flores delicadas do buquê parecem vivas, embora sejam feitas de papel, muito papel, pelo menos a sobreposição de cinco camadas dele. A responsável pelo trabalho que eterniza um momento do passado de forma quase tridimensional é a professora aposentada Ilza da Costa Cirne Santos, 65, a potiguar que deu um outro sentido a chamada "arte francesa".

A arte é bem nova no Brasil, surgiu aqui em meados dos anos 2000. Na vida da artesã é ainda mais nova, ocupa seus dias há um ano. Era das poucas ainda não conhecida por ela que há 12, aposentada, já havia se dedicado a vários trabalhos manuais envolvendo costuras, bordados e decoupage, uma espécie de precussora da técnica francesa. No entanto, a partir da encomenda de um cliente, ela resolveu desenvolvê-la de forma diferente, utilizando fotografias (novas ou antigas) e com enquadramento de luxo, em madeira paspatu.

Durante quatro horas por dia, Ilza Cirne - como assina as obras - recolhe-se num canto de sua casa para realizar seus trabalhos que já chegaram até o exterior e a fizeram fechar contrato com loja de decoração, onde expõe com exclusividade. No início, porém, só a família era privilegiada com os quadros que exibiam apenas gravuras, feitas em papel importado, em sua maioria, provenientes dos Estados Unidos. Hoje possui até instrumentos específicos como tesouras, estiletes e cortadores.

Foi justamente a primeira encomenda para uma dezena de quadros feitos com fotos que mudou seu olhar. "Trabalhar com fotos é mais difícil. Tive que fazer pequenos ajustes e adequar à técnica. Requer muita atenção e um estudo profundo da imagem, além de paciência e habilidade nas mãos". No quadro maior que retrata um jovem casal de noivos no altar de uma igreja, cheia de vasos, degraus e flores, levou 15 dias, face o detalhamento exigido. "Arte francesa sem detalhe não é arte francesa", explica.

Atualmente Ilza Cirne trabalha só sob encomendas, sejam elas de que tamanho forem. Gosta de desafios, o que fica claro ao se observar um quadro que retrata uma profusão de flores junto a figura de um dos filhos. Vai cortando, recortando e colando de 10 a 12 fotos por trabalho e calcula que já confeccionou cerca de 50 deles nos últimos oito meses. É sabidamente a única a fazer arte francesa com fotos em Natal. "Me especializei nisso. Fiz cursos aqui e em São Paulo para aprender a arte com figuras, mas transformei o que aprendi e dei um ar de refinamento", diz.

SUPERAÇÃO

A habilidade de Ilza Cirne com as mãos existe desde sempre. Natural de Jardim do Seridó no Rio Grande do Norte, de uma família de 32 irmaõs, sendo ela caçula, ainda pequena confeccionava bonecas de pano para si e roupas para suas bonecas. Na adoslescencia idealizava e costurava vestidos. Acredita que herdou o amor pelo artesanato da mãe, Izabel Costa, hoje com 98 anos. "Ela sempre foi muito habilidosa e foi a ela que dei meu primeiro trabalho em arte francesa".

E foi a arte que consolou recentemnete a professora aposentada e ex-funcionária pública na área de ducação. Há quase dois meses perdeu o filho mais velho que, após um transplante para livrá-lo da leucemia, contraiu gripe A ainda no hospital e não resistiu. "Os trabalhos vêm me ajudando a superar a perda, porque me dediquei para esquecer a dor", recorda, ainda emocionada. Há 13 anos a própria Ilze Cirne passou por problemas de saúde em decorrência de um câncer. "Na época fazia outros trabalhos manuais".

Além de ser uma forma de complementação de renda - já que os quadros com fotos podem custar cerca de R$ 250 um trabalho médio - Ilza Cirne diz que se encontrou com a arte francesa após fases envolvidas com outros modos de artesanato. "Recebi estímulo de toda família. É um prazer  me debruçar nas dificuldades de montagem da arte que me ensinou a ter muita paciência para fazer sobreposição de camadas de muitos papéis e fotos iguais. Só assim, para esperar de 40 dias a três meses para receber o material importado, mas vale a pena quando elogiam meu trabalho".

SAIBA MAIS

Ainda são incertas as origens da arte francesa. O pouco material disponível na internet, por exemplo, dá conta que ela é uma evolução da decoupage, palavra francesa cujo significado é recortar. Em muitos países se chama, inclusive, decoupage tridimensional. Sabe-se que no século XVII começaram a chegar à Europa móveis da China com imagens laqueadas. Na frança os artistas empreendedores deram volume às imagens planas usando pedaços de cortiça. No Brasil - a arte que ganhou características próprias dos artesãos brasileiros - chegou via Argentina. É, portanto,  no Rio Grande do Sul onde mais de desenvolve.   

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 Simone Silva / Especial para O Poti

agosto 23, 2012

OS GIGANTES DA CULTURA POPULAR

 GUARACI GABRIEL
O artista visual conta com trabalho catalogado até no Guiness Book
Países como Cuba, França e Áustria já conhecem o seu trabalho
São quatro bienais internacionais no currículo do Potiguar   
 
 GIGANTES DA CULTURA POPULAR  
 
Por
Sérgio Vilar
  
Uma nova paisagem artística já foi vista hoje por alguns natalenses. Três instalações de dez metros de altura foram montadas nas proximidades do viaduto do quarto centenário, entre a governadoria e o futuro complexo Arena das Dunas. As obras confeccionadas pelo artista plástico Guaraci Gabriel serão permanentes e farão parte do cotidiano urbano e estético de Natal. Mais duas instalações serão montadas no sábado. E outras cinco estão previstas ainda para este ano.

As instalações são feitas de ferro e aço inoxidável. As três primeiras já montadas ontem, no Dia do Folclore, retratam a brincadeira do Boi Bumbá: o boi, o jaraguá - uma das figuras mais fantásticas do folguedo - e o mestre Manoel Marinheiro no comando do evento. E neste sábado o natalense ou turista encontrará na entrada da cidade, próximo ao viaduto de Ponta Negra, a instalação de um casal dançando com vestes da Araruna. É o folclorista Deífilo Gurgel e sua mulher, Zoraide.

A Araruna é a única dança folclórica genuinamente potiguar. Foi criada pelo mestre Cornélio Campina em 1956 sob o pomposo nome de Sociedade Araruna de Danças Antigas e Semidesaparecidas. Mestre Cornélio faleceu em agosto de 2008, prestes a completar 100 anos. E pouco se viu de continuidade das atividades do grupo desde então. Deífilo Gurgel foi um estudioso deste folguedo e até aparece em alguns videodocumentários sobre o Araruna.

Guaraci Gabriel esperou seis anos para montar essas instalações. O preço do material e o processo de montagem dependiam de patrocínio. O governo do estado - com o aval da Fundação José Augusto - financiou tudo em parceria com duas empresas: a Patrício Metais e a Laminort. Foram R$ 120 mil investidos nas cinco instalações. Agora, Guaraci depende de mais dinheiro para concluir as outras cinco, já pré elaboradas. 

  GUARACI GABRIEL
 Instalação montada  na Patrício's Metais, Bairro Nordeste, Natal/RN
Fotografia: Dilma Azevedo/DN/Divulgação  
 
DEZ INSTALAÇÕES ATÉ A COPA DE 2014
 
Entre as outras cinco estão as figuras de Câmara Cascudo, do mamulengueiro Chico Daniel, do coquista Chico Antônio, o futebolista Marinho Chagas e de figuras lendárias do município de Extremoz. Todas elas elaboradas sob o mesmo material, em ferro e aço. E também calcadas na arte do grafite. "Desenvolvi o desenho no papel e depois no espaço do ferro. A metodologia é a do stencil (técnica que usa uma placa como molde para a figura), sendo que em vez do branco da parede, há o vazio; é uma figura vazada. É como se eu estivesse grafitando o ar".

O critério de escolha dos personagens obedeceu as lembranças infantis e raízes culturais do artista, além de algumas recomendações do exterior. "Fui aprovado pela curadoria da Bienal de Havana (em Cuba) por cinco vezes. Na última vez a curadora me pediu um portfólio, que não tinha e já haviam reclamado essa falta. E sugeriu também obras relacionadas às minhas raízes culturais. Então pensei no Bumba-meu-boi que eu via quando criança, o jaraguá, e o mestre Manoel Marinheiro".

A intenção de Guaraci é montar essas dez instalações até a Copa do Mundo. De preferência ainda este ano, conforme a captação de patrocínio. "É um sonho meu. Tenho cinco instalações montadas em Mossoró, também em Havana e até na Patagônia, mas nenhuma em Natal". Até então muitos já presenciaram intervenções urbanas e instalações temporárias do artista pelas ruas da cidade ou em Bienais e Salões de Artes Visuais.
 
GUARACI GABRIEL
Premiado no Salão Abraham Palatnik, o artista conta com
 instalações montadas em Havana e até na Patagônia 
 Fotografia: Vlademir Alexandre

ARTISTA AINDA CONTEMPORÂNEO

Guaraci Gabriel construiu seu nome nas artes potiguares desde a década de 1980, quando participou do pioneiro grupo Oxente, junto com Civone Medeiros, Sayonara Pinheiro e Cícero Cunha. Eles misturavam a ainda novidade da arte da performance com instalações e intervenções urbanas. Chegaram a participar de bienais em São Paulo e influenciaram gerações. Civone se voltou à performance. Sayonara, à crítica das artes. E Guaraci seguiu na produção de instalações. "Acredito que hoje as instalações, tal qual a pintura, não passam mais a mesma mensagem e beleza artística de antes. Já não é tendência. São artes muito estáticas para a velocidade do mundo moderno. Então, acho que a performance está mais inserida na linguagem de arte contemporânea; está mais próxima dos anseios artísticos do mundo". 
  
O trabalho mais recente de Guaraci Gabriel são duas esculturas de aproximadamente três metros de altura, expostas na Pinacoteca Potiguar. Ele foi um dos 30 artistas selecionados no edital do 2º Salão Nordeste de Arte Visual Chico Santeiro, inserido na programação do Agosto da Alegria 2012 - É Festa para Deífilo. Essas esculturas e os outros trabalhos selecionados estão abertos à visitação na Pinacoteca. Uma mostra das instalações montadas no Viaduto pode ser conferida também na Pinacoteca, onde figuram as cabeças de Deífilo Gurgel, Chico Antônio e Câmara Cascudo. 

agosto 22, 2012

BRINCADEIRA DE CRIANÇA... E DE ADULTOS

  "JOÃO REDONDO NO SÍTIO"
O Rio Grande do Norte tem o maior número de brincantes em atividade
 no país, superando Pernambuco, Ceará, Paraíba e Brasília

  "João Redondo no Sítio" - Acrílica sobre tela - Assis Costa

 ESSA BRINCADEIRA VAI VIRAR PATRIMÔNIO 
 
 Por
Tádzio França  
 
O que eles fazem é chamado de 'brincadeira', mas representa um elemento importante da cultura popular de algumas partes do Nordeste. O Rio Grande do Norte está incluído no rol de estados regionais que pediu o registro do mamulengueiro - o nosso João Redondo - como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Ainda não se chegou a uma decisão, mas a iniciativa mostra como a atividade se mantem viva, e mais organizada do que se pensa. Os brincantes e seus companheiros coloridos de madeira também ganharam mais espaço na programação do Agosto da Alegria 2012, através do 2º Encontro de Bonecos e Bonequeiros do Teatro de João Redondo, que começa nesta quarta-feira e irá até sábado, com apresentações em espaços variados da cidade.

Trinta mestres bonequeiros foram reunidos para o encontro, e se apresentarão entre feiras livres, instituições e eventos diversos ao longo da semana. Também haverá rodas de conversa, palestras e workshops com convidados nacionais. A presença dos brincantes no Agosto da Alegria cresceu desde o ano passado, devido ao trabalho que a Associação Potiguar do Teatro de Bonecos (APOTB) vem fazendo desde 2009, inventariando, organizando, divulgando e conectando todos os mestres em atividade no Estado.

Em vias de ter o registro de Patrimônio Cultural Imaterial,
 atividade do João Redondo do RN se mantém viva e organizada
em associação, na internet e em  festivais

"O Rio Grande do Norte tem o maior número de brincantes em atividade no país, superando Pernambuco, Ceará, Paraíba e Brasília, os estados que pediram o tombamento da atividade junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional", afirma Graça Cavalcanti, presidente da associação. Segundo ela, o reconhecimento poderia gerar uma salvaguarda melhor para esses artistas, na maioria oriundos de cidades do interior e comunidades carentes.

A associação potiguar procura organizar e também movimentar a atividade no Estado, inscrevendo os brincantes em editais, e inventariando aqueles que estão em atividade. Boa parte deles pode ser conhecida através do site da APOTB. Há fichas com informações, portfólios, contatos e vídeos dos brincantes em atividade, podendo, a partir daí, contratar esses artistas para se apresentar em ocasiões diversas. As malas com os bonecos estão sempre dispostas para se abrir e atuar. O inventário realizado pelo Iphan também mostrou que a atividade se renova.

A maior parte dos brincantes é formada por homens com mais de 50 anos, mas que passam seu conhecimento aos mais jovens - uma característica da atividade. A maioria dos bonequeiros está no interior do Estado; na capital há cinco registrados. Um total de seis bonequeiros jovens estão em ação no Estado. O processo de tombamento ainda está passando pela comissão avaliadora do Iphan. O estudo é lento e minucioso, ainda mais por envolver cinco estados. "Espera-se   que o resultado saia ainda esse ano", afirma Graça Cavalcanti. Ela ressalta que há um sentimento comum de insegurança por parte desses artistas, que precisam de garantias para sobreviver no mercado. "Os brincantes temem por seu futuro, daí é importante garantir uma salvaguarda para eles. É a melhor forma de garantir que essa cultura vai continuar", explica.

 O boneco, ser inanimado por princípio, no palco toma outras dimensões
e sua expressão se concentra no movimento de quem o manipula
 Registros dessa forma de expressão artística existem desde a Pré-História
 
 II ENCONTRO DE BONECOS E BONEQUEIROS
TRADIÇÃO E MODERNIDADE

O cenário atual de brincantes tanto se movimenta, que permite a absorção do contemporâneo aos elementos tradicionais. O 2º Encontro de Bonecos e Bonequeiros trouxe convidados que vão representar essa contemporaneidade entre os brincantes. A troca de experiências é um dos objetivos maiores do evento. "Queremos aproximar esses grupos que, em essência, trabalham o João Redondo, mas cada um com suas particularidades", disse Graça Cavalcanti.

A programação começa hoje (quarta) com uma 'brincadeira' na Feira do Carrasco com os brincantes Tio João da Quadrilha, Felipe e Aderso, a partir das 8h; e a à noite, das 19 às 21h, apresentação no pátio do Palácio da Cultura, com Heraldo Lins, Chicó, Genildo Matheus e João Viana. A abertura oficial do encontro será na quinta-feira, às 8h30, no pátio do Teatro Alberto Maranhão. O bonequeiro pernambucano Danilo Cavalcanti se apresentará na ocasião e vai mostrar seu Mamulengo da Folia, que mescla a brincadeira nordestina com elementos urbanos. Danilo, um dos artistas mais articulados do país no segmento, promove há três anos o Encontro de Mamulengos de São Paulo.

 ÂNGELA ESCUDEIRO
Atriz  e bonequeira cearense com participação em festivais
de teatro de bonecos em Portugal, Espanha, Suiça, França e Argentina  
 
Na quinta-feira também haverá um workshop com a atriz e bonequeira cearense Ângela Escudeiro, das 14 às 17h, no pátio do TAM. Ela já participou de mais de 40 festivais de Teatro de Bonecos nacionais e internacionais, entre Espanha, Portugal, Suíça, França, Argentina, e em quase todo o Brasil. O debate no teatro discutirá como o fazer tradicional dos mestres poderá se aliar aos novos elementos que podem ser incorporados pela contemporaneidade. Segundo Graça Cavalcanti, a discussão serve como uma espécie de "reciclagem" proposta aos mestres. "Mas, claro, sem tirar as características essenciais das brincadeiras que eles fazem", ressaltou.

Aos tradicionalistas, o conferencista Humberto Braga falará, na quinta às 9h30, sobre a  Memória do Teatro João Redondo, tendo como foco o trabalho de Deífilo Gurgel. A plenária também será no salão nobre do TAM. Haverá apresentações de bonequeiros todas as noites no pátio da Pinacoteca e na livraria Potylivros   (do Praia Shopping) até sexta-feira, e encerramento do encontro no sábado, na Feira do Alecrim, a partir das 9h, reunindo Dona Dadi, Manuel de Dadica, Manuel do Fole, Daniel, José Targino e duplas de todos os mestres.

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 conheça os artistas, bonequeiros e brincantes

agosto 21, 2012

NOVO OLHAR PARA A FOTOGRAFIA POTIGUAR

  "EXPO CONTEMPORÂNEA 2012 - UMA VISÃO CONTEMPORÂNEA DO RN"
Exposição coletiva de imagens que atualizam e apontam
os rumos que a fotografia potiguar está percorrendo
Fotografia: Ludmila Lopes Araujo Leonez

UM NOVO MOMENTO PARA A FOTOGRAFIA POTIGUAR

Por
Elisa Elsie

Pela primeira vez Natal terá uma exposição coletiva com o objetivo de pensar, atualizar e indicar o futuro da produção fotográfica potiguar. A “Expo Contemporânea 2012 – Uma visão contemporânea do RN” estará aberta do dia 22 de agosto até 5 de setembro, no solar Bela Vista, Natal/RN.

A mostra reúne 20 trabalhos selecionados por meio de curadoria de Marcelo Buainain e Numo Rama, profissionais cujos trabalhos fotográficos têm reconhecida relevância para a área. A seleção é resultado da análise de mais de 60 inscrições feitas durante convocatória que durou apenas 10 dias. Cada fotógrafo podia enviar até três imagens.

A Expo 2012 marca um novo momento da produção fotográfica potiguar, quando fotógrafos de diferentes áreas e estilos estão procurando debater e trocar experiências no sentido de construir um cenário mais aprimorado para à fotografia que se produz no Estado.

Os 20 fotógrafos selecionados para a Expo Contemporânea 2012 são:  Alex Fernandes, Alex Régis, Alexandre Santos, Ana Silva, Anderson Grant, Antônio Câmara, Artur Souza, Dênis Job, Emílio Orestes Ângelo, Flávio Aquino, Heider, Henrique José, Humberto Sales, Lara Ovídio, Rodrigo Sena, Ludmila Lopes Araujo Leonez, Max Pereira, Ney Douglas, Paula Geórgia e Tiago Lima. 

   SOLAR BELA VISTA - CIDADE ALTA - NATAL/RN
"EXPO CONTEMPORÂNEA 2012 - UMA VISÃO CONTEMPORÂNEA DO RN"
 Lentes apontadas para o futuro e foco dirigido ao presente
Fotografia: www.iluminarsomeluz.com

Um dos curadores, Marcelo Buainain, destaca a importância do evento observando que a Expo é muito mais que uma simples mostra coletiva. “É uma iniciativa que certamente trará significativa contribuição para a fomento e amadurecimento da fotografia no Estado do RN”.

O evento é uma iniciativa do FOTORN (Fórum da Fotografia do RN), com patrocínio do SEBRAE/RN e produção do Duas Estúdio e da Aphoto. A Expo é uma realização do Núcleo da Foto, da ZooN, da Aphoto e do Duas Estúdio; e contou com o apoio de Lorena Torres e Elisa Sampaio.

Segundo uma das produtoras, Mariana do Vale (do Duas Estúdio), “o evento promove um espaço para novas abordagens da linguagem fotográfica local”.

Outra produtora, Elisa Elsie,também do Duas, aponta o caráter inédito da exposição. "Recebemos trabalhos de Macau, Caicó, de gente dos 20 aos 60 anos. Faremos um belo painel.  É uma oportunidade única para dar visibilidade aos trabalhos de expressão pessoal desenvolvidos pelos fotógrafos do Estado”.  disse Elisa.

A abertura da Expo Contemporânea 2012 será no dia 22 de agosto, às 19h30, e contará com um pocket show de Diogo Guanabara e Macaxeira Jazz.
  
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Elisa Elsie

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"EXPO CONTEMPORÂNEA 2012 - UMA VISÃO CONTEMPORÂNEA DO RN"
23 de agosto a 05 de setembro de 2012 - 7h às 18h
Solar Bela Vista - Natal/RN
 (84) 9982 7193

agosto 20, 2012

A HISTÓRIA DE UMA GATA DE SORTE

  SOLIDARIEDADE É UMA ARTE
 GATA DE RUA EM NATAL/RN É SALVA APÓS CAMPANHA FEITA NO FACEBOOK
ARRECADOU-SE EM  2  SEMANAS CERCA DE R$ 1.200 PARA CUSTEAR CIRURGIA DE RISCO
 
 ... EDIÇÃO ESPECIAL ...
 
HISTÓRIA DE UMA GATA
 
Por
Renato Lisboa
 
Os dias dela estavam contados. E os dele, terminados. No caso dela, o problema era caso de morte. No dele, era apenas de procurar um outro emprego. O encontro dos dois, não resolveu este segundo problema, mas garantiu a vida dela, graças a uma campanha feita por meio da internet que arrecadou dinheiro para custeio de uma cirurgia complicada. Agora, ele (um jornalista) aguarda a recuperação dela (uma gata de rua).

Há possibilidade dos dois ficarem juntos. Do contrário, não faltam candidatos à adoção. Essa é a história de um bicho de rua, mas ao contrário de muitas outras, tem final feliz. Essa é a história de Costelinha; salva por Leandro, que teve a ideia de fazer uma campanha no Facebook e contou com a ajuda de dezenas de pessoas e o apoio de centenas para salvar uma vida. Talvez a última das sete que a gata deveria ter.

Todo esse caso começou dia 3 de agosto, quando — após cumprir aviso prévio em uma produtora de vídeo — o jornalista Leandro Menezes, 29, deixava o local para vir ao NOVO JORNAL, onde trabalha como diagramador. Ao sair da empresa, ele ficou um tempo conversando com um amigo. Da calçada, ouviu um miado. O barulho vinha do interior da produtora, onde há um terraço. Lá, viu uma pequena gata, aparentando ter quatro meses de idade, muito magra, suja e respirando com dificuldade.

Leandro tentou, na mesma hora, dar uma comidinha para a gata. Ele pegou um pouco da comida que era servida a um cachorro de estimação da produtora. “A gata estava sem apetite, não demonstrando o menor interesse pela alimentação”, conta  o jornalista. Porém, como ela estava carente, se aproximava da dupla de amigos.

Como não voltaria ao trabalho na produtora, Menezes decidiu levar a bichana para casa. Quando chegou à sua residência, o jornalista ofereceu carne moída à gata (ainda sem nome); e nada dela querer comer. Ração enlatada para gatos também foi oferecida. Nada. “Gato nenhum recusa esse tipo de comida”, pensou Leandro. Foi aí que ele percebeu que havia um problema. A gata ficou em casa e ele foi para o jornal.

No dia seguinte, o jornalista levou o animal ao veterinário. Devido à dificuldade na respiração dela, o médico suspeitou que o bicho sofria de hérnia e pediu um exame de raio X. Foi então descoberto que a gata tinha três costelas quebradas, fratura provavelmente causada por maus tratos. É irônico, mas vem daí o nome “Costelinha”, que é também referência ao cão de estimação do personagem de desenho animado Doug Funnie (Douglas Yancey Funnie),

Devido à suspeita do diafragma da gata estar perfurado, surgiu a necessidade de uma cirurgia de alto risco para corrigir o problema. Segundo conta Leandro, o veterinário teria comentado que se não passasse pela cirurgia, Costelinha iria viver mais dois ou três dias apenas. “Ela poderia morrer a qualquer momento”, observa Menezes.

O preço da cirurgia era de  R$ 750,00. O jornalista não tinha como arcar com tal despesa. Foi quando surgiu a ideia de fazer uma campanha pelo Facebook. Ele tinha o conhecimento de pessoas que abraçam a causa de proteção dos animais e decidiu fazer o mesmo. Conversando com um amigo pela net, ele recebeu a indicação de um grupo de Mossoró, chamado Cãoternura.

Leandro então entrou em contato com a entidade, e enviou a eles os dados de Costelinha, incluindo o  resultado do exame de raio X e o laudo do veterinário. Mandou também uma foto da gata para ganhar uma arte por cima e o selo do Cãoternura, para a causa ganhar mais credibilidade.

O cartaz, além de contar a história de Costelinha, dava as informações da conta bancária de Leandro, onde os depósitos deveriam ser feitos para bancar a cirurgia da gata. Alguns minutos depois da publicidade ser postada no Facebook, o jornalista recebeu a primeira ligação telefônica com uma pessoa querendo confirmar a história do bicho. As doações começaram a aparecer e os valores individuais variaram de R$ 5 a R$ 375, valor pago por uma mulher. Duas semanas e 32 doadores após, ao todo, o pedido de socorro virtual a Costelinha arrecadou  R$ 1.175,00, dinheiro suficiente para custear tudo o que a gata ferida precisava para ficar bem.

Com o dinheiro, a cirurgia foi feita. A operação durou aproximadamente duas horas e nela foi verificado que, no trauma sofrido, o fígado de Costelinha tinha ido parar em sua caixa torácica, mas o cirurgião colocou o órgão em seu lugar natural. Todos os passos, desde o pedido até a prestação de contas do dinheiro, foram divulgados via Facebook. O dinheiro excedente do valor da cirurgia será usado para pagar as diárias da clínica e medicamentos. “Ainda vai sobrar algum dinheiro e vou doar para um próximo protetor”, planeja Leandro.

O jornalista diz que passou por uma “experiência marcante” e ficou mais sensível à necessidade de proteger e respeitar os animais abandonados e maltratados. “Admiro as pessoas que tenham essa bandeira. Comecei a acreditar em boas causas e pretendo continuar fazendo isso”, conclui ele, que pretende  criar o animal.

Sexta-feira passada, Leandro fez a segunda visita a Costelinha. A gata passa muito bem e deve ter alta semana que vem. Caso o jornalista desista da cria, não faltam pretendentes. Ou seja, Costelinha que era de rua e ia morrer; salvou-se, tem opções de moradia, pode se considerar  uma das gatas mais sortudas de Natal; e de quebra ainda ficou famosa.
 
...fonte...
 Renato Lisboa

agosto 16, 2012

UM MEMORIAL PARA A FOTOGRAFIA POTIGUAR

 Jaeci Galvão tem o maior acervo de fotografias do Rio Grande do Norte
Um papel fundamental na fotografia potiguar
Fotografia: Rodrigo Sena
 
ÀS NOSSAS MEMÓRIAS FOTOGRÁFICAS

Por
 Tadzio França

Os trilhos dos bondes, os aviões  sobre o rio Potengi, uma bucólica avenida Rio Branco, a Ribeira glamourosa, e outros momentos de uma Natal que não existe mais viraram história - e fotos. Os registros da capital que muda a cada instante foram em boa parte captados pelas lentes de fotógrafos pioneiros que, desde a primeira metade do século XX, estão em ação. Em conjunto, estes acervos constituem uma fonte histórica de alta importância. No entanto, permanecem dispersos, com ocasionais aparições na Internet, ainda engavetados pelos seus criadores e herdeiros. No mês  em que se celebra o Dia Mundial da Fotografia, 19 de agosto, cabe saber por onde e como anda a memória fotográfica natalense.

Natal ainda vivia a tensão e a euforia da 2ª Guerra Mundial quando Jaeci Emerenciano Galvão fez seus primeiros cliques.  Hoje com 83 anos, Jaeci possui um dos maiores acervos fotográficos sobre a Natal dos últimos 70 anos. Tudo está guardado na sua casa em Ponta Negra, onde a TRIBUNA DO NORTE esteve na manhã de quarta-feira. Cerca de 200 dessas fotos foram digitalizadas e reunidas nos VCDs "Natal de ontem" e "Natal de hoje", facilmente encontráveis para venda em alguns restaurantes, hotéis e estabelecimentos turísticos. Os filhos de Jaeci pretendem reunir os álbuns de "ontem e hoje" em um livro, projeto que ainda não foi concretizado. Apesar da saúde fragilizada, Jaeci quer participar do processo de escolha desse material.

 Ponta Negra - Natal/RN, 1933 - retratada por Jaeci Galvão
Fotografia: Jaeci Galvão
 
O acervo mais histórico de Jaeci está praticamente reunido nos VCDs. No mais, foram registros das inúmeras fotos comerciais, de eventos, esporte  e o meio social que ele fez ao longo dos anos. O fotógrafo admite que bastante coisa foi perdida, pela falta de um catalogamento mais cuidadoso. Sequelas de um tempo em que tudo era novidade, o começo de tudo. A 'Foto Jaeci', sua marca registrada, foi aberta em 1948, na rua Amaro Barreto, Alecrim. Pelas suas lentes curiosas, o veterano registrou uma Natal com pouco mais de 50 mil habitantes, e clima de cidade do interior. Razões que fazem as fotos ainda mais especiais.

A Natal dos anos 40 e 50 se movimentava entre a Ribeira, Cidade Alta, Petrópolis e arredores, se divertia nos cinemas Rex e Royal, e se embriagava nos botecos da rua Chile. Jaeci registrou um pouco de tudo isso, desde as primitivas praias de Ponta Negra e Areia Preta, até uma avenida João Pessoa sem trânsito, pacífica e relaxada. A fotografia só entrou no caminho do veterano por causa da mãe, que receosa das notas baixas do garoto no velho Atheneu, procurou logo uma profissão para ele. Comprou a máquina fotográfica do tio, e fez com que as imagens - hoje históricas - pudessem mostrar uma cidade de outro tempo. Antes de Jaeci, atuavam na área nomes como José Seabra, Jorge Mário e Grevy. Todos com acervos que ainda não foram devidamente organizados.

 GIOVANNI SÉRGIO E VALDEMIR GERMANO
 Dois nomes lendários das lentes potiguares
Fotografia: Canindé Soares

UM OLHAR NA MORFOLOGIA NATALENSE

Giovanni Sérgio também segue a 'linhagem' da fotografia veterana. A mãe, Lolita, foi a primeira mulher a atuar profissionalmente como fotógrafa no mercado natalense. "Ela tem um acervo pessoal incrível dos anos 60 até os 90. São na maioria registros da vida dela, da família, de eventos que ela cobriu. É importante como um bom documento da vida social da época, e acredito que será algo ainda mais valorizado no futuro", analisa.

Já o acervo de Giovanni registra uma Natal a partir dos anos 80, já considerado um tempo distante por quem observa a cidade hoje. "Registrei as mudanças na paisagem, a gradativa verticalização, a morfologia da nossa capital. A Tirol antiga que foi soterrada por edifícios e clínicas. É um registro do meu tempo, que não é mais como hoje", diz. O fotógrafo conta que seu material ficou ainda mais sistemático a partir dos anos 90, época em que Natal apresentou sua mudança urbana radical.

"Natal envelhece rápido, porque também muda rápido. A esquina de uma rua que eu fotografei dois anos atrás já não é a mesma de hoje. A cidade muda velozmente e carece dos registros do que ela já foi", diz Giovanni. O acervo do fotógrafo conta, atualmente, com cerca de três mil fotos ainda não digitalizadas. Mas está tudo catalogado, bem guardado, esperando um rumo futuro. "Quero publicar em livro, ainda gosto de ter o objeto em mãos. Não me interessa exposições, ou pôr tudo na Internet - pelo menos não agora", diz. Segundo ele, acervos de veteranos como Jaeci, por exemplo, mereciam uma atenção mais organizada do poder público.  
 
 JOÃO ALVES DE MELO
Além da cidade do Natal/RN,  o fotógrafo documentou a história do Estado, 
fotografando os grandes acontecimentos, tais como a visita de Eva Perón, 
do Rei Faissal da Jordânia, do ator americano Tyrone Power; 
bem como a instalção da Assembleia Constituinte do RN
Fotografia: Acervo familiar

ASAS SOBRE A BELLE ÉPOQUE

O fotógrafo, escritor e jornalista João Alves de Melo (1896-1989) reuniu um dos acervos visuais mais preciosos sobre a 2ª Guerra em Natal, e a história da cidade no começo do século passado. O material, que conta cerca de quatro mil fotos, está sob a guarda do filho Edmundo Alves. Uma parte desse acervo - 800 fotos - está no livro "Asas sobre Natal - Pioneiros da Aviação no RN", que deverá ser lançado pela Fundação José Augusto na 1ª quinzena de setembro. O livro está em fase de diagramação por Marize Castro. A  foto de Roosevelt e Vargas no jipe às margens do Potengi em 1943 é o clique mais famoso do fotógrafo. 

Além de registrar os movimentos aéreos de 1920 até 1945, João Alves Melo também captou a vida social e urbana natalense, com seus personagens, ruas e prédios públicos. "São caixas e mais caixas de fotos, preciosidades que muita gente não viu até hoje. Temos até as chapas de vidro que os fotógrafos da época usavam", diz Edmundo. Segundo ele, há interesse em digitalizar o material e fazer uma exposição. Mas só depois que "Asas sobre Natal" for lançado.

 As lembranças do italiano Rocco Rosso foram costuradas pelo genro
 Carlos Roberto de Miranda Gomes  e  organizadas no livro “O velho imigrante".
  Um novo capítulo sobre a cidade
Fotografia: Divulgação

FOTOS DE UM VELHO IMIGRANTE

O italiano Rocco Rosso  (1899-1997), que chegou no RN em 1926, não era fotógrafo profissional, mas seu interesse pela vida aérea e militar da Natal do começo do século XX rendeu imagens não menos históricas que as de outros mestres. O acervo de cerca de 100 fotos, que hoje está com seu genro Carlos Roberto de Miranda Gomes, foi publicado no livro de memórias "O velho imigrante", lançado em junho deste ano pelo Sebo Vermelho. Rocco trabalhava para a Air France na Base Aérea de Natal, em Parnamirim. Por lá fotografou funcionários franceses,  pilotos, mecânicos, cenas da Rampa, hidroaviões, e outros momentos situados entre os anos 30 e 40, numa época pré-guerra.

"Meu sogro amava a fotografia. Chegou a fazer parte de uma associação de fotógrafos da época, e conviveu com os pioneiros do ramo", afirma Carlos Gomes. Por ser italiano, Rocco foi afastado da Base Aérea, e sua produção caiu ao longo dos anos 40. O acervo de Rocco era formado por três mil cadernos, sendo boa parte destruído por cupins, restando apenas vinte. No momento, as fotos figuram apenas no livro lançado por Carlos. Ele tem planos de, no futuro, reunir tudo para uma exposição. "Será preciso copiar, restaurar, ampliar...um processo caro", lamenta.