julho 30, 2011

CASCUDO: UM POTIGUAR, UM BRASILEIRO

 30 de julho de 2011, 25 anos da morte de Câmara Cascudo
fotografia: Carlos Lyra

   LUÍS DA CÂMARA CASCUDO E O FOLCLORE BRASILEIRO
O responsável por tornar conhecidas as figuras fantásticas de nossas lendas!

Por
Carolina Benjamin

"Luis da Câmara Cascudo, Natal”. Assim eram endereçadas as cartas ao morador mais ilustre da cidade, que não precisava de número ou CEP. Também pudera: com tantas placas de bronze -- marcadas com seu nome e data de nascimento -- enfeitando a entrada da casa onde vivia, encontrá-la era tarefa simples. Mas não pense que ser reconhecido e respeitado entre os conterrâneos foi moleza, não! Sabe qual foi o motivo de tantas honrarias?

Câmara Cascudo foi o principal responsável por tornar conhecidas figuras fantásticas do folclore brasileiro. Atire a primeira pedra quem nunca ouviu falar em saci-pererê, curupira, mula-sem-cabeça e outros personagens do nosso folclore! Conforme ouvimos as histórias, parece que esses seres começam a morar na nossa imaginação...

Câmara Cascudo com a neta Daliana e o neto Newton
fotografia: Carlos Lyra

Nascido 1898, Luís era diferente dos garotos de sua idade. Ele passava a vida sentado: via figuras, lia livros, ouvia histórias e contemplava paisagens. Esse hábito acabou lhe despertando para o que veio a ser a matéria-prima de seu trabalho, o povo brasileiro.

Seu plano era conhecer a fundo o que era realmente nosso, coisa que não estava registrada nos livros e não era ensinada nas escolas. Queria saber as histórias de todas as coisas do campo e da cidade; queria conviver com os humildes, os sábios, os analfabetos; queria conhecer os mistérios, as assombrações. Encontrava no folclore um pouco de sua família e de todos com quem convivia, os pescadores, as rendeiras, os cantadores. Em toda sua vida, quase não saiu de sua cidade: ali encontrara o alimento para sua alma.

Ele estudava o homem a partir de sua história, das diferentes origens, dos romances, das poesias e, principalmente, do folclore. Luis da Câmara Cascudo se interessava por tudo, menos por matemática, que considerava sua inimiga. Aprendeu a ler em vários idiomas por esforço próprio: inglês, francês, alemão, italiano, espanhol, grego e latim.

 Câmara Cascudo na biblioteca de sua casa
fotografia: Carlos Lyra

 No auge de suas atividades, Cascudo estudava muito, sem nunca se afastar do corpo-a-corpo com os habitantes de Natal, seja nos bares, nas feiras, ou nas universidades. O segredo era passar noites em claro, recolhido em sua biblioteca até o amanhecer. E ele escrevia, como escrevia: era um livro depois do outro, sem respiração!

O caderninho de notas, que inicialmente servia para facilitar o trabalho, se transformou no mais legítimo registro da cultura popular brasileira: o Dicionário do Folclore . E foi assim, de anotação em anotação, que esse homem deixou uma vasta obra para o povo brasileiro. O assunto? O próprio povo e seus costumes!

Esse mesmo povo elegeria ele, Cascudo, como um monumento da cidade de Natal. Com mais de 150 livros publicados, ele era tão adorado por sua gente que muitas coisas na cidade levavam o seu nome: desde um terreiro de umbanda até o Museu de Antropologia da universidade!

Visita de Gilberto Freyre a Câmara Cascudo, em 1984.
Em pé, Fernando Luis (filho de Cascudo) e, sentada, Dona Dahlia (esposa)

Nascido em 30 de dezembro de 1898, filho único de uma rica família do Rio Grande do Norte, Cascudo -- cujo nome foi uma homenagem a Luís, rei da França -- teve uma infância de príncipe! Os pais, Francisco Justino de Oliveira Cascudo e Anna da Câmara Cascudo, já haviam perdido outras duas crianças, e nada nesse mundo os faria afastar do menino.

Na água do primeiro banho a mãe despejou um cálice de vinho do Porto para o filho ter saúde e o pai mergulhou uma moeda para merecer fortuna. Seus padrinhos -- veja só! -- eram o governador e a primeira-dama da província.

Conta-se que Luís da Câmara Cascudo era uma criança de saúde frágil, com pulmões suspeitos. Nunca foi de correr, subir em árvores, brincar livremente. Era vidrado pelo cotidiano, pelas coisas simples, pelos costumes dos homens a sua volta.

 Memorial Câmara Cascudo - Natal/RN
fotografia: Y. Masset

Na juventude, não largava o monóculo, a polaina e uma bengala da Índia. Era elegante, muito disputado pelas moças de Natal. Um dia, tinha na lapela um raminho de violeta quando avistou uma jovem menina de vestidinho azul e longas meias brancas. Mais tarde, substituiu a violeta por uma dália, em homenagem à sua nova namorada, Dáhlia Freire.

Pelo gosto do pai seria médico. Até tentou, mas seu caminho não era aquele, queria mesmo era escrever. Coronel Cascudo montou, então, um jornal chamado A Imprensa e, com apenas 17 anos, o rapaz já era repórter. Ali, fazia o que mais gostava: ia às feiras, mercados e procissões para registrar as coisas da cidade e descrever tudo o que via.

 Efígie de Luís da Câmara Cascudo  tendo a esquerda, cena de jangadeiros.
Reverso: Cena do "Bumba-meu-boi", bailado popular do folclore ...
 
Mais tarde optou também por estudar Direito. Com o diploma na mão, pôde dar início à carreira que tanto estimava, e pela qual gostava de ser conhecido: a de professor. Luís da Câmara Cascudo nunca deixou de estudar, e acabou se tornando uma enciclopédia ambulante.

Orgulhava-se de dizer que, em 50 anos de profissão, teve cerca de dois mil alunos, com os quais aprendera mais do que ensinara. O professor Cascudo preocupava-se em aproximar as disciplinas do dia-a-dia dos estudantes. Em sala, falava até de lobisomem, motivo pelo qual quase perdeu o cargo.

 A companheira, agora só, de um dos maiores folcloristas do Brasil
fotografia: Canidé Soares

Já com 68 anos, Luis se aposentou do cargo de professor para ter mais tempo para si. A saúde estava frágil e a audição, muito debilitada. Longe de desanimar, dizia que, como ele, os órgãos também tinham direito à aposentadoria. Em sua velhice, deliciou-se com os crepúsculos e os céus estrelados. Quando avistava a Estrela Dalva, acordava dona Dáhlia, sua mulher, em plena madrugada. E nunca abriu mão de ficar à vontade: sempre de sandália, pijama, e com os cabelos grisalhos todos despenteados.

Em 1986, Cascudo morreu em Natal, sua tão adorada cidade. O Brasil perdia um grande homem, que agora se transformava, ele próprio, em personagem da nossa história.

...fonte...
Carolina Benjamin
Publicado em 03/02/2004 | Atualizado em 02/06/2010
Instituto Ciência Hoje/RJ.

...fotografia...
Carlos Lyra
Y.Masset
Canindé Soares

 "Cascudo é muito comentado e pouco lido, 
o que gera várias inverdades sobre sua obra"
Daliana Cascudo 

...Câmara Cascudo - 25 anos de ausência...
...veja documentário...

julho 28, 2011

O MECENAS DAS LETRAS POTIGUARES


Abimael Silva é apaixonado por livros e fez disso sua devoção
Hoje é o maior editor de livros do RN

UM SEBO DE RESISTÊNCIA

Por
João Correia Filho 

Com mais de 300 livros publicados sobre o Rio Grande do Norte, o editor Abimael Silva, proprietário do Sebo Vermelho, no centro de Natal, tornou-se uma espécie de guardião da cultura de seu estado, e uma referência para quem quer ir muito além das praias e dunas.

O local não é o que se pode chamar de ponto turístico. Uma pequena porta de correr pintada de vermelho, com a tinta já descascada, um amontoado de livros entre poeira, móveis e pilhas de papel. Mas se engana quem não vê nesse estabelecimento, no centro histórico de Natal, uma das maiores referências para conhecer a cultura potiguar e adentrar o Rio Grande do Norte de norte a sul, praia e sertão, erudito e popular. 

Criado em 1985, o Sebo Vermelho tornou-se muito mais que um sebo a partir de 1990, quando seu proprietário, o ex-bancário Abimael Silva, resolveu publicar o livro de um amigo sobre a história do cinema em Natal. E foi assim, com Écran Natalense, de Anchieta Fernandes, que Abimael começou sua saga editorial, que já chega à marca de mais de 300 livros lançados, dos mais variados temas, mas todos voltados para a cultura potiguar.

“Anchieta não encontrava espaço para publicar esse brilhante ensaio, sempre com negativas das editoras daqui. Decidi procurar Varela Cavalcanti, então presidente do Sindicato dos Bancários, que sabia da importância da obra. Comprei todo o material e ele topou fazer a impressão. Imprimimos 300 exemplares e, felizmente, conseguimos vender todos”, conta Abimael­, que a partir daí passou a lançar outros títulos por conta própria.

Sem uma empresa distribuidora, os títulos do Sebo Vermelho
são vendidos, em sua grande maioria, no dia do lançamento
e no boca a boca, ou em algumas livrarias de Natal

LIVREIRO POR NATUREZA

Antes disso, trabalhara quatro anos no setor de conta corrente de um banco. “Ficava o dia inteiro somando cheques, mas sempre pensando que queria trabalhar numa livraria. Na primeira oportunidade, saí do banco e resolvi começar meu próprio sebo”, diz Abimael. Na época, sua biblioteca particular tinha mais de 700 livros, e 600 foram colocados à venda. “Lamento a perda de alguns poucos que nunca mais encontrei em 26 anos de sebo, como Cartas a Nora, de James Joyce, e alguns do Graciliano Ramos.”   

As publicações do Sebo Vermelho, depois de quase três décadas de existência, apresentam um completo panorama da cultura do estado, além de importantes resgates de livros. É o caso de Antologia Poética do Rio Grande do Norte, publicado originalmente em 1922 e reeditado pelo selo em 1993. Os Americanos em Natal, do historiador Lenine Pinto, é outro destaque. Retrata a cidade durante a Segunda Guerra Mundial, quando se tornou uma base dos Estados Unidos e sofreu forte influência da cultura americana. Outra pérola, O Carteiro de Cascudinho, foi escrita por José Helmut Cândido, o carteiro de Câmara Cascudo durante anos, que conta suas experiências servindo um dos maiores intelectuais do Nordeste.

As tiragens do Sebo Vermelho costumam ser pequenas, no máximo 500 exemplares, e com distribuição extremamente complicada, já que é difícil entrar no esquema das grandes livrarias, que dominam o mercado. “Até o livro número 34, ainda tinha esperança de que isso pudesse render algum dinheiro, mas hoje, para mim, o que importa é apenas que as edições se paguem, pois o objetivo de um livro é fazer outro, e assim por diante”, resume o editor. Ele lembra que um dos livros que mais venderam foi História do Rio Grande do Norte, do pesquisador Ezequiel Vanderlei, publicado originalmente em 1992. Foram 500 exemplares em seis meses.

É dessa forma que são lançados cerca de 30 títulos por ano, e o editor pretende alcançar a marca de 500 livros editados até 2012. “O mérito é todo do Rio Grande do Norte, que tem tudo isso para ser dito”, argumenta Abimael, que garimpa preciosidades em viagens pelo interior e em conversas com amigos. A triagem é feita pelo valor histórico e editorial, que conta com a sensibilidade de quem conhece seu estado e vive envolto por livros e intelectuais de peso. “Também aparecem várias porcarias, como uma senhora que queria pagar a publicação do livro do neto, de 5 anos, edição bilíngue, pelo selo. Obviamente, não aceitei.”

"O objetivo de um livro é fazer outro"
Poucos lugares do Sebo Vermelho são arrumados 
como a estante das edições do próprio selo

VERMELHO?

Embora o caráter político-literário do trabalho de Abimael esteja claro, o nome de seu sebo nada tem a ver com posições ideológicas. Ao alugar um quiosque para montar sua banca, ele notou que todos eram azuis ou pretos. Para destacá-lo, pintou tudo de vermelho. “Até o dia em que chegou alguém e perguntou: ‘Aqui é o sebo vermelho?’ E o nome acabou ficando. Mas minha mãe achou horrível, achava que tinha de se chamar Sebo São José”, brinca Abimael. Hoje, o sebo não está mais instalado em um quiosque de rua, mas na Avenida Rio Branco, bem no centro da cidade. E mantém a cor como chamariz.

Ano após ano, a luta do sebista-editor foi se tornando também uma bandeira política e social, à medida em que virava um verdadeiro guardião da cultura do estado. Além de ser hoje o maior editor potiguar (talvez do Nordeste, pelo número de títulos), tem acumulado uma série de resgates cuja importância é negligenciada pelo poder público e pelas editoras privadas. “Só querem saber do que vende em grandes tiragens. É nisso que investem ainda mais. Quando houve o lançamento do livro do Padre Marcelo aqui em Natal, venderam 5.000 exemplares num único dia, graças a um aparato gigante de marketing”, alfineta o sebista. “Aqui, nunca a prefeitura comprou ou indicou um único livro meu que fale do Rio Grande do Norte. Já tentei, já mandei ofício, mas esse povo fica esperando que a gente puxe o saco.”

Sem uma empresa distribuidora, os títulos do Sebo Vermelho são vendidos, em sua grande maioria, no dia do lançamento e no boca a boca, ou em algumas livrarias de Natal, nas quais Abimael leva pessoalmente cada exemplar. “Quanto maior a livraria, maior o obstáculo”, reclama. No sebo, os livros editados por ele são os que têm maior destaque, expostos nas paredes da entrada, com um pouco mais de organização que os demais. Segundo ele, um dos raros momentos de destaque do Sebo Vermelho ocorreu quando foi entrevistado pelo apresentador Jô Soares­. Na ocasião, havia alcançado 100 livros editados e os poucos momentos televisivos renderam visibilidade, embora isso não tenha mudado substancialmente a venda de seus livros. “Foi bom pra chamar a atenção, por exemplo, para o sertão do Rio Grande do Norte, que quase sempre é deixado de lado”, diz Abimael.

Quando sobra tempo ou dinheiro, Abimael viaja para as duas capitais próximas de Natal, Recife (a 285 quilômetros) e João Pessoa (a 190 quilômetros), sempre com o carro lotado de exemplares, que vai entregando de livraria em livraria, numa verdadeira romaria literária. Já no interior do Rio Grande do Norte, além da pesquisa de novos títulos, realiza eventualmente lançamentos de obras que falem do sertão ou de autores locais. É o caso de O Ataque de Lampião a Mossoró, história em quadrinhos escrita por Emanoel Amaral e Alcides Sales.

Para este ano, um dos destaques entre os lançamentos é a reedição de Indícios de uma Civilização Antiquíssima, de José de Azevedo Dantas. Autodidata e pioneiro da antropologia brasileira, escreveu em 1925 um verdadeiro tratado sobre as pinturas rupestres do sertão potiguar, mais especificamente sobre a região do Seridó, no sul do estado, já na divisa com a Paraíba. 

Para quem quer conhecer o Rio Grande do Norte além dos livros, é bom lembrar que se trata de uma região riquíssima, com belas paisagens, cidades históricas e muitas pinturas rupestres, a maioria datada de 10 mil anos. Somente Carnaúba dos Dantas, a 200 quilômetros da capital, onde viveu José Dantas, possui mais de 60 sítios arqueológicos para serem visitados.

Outra predileção de Abimael são os livros de história e de fotografias. Entre os mais importantes lançados por ele estão Uma Câmara Vê Cascudo, com imagens raras do escritor, feitas no final dos anos 1970; e Natal Através dos Tempos, que retrata a cidade desde os anos 1940, ambos do fotógrafo potiguar Carlos Lyra, falecido em 2006.

Além de um lugar para comprar livros sobre o Rio Grande do Norte, o Sebo Vermelho também se tornou, em seus 26 anos, um importante reduto de intelectuais, a maioria em busca de boa literatura ou boas conversas, que acontecem ali quase todos os dias. 

No fundo da loja há uma pequena mesa de sinuca e uma geladeira, aos sábados repleta de cervejas. O ponto de encontro virou tradição entre os amigos que frequentam o sebo. Não faltam uma boa cachaça e a carne de sol, “a melhor de Natal, que eu mesmo escolho”, faz questão de dizer Abimael. Nesses churrascos, o papo rende e surgem ideias para novos livros, além do incentivo dos amigos para que Abimael continue na dura batalha a favor da cultura do Rio Grande do Norte, um estado que, se você quiser conhecer a fundo, não pode deixar de incluir o Sebo Vermelho em seu próximo roteiro.

...fonte...
www.redebrasilatual.com.br
Revista do Brasil - Edição 59 - Maio de 2011

...fotografia...
Kamilo Marinho
Canindé Soares
João Correia Filho

..visite... 
www.sebovermelhoedicoes.blogspot.com/

...Abimael Silva - Cores e Nomes...
...veja o vídeo...

"O MECENAS DAS LETRAS POTIGUARES"
Títlulo dado a Abimael por Jason Amaral, do Diário de Natal

julho 26, 2011

FAZER O BEM AINDA É UMA ARTE...

Com poucos recursos e muita boa vontade,  Flávio Rezende, presidente da Casa do Bem,
tem conduzido a entidade com a ajuda de voluntários e doações de empresas parceiras
 A "alma boa" DE FLÁVIO REZENDE
Jornalista, escritor e ativista completa 50 anos com um sonho realizado:
ver a Casa do Bem aberta em Mãe Luíza – Natal/RN

  Por
Paulo Nascimento

O prazer de ajudar e servir aos mais necessitados mistura-se com a história do jornalista, escritor e ativista social Flávio Rezende, 50 anos recém completados neste mês de julho. Como consequência da veia filantrópica que sempre teve desde criança, Flávio toca há pouco mais de ano o que tem como "sonho da sua vida": a Casa do Bem. Nascida de uma somatória de fatores, desde a escolha por morar em Mãe Luíza há mais de 20 anos, passando pela transformação do desejo de prestar assistência em realidade, a construção da Casa do Bem é o retrato da "alma boa" - como Flávio trata todos com quem conversa - do jornalista.
O trabalho social da Casa do Bem atinge a cultura, o esporte e a educação
Aos poucos, unindo projetos já existentes, que envolviam igrejas e escolas do bairro, e criando os seus, formava-se um embrião Casa do Bem. "Tudo começou ainda em minha antiga casa, trazendo os primeiros projetos para a garagem", explicou Flávio. Atualmente, ele não vive mais na mesma casa - transformada em pequenos apartamentos -, que é vizinha a atual sede da instituição. "Eu, e principalmente minha família, estávamos sendo sufocados. Todo dia várias pessoas apareciam na minha porta fazendo pedidos pessoais, como bujão de gás, o que não é o objetivo das ações da Casa do Bem", afirmou Flávio. A Casa do Bem, no entanto, não é morada apenas de quem participa dos projetos oferecidos, mas também do diretor, que nunca deixa de passar pelo local diariamente.

Desde a infância, Flávio despertou entre os irmãos - no total de seis - o desejo de ajudar. Segundo ele, sempre que alguém passava em sua casa pedindo algum tipo de ajuda, em especial alimentação, o então estudante do Instituto Maria Auxiliadora não negava. "Recordo muito bem que quando o único shopping de Natal era o CCAB Norte, em Petrópolis, a moda da época era tomar um chocolate de Gramado. E sempre que eu ia, chamava também o garoto que ficava tomando conta do estacionamento, como se fosse um flanelinha de hoje, para tomar chocolate comigo", lembrou Flávio.

A Casa do Bem atende hoje cerca de 2.800 pessoas direta e indiretamente
 O CARA DO BEM

Vindo de família abastada, tendo como patriarca o médico Fernando Rezende - que hoje dá nome à Casa do Bem -, e amigo de muitos integrantes da alta sociedade da capital potiguar, o já jornalista, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Flávio surpreendeu a todos quando resolveu morar em Mãe Luíza, então e até hoje considerado um dos bairros mais perigosos da cidade. "Eu me sinto bem entre meus amigos de alta classe, mas me sinto muito melhor no meio do povo. Isso vem de mim e eu não sei explicar a razão. E estando no meio do povo, me sinto com ainda mais vontade de ajudar", afirmou o diretor da Casa do Bem.

Seguindo o passo a passo que resultou na instalação da Casa do Bem no bairro em julho de 2010, Flávio deparou-se com uma escolha relativa à comunidade onde escolheu para viver: interagir ou não com a população local. "Eu poderia simplesmente me trancar na minha casa e não olhar para cara de ninguém, mas eu escolhi realmente viver em Mãe Luíza", disse Flávio. Aos poucos, com a aproximação, conhecendo a realidade do local, uma luz despertou na "alma boa" de Flávio. "Eu percebi que, apesar de todos os problemas que existiam por aqui, poderia fazer alguma coisa para ajudar", ponderou o jornalista.

Mais um grande sucesso da Casa do Bem, a edição da saída do Palhaço da Paz
com a campanha: “Liberdade aos Passarinhos”. No comando,  Flávio Rezende

 DECEPÇÃO COM  FALTA DE APOIO DOS AMIGOS

Com o crescimento dos projetos e a chegada de cada vez mais pessoas para participar das ações, além da maior visibilidade alcançada pelo que seria o embrião da atual sede, a Casa do Bem finalmente virou realidade. A construção da casa de dois pavimentos em Mãe Luíza, inaugurada em 15 de julho de 2010, contou com o apoio de empresas de grande porte, como a petrolífera Petrobras, e o governo do estado, através de leis de incentivo, como a Câmara Cascudo. "Esta casa de pé, funcionando, me dá, acima de tudo, um sentimento extremamente gratificante. Muitos chegaram a não acreditar, mas hoje posso dizer que é um sonho realizado", afirma Flávio Rezende.

projeto "Surfista do Bem", atende jovens carentes do bairro de Mãe Luiza
Mostrando-se sempre em êxtase quando está na Casa do Bem, Flávio só lamenta uma coisa: a falta de apoio dos amigos. Os problemas para manter a casa (que custa cerca de R$ 8 mil para funcionar), afirma, são inúmeros, mas são todos superados. "Eu me decepciono muitas vezes, porque recebo muito mais ajuda para a Casa do Bem até de pessoas que não conheço do que dos meus amigos. O apoio que recebo de muitos deles é só teórico: 'está muito bonito, parabéns' e só. O que sinto sempre é solidão, eles me deixaram muito só", lamentou Flávio. Enquanto segue escrevendo uma tese de Especialização, intitulada "A religiosidade no sistema carcerário potiguar", Flávio Rezende não larga a Casa do Bem Dr. Fernando Rezende.
  
SOBRE A CASA 

A Casa do Bem é uma organização não governamental funcionando na cidade do Natal, capital do Rio Grande do Norte, no Brasil.  Atualmente mais de 30 projetos estão em andamento e, em sua sede social na Rua João XXIII, nº. 1719, em Mãe Luiza, atividades diversas podem ser feitas através de voluntários, tudo sem cobrança de taxas e sem interferência política e nem religiosa. Com o lema "Fazer o bem sem olhar a quem", a Casa do Bem, atende pelo fone (84) 3202-3441. A Casa do Bem é de utilidade pública municipal, estadual, legalizada em todos os sentidos, possuindo ainda aval do Conselho Municipal de Assistência Social, além de fazer parte do programa Cidadão Nota 10 do Governo do Estado do RN.


...fonte...
Paulo Nascimento
especial para o Diário de Natal
paulonascimento.rn@dabr.com.br
www.diariodenatal.com.br
www.casadobem.org.br  

...fotografia...
Canindé Soares

“Respiro a Casa do Bem 24 horas, é um sonho que virou realidade, hoje busco de todas as formas manter a ONG funcionando, mas não tenho conseguido muitos apoios. Temos até agora só um apoio governamental, que é da Prefeitura da Cidade do Natal, de algumas empresas e dos poucos amigos. Isso é o que tem tornado a Casa do Bem possível.  Apesar de tudo, o ideal é maior e permaneço com a chama acesa, pois minha missão é ajudar, e disso não abro mão".  (Flávio Rezende)

...visite...
www.casadobem.org.br

julho 21, 2011

UM BRILHO POTIGUAR NA POP ARTE

A METAMORFOSE DE UM  POTIGUAR DE ORIGEM TCHECA E INDÍGENA

 THIAGO CÓSTACKZ 
ARTISTA PLÁSTICO
UM BRILHO POTIGUAR NAS CAUSAS SOCIAS E AMBIENTAIS

Thiago Cóstackz tem 26 anos é artista plástico, ativista ambiental e fundador do primeiro Museu de Eco-Art Sustentável do Mundo (ação que conta com o apoio de artistas de mais de 30 países). Nasceu no Rio Grande do Norte, na velha Nova Amsterdã (Natal-RN), e conhece de perto o que é tentar ser um artista em uma terra pobre, vindo de uma família sem recursos e nada influente. Potiguar de nascimento e cidadão do mundo por opção, sua entrada no mundo da arte confunde-se com sua chegada a este planeta. Muito cedo, começou a bater perna por ai e trabalhou duro aprendendo com os “sábios que habitam esta galáxia.”

De ascendência tcheca e indígena, trabalha com causas sociais e ambientais desde os 10 anos de idade, questões que influenciaram significativamente sua obra e seu direcionamento intelectual. Ainda no RN trabalhou em projetos de inclusão de idosos abandonados e refugiados de guerra vindos da África para o Brasil. Em 2003, fundou a ONG POEMAA (sigla para projeto onírico, ético, musical, artístico e ambiental), que visa incluir pessoas através destes pilares.

A política, antropologia, a literatura "realista fantástica", assim como a astrobiologia e física teórica, destacam-se como grandes influências nas "Metáforas magistrais" da obra "Pop-Surrealista" e do "EcoArt" de Cóstackz. Cores flúor, puras, ousadas e formas milimetricamente marcadas com um forte contorno unem-se a retratos, estradas, maçãs, imagens metamorfoseadas das nossas megalópoles e body art; o corpo como suporte. Nos seus painéis, instalações e esculturas usa tinta a base de água que não polui os mananciais, tecidos ecológicos e reciclados, cristal de Murano e principalmente madeira certificada. 

Painel A Grande Mãe na av. Paulista 25m x 17m by Thiago Cóstackz
Na arte de Thiago Cóstackz, todas as formas parecem estar em metamorfose, por que no fundo tudo a nossa volta realmente parece estar mudando; das cidades ao planeta e até nós mesmos.  Aqui cidades possuem barbatanas, prédios formas de insetos Kafkianos (de Franz Kafka), carros voam! Macacos, ETs e físicos teóricos falam com o observador, as “gosmas” invadem tudo o que podem, maçãs transformam-se em janelas, portais! Pessoas viram “caricaturas pop” e a “irônica é escravizada pela arte.”

Ao chegar a São Paulo em 2007 recebeu apoio e total direcionamento dos curadores do MASP, Luiz Hossaka (1928 – 2009, curador do museu por 60 anos) de Eunice Sofia e de Débora Buonano curadora do Museu de Belas Artes de São Paulo.

Mora em São Paulo/Brasil, onde há pouco mais de três anos realizou 28 exposições em grandes centros urbanos do Brasil e do mundo passando por países como: Noruega, Itália, EUA, Chile, Alemanha e Finlândia. Já realizou trabalhos para a Prefeitura e Governo do Estado de São Paulo e para grandes marcas internacionais como: Puma, Hugo Boss, Calvin Klein, DKNY (Donna Karan New York) e MAC. Exibiu várias esculturas e instalações na Av. Paulista (SP) uma delas uma projeção 3D medindo mais 60m x 36m. Patrocinado pela PUMA internacional há três anos, realizou mega interferências e “campanhas arte” para a marca no Brasil e na Alemanha.

Realiza anualmente a mostra “S.O.S Terra” em comemoração ao dia Mundial da Terra (Earth Day, sempre 21/04) em plena av. Paulista, visando a conscientização das massas para as causas ambientais e a proteção de cerca de 400 mil espécies severamente ameaçadas de extinção no mundo. Na ultima edição (de 2010), as fotos feitas para a divulgação da ação estiveram presentes em um editorial na conceituada revista Vogue. Nestas fotos o artista pintou o próprio corpo com estampas de sapos da Floresta Amazônica que juntamente com todos os outros anfíbios, são os animais mais ameaçados da Terra.

Durante a exposição “Mitos e Ícones” (09/2009), mostra manifesto para fundação do primeiro Museu de Eco-Art Sustentável do Mundo, o artista recebeu mais de 100 mil pessoas em apenas 40 dias em São Paulo e Curitiba, mais do que o MASP (maior e mais importante museu do país) recebe trimestralmente.

Em 2009, foi convidado pela elegante marca alemã Hugo Boss para lançar um perfume inspirado em seu trabalho. O lançamento no Brasil do perfume "Hugo Element" da Hugo Boss contou com grandes interferências do artista.

Em uma nova e promissora parceria com a Corporação Americana Estée Lauder, durante a Mostra “Tsunami vs Terremoto” foi a vez da DKNY (Donna Karan New York) convidar o artista a realizar interferências artísticas em seus frascos, marcando o lançamento Internacional da nova fragrância DKNY Be Delicious Fresh Blossom.

Seus inúmeros projetos já contaram com a colaboração de nomes mundialmente conhecidos. Já fez obras para a banda Americana The B’52s, para os suecos do Roxette e para os irlandeses do The Cranberries.

Celebridades viraram obras de arte nas mãos do artista plástico
FAMOSOS  VIRAM OBRAS DE ARTE NAS MÃOS DE CÓSTACKZ

Fernanda Tavares, Carolina Dieckmann, Carlos Casagrande, Isabela Fiorentino, a Princesa Paola de Orleans-Bourbon, Larissa Costa (Miss Brasil 2009), Dalton Vigh, entre outros colegas, engajados no projeto de causa ambiental de Cóstackz,  que objetiva  a fundação do primeiro Museu de Arte Contemporânea e Sustentável do Brasil, na cidade de Natal/RN, aceitaram a proposta de virar obras de arte  pelas mãos do artista.

...fonte...
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julho 20, 2011

O GUARDIÃO DO ROMANCEIRO POTIGUAR

Deífilo Gurgel  estuda e documenta o folclore nordestino há mais de três décadas
e lamenta o desinteresse da população pelo folclore. Ele, porém, não desiste.

GUARDIÃO DO ROMANCEIRO POTIGUAR

Por
Yuno Silva

Há exatos 40 anos ele descobriu as cores da cultura popular em São Gonçalo do Amarante, e desde então dedica-se à trabalhosa - e prazerosa - missão de revelar o que é que o folclore potiguar tem. Exemplo da máxima 'amor à primeira vista', Deífilo Gurgel encantou-se pelo bailado do Boi Calemba Pintadinho, do Mestre Pedro Guajiru (grupo que hoje está sob a batuta do Mestre Dedé Veríssimo), assim que avistou os brincantes em seus trajes cheios de fitas e espelhos, um encontro que mudou para sempre a vida deste guardião das tradições culturais.

"Era lindo ver aquilo (o Boi), me apaixonei na hora quando vi as roupas dos galantes (brincantes) reluzindo ao entardecer, e não larguei mais", disse o pesquisador, folclorista, escritor e poeta no alpendre de sua casa no Tirol. Do alto de seus 84 anos, o experiente Deífilo reconhece que começou tarde seu trabalho, mas o fato não o impediu de ser visto como autoridade quando o assunto gira em torno do folclore Norte-riograndense. "Depois daquele dia (em 1971), descobri o folclore e comecei a viajar pelo RN para registrar tudo o que estava a meu alcance", lembra.

E é justamente para tratar sobre seus registros ainda inéditos que a reportagem do VIVER procurou o folclorista, que está em plena atividade debruçado sobre a obra "Romanceiro Potiguar". Deífilo Gurgel trabalha há mais de 15 anos nesta publicação, fruto de uma pesquisa de dez anos realizada entre 1985 e 1995. "Essa demora toda é por causa do volume de material coletado durante a pesquisa. É trabalhoso e demorado mesmo, sem falar que vamos nos envolvendo com outras coisas", justifica. "Nem sei quantas horas de gravação cheguei a fazer, mas ouvi uns 300 romances e entrevistei mais de 100 pessoas", enumera.

Entusiasta de primeira grandeza, Gurgel se diz surpreso com a quantidade e qualidade das entrevistas e das descobertas: "Rodei todo o Estado para fazer esse levantamento do que ainda resta dos romances ibéricos imortalizados por Dona Militana, de São Gonçalo do Amarante. Não imaginava que encontraria tanta coisa!". Ele frisa que sua pesquisa vai de encontro à constatação do musicólogo e historiador Mário de Andrade, que circulou pela região no final da década de trinta catalogando as sonoridades nordestinas. "Mário de Andrade reclamou de não ter encontrado romances por aqui, mas temos que ver ele passou um mês e meio no RN e circulou pouco", disse o potiguar. Vale registrar que foi Andrade quem topou com o coquista Chico Antônio, alçando-o ao patamar onde se encontra até hoje.

Para publicar "Romanceiro Potiguar", Deífilo recebeu propostas do deputado Estadual Fernando Mineiro, que ofereceu, entre outras coisas, apoio logístico para digitação de todo o material; e do Senador João Faustino, com quem trabalhou na Secretaria Municipal de Educação de Natal na época que 'despertou' para o folclore - conversa esta mediada pelo advogado, escritor e presidente da Academia de Letras do RN Diógenes da Cunha Lima. "São apoios individuais e Diógenes perguntou se dava para entregar o livro até 15 de agosto, por isso estou trabalhando ligeiro para ver se dá tempo", adianta.

DESCOBERTAS

Os dez anos de pesquisa, apoiadas pela UFRN, renderam boas descobertas à Deífilo Gurgel, mas grande parte dos entrevistados já faleceram: "Sei que há gente nova que herdou esse conhecimento dos romances, mas só uma nova viagem para identificar essas pessoas", esclarece o pesquisador. O potiguar de Areia Branca contou que o "romance mais interessante que conheci foi 'Milagre do Trigo', apresentado por Dona Militana. Só ela sabia cantar e cheguei a chamar temporariamente de 'Jesus Cristo e o Lavrador', até que conheci o professor português JJ Dias Marques, da Universidade de Algarves em uma evento em Sergipe. Ele me disse que já tinha ouvido o romance, mas que só tinha conhecimento de versões em espanhol", disse.

Outra grande descoberta do ex-professor de Folclore Brasileiro do Departamento de Artes da UFRN foi o romance "Paulina e Don João", recitado por Dona Maria de Aleixo em Nísia Floresta. "Dona Maria mescla elementos italianos, uma raridade no RN pois geralmente os temas são ibéricos (Portugal e Espanha)", enfatiza.

FABIÃO DAS QUEIMADAS

A terceira descoberta destacada por Deífilo foi o romanceiro Pedro Ribeiro, em São Pedro do Potengi. De acordo com Gurgel, Seu Pedro conhecia cantigas antigas dos tempos áureos da pecuária potiguar. "Cantou vários fragmentos de romances criados por Fabião das Queimadas (1848-1928), mas fiquei impressionado mesmo foi com o 'Cavalo Moleque Fogoso'. Fabião era negro, ex-escravo e analfabeto, mas é o único compositor de romances", garante o folclorista. "Cascudo dizia que Fabião era um poeta medíocre, eu não acho", sentencia.

Segundo as pesquisas, no RN só há romances de origem ibérica, principalmente portugueses, que representa cerca de 80% de tudo o que se conhece. "Para melhor compreensão, estabeleci uma espécie de classificação dos romances: de Portugal temos o 'Romance Palaciano', que trata das intrigas da nobreza; os 'Romances Religiosos' e o 'Romance Plebeu'. Já entre os brasileiros temos o 'Romance da Pecuária', 'Romance do Cangaço' e os 'Romances Burlescos', cantados nos circos de antigamente", explica.

Na opinião do folclorista, são três as romanceiras de maior importância no RN: Dona Militana, que sabia mais de 30 romances; Dona Jovina Monteiro, conhecedora de outros 20; e Maria de Vito, da praia de Caraúbas. "Maria de Vito não sabia muitos romances, mas tinha algumas raridades para mostrar como a 'Xácara dos namorados', que tem pouquíssimas versões no Brasil", orgulha-se.

Além dessas raridades, Deífilo disse que o livro trará três romances inéditos: "São romances marítimos do Fandango que escutei de Seu Atanásio Salustino, pai de Dona Militana. São eles o 'Romance Capitão da Armada', Romance do Corsário da Índia', e a 'Xácara da Nau Catarineta'. São pérolas ainda não publicadas em nenhum outro lugar. Igual este livro no Brasil, com essa temática de romances, só outros dois: um de Jackson da Silva Lima (SE) e outro de Doralice Xavier (BA)", garante.

BIBLIOTECA DIGITALIZA ROMANCES

As entrevistas foram gravadas em fitas K7, e ficaram guardadas por muitos anos. Com receio de perder o material, Deífilo Gurgel entrou em contato com instituições e a Biblioteca Amadeu Amaral, do Rio de Janeiro, ligado ao Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular - Museu do Folclore, se interessou pela pesquisa. "Enviaram duas funcionárias que levaram as fitas para serem digitalizadas, depois me devolveram os áudios em CD e DVD", lembra.

 A proposta inicial de Gurgel é lançar o livro, cuja abertura será assinada por Paulo de Tarso Correia de Melo (presidente do Conselho Estadual de Cultura) com CDs de áudio. "Não entendo muito de música, mas me emociono quando ouço romances como a 'Bela Infanta', apresentada por Dona Militana. Deve ter muita coisa para se ouvir por aí ainda, mas só com um projeto elaborado pelos órgãos culturais podemos registrar isso. Infelizmente os Governos não estão interessados em preservar essa memória", lamenta o autor, que vê o município de São Gonçalo do Amarante  como o grande celeiro da cultura popular norte-riograndense. "SGA preserva todos os costumes antigos e a prefeitura de lá precisa atentar para isso e valorizar", aposta.

Passando por uma fase difícil, quando se recupera de uma cirurgia realizada em maio para extrair um tumor benigno na próstata, Deífilo diz que está entre os parentes que mais "esticaram a vida" e pretende, além de lançar "Romanceiro Potiguar", lançar mais dois ou três livros antes de "atravessar o lago da solidão" - diz citando soneto recém escrito. "Estive meio deprimido, mas já estou me recuperando", avisa.

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Yuno Silva

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Canindé Soares

julho 17, 2011

CRIANÇAS À DERIVA... ATÉ QUANDO?

“It is hard for a dog to live on the streets. Just imagine it for a kid”
(É difícil para um cachorro viver nas ruas. Imagine para uma criança)
  RIO GRANDE DO  NORTE
TEM SEGUNDA MELHOR SITUAÇÃO EM NÚMERO DE CRIANÇAS NA RUA

Por
Jotta Paiva

O Rio Grande do Norte aparece na segunda melhor situação do Nordeste e sexta no país em número de crianças na rua. Os dados são da Primeira Pesquisa Censitária Nacional sobre Crianças e Adolescentes em Situação de Rua, publicada em março deste ano, através de convênio firmado entre a Secretaria de Direitos Humanos (SDH) e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável (IDEST).

A Meta Instituto de Pesquisa de Opinião, responsável pelo levantamento, identificou que no Brasil existem 23.973 crianças e adolescentes em situação de rua. O Rio de Janeiro aparece em primeiro lugar no ranking com 5.091 crianças em situação de vulnerabilidade vivendo ou passando a maior parte do tempo na rua, e o Maranhão em último, com apenas 23 casos. Com apenas 84 registros, o RN está entre os que têm melhor situação na pesquisa, na frente apenas de Mato Grosso, Acre, Tocantins, Roraima e o próprio Maranhão.

A Bahia, com 2.313 crianças na rua, tem a pior situação do Nordeste, atrás do Rio e de São Paulo (4.751). O Ceará (1.575) aparece na quinta posição e a Paraíba (1.011) na oitava. O levantamento foi realizado em 75 cidades de todo o país, abrangendo todas as capitais e cidades com população superior a 300 mil habitantes, conforme dados do Datasus do ano de 2004.

A pesquisa aponta que 45,5% dos entrevistados têm entre 12 e 15 anos, sendo 71,8% do sexo masculino e 28,2% do feminino. Vários são os fatores que impulsionam o abandono da casa, parcial ou integralmente, mas os principais, segundo o questionário, são brigas verbais com pai, mãe e irmão, violência doméstica e, principalmente, álcool ou drogas. 22% disseram querer ter liberdade para viver a seu modo, mas 13% vivem sem teto porque perderam suas moradias. Apenas 1,2% está nessas condições por causa da saúde mental.

QUESTIONAMENTO

A Campanha Nacional Criança Não é de Rua, formada por organizações da Sociedade Civil e do Poder Público, questiona o resultado da pesquisa. Em nota, o secretário nacional da entidade, Bernardo Rosemeyer, afirma que "na maioria das cidades brasileiras acima de 300.000 habitantes a proporção de crianças e adolescentes que se aventuram nas ruas e praças diurnamente é imensamente maior". "Além disso, os supostos dados censitários em muitos Estados da Federação devem superar em muito os números obtidos pelo instituto de pesquisa de opinião contratado", critica, duvidando dos números apresentados do Maranhão e Rio Grande do Norte.
 
MUNICÍPIOS NEGAM PROBLEMAS COM CRIANÇAS NAS RUAS
 
A secretária de Assistência Social de Assú, Maira Leiliane, garante que não existem crianças nem adolescentes vivendo nas ruas de Assú. Ela explica que o serviço de acompanhamento é feito pelo Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), presente em todos os municípios potiguares, e pelo Centro de Referência Especializada da Assistência Social, com apoio do Conselho Tutelar.
Através desses órgãos, é feito um trabalho de proteção básica com as famílias em situação de risco, mas que ainda não se romperam. "São famílias que enfrentam problemas de agressividade, álcool ou droga, mas que continuam vivendo no mesmo teto", conta.

Neste ano, foi implantado no município o programa Cras nos Bairros, que leva os serviços desse órgão até as comunidades. Desde que começou, o atendimento a famílias em vulnerabilidade cresceu de 300 para 4.000. "As pessoas só procuram a Assistência Social do Município para contar seus problemas quando não conseguem mais suportar a situação", explica Maira.

Em Natal, a assessoria de imprensa da Assistência Social garantiu que não tem problema de crianças morando na rua. "O que temos são crianças que passam o dia na rua", afirma a jornalista Daniele Oliveira. Ela informa que no Cras tem uma equipe de busca ativa responsável pela fiscalização 24h, durante os 7 dias na semana, nas ruas da capital, a fim de identificar crianças e adolescentes nesta situação. 

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A fotografia que ilustra esta postagem foi trabalhada durante a Campanha “Ajude o Patronato Santo Antonio a tirar das ruas milhares de crianças e adolescentes que precisam”, desenvolvida pela Bronx Comunicação (Curitiba-PR) com apoio da Easy Filmes, da produtora Áudio U-Dog e do fotógrafo Antônio Wolf, para o Patronato Santo Antonio de Curitiba que atende crianças carentes na cidade de São José dos Pinhais-PR. Para divulgação foram criados duas peças para TV e mídia impressa. Escolheram alguns “personagens” que vivem nas ruas da cidade e compararam sua difícil sobrevivência à das crianças que também vivem situações parecidas.

julho 16, 2011

VEM PRA CÁ VOCÊ TAMBÉM!


 IBGE
IMIGRAÇÃO NO RN É MAIOR QUE EMIGRAÇÃO

O Rio Grande do Norte foi o único estado do Nordeste com saldo positivo nos deslocamentos interestaduais de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (2004 e 2009), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados analisados na pesquisa mostram que no período 1995/2000 o número de imigrantes no RN foi de 77.916 pessoas, enquanto o de emigrantes, ou seja, indivíduos que saíram, foram apenas 71.287.


O saldo migratório do RN foi positivo em 6.630. Em comparação ao ano de 2004 o RN manteve saldo positivo. O número de pessoas que saíram do estado chegou a 73.494 e a quantidade de pessoas que vieram de outras unidades da federação para o RN chegou a 37.284. Na avaliação de 2009 o RN também se manteve com saldo positivo. O número de imigrantes foi 60.182 enquanto que o de emigrantes foi somente 37.047. As mudanças no comportamento da migração são justificadas pelas transformações nas vários aspectos da sociedade, como econômica, social e cultural.


Além disso, no que se refere aos percentuais de "retornados dentre os imigrantes do Nordeste", apenas o RN (36,18%) e Sergipe (26,58%) tiveram taxas abaixo de 40%. A pesquisa calculou também o Índice de Eficácia Migratória (IEM), relação entre saldo migratório e o volume total de migrantes (imigrantes e emigrantes), que mede a capacidade de atração, evasão ou rotatividade migratória do estado. 

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Getty Images

julho 14, 2011

DIANTE DO TRONO EM SOLO POTIGUAR

Maior banda gospel do país se apresentará  em Natal para um público
 estimado em 100 mil pessoas, em show gratuito na praia do meio - Natal/RN
  DVD DO GRUPO  DIANTE DO TRONO 
SERÁ GRAVADO PELA PRIMEIRA VEZ EM UMA PRAIA

“Natal é uma bela representante das praias e do turismo. E com esta gravação realizada na Praia do Meio, queremos abençoar todo o litoral nordestino. Teremos um DVD diferenciado em Natal”  - Ana Paula Valadão.

  A CIDADE DO SOL DIANTE DO TRONO

Os integrantes do Ministério de Louvor Diante do Trono já estão em Natal para a gravação do DVD do grupo evangélico gospel, que acontece no próximo sábado (16), na Praia do Meio. O evento é gratuito e está previsto para começar às 19 horas. Na tarde desta quarta-feira (13), a cantora e líder do Diante do Trono, Ana Paula Valadão, concedeu entrevista coletiva para a imprensa potiguar e ressaltou sua alegria em realizar este show no litoral natalense. A Prefeitura de Natal está oferecendo todo o apoio necessário para a realização deste evento que vai inserir Natal na rota do turismo religioso brasileiro.


Anualmente, o Diante do Trono realiza a gravação de um DVD em alguma cidade brasileira. Esta, porém, será a primeira vez que o grupo gravará em uma praia, apesar da realização em outras cidades litorâneas em projetos anteriores. Segundo Ana Paula Valadão, a escolha de Natal se deu através de uma mensagem de Deus recebida por ela. “Fizemos um evento em um cruzeiro no ano passado e, naquele momento, bateu forte em meu coração o desejo de fazer a gravação na praia. Quando vim a Natal, pensei em um versículo da Bíblia que falava no Sol da Justiça e Natal é a cidade do sol. Então, tive a certeza de que este seria o lugar certo para a gravação”, conta a líder do Diante do Trono.

Para a líder do Ministério Diante do Trono, o apoio que o grupo recebeu da Prefeitura do Natal tem sido fundamental. “Em algumas cidades, tivemos dificuldades para gravar o DVD. No entanto, aqui em Natal recebemos o apoio integral da Prefeitura, que nos recebeu de braços abertos e nos deu todo o apoio necessário”, diz Ana Paula.

fotografia - Alex Uchôa
 PRAIA DO MEIO - NATAL - RIO GRANDE DO NORTE

Durante a gravação do DVD, a cidade do Natal receberá duas homenagens. A primeira delas será a representação da cultura nordestina, com a apresentação de músicas no ritmo do forró. A outra homenagem ficará por conta da canção “Quem nos separará”, de autoria do potiguar Luiz Além, que também é autor do projeto arquitetônico do monumento ‘A Bíblia Sagrada’, a ser inaugurado na ocasião do evento e que foi desenvolvido pela comunidade evangélica em parceria com a Prefeitura do Natal. O DVD será encerrado com a música ‘Sol da Justiça’, durante a qual serão expostas as bandeiras do Brasil, RN, Natal e as outras capitais litorâneas.

“Natal é uma bela representante das praias e do turismo. E com esta gravação realizada na Praia do Meio, queremos abençoar todo o litoral nordestino. Teremos um DVD diferenciado em Natal”, completa Ana Paula.

Com a expectativa de atrair 50% de turistas dentre o público esperado, a gravação do DVD a ser realizada na Praia do Meio promete ser o maior evento já registrado no Estado. Natal será projetada para todo o mundo através do DVD da Banda e de 300 mil encartes sobre a cidade que circularão junto com os DVDs do Diante do Trono. A Prefeitura também está trabalhando na divulgação do evento para todo o país.

BÍBLIA – Em relação ao monumento ‘A Bíblia Sagrada’, que será inaugurado também neste sábado, trata-se de uma luta da comunidade evangélica de mais de 12 anos e que veio a se tornar realidade após o projeto de Lei 116/11 de autoria do vereador Albert Dickson e sancionado pela prefeita Micarla de Sousa. O monumento já está fincado na Praia do Meio, possui seis metros de altura e será inaugurado oficialmente no sábado.

DIANTE DO TRONO – Com 13 anos de existência, a banda Diante do Trono conta com cerca de 30 álbuns lançados, mais de 10 milhões de discos vendidos e multidões alcançadas nos seus shows. Originado em Belo Horizonte/MG, o grupo conta com aproximadamente cinqüenta integrantes, que juntos entregam seu talento e sua vida se colocando a serviço da fé. Para tanto, eles destinam parte dos recursos captados nas suas apresentações para projetos sociais.

Com uma linguagem clara e objetiva, as canções cantadas pelo Diante do Trono têm permeado diversas classes sociais, segmentos religiosos e faixas etárias. Na capital potiguar, a banda gravará o novo DVD que será denominado ‘Sol da Justiça’ como forma de homenagear Natal e a palavrada Bíblia que pode ser encontrada no livro de Malaquias (4:2). O repertório contará com doze canções inéditas, além de regravações de outras músicas do grupo.

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www.natal.rn.gov.br

...Cobertura do Diante do Trono 14 - Sol da Justiça...