maio 30, 2011

UMA SEMANA DEDICADA AO VIOLINO

O  público Potiguar vai contar com uma excelente programação, imperdível para quem desejar ouvir boa música, Annette-Barbara Vogel, Professora da University of Western Ontario (Canadá) é a convidada especial.

 UMA SEMANA DEDICADA AO VIOLINO
Por
Sérgio Vilar

A cultura musical potiguar passa pela Escola de Música da UFRN. Sobretudo nos últimos anos. O prato vazio ou a esmola cultural oferecida pelas gestões públicas tem feito dos concertos gratuitos apresentados no auditório da EMUFRN, banquetes suculentos. Musicistas de renome internacional saciam a fome de música e colaboram para formação de uma plateia cada vez mais entusiasmada pela instrumentação erudita ou os concertos populares. E esta semana é de prato cheio. O filé mignon dos instrumentos de orquestra será homenageado durante a Semana do Violino. A chef do menu será a violinista alemã Annette-Barbara Vogel, conceituada como das mais excitantes violinistas de sua geração, celebrada por sua virtuosidade, inteligência e paixão pelo violino.

A crítica musical de revistas, jornais e sites especializados no mundo enaltecem a "entonação perfeita" (Gramophone Magazine) ou a "interpretação mais ideal que um compositor poderia desejar" (Classical CD Review). A Fono Fórum ressaltou a "sonoridade sensualmente brilhante e muito flexível". E a Westdeutsche Allgemeine Zeitung adiantou o que poderá vir a ser à noite de hoje: "Qualquer interpretação em suas mãos se torna em um evento memorável". Annette está em turnê pelo Brasil, mas a única cidade onde fará três concertos - gratuitos - e duas masterclasses (aulas coletivas), também abertas ao público, será Natal. "Natal nunca recebeu uma violinista desse calibre. Ela viaja o mundo e cobra caro por suas apresentações. É um evento único", alerta o professor Durval Cesetti.

A canja dada por Annette-Barbara a Natal tem explicação. Ela foi companheira profissional de Durval, na University of Wester Ontário (Canadá). A alemã ainda ensina lá. E Durval chegou em Natal há quatro anos. É hoje professor de piano da EMUFRN. "Ela perguntou se podia tocar comigo de novo por aqui. Então a Semana do Violino foi toda montada em função dela". O público natalense poderá apreciar a versatilidade da violinista na interpretação do Concerto em Sol Menor deMax Bruch com a Orquestra Sinfônica da EMUFRN (regida pelo maestro convidado Guilherme Bernstein), um programa de música de câmara do século 20 (com obras de Zwilich, Schnittke e Lutoslawski) e outro programa de sonatas para violino e piano do século 19 (com obras de Beethoven, Fauré e Strauss).


MÚSICA INTERPRETADA

O maestro da Orquestra Sinfônica da UFRN, André Muniz, destaca a apresentação de terça-feira como resultado de uma especialização pioneira oferecida na EMUFRN práticas interpretativas da música do século 20 e 21. "São músicas de técnicas diferenciadas que os alunos têm a oportunidade de vivenciá-las com mais profundidade". Na programação de quarta, de recitais de sonatas, será voltada aos clássicos românticos. "E mostra o ecletismo e a união que temos buscado entre o trabalho artístico e o conhecimento acadêmico", ressalta o maestro. A fórmula tem dado certo. O auditório da EMUFRN realiza concertos quase semanais com boa presença de público. A sequência começou há cerca de dois anos e tem colocadoa música erudita potiguar na turnê dos grandes nomes do gênero no Brasil.

 ANNETTE-BARBARA VOGEL

A violinista alemã Annette-Barbara Vogel, professora da University of Western Ontario (Canadá), se distingue como uma das mais excitantes violinistas de sua geração, celebrada por sua virtuosidade, inteligência e paixão. Ela tem se apresentado por toda a Europa, Canadá, Estados Unidos, Caribe, América do Sul e Ásia como solista, recitalista e em música de câmara, tendo também oferecido inúmeros masterclasses em países como Albânia, Alemanha, Brasil, Canadá, Chile, Finlândia, Haiti, Líbano, Malásia, Romênia, Taiwan e nos Estados Unidos. 

Suas várias participações nos festivais de música de Aspen (Colorado), Bellingham (Washington), Chautauqua (Nova Iorque), Kuhmo (Finlândia), Las Vegas (Nevada), Menuhin (Suíça), Noord-Holland (Holanda), Ottawa Camber Music Festival (Canadá), Pan Music (Coréia do Sul), Ravinia (Chicago), Sächsisches Mozartfest (Alemanha), Berliner Festwochen (Alemanha), Frankfurter Musiktage (Alemanha), Scotia (Canadá), and Schleswig- Holstein (Alemanha) têm sido recebidas com grande entusiasmo. 

Aos três anos de idade, ela recebeu suas primeiras aulas de violino de seu pai, estudando depois com Emilia Mohr-Morikawa. Aos onze, ingressou na Folkwang-Hochschule de Essen como uma “Jungstudentin”, sendo um dos alunos mais jovens já aceitos nessa universidade. Com doze anos, deu seu recital de debut no Tonhalle de Düsseldorf. Posteriormente, continuou seus estudos na University of Southern California (Los Angeles), no Musikhochschule der Stadt (Suíça) e no Sweelinck Conservatorium (Holand), além de ter recebido um Diploma de Artista do College-Conservatory of Music de Cincinnati, estudando com Herman Krebbers, Walter Levin, Henry Meyer, Peter Oundjian, Pieter Daniel e a legendária Dorothy DeLay.

Annette-Barbara Vogel já dividiu o palco com músicos do mais alto calibre, como Pierre Amoyal, Young-Chang Cho, Patrick Demenga, Ralf Gothoni, Bernhard Greenhouse, Arthur Grumiaux, Alexander Hülshoff, Maria Kliegel, Juhani Lagerspetz, Vladimir Mendelssohn, Elsbeth Moser, Lord Yehudi Menuhin, Viktor Pikaisen, Sandra Rivers, Dmitri Sitkovetzky, Peter Zazofsky, assim como membros da Orquestra Sinfônica de Berlin, da Orquestra Filarmônica de Viena, da Orquestra Filarmônica de Boston, da Orquestra Sinfônica de Vancouver, da Orquestra da Rádio de Colônia, da Orquestra Real do Concertgebouw de Amsterdam e da Orquestra Filarmônica de Munique.   

Annette-Barbara Vogel fez várias gravações pelos selos Harmonia Mundi e Cybele, com peças de Ludwig van Beethoven, Yuri Brener, Aram Chatchaturian, Andreas Kunstein, Alfred Schnittke, Bedrich Smetana, Maurice Ravel, Richard Strauss e Yves Prin. Uma intérprete ávida de música do século XX, ela é conhecida por combinar uma enorme quantidade de repertório tradicional com projetos mais vanguardistas, tendo dado a première de inúmeras composições escritas especialmente para ela. 

O Quarteto de Cordas de Tóquio a recomendou para uma posição de Artista-em-Residência do Monticello Trio na University of Virginia at Charlottesville, onde ela ensinou de 1994 a 1995, antes de retornar a Alemanha, lecionando na Folkwang-Hochschule de Essen por três anos. Posteriormente, foi professora da University of Iowa e trabalha desde 2004 na University of Western Ontario no Canadá.

...fonte...
Sérgio Vilar

maio 28, 2011

ESQUECER UM LIVRO EM ALGUM LUGAR?


...BOOKCROSSING... 
ESQUECER CONSCIENTEMENTE UM LIVRO EM LOCAL PÚBLICO
 
Esquecer um livro?? Sim, e de uma maneira muito simples! Esqueça um livro em algum lugar público (praças, metrôs, museus, restaurantes, cafés e outros), com uma etiqueta ou dedicatória que indique que aquele é um livro gratuito, que pode ser levado por qualquer pessoa para ser lido. Depois, quem pegou o livro também passa a fazer parte da corrente, deixando o mesmo ou outro livro em algum local público, para que outra pessoa seja presenteada. 

Embora não vá mudar o hábito de leitura do nosso País pode ajudar um pouco, além de proporcionar a leitura de um bom livro a aqueles que, infelizmente, por um motivo ou outro não podem adquirir um livro ou que não tem o hábito de ler. Simplesmente esqueçam o livro. O importante mesmo é que possamos levar um pouco de boa leitura a outras pessoas.

Voltaire relatou: "Um livro aberto é um cérebro que fala; Fechado, um amigo que espera; Esquecido, uma alma que perdoa; Destruído, um coração que chora". Quanta gente passa pela vida sem fazer a viagem dos livros porque simplesmente não começou, ou não foi estimulada a isso no período certo. E não sabem o que estão perdendo, literalmente.

Eu acredito que somos o resultado daquilo que vivenciamos, mas quem tem o hábito da leitura sabe que também formamos nossa personalidade através do que vemos nos livros.

É fundamental optar por não acompanhar o desenrolar dessa história (saber quem pegou os livros) para manter a espontaneidade e reforçar a atitude de doar. Acreditamos que essa contribuição pode – e deve – ser feita por qualquer um, para qualquer um, e que toda pessoa pode e tem o direito de se apropriar de um livro abandonado com essa finalidade, como se fosse um presente.

Para os que amam a literatura e o livro e acreditam que é só a partir da democratização deste objeto (e de seu conteúdo) que o Brasil pode ser melhor...adotem essa idéia!! 
 

...visite...
 
 ...fotografia.. 
 
"se você ama seus livros, deixe-os ir"
The New York Times

maio 24, 2011

SEGUINDO AS PEGADAS DE ZILA MAMEDE

ROSAMARIA MURTINHO SEGUINDO AS PEGADAS DE ZILA MAMEDE
 ZILA GERMINA NA TELA
Curta em homenagem a poetisa Zila Mamede

Por
Yuno Silva
 &
 Maria Betânia Monteiro

A poesia de Zila Mamede ganha contornos oníricos e audiovisuais no curta-metragem “Pegadas de Zila”, selecionado para integrar a mostra competitiva da 21ª edição do Cine Ceará. Com roteiro e direção do potiguar radicado no Rio de Janeiro, Valério Fonseca, e trilha sonora do cantor e compositor Dudé Viana, o filme tece colcha poética de retalhos tendo como protagonista a atriz Rosamaria Murtinho, na pele de uma mulher que revive e passeia pelas memórias da poetisa nascida na Paraíba e criada no Rio Grande do Norte, que sonhava em conhecer o mar. “Pegadas de Zila” tem 11 minutos de duração, foi rodado em Natal e no Rio de Janeiro, e a participação no festival Cine Ceará marca estreia nacional. O evento estará em cartaz no Teatro José de Alencar, entre os dias 8 e 15 de junho, em Fortaleza.

“O projeto existe desde junho de 2010. Quando voltava de um festival de cinema em Jericoacoara, onde fui participar com o curta ‘Maria Ninguém’ (2008), passei por Natal para rever a cidade e comecei a filmar lugares onde passei minha infância”, disse Valério, radicado há quase vinte anos na capital fluminense. “Queria fazer um outro tipo de registro, mas não sabia exatamente o quê. Quando cheguei à Praia do Meio, fiquei encantado com as imagens captadas e, apesar de conhecer pouco sua poesia, Zila Mamede não saía da cabeça – sabia da relação que ela tinha com o mar e de sua morte trágica, em 1985, quando nadava no Rio Potengi. Assim surgiu ‘Pegadas de Zila’”, lembra o diretor.

Realizado sem o amparo de leis de incentivo ou editais públicos, o curta-metragem levou cerca de 10 meses para ficar pronto. “Gravamos tudo em quatro dias, externas e internas, e o melhor é que não gastamos quase nada: foi tudo na amizade, tudo por amor mesmo”, comemora Fonseca, que conheceu Rosamaria Murtinho através de uma amiga em comum, a atriz e cineasta cearense Aurora Miranda Leão: “Murtinho era minha primeira opção, é uma atriz maravilhosa, sensível e ajudou muito na realização com ideias geniais. É interessada em trabalhar com projetos de curta-metragem, e se envolveu de maneira especial com a poesia de Zila Mamede, que ela não conhecia”.

O tom onírico vem da experimentação do diretor em não se prender a formatos: “Optei por uma abordagem experimental por não ter a pretensão de produzir um documentário nem uma obra de ficção. O mar é um grande personagem no filme, ele nos engole; Rosamaria Murtinho também não interpreta Zila, seu personagem se confunde com a figura da poetisa”, explicou Fonseca, que fecha o filme com o poema “A Ponte”, musicado por Dudé Viana. A ficha técnica ainda inclui still e produção executiva de Aurora Miranda Leão; still em Natal de Letícia Santos, arte de Iziane Mascarenhas, e montagem de Saulo Moretzsohn.

O diretor de “Nas Pegadas de Zila” começou sua carreira há mais de 20 anos, no Rio de Janeiro, onde estudou teatro no Tablado e na Casa de Artes Laranjeiras e fez cinema na Escola Darcy Ribeiro. Como curtametragista, produziu curtas “Maria Ninguém” (2008), sobre a passagem de Brigtte Bardot em Búzios (RJ) nos anos 1960 com Fernanda Lima no papel principal;  “Chapada”; “Céu de Dor”; “A maldição de Berenice”; e “Dona Eulália”. Com “Maria Ninguém” foi premiado em Los Angeles como melhor curta internacional de 2010.

Esta é a segunda vez que uma temática potiguar concorre no festival. Em 2010, o curta “Dona Militana, a romanceira dos oiteiros”, do paulistano Hermes Leal. 
 
UMA POTIGUAR NASCIDA NA PARAÍBA

“É o chão onde nasci, e eu gostaria que ela (Nova Palmeira) fosse no Rio Grande do Norte, porque me sinto tão norte-riograndense, que tenho susto quando olho a minha carteira de identidade. Nisso não há nenhum preconceito contra a Paraíba. Apenas fui transplantada muito pequena, a tempo de me sentir enraizada no Rio Grande do Norte. Daí porque eu digo que gostaria que Nova Palmeira, a vila fundada pelo meu avô e pelo meu padrinho de batismo, fosse no Rio Grande do Norte. Era uma fazenda, uma vila, hoje é mais um município brasileiro, mas não é como município, e sim, como sítio do meu avô que permanece na minha geografia sentimental”, declarou Zila Mamedi.

Zila nasceu em 1928, em Nova Palmeira, Paraíba, onde viveu “até cinco ou seis anos de idade” indo ao roçado do avô “comer melancia, tomate, cereja, um tomate pequeno que brotava no mato”. A família de seu pai era de Caicó, Rio Grande do Norte; o avô materno, de Jardim do Seridó, também no Rio Grande do Norte. “Por coincidência, todos foram morar em Picuí, Nova Palmeira e Pedra Lavrada”. As famílias se encontraram em Nova Palmeira, onde ela nasceu.

Ainda pequena, muda com a família para Currais Novos (RN), onde o pai monta uma máquina beneficiadora de algodão. Menina do sertão, o mar viria a ser uma forte presença em sua poesia. A primeira vez que o viu foi por volta dos doze ou treze anos, aquela coisa “balançando de um lado para o outro, uma coisa que eu jamais havia visto”:

“- Meu pai, isso é o mar?
Ele disse:
Não. Isso é um canavial”.

Estavam em um Ford 39, a caminho de Recife, onde ela finalmente veria o mar. 

Em dezembro de 1942, em plena Guerra, vai para a capital, Natal, juntar-se ao pai que já estava desde o início da montagem da Base Aérea de Parnamirim, onde ficavam os americanos. “Lembro que cheguei e vi aquele quintal cheio de cajueiros, de mangueiras, chovia aquela chuva do caju e a gente não entendia como era que chovia em dezembro, e eu corri e vi um pé de sapoti, assim esbranquiçado, e perguntei se era um pé de ovo”.


UM MAR DE LIVROS E LEMBRANÇAS

Assim era Zila. A própria figura da menina inocente do sertão nordestino. No Colégio da Conceição aprendeu o português que usaria com mestria. Ao terminar o curso secundário, em 1949, foi passar uma temporada em João Pessoa e Recife com seu padrinho de batismo, Francisco de Medeiros Dantas, um homem culto que descobriu que a afilhada “era analfabeta em matéria de literatura” e, a partir de então, começou a lhe dar coisas para ler.

Depois de uma tentativa frustrada de ser freira (o que o pai não queria), voltou para Natal e começou a sentir “saudades do céu”, uma angústia existencial que a levou a escrever. Zila tinha, então, 21 anos.

Pesquisou a obra e organizou a bibliografia de Cascudo e do pernambucano  João Cabral de Melo Neto, que a incluiu entres os maiores poetas do país.. Escreveu seu nome na literatura potiguar ao lançar os livros “Rosa de Pedra” (1953); “Salinas” (1958), com o qual ganhou prêmio em Pernambuco; “O Arado” (1959); “Exercício da palavra” (1975);  a coletânea “Navegos” e “Corpo a corpo” (ambos de 1978); e a “A herança” (1984)”. 

CARTAS DE DRUMMOND

Seus poemas tinham uma arquitetura precisa, na descrição de seus afetos. Tanto, que a distância existente entre o Rio Grande do Norte e o resto do país se tornou mínima, mesmo antes do avanço dos meios de comunicação. As cartas fizeram com que Zila Mamede se aproximasse de Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira. Semideuses da poesia, que foram tocados pelas composições de Zila.

Em uma das cartas de Drummond enviadas à Zila Mamede, ele diz: “Zila amiga querida, seu livro está aqui, encantando um velho leitor que já o conhecia bem e agora se alegra de tornar a ver o amigo. Tão puro ele é em sua aderência à terra, aos bichos, à vida natural – e tão enriquecido pelos requintes de espírito daquela que o escreveu! Obrigado pela boa visita, amiga. Senti você conversando comigo”. Drummond se referia ao livro “O Arado”, publicado em 1959. E foi esta mesma Zila Mamede, querida dos semideuses, a primeira a comparecer no lançamento do livro “Marrons Crepons Marfins” da estreante Marize Castro, em 1985.

1985
A DESPEDIDA

A morte de Zila Mamede foi anunciada em todos os veículos de comunicação da cidade e de outros estados, manifestando a enorme perda. A matéria publicada na TRIBUNA DO NORTE, em 14 de dezembro de 1985, dizia: “Sexta-feira 13 de dezembro, fatal para as letras e a política do Estado. Morre Zila Mamede... Ontem pela manhã, como fazia todos os dias, saiu cedo de sua residência, no edifício ‘Morada Caminho do Mar’, na rua Seridó, para uma caminhada na Praia do Forte onde, em seguida, costumava fazer algum tempo de natação... Mais tarde seu corpo foi encontrado na Praia da Redinha”

...fontes... 
Yuno Silva  
Maria Betânia Monteiro 

...mais...
  Zila "Mulheres de Destaque" 
Homenagem da Camara Municipal de Natal/RN

vídeo - parte 1/2
http://youtu.be/54zgD8Nosvo

vídeo - parte 2/2 

maio 23, 2011

PINCELADAS TELÚRICAS NO COTIDIANO


WAGNER DE OLIVEIRA
PINCELADAS TELÚRICAS NO COTIDIANO ASSUENSE

No cenário das artes visuais do Rio Grande do Norte a pintura de Wagner de Oliveira apresenta-se como uma novidade surpreendente. Jovem, talentoso, vindo do  Vale do Assu, suas telas nos emocionam pelo lirismo dos personagens e pela força telúrica da paisagem física.

O artista assuense retrata, com muita sensualidade, o cotidiano do município, lembrando-nos, sem dúvida, Di Cavalcanti, ou mesmo, Vicente do Rego Monteiro, embora de forma atual, isto é, dentro de uma proposta artística do século XXI.


Autodidata, filho do pintor e músico Barrinha, Wagner de Oliveira revela que o primeiro contato com as artes plásticas se deu aos sete anos por meio de revistas e livros com pinturas de Leonardo da Vinci, Monet, Picasso e Van Gogh. Tanta admiração pelos mestres fez o artista tentar vender pequenas histórias ilustradas em folha de ofício na escola.


Mas a principal influência não veio do universo pictórico e, sim, dos quadrinhos dos anos 1980, notadamente Mozart Couto, Eugênio Colonnese, Edmundo Rodrigues e Flavio Colin. Naquela época, apaixonado por gibis, Wagner começou a absorver as técnicas desses quadrinistas.


“Quando comecei a pintar tinha umas seis bisnagas com cores diferentes, mas nenhuma delas era da cor de pele, então resolvi usar o marrom e pintar uma linda negra. Se você pegar as mulheres de Mozart Couto, transformá-las em mulatas, e as colocar em uma tela, vem logo a comparação com Di Cavalcanti”, ilustra.


Wagner assinala ainda que os críticos apontam semelhanças entre sua obra e o expressionismo de Di Cavalcanti: “apesar de ser um belo elogio, eu não me prendo a isso, e procuro encontrar meu próprio estilo”, afirma. No Rio Grande do Norte, Wagner de Oliveira admira o trabalho de Ulisses Leopoldo, Pedro Alves e Marcelus Bob.


Wagner de Oliveira expôs pela primeira vez em 2004, no Assu Mix. Daí até 2008, seus trabalhos sempre estiveram presentes nas festas juninas e feiras de negócios de Assu. Em 2005, ele expôs na Caixa Econômica e realizou cinco exposições durante o movimento Arte em Toda Parte. Naquele mesmo ano participou da 5ª  Mostra Officina Interior. No VIII Salão de Artes Visuais da Cidade do Natal, promovido pela Prefeitura de Natal, por intermédio da Fundação Cultural Capitania das Artes, foi selecionado entre 30 artistas. 


Em 2006, conquistou o 3º  lugar em um concurso de pintura realizado pelo SESI, no projeto SESI Cidadania. Participa também de exposição coletiva em albergue de Ponta Negra e assina a capa do livro “Roda Gigante”, do colunista social Marcos Henrique, em 2009.

Em 2010, obteve destaque no Bardallo´s Comida & Arte com  a mostra individual  "ASSUasMulheres" , onde reuniu 20 telas em técnicas variadas - óleo sobre tela, pastel sobre canson, acrílica sobre tela e grafite sobre canson. Uma das obras, "Flor de cera", foi escolhida para ilustrar a capa do Guia Cultural Solto na Cidade, edição nº 39 -maio/2010.

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"Um homem que trabalha com as mãos é um operário; um homem que trabalha com as mãos e o cérebro é um artesão; mas um homem que trabalha com as mãos e o cérebro e o coração é um artista."
( Louis Nizer )

maio 19, 2011

AMANDA GURGEL - PROFISSÃO... PROFESSORA

GILBERTO GIL, ZÉLIA DUNCAN, MARCELO TAS
comentaram e apoiaram a declaração da profª Amanda Gurgel

A professora do Rio Grande do Norte Amanda Gurgel virou heroína da causa da classe, por melhores salários, nas redes sociais. Um vídeo no qual ela silencia os deputados do RN em audiência pública quando fala sobre a situação crítica da educação já tem mais de 1.800 mil visualizações no You Tube

Desde quarta-feira (18) o nome “Amanda Gurgel” já está na lista brasileira dos Trending Topics, no Twitter. A repercussão na rede não passou despercebida pelos portais de notícias como O Globo, Época e o R7, além de ganhar espaço em vários blogs que tratam de Educação e  Direito.

O vídeo com o depoimento da professora Amanda Gurgel foi postado no Youtube por um outro professor que também estava na audiência pública, mas nem ele, e muito menos Amanda, poderiam imaginar onde essa história iria parar. "Ele me ligou pedindo autorização e em poucos minutos já eram 50 acessos, depois 80 e hoje eu nem sei mais quantos acessos tem", disse.

A repercussão não era esperada, mas rendeu a Amanda entrevistas a veículos de comunicação de todo o país, com participação no Domingão do Faustão e possível presença no Programa do Ratinho. "Eu sou professora e sei que o meu lugar não é na mídia, mas eu vou aproveitar esse momento para dar visibilidade à nossa luta, para convocar todos os professores a participar do movimento", afirmou. 

PROFESSORA DO RN VIRA HEROÍNA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
APÓS POSTAGEM  DE VÍDEO NO YouTube

Por
Jussara Correa & Fernanda Zauli

As declarações de uma professora da rede estadual de educação, indignada com as condições de trabalho e a má qualidade do ensino público, tem circulado o Brasil inteiro e colocou as deficiências da educação do Rio Grande do Norte em evidência. A professora Amanda Gurgel não economizou críticas aos entes públicos durante uma audiência pública, realizada na Assembleia Legislativa.

As palavras verdadeiras caíram como uma bomba nas redes sociais. As reflexões fizeram com que o vídeo postado no site YouTube - uma reprodução do programa exibido pela TV Assembleia - alcançasse mais de 265 mil acessos. Rapidamente o assunto dominou os comentários no microblog Twitter, chegando ao Trending Topics, os dez assuntos mais comentados na rede social. Uma rápida consulta ao Google revela centenas de referências ao discurso revelador da professora, que está sendo tratado por muitos como o resumo da educação no país.

UMA PALADINA NA EDUCAÇÃO POTIGUAR

As palavras da professora encontraram eco em membros representativos da sociedade. Entre as inúmeras referências ao assunto no Twitter, o ex-ministro da Cultura Gilberto Gil deu o seu veredicto: "Ótimo depoimento da professora Amanda Gurgel". A cantora Zélia Ducan foi além, dizendo que "A professora Amanda Gurgel, essa sim, vai pro céu! Isso sim, faz pensar e exige uma ação, meu povo!".

Já o apresentador multimídia Marcelo Tas utilizou o vídeo para falar sobre a situação da educação no país, postando em seu blog: "Nos últimos 16 anos + 4 meses + 18 dias os governantes nos disseram que Educação é PRIORIDADE do governo deles (me refiro a FHC, Lula e Dilma, e deixo o passado-igualmente nefasto neste quesito- para trás). Desculpem os ilustres citados, mas na minha avaliação, no dicionário deles prioridade é sinônimo de blábláblá".

Tas encerra citando a professora: "Amanda Gurgel, portadora de um contra-cheque de R$ 930 reais mensais, é chamada ao microfone durante Audiência Pública na Assembléia que debate o estado atual da Educação no estado do RN. Em exatos 8 minutos, desenha com precisão, clareza e sobretudo com dignidade o seu estado de espírito como professora e o estado da Educação no Brasil. Professora Amanda, conte com meu apoio, respeito e admiração!".

 
O EFEITO REVELADOR DA VERDADE SILENCIA DEPUTADOS NO RN

O discurso foi feito no último dia 10 de maio, na Assembleia Legislativa e Amanda iniciou seu pronunciamento falando do salário de R$ 930, afirmando que tal valor não era suficiente para que os educadores tivessem uma vida digna. "Todos aqui falaram de números e eu gostaria de começar a minha fala apresentando um número também. São três algarismos: 9, 3 e 0. Os números do meu salário base. Gostaria que os senhores me respondesse se conseguiriam manter o padrão de vida atual com esse salário. Não pagaria nem a indumentária para frequentar esta Casa", disse.

A secretária estadual de Educação, Betânia Ramalho estava entre as convidadas e se tornou "alvo" de Amanda. "Com todo respeito, secretária, mas asenhora diz que o governo não pode ser imediatista e resolver todos os problemas da Educação de uma só vez. Mas a minha necessidade de alimentação é imediata. O fato é que em nenhum governo a Educação foi prioridade", declarou. O deputado Hermano Morais, propositor da audiência, e a secretária estadual de educação foram procurados para repercutir o vídeo, mas não deram declarações.

 
DO SONHO PROFISSIONAL À REALIDADE DA SALA DE AULA

Amanda Gurgel é uma militante nata. A professora de Língua Portuguesa que chamou a atenção do país inteiro depois que o seu discurso em uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado foi publicado no Youtube, já foi dirigente do Centro Acadêmico de Letras e do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Logo nas primeiras assembléias do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte/RN) das quais participou, assumiu a postura de oposição e no ano passado se filiou ao Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). Aos 29 anos, Amanda leva uma vida simples como a maioria dos professores do país: sai de casa às 5h50 e só retorna às 23h, pega três ônibus para chegar ao trabalho, estuda à noite, e tem pouco tempo e dinheiro para lazer.

Aos quatro anos perdeu os pais em um acidente de carro e foi morar no interior da Bahia com parentes. Voltou para Natal para cursar a faculdade de Letras na UFRN. Morou na residênciauniversitária e trabalhou durante todo o curso para se manter. Amanda é professora desde os 21 anos. O primeiro trabalho foi no cursinho pré-vestibular do DCE, fase que ela descreve como a melhor da sua carreira. "Era um projeto social e é uma experiência diferente, o perfil dessas turmas é de pessoas realmente interessadas e que estão em um nível de leitura e escrita que você consegue desenvolver um bom trabalho".

Segundo ela, o grande choque com a educação veio quando assumiu uma turma do 6º ano em uma escola municipal de Natal. "A minha maior frustração foi quando entrei na sala de aula para o nível fundamental, em 2005. Eu vi que os alunos do sexto ano não tinham a menor proficiência para estar nessa série, eram alunos analfabetos", recorda.

O sonho de ser professora nasceu no cursinho pré-vestibular. Amanda admirava as aulas da professora Claudina e sonhava em ser como ela. "Ela era uma professora indescritível. Eu olhava para ela e pensava 'é isso que eu quero fazer na minha vida'. Então me tornei professora", contou. Mas e hoje, o que aconteceu com esse sonho? "Eu não sei dizer o que aconteceu com o meu sonho, mas ele não é mais o mesmo, definitivamente. Eu estou em uma fase de avaliação, estou refletindo", disse. A desmotivação vem, segundo ela, dos baixos salários, da falta de condições de trabalho e do analfabetismo dos alunos.

A vida corrida, o desgaste diário e a desvalorização da profissão, renderam a Amanda um problema de saúde que ela prefere não revelar, mas que foi responsável por seu afastamento da sala de aula. Hoje, trabalhando na Escola Municipal Professor Amadeu Araújo e na Escola Estadual Miriam Coelli, ela atua na biblioteca e no laboratório de informática. "Estou em fase de readaptação de função, fora da sala de aula. Assim como eu, existem muitos professores com problemas de saúde em decorrência do nosso trabalho", afirmou.

...fonte... 
Jussara Correa
jussaracorreia.rn@dabr.com.br 
Fernanda Zauli
fernandazauli.rn@dabr.com.br

...veja o vídeo...
INTERTV CABUGI
DOMINGÃO DO FAUSTÃO

maio 18, 2011

VALORIZAÇÃO DA DANÇA POTIGUAR NA SUIÇA



GRUPO SELECIONADO PARA APRESENTAÇÃO NA SUIÇA

Com o tema “Do Galo ao Barro”, o Grupo de Dança Popular do Colégio Marista de Natal vai se apresentar entre os dias 8 e 23 de julho na 14ª edição do Gymnaestrada, evento que será realizado na Suíça. Em sua apresentação na Europa, o Grupo pretende exibir dois espetáculos: “Tabuleiro de Feira” e “Batida de Ganzar”, ambos com coreografia de Artur Garcez. O Grupo de Dança Popular participará do evento representando as regiões N/NE do Brasil.

"Para a gente é um orgulho poder representar as regiões Norte e Nordeste. Vale ressaltar que não há nenhum profissional no grupo. Todos são alunos do Marista, que nos dar um grande apoio, através do Setor de Arte e Cultura”, enfatizou o coreógrafo do Grupo. Antes de partir para a Gymnaestrada Mundial, o grupo realizará uma última apresentação no estado que será realizado na sexta-feira (20) e sábado (21), no Teatro Alberto Maranhão. O ingresso custa R$ 5 antecipado e R$ 10 na hora.



DANÇA POPULAR  NO COLÉGIO MARISTA

Com 16 anos de estrada, o Grupo de Dança Popular do Colégio Marista de Natal mudou a cara da dança popular no estado do Rio Grande do Norte, ampliou e impulsionou a cultura regional, por meio da valorização da arte e dos artistas populares, aproximando a sociedade da sua própria cultura.

O grupo tem como finalidade a preservação, divulgação, documentação e recriação dos autos e folguedos populares do Nordeste e em particular do Estado do Rio Grande do Norte. Centenas de jovens já passaram pelo grupo e muitos, hoje, seguem a carreira artística. Sendo assim, o grupo conquistou uma linguagem própria, que o diferencia de outros grupos de dança popular do Nordeste por apresentar um processo forte de pesquisa e tradição


O Grupo de Dança Popular do Marista de Natal é formado por 40 componentes, todos estudantes da escola. Este mesmo grupo já foi premiado no Festival de Joinville, em 2006 e 2008, quando apresentou “Pau de Arara” e "Batida do Ganzá".


...fotografias...

”A dança não é apenas uma arte que permite à alma humana expressar-se em movimento, mas também a base de toda uma concepção da vida mais flexível, mais harmoniosa, mais natural.” (Isadora Ducan)

maio 16, 2011

RIBEIRA VELHA DE SEMPRE...

Avenida Duque de Caxias, bairro Ribeira, em Natal, anos 1950. Foto de Jaecy
RIBEIRA VELHA DE SEMPRE
Por
Ségio Vilar

Mesmo sendo um dos bairros mais antigos de Natal, a Ribeira ainda não se encontrou. Atravessou fases distintas em aproximados quatro séculos e hoje vive dividida entre a herança histórica, a vocação portuária e comercial, o potencial cultural em ascendência e a demanda ainda ínfima de moradias residenciais. O poder público também procura um sentido para o bairro; ainda sente dificuldade em direcionar investimento. Agentes culturais procuram reerguer os tempos áureos pelo viés da cultura e boemia. E nos últimos meses é este o desenho pintado no bairro, em constante conflito com um conjunto heterogêneo de valores da "Ribeira Velha de Guerra".

Muitos apontam futuro promissor ao bairro. Investimentos estrangeiros já miram o crescimento de bares e pubs no corredor cultural. Tudo estimativa. Por enquanto, o futuro está presente na arquitetura de prédios seculares em ruínas, como máquinas do tempo enferrujadas. A antiga boate Arpege - a maior da época áurea do bairro, ancoradouro de marinheiros e americanos à procura das prostitutas ribeirinhas - está próxima de ruir. É o retrato de um tempo distante de prosperidade quando a Ribeira irradiava desenvolvimento como centro cultural e social da cidade no início do século passado até o fim da Segunda Grande Guerra.

Estudio de Giovanni Sérgio na Rua Chile, um antigo e belo casarão na Ribeira
O tempo hoje na Ribeira ainda caminha devagar. É a aura do bairro, impregnada em cada parede embolorada dos comércios antigos, repartições públicas e prédios abandonados. Mas uma turma de agentes culturais, filhos do Blackout tentam compensar o esquecimento do poder público com a oferta de serviços e cultura. É a tentativa de incutir vida ao bairro. Todos os dias. Tornar a Ribeira além da boemia e do preconceito. E antes que entusiastas daqueles chãos históricos abandonem o barco. "Mantenho estúdio na Ribeira há 15 anos. Mas não aguento mais o descaso. Já penso em sair", lamenta o fotógrafo Giovanni Sérgio.

Fachada em ruínas do antigo palácio do Governo, no Bairro da Ribeira
As tentativas de restauração da parte do poder público são politiqueiras. Isso há décadas. O bairro vive, literalmente, de fachada: pintada, bonita. Enquanto o interior acumula lixo, podridão e abandono - locais perfeitos ao consumo de drogas. "Daí parte o preconceito contra o bairro. Falta iluminação, segurança e limpeza. Então, a imagem de quem vê de fora é essa: um ambiente sinistro. Mas o conteúdo é diferente. Quem conhece, sabe. A vocação da Ribeira é artística. Forçar uma vocação residencial é inviável. Quem quer morar perto de bares e casas de show?", opina um dos diretores da Casa da Ribeira, Henrique Fontes.

O músico Paulo Souto morou na Ribeira praticamente na única unidade residencial do bairro: o histórico Edifício Bila, na avenida Duque de Caxias. As críticas do músico recaem apenas na falta de alguns serviços. "É um bairro sossegado. Nunca fui assaltado. É perto de bancos, comércios e da boemia. O entretenimento aqui bomba. Nem preciso sair muito longe pra me divertir. É um bairro saneado. Tem seu charme histórico... Mas faltam farmácias e bons restaurantes. No mais, sinto as mesmas carências de outros bairros,a exemplo de Pirangi, onde moro hoje".
  

O Edifício Bila, construído na década de 1950, no então próspero bairro da Ribeira
Nalva Melo trabalha na Ribeira há 17 anos. Luta junto a outros agentes culturais para reerguer o bairro. Já mais experiente, nutre também alguma desilusão. Mas se articula junto a outras instituições para reverter o quadro. São entidades corporativas, empresariais e institucionais que enxergam no local tão somente a necessidade de cuidado. "A prefeitura se preocupa em pintar de amarelo o meio-fio pra nos multar, sem apresentar soluções pro bairro. Por isso ainda sinto forte o preconceito com o bairro. Acham que aqui só tem prostituta e ladrão. Quem frequenta são pessoas que sabem valorizar a cultura".

Nalva Café Salão e a tentativa de reerguer o bairro da Ribeira
No Nalva Café Salão, a proprietária mantém uma minibiblioteca só com autores potiguares. Também estão espalhadas peças de artes visuais. "É um atrativo. Se existissem outros lugares que funcionassem com esse intuito na Ribeira, todos os dias, a realidade aqui seria diferente", acredita Nalva. E essa filosofia de oferta de serviços e arte todos os dias na tentativa de reerguer a Ribeira por esse viés foi o mote para um dos projetos culturais mais ousados da cidade, encabeçado por algumas das casas mais antigas do bairro: O Centro Cultural Dosol e a Casa da Ribeira. 

A análise geral é de que a Ribeira evoluiu culturalmente, enquanto as carências urbanísticas permaneceram. Ser um bairro residencial criaria conflito com a vocação boêmia da Ribeira, unir o potencial cultural ao turístico seria viável. "Temos um porto na nossa frente. Mas quando os turistas descem encontram uma fila de táxi brigando pelo passageiro, prostitutas atrás de clientes e a sujeira do bairro", reclama Henrique Fontes.

O número 52 da Rua Frei Miguelinho aponta para a Casa da Ribeira
 O Circuito Ribeira procura essa solução sustentável. "Atraímos 10 mil pessoas em cada uma das duas edições. Isso prova que há pessoas que querem frequentar o bairro", comenta Edson Silva, diretor da Casa da Ribeira. E explica que uma tendência mundial é criar espaço público ao pedestre. "É o que Jaime Lerner chama de 'acupuntura urbana'. São pontos de serviços e arte. O Circuito oferece isso".

O intuito é o cidadão apreciar o lugar e criar curiosidade em conhecer melhor a história. Para isso se oferecem atrativos. "Por outro lado, se não houver iluminação, limpeza pública, segurança, essas pessoas não voltam. Ou voltam apenas no dia do Circuito, e não pra Ribeira, de fato. Não é essa nossa intenção. Queremos uma cultura viva, diariamente. Já me perguntaram o porquê de o Circuito ser feito na Ribeira e não em Ponta Negra", disse Edson Silva. E conclui: "A Ribeira não é velha; é histórica."

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Sérgio Vilar

maio 15, 2011

TREMOR NA CORDILHEIRA MESO-OCEÂNICA

Terremoto de magnitude 6 é registrado na costa de Natal
POSTAGEM ESPECIAL

Um terremoto de magnitude 6 foi registrado neste domingo no Oceano Atlântico na costa do Brasil, informou o centro de pesquisa geológica dos Estados Unidos.

O tremor aconteceu às 10h08 no horário de Brasília e foi localizado a 1.277 quilômetros a leste-nordeste de Natal. O centro de pesquisa americano informou que o terremoto aconteceu a uma profundidade de nove quilômetros, mas não há indicações de tsunami.

O tremor chegou ao conhecimento da defesa civil do Rio Grande do Norte no início da tarde, depois que a notícia se espalhou acompanhada de boatos da possibilidade de um tsunami. Todas as unidades do Corpo de Bombeiros da capital e da defesa civil estadual foram acionadas e ficaram em prontidão.

TREMOR NA CORDILHEIRA MESO-OCEÂNICA
NÃP PROVOCARÁ TSUNAMI NO RIO GRANDE DO NORTE 

O laboratório sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) foi acionado e às 15h35 o governo do Estado divulgou no seu site uma nota registrando a ocorrência do tremor e tranquilizando a população para a impossibilidade de um tsunami. A ação dos bombeiros já havia, então, sido normalizada.

"Não há essa possibilidade (de tsunami)", informou a nota explicando que o tipo de movimento do sismo foi transcorrente. "Para gerar um tsunami é necessário que o movimento seja vertical, quando a água do mar pode ser empurrada ou descida abruptamente e isso não aconteceu", explicou o coordenador do laboratório sismológico da UFRH, Joaquim Mendes.

De acordo com Mendes, o centro de pesquisa geológica americano identificou a ocorrência em tempo real porque eles monitoram tudo o que ocorre 24 horas por dia. Não é essa a realidade das estações sismológicas instaladas em Riachuelo e Pau dos Ferros (RN) e Gravatá (PE), sob a coordenação do laboratório sismológico da UFRN. Ele reconheceu que, se tivesse havido um tsunami, todos teriam sido pegos de surpresa. A estação de Riachuelo (RN) faz parte da rede global de acompanhamento de atividades sísmicas, de acordo com o pesquisador.

O abalo sísmico na costa brasileira aconteceu às 10h08, mas apenas às 12h45min o Corpo de Bombeiros da capital do RN foi informado. Caso ocorresse um tsunami, dada a distância entre Natal e o epicentro do tremor, as ondas gigantes chegariam à costa da capital às 13h30min. Ou seja, as autoridades teriam apenas 45 minutos para evacuar a região costeira.

Conforme o pesquisador, até agosto um total de 15 estações estarão instaladas na região Nordeste - do Piauí à Bahia. Quatro já estão instaladas. O investimento é de mais de R$ 4 milhões, financiado pela Petrobras. "Com isso vamos ter uma ideia melhor de onde ocorrem os tremores", prevê.

Os Estados do Rio Grande do Norte e do Ceará têm registrado o maior número de tremores no Brasil.

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maio 13, 2011

EM CADA ESQUINA UM PREÁ


REVISTA CULTURAL PREÁ
NOVAS EDIÇÕES EM  UMA NOVA LINHA EDITORIAL

A poesia potiguar e seus personagens são os nortes para onde aponta a bússola da nova edição da revista cultural Preá, que volta a circular no Rio Grande do Norte após entressafra editorial da Fundação José Augusto.

Com nova linha editorial, onde um tema é eleito para ser abordado sob vários prismas, a edição número 23 da Preá ‘saiu da toca’ nesta última  terça-feira, na Pinacoteca do Estado, centro de Natal. Durante o lançamento da revista, também houve a  abertura da exposição fotográfica “Em cada esquina um poeta”, de Giovanni Sérgio e Giovanna Hackradt, e divulgação do edital para o Salão Nordeste de Arte Popular “Chico Santeiro”.

A 23ª edição da Preá encerra um hiato de mais de um ano sem a publicação do periódico. O número da retomada é inteiramente dedicado à poesia potiguar, com matérias sobre poetas, mercado editorial e sobre o 14 de março, comemorado com grande festa pela Secretária Extraordinária de Cultura, além de ensaios, artigos e poemas inéditos. 

Este é o primeiro número assinado pelo jornalista Mário Ivo Cavalcanti, que aponta algumas mudanças “radicais” para esta nova fase: “Os projetos gráfico e editorial são as principais mudanças. Além de um visual mais moderno, teremos edições temáticas. Neste primeiro momento, por questões de recursos, não teremos reportagens em municípios do interior do Estado”, adianta o editor. “Outro ponto que deve ser enfatizado é o maior espaço destinado à fotografia, pois nossa intenção é estimular os leitores a encarar a foto como obra de arte”, disse. Além da distribuição descentralizada dos mil exemplares impressos, a Preá também estará disponível na internet.

Algumas sessões já vistas em edições anteriores permanecem, como as entrevistas: “Conversamos com Diva Cunha e Ada Lima, duas gerações de poetisas, e nosso papel foi mais de facilitador do papo que propriamente entrevistadores”, informa Ivo. O novo editor também aposta no clima de ‘dar margem para as coisas fluírem’ naturalmente, postura que rendeu liberdade aos fotógrafos Giovanni Sérgio e Giovanna Hackradt na concepção do ensaio “Em cada esquina um poeta”. “Elegemos apenas o mote do ensaio, sem elencar nomes ou critérios. Ou seja, os poetas clicados não são os mais importantes nem os melhores”, avisa. 

Para 2011, a Preá terá periodicidade quadrimestral, mas, segundo os planos do editor, em 2012 a pretensão é ser trimestral. “Será ótimo se pudermos lançar um novo número a cada dois meses, mas vamos trabalhar primeiro para ela ser trimestral”, planeja. 

 Civone Medeiros é uma das personagens do ensaio fotográfico
  EM CADA ESQUINA UM POETA

O ensaio fotográfico publicado e assinado por Giovanna Hackradt e Giovanni Sérgio -  retratando 11 poetas nas esquinas de Natal -  na revista Preá  ficará em cartaz durante todo o mês de maio na Pinacoteca do Estado, e o ponto de partida foram os versos “Rio Grande do Norte capital Natal: em cada esquina um poeta, em cada rua um jornal”. Essa quadrinha, publicada no início dos anos 1900, ironizava a quantidade de poetas e jornais que circulavam na pequena província. “A partir desse tema, elencamos poetas de várias fases, de vários estilos, e alargamos o conceito de esquina”, explicou Giovanni Sérgio. “Há uma certa irmandade entre as letras e as imagens”, garante o fotógrafo, também movido pela intenção de mostrar os poetas que a cidade insiste em esconder. “Poucos conhecem o trabalho de Jarbas Martins, autor de um dos poemas mais intensos sobre o Rio Potengi que tenho conhecimento”, aposta.

Ora juntos, a “quatro olhos”, ora independentes, a dupla de fotógrafos (pai e filha) clicou nomes como Deífilo Gurgel, Carlos Gurgel, Volonté, Paulo de Tarso, Sanderson Negreiros, Civone Medeiros, Ada Lima, Diva Cunha, Marise Castro, entre outros.

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ensaio fotográfico
"EM CADA ESQUINA UM POETA"
Pinacoteca do Estado
Praça Sete de Setembro, Centro, Natal-RN
entrada gratuita