maio 05, 2011

UM CASARÃO DE FAMA E PODER... NO PASSADO

CENTRO COMERCIAL DE FAMA E PODER
 CASARÃO DOS GUARAPES

Construído no ano de 1859 no alto de uma colina, pelo comerciante Fabrício Gomes Pedroza, para ser a sede do seu complexo comercial, o qual aglutinava escritórios, almoxarifados, capela e escola. Embaixo da colina, ficavam os armazéns, “que tudo guardavam e vendiam...” de 1869 a 1870, mais de vinte navios os quais ultrapassavam 500 toneladas, aportaram em Guarapes vindos diretamente da Europa a fim de carregarem as mercadorias exportadas por Fabrício.

Na margem fronteiriça, estava os armazéns e a vila de moradores, era a Carnaubinha, que também possuia um porto. Já o aterro que possibilitou o porto de Guarapes, era chamado de "A Conceição", nome da padroeira do lugar e que posteriormente, Fabrício Pedroza e as filhas consagraram à Macaíba. 

Sinônimo de riqueza no século XIX, residência que deu origem ao bairro deve ser transformada em complexo cultural. Tombada em 1990 e adquirido pelo Governo do Estado em 2002, casa nunca passou por reformas e encontra-se em ruínas.

 
 CASARÃO DOS GUARAPES SERÁ RECUPERADO
 Por
Alex Costa

Antes tarde do que nunca. O Casarão dos Guarapes, localizado em uma das regiões mais pobres da Grande Natal, finalmente passará pelo tão esperado processo de restauração e reforma. Um grupo de arquitetos e engenheiros contratados pela Secretaria Extraordinária de Cultura e pela Fundação José Augusto (FJA) visitou o local e reavivou as expectativas da Prefeitura Municipal de Macaíba e do grande entusiasta e levantador dessa ação, Valério Mesquita, para ver a concretização de mais de 15 anos de luta. Os investimentos do Governo do Estado estão previstos na ordem de R$ 800 mil.

Tombado em 1990 pelo Patrimônio Histórico Estadual e em 2002 adquirido pelo Governo do Estado, o casarão nunca passou por reformas. O local era residência do comerciante Fabrício Gomes Pedroza e é considerado um dos principais marcos da economia da Província do Rio Grande. O casarão deu origem ainda ao bairro Guarapes. "Existe o contraponto entre restaurar ou manter a beleza das ruínas, mas a reforma completa garantirá mais beleza ao local e poderá sediar um centro histórico-cultural do comércio potiguar", afirmou Marcelo Augusto, secretário de cultura de Macaíba.

São mais de 100 mil hectares de terras que pertenciam a Fabricio Pedroza e hoje se encontra em meio ao matagal. À mercê da ação do tempo, de vândalos e posseiros, repousam na cota de um morro as ruínas da edificação que, paradoxalmente, testemunhou um período de prosperidade e poder econômico responsável, durante o Segundo Império, pelo desenvolvimento do comércio e indústria da província do RN.

"O brilho do lugar, a beleza da paisagem, associado ao projeto que a FJA tem de criar um cinturão histórico-cultural entre os pontos turísticos de Macaíba só nos fazem vislumbrar com alegria a certeza da preservação de um ícone histórico de tão grande importância para o RN", afirmou Marcelo Augusto. "Imagine o quanto levantaria a auto-estima da comunidade dos Guarapes, se o local fosse transformado em um complexo cultural associado ao turismo. Teríamos história, lazer e retomada do desenvolvimento para a região", completou.

A equipe de reportagem do Diário de Natal procurou saber mais detalhes a respeito da reforma e prazos para início das obras com a Secretaria Extraordinária de Cultura e com a Fundação José Augusto, porém, ambas entidades não atenderam as ligações até o fechamento desta edição.

EXPECTATIVAS

Os residentes do bairro conhecem o Casarão do Guarapes como o "museu velho". Residindo na margem esquerda da BR-226, na entrada do acesso às ruínas, Francisco Sousa, 60, afirmou, desacreditado: "Difícil crer que Guarapes já foi sinônimo de riqueza. A realidade de hoje leva a acreditar que depois que a pobreza chegou ela ficará aqui para sempre". Valério Mesquita, escritor, pesquisador e membro da Academia Norte-Rio-grandense de Letras, foi o autor do projeto que solicitava o tombamento da Casa de Guarapes quando era membro do Conselho Estadual de Cultura.

Durante todos esses anos defendeu a restauração imediata do casarão associada a um plano de revitalização da área para que seja implantado no local um memorial da história do comércio e indústria no RN, algo nos moldes da reforma que foi feita no engenho de Ferreiro Torto, também em Macaíba, em 1977. Para justificar a ideia de restauração do velho casarão, Valério Mesquita lembra que do alto das ruínas contempla-se um bela paisagem desenhada pelo rio Potengi, que ele descreve como um verdadeiro "corredor histórico". Em instantes, ativa-se na cabeça do visitante uma espécie de "máquina do tempo" que por impulsos cognitivos projeta na mente imagens da época gloriosa de Fabrício Pedroza.

CENTRO COMERCIAL DE FAMA E PODER

De 1858 a 1870, sob o comando do Major Fabrício Gomes Pedroza, Guarapes foi um grande centro comercial de repercussão, fama e poder. Incentivou e desenvolveu a indústria açucareira com novas técnicas, popularizou as primeiras faturas, divulgou novidades de escrituração. Segundo Valério Mesquita, o fundador de Guarapes foi o responsável pela emancipação do município de Macaíba, além de ser o patriarca da família que gerou Alberto Maranhão e Augusto Severo. Doente, Major Fabrício deixou a direção dos negócios em 1871, indo para o Rio de Janeiro. Em 22 de janeiro de 1872, faleceu em Santa Tereza e foi sepultado no cemitério de São João Batista. Fundado por Fabrício na segunda metade do século 19, a Casarão dos Guarapes foi residência e sede do maior entreposto comercial da Província e contava com um complexo de armazéns à beira do rio Guarapes (nome dado aquele trecho do rio Potengi), onde foi construído um porto com ancoradouro para embarcações de até 500 toneladas.

O pequeno mascate que negociava pelos arredores da cidade acabou se encantando pela região que chamou de Guarapes, em Coité (hoje Macaíba), onde herdou por casamento algumas terras. No alto de uma colina, ponto estratégico à margem esquerda do sentido Natal/Macaíba, Fabrício Pedroza ergueu a Casa de Guarapes, uma capela, escola e casas de empregados. Em baixo, à beira do Potengi, construiu armazéns de taipa e um porto com ancoradouro quase tão extenso e profundo quanto o de Natal, capaz de receber embarcações de até 500 toneladas.

Algodão, sal, peles, especiarias e quase todo açúcar produzido pelos engenhos potiguares eram escoados para o interior do Estado e até para o exterior. O entreposto comercial dos Guarapes, administrado por apenas um homem, chegou a desbancar o comércio da capital da Província. Para se ter uma ideia, de 1869 a 1870 vinte navios carregaram produtos para fora do país, enquanto Natal, no mesmo período, com todo o prestígio de capital, carregou 21 embarcações. 

...fonte...
Alex Costa 
Especial para o Diário de Natal 

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