março 14, 2012

A SUTILEZA DO JAZZ E O SWING DO SAMBA

 Potiguar tem trabalho reconhecido e terá disco gravado pela Som Livre
 
A LUZ DE LIZ ROSA

 Por
Sérgio Vilar 

"Vejo que não tenho tempo para ser estrela. É tanto o que fazer, minha nega, que só tu vendo pra crer. Ainda tem gente que pensa que vida de cantora é brisa fresca (...) Mato meu leão todo dia pra não ver meu canto calado morrer (...) O que era pra ser delícia, o glamour tá na lida". Esta é um pouco da vida do artista potiguar. É canção e vida de Khrystal. E também a faixa que abre o novo disco de uma potiguar que matou leões em Natal, comeu o pão que o diabo amassou no Rio de Janeiro e hoje tem seu trabalho reconhecido por uma das maiores gravadoras do Brasil: a Som Livre. 

Liz Rosa completa uma década de canto. Tem a verve interpretativa das grandes cantoras brasileiras da atualidade - aquela pegada jazz-bossanova, de voz suave, límpida e mais: uma vontade de ir além. E nesse caminho não há acomodação. Nem mesmo no repertório nem tão popular assim. "Não sou filha de artista consagrado, não tenho família com grana e de quebra canto coisas lado b, o que dificulta ainda mais. Espaços moderninhos no Rio de Janeiro têm muitos, mas pra fazer esse tipo de música a gente conta nos dedos", disse a potiguar, em chãos cariocas, onde reside há cinco anos.  

Liz Rosa iniciou temporada todas as terças-feiras no Semente, um bar na Lapa voltado ao samba de raiz. Foi lá onde a compositora e cantora Teresa Cristina - da safra de cantoras emergentes do samba - se lançou. É um começo, ainda. Mas já é bastante para quem já passou muito "perrengue". "Muito mesmo! Morei de favor na casa de amigos, tive que trabalhar como recepcionista para pagar minhas contas no começo, já que eu não tinha quase nenhum contato aqui no Rio. Aos poucos consegui espaços para cantar. Isso tudo eu conto por cima. Foi muita ralação".
 
 "Morei de favor na casa de amigos, 
tive que trabalhar como recepcionista para pagar minhas contas"

A ralação, a batalha pelos espaços e os contatos que surgiram descambaram na mesa de executivos da Som Livre. E tudo começou em Natal. Dez das 13 faixas do disco foram viabilizadas pela Lei Djalma Maranhão de incentivo à cultura. "Depois enviei o material para gravadoras e selos. Obtive duas respostas e a proposta da Som Livre foi melhor". A gravadora sugeriu a gravação de mais três faixas e ficou responsável pelo lançamento e distribuição. O áudio está pronto. A estimativa é de que seja lançado em  fim de abril, com shows de lançamento dia 22 de maio no Rio e em 15 de junho em Natal.

"A verba captada via lei municipal não deu pra lançar o disco porque eu teria que pagar os direitos autorais. Banquei o resto fazendo malabarismo com meu dinheiro. E a única maneira de conseguir colocar o CD na praça seria conseguir um selo ou uma gravadora para viabilizar essa prensagem". Liz Rosa explica que hoje é prática comum do mercado fonográfico se limitar à licença dos discos quase prontos para distribuírem pela internet e lojas. Em alguns casos, pagam a capa, máster e a divulgação.

O contato com a Som Livre foi mediado pelo amigo Mu Carvalho, pianista da Cor do Som e diretor musical de algumas produções da Rede Globo. Ele conseguiu marcar uma reunião na gravadora para levar o disco de Liz Rosa. Na reunião foram ele e o arranjador e produtor musical do álbum, Ricardo Silveira. "Neste dia eles tiveram reunião com novos artistas para decidir o que seria legal para eles lançarem em 2012. E foi aí que meu disco foi ouvido. No dia seguinte eles me ligaram", comemora. 

  "Khrystal é, sem dúvida, a compositora com quem mais me identifico"  

REPERTÓRIO "KHRYSTALINO" 

Das 13 faixas do disco intitulado Liz Rosa, seis são inéditas. Praticamente todas arranjadas em tons jazzísticos. Khrystal domina o repertório com três canções. O também potiguar Roberto Taufic, uma do produtor Ricardo Silva em parceria com Paulo César Pinheiro, e outra de Paulo César Pinheiro em parceria com Joyce. Dois tempos, de Khrystal, abre o disco. "A música tem uma história ótima. Khrystal é, sem dúvida, a compositora com quem mais me identifico. Tenho orgulho em mostrar aqui no Rio o que ela faz". As outras duas canções da potiguar no disco são Na lama, na lapa (em parceria com Valéria Oliveira) e Morô.

"Quando surgiu a ideia de gravarmos mais três músicas, na hora liguei e pedi mais música para Khrystal. Ela me mandou várias. Todas ótimas. Mas nenhuma era bem o que eu queria. É que todas as faixas do disco falam comigo diretamente. Passados alguns dias fui a natal e marquei de ir à casa dela tomar uma cerveja e jogar conversa fora. Ela me disse que havia feito uma canção, mas que achava que eu não ia curtir. Foi quando ela me mostrou Dois tempos. E eu amei. Tudo a ver com meu discurso (e dela também), de que o glamour artístico nós não conhecemos; só a ralação", brinca.

As outras canções inéditas: Eu sou aquela, enviada por Joyce. "Também é incrível e também aborda o universo feminino". De cabo a rabo traz música de Roberto Taufic gravada em disco do próprio lançado na Itália e interpretada por Liz Rosa no Teatro Riachuelo, em show da Valéria Oliveira. Cantiga boa era canção instrumental de Ricardo Silveira, presente no disco Amazon Secrets e recebeu letra de Paulo Cesar Pinheiro. O álbum é completado por regravações de clássicos da bossa nova e alguns dos melhores nomes da MPB. 


...fonte...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fiz uma visita e gostei!! Passa lá você também!!!