junho 07, 2012

A POESIA NA STREET ART

 Artista urbana e poeta, Eveline Gomes, ou apenas Sinhá
 trabalhos divulgados na Colômbia, França, Espanha e Coréia do Sul

O LADO DE DENTRO DE SINHÁ  

Via
Jornal de Hoje & Correio da Tarde

Quem passa pelas ruas da cidade não fica inerte ao perceber que existem pássaros atravessados em Sinhá. Mulher de cores vivas, fortes e repleta de sentido. Ela está no prédio do DoSol, nos muros em frente ao antigo Machadão, no barco atracado em Búzios e em diferentes paragens. Assim também é Eveline Gomes, a Sinhá poeta, artista e escritora que voa junto com os pássaros e nos arrebata ao escrever poemas na obra “Devolva Meu Lado de Dentro”, seu primeiro livro de poesia, lançado recentemente na Casa da Ribeira, em Natal/RN.

Em suas inquietações, dizeres como “Quero o sagrado das ruas/E a calma de estar em mim/Longe da frieza dos mundos”, traz um pouco do seu amor por tintas e palavras. Potiguar e radicada em São Paulo, Eveline gosta de dizer que a paulicéia foi seu nascimento para a arte. “São Paulo é meu berço artístico. A cidade o tempo inteiro vai tirando coisas de você. São surpresas o tempo inteiro, sem fim”, disse Eveline em entrevista ao Jornal de Hoje com seus olhos de farol.

Os poemas chegam em diferentes ocasiões. “Não existe um ritual. Já cheguei a fazer poemas até com lápis de olho ou então mandando mensagens para mim mesma no celular, para que não perdesse o poema”. Lembrou. Um desses exemplos aconteceu em um dia andando no carro, quando avistou o amigo Birimba de Jesus “tocando” um samba numa caixa de cigarros e de repente saiu um poema.

O amor por tintas e palavras levou Sinhá a desnudar o cinza das ruas e o branco dos papéis. Entre as pinturas nos muros e prédios das cidades, colorindo até o arranha céu de São Paulo, ela encontrou a poesia. Com essa carga de sensações, tintas, loucuras, verdades e infinitos que Sinhá leva ao mundo seu primeiro livro, que vem de inspirações de até oito anos atrás.  “Escrevo desde os 14 anos, mas os poemas escolhidos para o livro vieram desses últimos anos, quando fui recolhendo um por um com a ajuda do Daniel (Minchoni – companheiro de Eveline) e também com a ajuda de Letícia Torres, uma irmã pra mim”, disse.

Seus textos curtos, intensos e livres nascem como quem voa. Como escreveu Criolo na orelha do livro “Para quem escolheu o quase viver, o quase sentir, o quase tentar, não visite Sinhá. O incômodo será insustentável”. O aviso é real. Em poucas palavras, sua poesia possibilita a leitura de mundos inteiros, quando sentimos tudo, deixando de lado a frieza dos mundos. Desde o copo americano de café onde cabe o amor perdido, até os “cacos de vidro, presos ao cimento do seu medo”, sua poética é peculiar.

É de chão, céu, extremos e vontades que a obra trata. Levando o leitor para dentro. Entre suas leituras estão os escritores Ferreira Gullar e Manoel de Barros. “São os dois amados da minha vida. Levo muitas vezes o Poema Sujo dentro da bolsa para me iluminar durante o dia a dia, estou sempre revisitando suas obras”, contou.

Além da poesia, a música tem um espaço muito especial em sua história/trajeto, chegando a ter parcerias com Kiko Dinucci em “Os Olhos da Cara” e a canção “Orquídea Ruíva” de Gui Amabis interpretada por Eveline (Sinhá) e Criolo, disparando entre os vídeos mais vistos no youtube. “As parcerias, por incrível que pareça, surgiram muito pela internet. É interessante esse universo que começa no virtual e termina trazendo amigos para a vida inteira”. As letras e as pinturas ganham espaço também em figurinos.

Eveline foi responsável pelo figurino de Anelis Assumpção no lançamento do seu mais recente disco “Sou Suspeita, Sou Sujeita, Não São Santa” e também o manto que cobriu Criolo no disco “Nó na Orelha”. “São parcerias lindas que levarei para sempre comigo”. Sua última parceria foi a capa do disco do compositor Luiz Gadelha, intitulado “Suculento”. E é ele quem estará cantando no lançamento que acontece na Casa da Ribeira, levando todos para o lado de dentro de Sinhá.

ARTE URBANA

Eveline Gomes – Sinhá nasceu em Natal/RN no dia 19 de fevereiro de 1982. Vive em São Paulo desde 2006. É escritora e artista. Pintou um prédio inteiro na Marginal Tietê em São Paulo e diversos muros da cidade desde 2007 e do mundo atravessando pássaros em sua personagem Sinhá ao lado de Sola. Participou de coletâneas literárias como “…” Participou da Exposição Graffiti Fine Art no Mube, Museu de Escultura Brasileiro.

Publicitária por formação, mas há três anos decidiu trocar os escritórios de propaganda em Natal pelas ruas de São Paulo, onde atualmente se dedica à street art. Aborda em seus trabalhos uma figura feminina que criou, personagem amarrada e sem braços, que contrasta com a liberdade dos pássaros ao seu redor. "Traz uma agonia, uma inquietação", explica.

A artista possui trabalhos divulgados na Colômbia, França, Espanha e Coréia do Sul. Em Natal, suas intervenções podem ser encontradas em bairros como Lagoa Nova, Mirassol, Centro e Ribeira. "Prefiro lugares destruídos e muros bem feios porque acho que acaba valorizando o trabalho", revela

Street art também conhecido como Arte Urbana é a expressão que refere-se a manifestações artísticas desenvolvidas no espaço público, distinguindo-se da manifestações de caráter institucional ou empresarial, bem como do mero vandalismo.

A street art foi gradativamente se constituindo como forma do fazer artístico, abrangendo várias modalidades de grafismos. Algumas vezes muito ricos em detalhes, que vão do Graffiti ao Estêncil, passando por stickers, cartazes lambe-lambe ,intervenções, instalações, flash mob, entre outras. São formas de pessas sozinhas, expressarem os seus sentimentos atraves de desenhos.

...fonte...
 www.jornaldehoje.com.br
www.correiodatarde.com.br

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