EM NATAL, "PAPAI NOEL" RESGATA A CIDADANIA DE CRIANÇAS CARENTES
Quase 3 mil crianças são atendidas nos projetos da ONG Casa do Bem
Para Flávio Rezende, caridade não se restringe à época do Natal
Fotografia: Ricardo Araújo/G1
Quase 3 mil crianças são atendidas nos projetos da ONG Casa do Bem
Para Flávio Rezende, caridade não se restringe à época do Natal
Fotografia: Ricardo Araújo/G1
UM PAPAI NOEL NA VIDA REAL
Por
Ricardo Araújo Do G1 RN
Na entrada da cidade, a estrela dos Reis Magos sinaliza que é Natal/RN.
Na capital potiguar cujo nome se confunde com uma das datas cristãs
mais comemoradas no mundo, existe um Papai Noel que visita os pobres não
somente uma vez ao ano, não carrega um saco vermelho, nem é conduzido
num trenó. Afora os clichês que envolvem a lendária história do bom
velhinho, a prática da caridade é uma constante na vida do jornalista
Flávio Rezende há pelo menos 22 anos, quando escolheu viver numa das
regiões mais violentas e subjugada ao descaso social e administrativo.
“Surgiu do acaso, quando pela primeira vez eu fui ao bairro de Mãe
Luiza e vi uma casa à venda”, relembra Rezende. Mãe Luiza é um bairro
localizado na Zona Leste de Natal, às margens do Oceano Atlântico, cujos
casebres são ocultados pelos luxuosos arranha-céus à beira-mar. A
localidade é uma das quais ocorre o maior número de assassinatos em
Natal, com a maioria dos mortos envolvidos com drogas, roubos ou
execuções. “Eu reformei a casa, casei e comecei a conhecer o cotidiano
do bairro. A pobreza e a violência me impressionaram. Eu estava
predestinado a ajudar aquele povo”, afirma Rezende.
Na garagem do imóvel, começou a receber crianças e adolescentes para
aulas de violão, balé, capoeira e alfabetização. Suas ações começaram a
ser reconhecidas pelos moradores do bairro e mais pessoas seguiram o seu
exemplo e se juntaram ao grupo de voluntários do que veio a ser, em
2005, a Organização Não-Governamental Casa do Bem, com sede própria,
erguida num terreno vizinho à casa na qual morava, que fora doado por um
empresário.
FLÁVIO REZENDE
"No futuro, quando outra pessoa assumir a instituição,
espero que
mantenha o mesmo nível de serviços prestados que temos hoje."
Fotografia: Ricardo Araújo/G1
A construção do imóvel que hoje recebe centenas de crianças em
diversificados programas de inclusão social, foi financiada pela Lei de
Incentivo à Cultura Câmara Cascudo, do Governo do Rio Grande do Norte.
“Se não tivéssemos sido contemplados pela Lei, não teríamos construído a
Casa”, comenta Rezende. Hoje, a sede da ONG abriga salas de aula,
biblioteca, sala de dança, capoeira, academia e um mini-laboratório de
produção de vídeo.
Atualmente, a Casa do Bem atende 2.800 pessoas, entre crianças,
adolescentes e adultos. Semanalmente, uma psicóloga voluntária recebe
pais de crianças atendidas pela ONG para acompanhamento psicológico em
grupo, além de advogados que orientam mães e pais quanto aos processos
de separação, guarda dos filhos e procedimentos jurídicos diversos.
Apesar da gama de projetos oferecidos pela entidade, a manutenção da
qualidade dos serviços é um problema rotineiramente enfrentado por
Rezende. “Nossa sorte é que o projeto desperta o interesse de
voluntários. Se não fossem eles, que chegam aqui de coração aberto e
oferecendo seus trabalhos gratuitamente, isto aqui não existiria. Eles
são extremamente importantes”, ressalta.
FLÁVIO REZENDE
"Este projeto é o resultado de uma série de acontecimentos naturais.
É como você ter um filho. Não há mais como desistir."
Fotografia: Ricardo Araújo/G1
"Este projeto é o resultado de uma série de acontecimentos naturais.
É como você ter um filho. Não há mais como desistir."
Fotografia: Ricardo Araújo/G1
Por mês, as despesas da instituição giram em torno de R$ 10 mil. Parte
delas era financiada pela Prefeitura de Natal com um repasse mensal de
R$ 3 mil. Entretanto, o município não efetua o depósito do valor há pelo
menos cinco meses, o que tem agravado a situação da entidade. Para
compor o montante necessário para não gerar dívidas ao final de cada
mês, a Casa do Bem realiza bazares e recebe doações em dinheiro e em
produtos de limpeza, alimentos, material escolar e todos os equipamentos
utilizados nas aulas de capoeira, balé, futebol, atletismo, entre
outras práticas esportivas.
A história da Casa do Bem se confunde com a história de vida de Heberth
Gleydson, hoje professor de balé na ONG. Nascido e criado em Mãe Luiza,
viu a violência ao longo dos seus 24 anos em diversas nuances e até
mesmo dentro da sua casa, com um irmão infrator e viciado em drogas. “Se
não fosse a Casa do Bem, eu poderia ter me rendido ao que vi e ainda
vejo hoje em dia. Ações como as que são desenvolvidas aqui afastam as
crianças da criminalidade e proporcionam novas perspectivas de vida. Eu
sou o que sou hoje, por causa das oportunidades que tive aqui”, afirma
Gleydson. Para Flávio Rezende, a caridade e ajuda ao próximo devem ser
uma prática diária, independente de datas, simbolismos religiosos ou
interesses políticos.
"É durante a semana do Natal que catalisamos o maior número de doações.
As pessoas ficam mais sensíveis e se dispõem a ajudar o outro. Mas essa
ajuda deveria ser diária. Afinal de contas, os problemas humanos não se
restringem a uma data, a uma semana. A miséria é muito grande e muita
gente não tem perspectiva nenhuma e dependem de nós, da nossa mão. No futuro, quando outra pessoa assumir a instituição, espero que
mantenha o mesmo nível de serviços prestados à população que temos hoje", finaliza Flávio rezende.
...fonte...
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www.casadobem.org.br
Se copiar textos e ou fotografias, atribua os créditos!
Os direitos autorais são protegidos pela Lei n° 9.610/98, violá-los é crime!
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q trabalho maravilhoso Carlos q deus abençoe o Flavio e seus trabalhos.
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