março 13, 2013

UM JEITO DIFERENTE DE FOTOGRAFAR

 HENRIQUE JOSÉ FERNANDES 
Professor e fotógrafo reúne depoimentos e experiências de
 dezenove fotógrafos para nortear aqueles que estão começando
Fotografia: Eduardo Maia/NJ
 
... FOTOGRAFIA ... 
 
INSTANTÂNEOS PARA TODA A VIDA  
 
 Por
Dinarte Assunção 
NOVO JORNAL 
 
Lições para quem está iniciando a partir de relatos e sugestões de quem já está calejado, mas não por isso menos empolgado, com a fotografia. É o mote central de “Aos Novos Fotógrafos Brasileiros” (ZooN, 80 pág.), que o fotógrafo e professor Henrique José Fernandes lança hoje na Livraria Saraiva, no Midway Mall, a partir das 19h.

A ideia do livro surgiu em 2010, em Brasília, quando Henrique José estava ajudando a fundar a Rede dos Produtores Culturais da Fotografia Brasilieira (RPCFB). A proposta, conta, era reunir orientações para quem está se aventurando na fotografia e queria fazer dela um instrumento profissional.

Henrique, que ensina fotografia na UnP e no Senac, resolveu apresentar essas ideias a partir de duas formas. Na primeira etapa, ele revisita o marco zero da fotografia em sua vida e faz uma digressão até a década de 1980, quando teve seu primeiro contato com a área.

  LOMOGRAFIA
 A fotografia foielevada a novos patamares a partir da popularização
dos equipamentos digitais, mas há um movimento mundial 
de pessoas encantadas com as imagens capturadas em 
película pela maquininha automática russa Lomo
Fotografia: Divulgação
 
Nesse retorno, Henrique aproveita para resgatar uma técnica de que se valeu no início de tudo: a lomografia, tipo de movimento fotográfico que utiliza câmeras automáticas de baixo custo e ainda usa os filmes negativos. “Resgatar agora a lomografia foi uma brincadeira estética. Eu quis brincar com o filme num mundo em que tudo, hoje, é digital”, analisa Fernandes. 
 
Para o autor, a lomografia é considerada um novo fazer fotográfico que até já resultou numa comunidade internacional de seguidores. Atualmente, considera ainda Fernandes, as câmeras lomo são objetos de uma cultura retrô, vivida principalmente por aqueles que, nascidos da era digital, visitam o processo químico da fotografia.

“Meus primeiros contatos com a lomografia foram impulsionados pela diversidade de formatos e possibilidades estéticas das suas máquinas. Definitivamente, a característica mais marcante e atraente da lomografia são os diversos modelos e formatos de câmera”, considera o autor, que utilizou dois tipos de máquinas para captar as imagens que ilustram o livro.

 LOMOGRAFIA
  A 'lomomania' gerou a criação de uma estética própria e cunhou 
o termo 'lomografia' em 1995, na Áustria, e as possibilidades de
experimentar a fotografia  à moda antiga (com filme em vez de pixels) 
Fotografias: Ingrid 
 
A partir da articulação que deu origem à Rede Brasileira, Fernandes decidiu documentar em lomografia o encontro que seria sediado em 2010 em Brasília. “Aí a ideia final do livro veio na véspera da viagem, quando peguei um gravador MP3 e resolvi levar para registrar depoimentos de fotógrafos brasileiros”, observa Henrique. No próprio livro, contudo, ele destaca que os depoimentos não têm relação com a lomografia.

“Os depoimentos buscam construir um pensar sobre a fotografia brasileira, seu momento atual, sua organização enquanto movimento em rede e que contribuições estes profissionais podem dar para alguém que esteja iniciando na fotografia”.

Assim, Henrique foi ouvindo alguns dos 120 colegas que se reuniram para formar a Rede, aos quais fez três indagações: 1) Qual o panorama da fotografia brasileira hoje? 2) Como você vê a criação da RPCFB? 3) Qual sua mensagem para um novo fotógrafo? As respostas do último questionamento inspiraram o título do livro.

HENRIQUE JOSÉ
No livro, o fotógrafo apresenta um caderno de campo reunindo 
experimentos e entrevistas de adeptos da lomomania
 Fotografia: Eduardo Maia/NJ

FOTÓGRAFOS DÃO CONSELHOS AOS JOVENS

Ao todo, o autor coletou e editou 19 depoimentos de diversos fotógrafos brasileiros. A escolha dos profissionais, revelou, foi feita aleatoriamente. “Eram 120, então fui pegando os depoimentos à medida que eles surgiam“. Para criar um conteúdo amplo, diz que editou o material de forma que as sugestões não se repetissem. Assim, restaram 19 ideias que os novos fotógrafos podem seguir sem medo de se arriscar.

Dentre as falas dos colegas catalogadas, ele diz que se lembra especialmente de uma, do fotógrafo Miguel Chica Oca, do Pará. “Ele fala sobre a luz. Diz que ser fotógrafo significa conhecer os princípios e saber valorizar essa origem, e saber que a luz, antes da fotografia, é muito mais coisa. São muitas possibilidades, e que a luz é um elemento vital”.

O time de profissionais, no geral, cita ao longo do livro lições que podem ser desprendidas da fotografia, como valores. Outros preferem dar conselhos práticos, como Mateus Sá, fotógrafo pernambucano que orienta aos iniciantes que estejam abertos para escutar tudo e a partir daí decidir e escolher o caminho que irão traçar: “a fotografia é muito ampla e não podemos ficar restritos; , ela tem muitas possibilidades”.

Um dos conselhos mais simples dados aos novos fotógrafos vem de Iatã Canabrava, de São Paulo. Quando a terceira pergunta lhe foi apresentada, ele disse lacônico: “Se comunique muito e o tempo todo. Não pare de se comunicar”.

 UM ALERTA: INFORMAÇÃO NÃO SIGNIFICA CONHECIMENTO

Henrique José Fernandes analisa que o momento atual propiciado pela tecnologia – que oferece recursos fotográficos a qualquer um – sugere uma reflexão sobre a arte da qual resolveur viver. “É preciso pensar a fotografia como uma linguagem, e, portanto, formada por elementos complexos que devem, antes de ser questionados, ter seu funcionamento entendido”.

Na opinião do fotógrafo, há atualmente um culto ao instrumento, à máquina fotográfica. “Quando na verdade, o importante é quem opera. É um problema essa gestão. As pessoas têm acesso à informação e acham que isso é conhecimento. Conhecimento é outra coisa, exige maturação”, defende o autor, que ainda estabeleceu a seguinte comparação: “Qualquer um tem acesso a uma gramática e pode entender o funcionamento da escrita, mas nem por isso pode ser chamado de escritor”, raciocina o fotógrafo. 
 
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