janeiro 18, 2014

SUELDO SOARESS: COM DOIS "ESSES", SIM

SUELDO SOARESS
"VOU POR AÍ EM CANTOS"
Cantor e compositor potiguar lança single A Poderosa e
 delineia repertório para o quarto disco da carreira
Fotografia: paulo guerra

SUELDO SOARESS NO BALANÇO DA PODEROSA

Por
Yuno Silva
TRIBUNA DO NORTE

Nada de show das poderosas do funk, no Rio Grande do Norte o poder vem da combinação afro-pop-rock-reggae-samba-soul do cantor e compositor Sueldo Soaress. Forte candidata a hit do verão, obviamente dentro dos limites do investimento em marketing, “A Poderosa” de Sueldo tem balanço, suingue, personalidade e uma letra fácil de assobiar que cola como chiclete na mente do ouvinte logo na primeira audição. A bordo de arranjos compartilhados com produtor musical e guitarrista Jubileu Filho (Perfume de Gardênia), a faixa circula há exatos oito dias na internet e coloca tempero extra no repertório do artista.

Investindo em uma pegada comparável ao trabalho de Seu Jorge, sob “as luzes do farol de Gilberto Gil e Jorge Benjor”, Sueldo Soaress, 52, começa a delinear o conteúdo de seu quarto álbum “Vou por aí em cantos”. Com 30 anos de carreira, o músico natalense garante que já está “tudo montado e gravado, só aguardando o momento certo e a hora exata de ser lançado”.

Conhecido no circuito noturno da cidade, Sueldo concedeu entrevista exclusiva ao VIVER por e-mail, pois, no momento, atua sob sua ‘identidade secreta’ de petroleiro embarcado. “Impossível dizer que a música é minha segunda profissão, não consigo fazer essa distinção. Para mim a música é labuta e festa ao mesmo tempo” [rs], esclarece.

Soaress, assim mesmo com dois ‘esses’, incorporado por numerologia, disse que “A Poderosa” foi criada com intenções mais caliente que a média: “Queria uma canção encorpada, de chegada, aquela que quando você escuta de primeira já sente vontade de dançar”. Ele não nega que a música “corresponde a parte mais popular” do novo disco e confessa que a “embalagem rítmica” é peça chave do trabalho. “O novo CD está bem rico desse recurso rítmico. As pessoas encontrarão poesia, emoção e muito suingue”.

“Vou por aí em cantos” traz arranjos de Jubileu Filho e participação dos músicos Ricardo Baya (violão e guitarra), Darlan Marley, Juka Lima e Rogério Pitomba (bateristas), Antônio de Pádua (trompete, pandeiro e violão), Erick Firmino e Ismael Miranda (baixistas) e Diego Brazil (guitarra e violão).

COMPARAÇÃO NATURAL

Mas, afinal, quem é a poderosa da música? “Nessas tocadas noturnas pelos bares e lugares da vida [rs], percebia que no meio da plateia sempre entrava uma mulher com um algo a mais, todos os homens e mulheres percebiam a presença dela. A poderosa é muito isso!” Não está muito longe da poderosa cantada pela funkeira Anitta (Solta o som, que é pra me ver dançando / Até você vai ficar babando // Para o baile pra me ver dançando / Chama atenção à toa // Perde a linha, fica louca).

“Minha poderosa foi muito em cima do algo a mais que percebo nas mulheres! Ela não força nada, enlouquece as pessoas só pelo fato de existir, não se vale de artifícios para nada. É desse tipo de poderosa que a canção fala”, explicou Sueldo ao ser questionado sobre a comparação natural com o mega sucesso nacional. “Na verdade, essa questão do poder é algo bastante delicado para se tratar. Prefiro dizer que a ‘satisfação’ com alguém ou com algo vem a ser mais leve, saudável e duradouro para se deixar sentir. Ter o poder sobre alguém pode ser perigoso para ambas as partes”, filosofa.

“Mirava essa ‘poderosa’ há muito tempo [rs], queria eternizá-la em letra e melodia: o Roberto Carlos conseguiu retratá-la em ‘Furdúncio’, Seu Jorge a chamou de ‘Burguesinha’, eu, carinhosamente, a intitulo de ‘A poderosa’”.

SATISFAÇÃO

Sueldo Soaress estreou em 1982 com o show Tinta Viva, ao lado do amigo e parceiro Pedro Mendes, no palco do Teatro Alberto Maranhão. Juntos assinam “Raça”, única parceria da dupla, que rendeu o primeiro lugar no II Festival de Música e Poesia da UFRN em 1985.

“Tudo o que aconteceu até agora foi exatamente com a velocidade que eu solicitei ao tempo. Todo esses anos  de estrada proporcionam o conforto de me deliciar com a minha arte sem dor alguma, sem exigência nenhuma. A cada dia sinto que a todo momento tenho o prazer de querer saber do novo, saber das possibilidades de me reinventar em tudo que possa contribuir para esse meu grande prazer que é a música!”, destaca.

Para o artista, música é “satisfação” e faz com que mantenha a “parabólica sempre apontada para o que me faz bem”.  Sueldo não segue uma regra básica para compor e diz que a solução para acabar com a “agonia” de uma inspiração que “chega sem respeitar hora, lugar ou situação é simples: lápis, papel e violão”.

Os planos para 2014, além do lançamento de “Vou por aí em cantos”, também incluem um trabalho acústico voz e violão que ele pretende registrar em áudio e vídeo e uma pequena turnê fora do país no segundo semestre.

Vale lembrar que, em 1993, Sueldo Soaress chegou a dar um giro musical fazendo shows na França, Espanha, Alemanha e Marrocos. Levou na bagagem o violão e um repertório com suas belíssimas canções. Essas andanças renderam convite para tocar nos Estados Unidos: participou da celebração do “Dia da Independência” na Union Square e no Coconut Grove Super Club, ambos em São Francisco, Califórnia; e em 1996 retorna aos EUA para participar da turnê de Jorge Benjor.

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