CINEASTA EDUARDO COUTINHO
CINEASTA ASSASSINADO
NO RIO DE JANEIRO PRODUZIU DOCUMENTÁRIO
SOBRE A VIDA DO
POLÍTICO POTIGUAR THEODORICO BEZERRA,
CUJOS FAMILIARES LEMBRAM DETALHES DOS BASTIDORES
DO TRABALHO VEICULADO
NA TV GLOBO
Fotografia: Eduardo
Anizelli/Folhapress
COUTINHO E O IMPERADOR DO SERTÃO
Por
Henrique Arruda
NOVO JORNAL
Theodorico Bezerra estava em seu
escritório, no Grande Hotel de Natal, localizado na Avenida Duque de Caxias,
Ribeira, empreendimento de sua propriedade e onde também morava. O ano era
1978. Ele desenvolvia os afazeres de rotina ao lado do filho, Kleber Bezerra,
quando o telefone de sua mesa tocou. Do outro lado da linha, o interlocutor com
sotaque carioca lhe questionava se o empresário e político potiguar queria ser
o protagonista de um documentário sobre sua própria vida a ser exibido na Rede
Globo de Televisão. Na direção do material, estaria o respeitado cineasta
Eduardo Coutinho, com quem Bezerra conversava.
A ligação entre o cineasta e o
seu personagem norte-rio-grandense ocorreu há 36 anos, mas volta a ser lembrada
agora com a trágica morte do primeiro, Coutinho foi assassinado a facadas no
último domingo pelo próprio filho, Daniel, no apartamento da família no Rio de
Janeiro, segundo apurou a polícia carioca. Tinha 80 anos.
O episódio que chocou o país, no
entanto, refrescou a memória dos potiguares sobre o documentário produzido por
Coutinho, em 1978, no qual ele apresenta uma das figuras mais curiosas da história
política do Rio Grande do Norte, o “imperador do sertão”, Theodorico Bezerra.
LÍDER POLÍTICO
BRASILEIRO QUE PERTENCEU AO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE,
CONSIDERADO UM
TÍPICO “CORONEL” DO NORDESTE EM PLENO SÉCULO XX
Fotografia: Divulgação
O documentário produzido no
primeiro semestre daquele ano e veiculado em agosto especialmente para o “Globo
Repórter Documento” pode ser facilmente encontrado no youtube hoje em dia.
Naquela ocasião, foi considerado um dos melhores documentários do ano.
Destacava-se a naturalidade com que o próprio “imperador do sertão” narrava o
modo como administrava os moradores de sua fazenda Irapurú, localizada em
Tangará, interior do Rio Grande do Norte.
Durante 50 minutos, Coutinho
conta a vida de Theodorico sob o olhar do próprio “imperador do sertão”, que
entrevista os moradores de sua fazenda e fala abertamente o que pensa sobre
diversos assuntos. Uma das cenas mais curiosas é quando Bezerra lê um quadro
com os 12 mandamentos que cada morador deve seguir para poder morar no local.
“O morador que não cumprir o
regulamento será tomado o roçado e terá um prazo de 24 horas para se mudar da
residência… Se você não trabalha, viverá para sempre pobre. Mesmo na hora da
morte, esteja estrebuchando, mas não pare. Aqui ninguém fica parado. Se não
cumprir, digo logo que o Brasil todo é dele e que pode ir embora. Eles já sabem
que é assim”, conta o agropecuarista para Coutinho na casa de uma moradora que,
obedientemente, concorda com todas as regras.
A HISTÓRIA DE THEODORICO BEZERRA INTERESSOU AO CINEASTA
EDUARDO COUTINHO A PARTIR DO CARTUNISTA HENFIL,
NA ÉPOCA, MORANDO NA CAPITAL POTIGUAR
Fotografia: Divulgação
A história do potiguar interessou
Eduardo Coutinho, a partir de Henfil. Na época, o cartunista morava em Natal e
conheceu a fazenda de Theodorico Bezerra na companhia de alguns familiares
deste, incluindo o sobrinho do personagem, o médico e escritor Lauro Bezerra,
80.
“Percorremos toda a fazenda em um
dia e Henfil ficou muito interessado pelo modo como Theodorico controlava as
pessoas que viviam ali. Quando viajou para São Paulo, Henfil teve uma conversa
com Eduardo Coutinho na Rede Globo e sugeriu que a vida do meu tio virasse um
documentário”, comenta Lauro, dizendo também que, naquele ano, Theodorico
Bezerra era candidato a deputado estadual e por isso o programa não pode ser
exibido em Natal.
“Vivíamos sob a Lei Falcão, que
era muito rígida e não permitia nenhuma propaganda política na TV para os
candidatos; como Theodorico era candidato a deputado, o programa não passou
aqui. Ele teve que viajar para Recife, assistir o programa lá, na casa de um
familiar e depois voltar para Natal contando a história”, conta o sobrinho, que
quatro anos depois lançou o livro Major Theodorico Bezerra, o imperador do
Sertão.
Ainda de acordo com Lauro
Bezerra, a propriedade de seu tio, na época, tinha cerca de 3 mil moradores e
500 casas. Após a exibição do programa, Theodorico conseguiu uma cópia do
material na sede da Rede Globo e começou a exibir o documentário em uma sala de
cinema amadora que montou na sua fazenda.
Nas eleições daquele ano, Theodorico Bezerra foi eleito e permaneceu na Assembleia Legislativa até os 80 anos, tornando-se um dos deputados estaduais mais antigos da história. “Ele ficou feliz demais com essa gravação. Para ele, foi o máximo de glória se ver entrevistado e entrevistando em rede nacional. Causou uma repercussão muito grande, foram diversos artigos em jornais do Sudeste”, lembra.
...fonte...
www.novojornal.jor.br
...DOCUMENTÁRIO...
THEODORICO, O IMPERADOR DO SERTÃO
No documentário, Eduardo Coutinho consegue centralizar a história em apenas um personagem, o próprio major Theodorico Bezerra, que narra inteiramente o filme de sua vida, entrevistando pessoas e falando de suas ideias. O documentário foi considerado, conforme Artur da Távara, "um dos melhores programas do ano",[2] haja vista, a maneira que foi exposta por Coutinho e sua equipe, o modo que o majó tratava a miséria do seu estado, com uma estrutura capitalista dentro de um verdadeiro feudo paternalista, exercendo na prática algumas ideias, como a defesa do socialismo, do marxismo e da poligamia em rede nacional, chocando uns e criando admiração de outros.
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www.novojornal.jor.br
...DOCUMENTÁRIO...
THEODORICO, O IMPERADOR DO SERTÃO
É a primeira grande obra que se
tem notícia sobre a vida do "majó" Theodorico Bezerra. Mostra-se
inovadora, embora não seja revolucionária, e critica a realidade brasileira ao
problematizar, de maneira distinta, a condição do povo sertanejo do período. Do
tempo em que o Globo Repórter era produzido por cineastas, este foi feito por
Eduardo Coutinho:
No documentário, Eduardo Coutinho consegue centralizar a história em apenas um personagem, o próprio major Theodorico Bezerra, que narra inteiramente o filme de sua vida, entrevistando pessoas e falando de suas ideias. O documentário foi considerado, conforme Artur da Távara, "um dos melhores programas do ano",[2] haja vista, a maneira que foi exposta por Coutinho e sua equipe, o modo que o majó tratava a miséria do seu estado, com uma estrutura capitalista dentro de um verdadeiro feudo paternalista, exercendo na prática algumas ideias, como a defesa do socialismo, do marxismo e da poligamia em rede nacional, chocando uns e criando admiração de outros.
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