janeiro 22, 2016

UM RESGATE EM NOME DA MEMÓRIA

 CASARÃO RESTAURADO
 
Casarão histórico de número 479 da Avenida Deodoro da Fonseca, Natal/RN.
Um dos últimos prédios da capital potiguar a reter características
 da  arquitetura neoclássica e art nouveau.

UM CASARÃO RESGATADO
 
Por
Yuno Silva
Tribuna do Norte

Um dos últimos imóveis de Natal a conservar características da arquitetura neoclássica e art nouveau, o casarão número 479 na Av. Deodoro da Fonseca, em Petrópolis, recebe os retoques finais antes da restauração ser dada por concluída.
 
Construída no início do século 20 com materiais importados da Europa, a edificação é tombada pelo patrimônio estadual desde 1989 e a partir do mês de fevereiro será a nova sede da empresa Dois A Engenharia. O trabalho de restauração foi iniciado em 2013, mas passou quase um ano em banho-maria por questões burocráticas. Para evitar conflitos com a já rarefeita memória arquitetônica da capital potiguar, o prédio novo erguido nos fundos do terreno terá fachada espelhada para valorizar a silhueta do palacete que pertenceu à família do médico Varela Santiago (1885-1977).
 
Como toda restauração séria que preze, o material utilizado foi o mais próximo possível ao encontrado nos idos de 1900 e poucos: padrões de azulejos e cerâmicas foram refeitos, o piso recuperado, boa parte das ferragens vieram de lojas especializadas no Recife, as esquadrias reconstruídas de forma artesanal, a fachada refeita em detalhes e a pintura definida após a cor original ter sido identificada.
RECUPERAÇÃO E MEMORIAL

Um dos destaques do projeto original, um forro belga feito de metal trabalhado em relevo que adornava dois cômodos, é o grande desfalque da restauração. “Estava bem deteriorado e não conseguimos encontrar um material semelhante. Os técnicos acabaram optando por refazer o forro de madeira no mesmo padrão dos outros ambientes”, disse João Neto, engenheiro responsável pela obra.

O engenheiro Alcio da Costa Pereira prestou consultoria na condução do restauro, e a arquiteta Olga Portela assina os projetos do prédio novo, da funcionalidade do casarão e da integração dos dois prédios. “Em uma das salas criamos uma espécie de memorial, com exposição de peças originais substituídas durante a restauração”, informou Olga, que desenhou um edifício em “L” para que uma árvore fosse preservada. A casa se tornará um misto de espaço social e acervo da história da empresa, com biblioteca técnica e mostruário dos serviços oferecidos e projetos realizados.

"ESTAVA SE ACABANDO"

Na parte de trás, a nova,  funcionarão os escritórios e a administração; no casarão ficam a recepção, atendimento ao público e o setor de Recursos Humanos. Um detalhe do palacete é o 'meio-porão', com 80 centímetros de altura, também restaurado, onde ficam as instalações hidráulicas.

A arquiteta contou que ainda se cogita fabricar uma réplica do forro de metal. “De qualquer forma o pouco que sobrou será guardado como relíquia”. Ela lembrou que o imóvel estava “totalmente abandonado e em estado deplorável. Estava se acabando”.

O engenheiro Sérgio Wiclife, do setor de Patrimônio da Fundação José Augusto, órgão estadual responsável pelo tombamento, acompanhou o desenrolar do serviço. “Foi um trabalho de várias mãos feito com muito carinho”, garantiu o empresário Flávio Azevedo, da Dois A Engenharia, que citou o engenheiro Antônio Arruda Câmara, responsável pela fabricação artesanal das esquadrias de madeira. “Os profissionais que refizeram a fachada também fizeram um trabalho fantástico”, comemora.
VALOR AGREGADO
 
“Sou natalense e um entusiasta do patrimônio da cidade. Comecei a trabalhar na Ribeira, cercado por prédios antigos, e acredito que faça parte do compromisso da atividade empresarial considerar os significados históricos. Entendo que aquele prédio, que tem características muito especiais, faz parte da memória de Natal”, disse Azevedo.

Para ele não adianta só pensar no lucro: “O valor econômico de um imóvel tombado pelo patrimônio, na verdade, fica em segundo plano; há muitas limitações para se construir ou reformar. Nesses casos o valor cultural e subjetivo agregado é bem maior”, avalia. O empresário contou que a decisão de restaurar o casarão teve dois motivos principais: o primeiro é a localização privilegiada, tanto para clientes como para funcionários, e o valor cultural que agrega à imagem institucional da empresa. “Os empresários têm obrigação com a cidade”, reforça.

Flávio Azevedo destaca a necessidade de se preservar e restaurar o conjunto do patrimônio histórico no bairro da Ribeira, “de valor histórico imensurável”, e lamenta que a tendência atual seja “cair” por falta de conservação: “Seria muito bom se a Prefeitura oferecesse algum tipo de compensação para quem estivesse interessado em restaurar”, acredita.

Onésimo Santos, ex-superintendente do Iphan-RN, declarou ao VIVER, caderno cultural do jornal Tribuna do Norte, em 2013, quando as obras estavam iniciando, que a restauração do casarão da Deodoro pode trazer resultados positivos à memória histórica da cidade: “A atitude do proprietário de restaurar o prédio é louvável e pode estimular outros a fazer o mesmo”.

...fonte...
 www.tribunadonorte.com.br
 
Se copiar textos e ou fotografias, atribua os créditos!
Os direitos autorais são protegidos pela Lei nº 9.610/98, Violá-los é crime!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fiz uma visita e gostei!! Passa lá você também!!!