agosto 28, 2011

O ARTISTA INVISÍVEL DO SEMÁFORO

São malabaristas, são palhaços, são equilibristas...

SINAL VERMELHO

 ARTISTA CIRCENSE SOBREVIVE FAZENDO MALABARISMO NAS RUAS
A arte do malabarista Josinaldo Tavares, um potiguar

Por
Ana Karla Farias

A mudança de cor do farol é a deixa para o artista entrar em cena: o sinal passa de verde a vermelho e ele ganha a extensão da rua fazendo malabarismo ao jogar clavas por entre o semáforo.

A arte do malabarista Josinaldo Tavares, natural de Jucurutu, serve de uma breve fuga da realidade e escapismo da rotina estressante a que estão submetidos os condutores de veículos que percorrem apressados pelas ruas da cidade. O sorriso estampado no semblante dos motoristas serve de recompensa para o artista. "A maioria das pessoas admira meu trabalho e me incentiva a continuar. Eu trabalho em meio ao semáforo porque geralmente as pessoas passam estressadas por causa do trânsito e a arte alivia essa sobrecarga", revelou Josinaldo.

Contudo, ainda há aqueles que discriminam o ofício do malabarista. "É uma minoria que não apóia meu trabalho, alguns fazem cara feia ou me mandam ir trabalhar, mas é isso que estou fazendo", declarou.


Além do esforço para equilibrar as cinco e até seis clavas lançadas ao ar, Josinaldo também faz malabarismos, literalmente, para garantir a sobrevivência. Da arte que nasce nos cruzamentos da cidade, ele obtém sua fonte de renda e da família, composta por esposa e de um bebê que está por vir. Laborando todos os dias debaixo de um sol escaldante, das 7h às 12h e das 14h às 20h, o artista percorre as principais avenidas do Centro de Mossoró divertindo os transeuntes.

Ao fim do dia, a renda diária alcançada é em torno de R$ 30,00. É uma quantia exígua para prover as necessidades vitais básicas de uma família, mas ele não reclama do orçamento apertado. "Eu agradeço a solidariedade do povo que me retribui pela arte que eu faço. O que eu ganho é pouco, mas é um trabalho honesto e eu nunca volto para casa sem nenhum tostão", confessou.

Autodidata, Josinaldo aprendeu sozinho a equilibrar as claves, a habilidade é decorrência da dedicação à arte circense. "Trabalhei durante 10 anos em um circo onde aprendi a fazer malabarismo só ao observar os artistas praticando. Eu comecei a treinar com limões, depois passei a usar bolinhas e então as claves. Há cinco anos eu faço a arte do malabarismo", contou o artista da rua, acrescentando que tamanha é a sua paixão pela arte, capaz de fazê-lo recusar ofertas de emprego formal. "Já recebi propostas de trabalhar de carteira assinada fazendo outras funções, mas não aceitei porque eu gosto da arte. Isso aqui é minha vida", relatou.


Os riscos de sofrer acidentes em meio ao trabalho no semáforo e a rotina exaustiva no final do dia, não afetam o encantamento que Josinaldo sente pelo malabarismo. "É perigoso trabalhar assim na rua por causa dos riscos de acidente, também é cansativo ficar tanto tempo em pé e exposto ao sol, mas minha paixão pela arte supera tudo. Eu gosto do que faço e pretendo fazer até morrer", afirmou o malabarista, destacando que diante da falta de apoio à arte circense, não se descarta a possibilidade de extinção da atividade, mas ele pretende fazer sua parte para o malabarismo não existir somente na lembrança ou no esquecimento das pessoas. "Eu espero um dia poder ensinar essa arte a meus filhos e netos", comentou.

Parando numa e noutra cidade, Josinaldo já atravessou quase todo o Nordeste brasileiro, mostrando ao público a sua arte. "Já fiz malabarismo nas ruas de João Pessoa, Recife, Fortaleza, etc e continuo viajando agora pelo estado, como Caicó, Assú, Currais Novos e Natal", alertou.

A única ambição que o malabarista possui é perpetuar a arte circense. "Sonho um dia em montar uma escola de malabarismo para ensinar aos jovens o meu trabalho. O bom do meu ofício é estar no mundo, livre, aprendendo sempre. A rua tem muito o que ensinar. Foi nela que a arte do circo nasceu", concluiu Josinaldo.

...fonte...
Ana Karla Farias

...créditos das fotografias nesta postagem...
Guy  Blanc

O fotógrafo francês Guy Blanc - atraído pela plasticidade das performances, pela abstração e composição dos elementos contidos no trabalho dos malabaristas de rua,  flanou, durante um ano e meio, pelas ruas e cruzamentos de Brasília, capturando imagens - algumas ilustrando esta postagem - para compor sua mais nova exposição, “Sinal Vermelho”. A exposição, que tem o apoio da Embaixada da França e da Aliança Francesa, pode ser visitada  até o dia  10 de setembro  na Aliança Francesa - Brasília/DF.

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