janeiro 05, 2012

O TEATRO POTIGUAR RUMO AO CHILE

  GRUPO CLOWNS DE SHAKESPEARE

 CLOWNS A MIL NO CHILE

 Por
Yuno Silva

O encontro com os Clowns de Shakespeare era para ter sido na sede do grupo em Nova Descoberta, mas o Barracão esteve interditado para que parte do material que compõe o cenário do espetáculo "Sua Incelença, Ricardo III" fosse devidamente dedetizado e lacrado antes do embarque para o Chile, onde os Clowns participam do 18º Festival Internacional Santiago a Mil. Parte da equipe técnica já está na capital chilena desde o dia primeiro, construindo itens do cenário que não viajará com o elenco.

O encontro da reportagem do VIVER com o diretor Fernando Yamamoto e os atores César Ferrario, Renata Kaiser e Camille Carvalho aconteceu no Parque das Dunas - "Quem vê a gente aqui na sombra pensa que estamos tranquilos, que está tudo pronto e resolvido para a viagem", brincou Yamamoto, que acertava os últimos detalhes para o embarque nesta quinta-feira (5).

  Sua Incelença Ricardo III, apresentação no Museu Oscar Niemeyer
fotografia: Daniel Sorrentino

Considerado o festival de teatro mais importante da América Latina na atualidade, a curadoria do "Santiago a Mil" selecionou três produções brasileiras (teatro, dança e teatro de rua) e os Clowns não só participam como também serão destaques da programação formada por espetáculos de 15 países. O grupo potiguar foi selecionado em março de 2010, durante o Festival de Teatro de Curitiba (PR).

"A curadora Carmem Romero veio ao Brasil especialmente para ver nossa apresentação. Todos os espetáculos da programação foram convidados depois de terem sido assistidos pela curadoria, é assim que funcionam esses grandes festivais", contou o diretor. Como todos os grandes festivais de teatro, incluindo os brasileiros, o "Santiago a Mil" banca transporte (inclusive do material cenográfico), hospedagem, alimentação e paga cachê aos grupos participantes.

Titina Medeiros no premiado espetáculo Sua Incelença Ricardo III

ADAPTAÇÃO NA PONTA DA LÍNGUA

Segundo Yamamoto, depois que Carmem viu o grupo em ação fez o convite com a ressalva de que o espetáculo deveria ser apresentado em espanhol, no mínimo em "portunhol". "E não foi só isso, ela pediu que encenássemos em 'chileno' pois percebeu a força que o espetáculo tem diante do público", lembra. Como "Ricardo III" é encenado na rua, o desafio foi prontamente aceito: o trabalho de tradução e adaptação contou com o importante auxílio de Iésu Andrade, professor e pesquisador de língua espanhola, e levou mais de dois meses até ficar pronto. "A personagem de Titina Medeiros (rainha Elizabeth) fala errado e tivemos que traduzir esses erros para buscarmos o mesmo efeito com o público", revela o diretor.

"Cada ator teve seu tempo de preparação para memorizar o texto em espanhol. Eu por exemplo levei uns três meses para concluir o trabalho, terminei ontem (segunda, 2), outros em uma semana já estavam com tudo pronto. Agora vamos fazer dois ensaios antes de embarcar na quinta (amanhã). Eles vão ver se eu finalmente resolvi minha parte", confessa César Ferrario.

Ricardo III - Público lotou Largo do Ordem, no centro de Curitiba
fotografia: Rubens Nemitz Jr

O ano foi de grandes conquistas para os Clowns, pois Ricardo III passou por todos os principais festivais de teatro do país: "Apresentamos em Curitiba, Porto Alegre, Londrina, São José do Rio Preto, Brasília, Goiânia, Rio de Janeiro, Vitória e Recife, e em três deles (Curitiba, Brasília e São José do Rio Preto para sete mil pessoas) abrimos a programação", orgulha-se Fernando, adiantando que os convites para ir ao Chile, e para a Rússia em 2014, "não é um episódio isolado e sim a consolidação de todo um processo".

Além das 13 pessoas que compõem a equipe básica dos Clowns (sendo oito atores), também viajam para o Chile o diretor mineiro Gabriel Villela - peça fundamental na construção do espetáculo -, a preparadora vocal e diretora musical Babaya também de Minas Gerais, a carioca Kika Freire que cuidou da preparação corporal e o assistente de direção paulista Ivan Andrade de São Paulo - "vai praticamente a equipe toda para esta estreia internacional", comemora Yamamoto.

  Próximo projeto do grupo é montar Hamlet, com direção de Márcio Aurélio

HAMLET SERÁ A PRÓXIMA MONTAGEM EM 2013

Fernando Yamamoto disse que além da própria qualidade artística do grupo, adquirida ao longo de 18 anos de trabalho, a presença do diretor convidado Gabriel Villela foi um fator importante para o êxito do espetáculo. "Sem dúvida o nome dele agregou muito, foi um encontro feliz: da bagagem que o grupo traz com a experiência e a força do trabalho dele, que conseguiu imprimir uma qualidade excepcional ao espetáculo. Acredito que essa conjunção de fatores acabou abrindo muitas portas", Fernando Yamamoto.

Gabriel Villela, aliás, é o único diretor brasileiro que participará da temporada shakespeariana em Londres durante as Olimpíadas, quando acompanha a remontagem de "Romeu e Julieta" pelos mineiros do Grupo Galpão a partir de abril deste ano.

César lembra que a "participação dele foi fruto de um cenário de possibilidades. O Ernani (co-diretor musical ao lado de Marco França) foi uma ponte de ligação, o grupo Galpão também, e o próprio Gabriel já tinha curiosidade pelo grupo, até que ele foi nos assistir quando passamos pelo Teatro da USP em 2007. A partir dali esse namoro foi reforçado.


Como os Clowns trabalham com boa antecedência, a próxima montagem do grupo, que comemora 20 anos em 2013, será "Hamlet", espetáculo que fecha o ciclo de dois anos com patrocínio da Petrobras. "O grupo tem um planejamento com pelo menos dois anos, e Hamlet terá direção assinada pelo paulista Márcio Aurélio, que também esteve nas apresentações no TUSP", disse Ferrario.
 
Em setembro de 2010, "Sua Incelência..." subiu o Morro do Adeus, no Complexo do Alemão, Rio de Janeiro, e a experiência marcou o elenco: "O mais interessante foi a vivência de uma semana que tivemos com a comunidade, onde as duas apresentações funcionou como a coroação desse envolvimento. Pudemos perceber, inclusive, que a realidade é bem mais 'normal' e amena que o estigma negativo repassado pela mídia, e não deixou de ser inusitado ocupar com arte um lugar marcado pela violência. Tudo era novidade, tanto para o grupo quanto para o público do lugar que não tem contato habitual com o teatro, como para o público que estava subindo o morro pela primeira vez", lembrou Renata Kaiser.
 

Para Camille Carvalho, "essa experiência no Morro do Adeus também serviu para comprovar a popularidade do texto de Shakespeare. Estamos tendo um retorno bem bacana do público, em todos os lugares que apresentamos. No começo não tínhamos ideia da dimensão de alcance do espetáculo". Ricardo III, foi apresentado 33 vezes até agora e passou por cerca de 20 cidade.

"Só não fomos para a região Norte, mas este ano já temos turnê marcada por todas as capitais desde Belém, passando por Mossoró. Mas o grande lance não é a quantidade das apresentações e sim a qualidade da apresentações", ressaltou César.


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Daniel Sorrentino
 Rubens Nemitz Jr

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