março 28, 2012

COMIDA PARA ELEFANTE

PROTESTO
 Artista faz greve de fome no dia do teatro
Ênio Cavalcante passou 24 horas em frente ao Teatro Alberto Maranhão
Fotografia: Alex Régis
 
 GREVE DE FOME NO DIA DO TEATRO

Por
Yuno Silva
Kamilla Lima

O elefante está com fome, fome de arte e de teatro. Esse foi o mote do protesto solitário e contundente que o ator Ênio Cavalcante protagonizou durante toda a terça-feira (27), Dia Mundial do Teatro, em frente ao Teatro Alberto Maranhão na Ribeira. Em jejum, vestindo uma bandeira do RN e sugestivamente 'disfarçado' com uma cabeça de elefante feita de papelão e fita adesiva, o ator, segundo suas próprias palavras, estava ali "representando uma parcela significativa dos artistas potiguares insatisfeitos com a política do pão e circo imposta pelos gestores."

 Distribuindo aos pedestres uma carta manifesto onde narra a aflição de um amigo "sufocado pelo cotidiano e necessitado de arte", Ênio estava ali anônimo, prostrado na calçada do TAM, levando à cabo sua indignação diante da "falta generalizada" de políticas públicas para o segmento cultural. "Estou aqui protestando contra a falta de políticas culturais contínuas; cobrando o pagamento dos editais pendentes desde 2009; batalhando para que toda escola ofereça oficinas de arte aos seus alunos; contra a intolerância e o preconceito."

E a intenção do ator vai além: "Quero chamar atenção não só do Governo, mas também da sociedade que precisa acordar, crer nela, crer na evolução através da arte e da cultura." Para Ênio-elefante, "falta perspectiva artística ao RN, a arte é um bom caminho para o desenvolvimento, mas os gestores públicos ainda não perceberam isso", indigna-se. Entre as justificativas para o protesto também estão a ausência de projetos da Fundação José Augusto para viabilizar a reabertura do Centro Experimental de Pesquisa e Formação Teatral, fechado há mais de três anos; o atraso no início do período letivo da Escola Municipal de Teatro Carlos Nereu de Sousa, na zona Norte, por falta de equipe; e o não funcionamento do Teatro Sandoval Wanderley, de portas fechadas desde o início de 2009.

REAÇÃO

Ao ser questionado sobre como a população estava reagindo ao protesto, Ênio informou que a única pessoa que parou para falar com ele foi um pastor de uma igreja que fica próxima ao TAM. "Ele tentou me evangelizar, tentou me convencer a tirar a máscara. Fora isso, algumas pessoas olhavam para mim e faziam movimentos com a cabeça em sinal de aprovação".

Em um país onde a maioria da população tem que escolher entre comprar o pão de cada dia e ir ao teatro, Ênio ainda foi enfático ao declarar que "as atividades culturais precisam de incentivo de gestores para que sejam barateadas e, assim, de acesso a todos. Mas para isso é necessário que se faça também uma mobilização social". 


...fonte...

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