maio 09, 2013

CLÊNIO MACIEL: UM POUCO MAIS DO MESMO

 
CLÊNIO MACIEL
 Ele imitava Evandro Mesquita, da blitz, quando criança; 
cresceu, se tornou advogado e empresário, e agora
 tem a sua própria banda: Uskaravelho
Fotografia: Diego Marcel

 SOMOS TÃO JOVENS

Por
Renato Lisboa
NOVO JORNAL

Verão de 1984 na Redinha. Em um final de tarde de domingo, três filhos pré-adolescentes de veranistas colocam uma fita cassete, que toca o hit “Weekend”, da Blitz. Não existia o karaokê como conhecemos hoje, onde toca apenas o instrumental da música acompanhado por sua letra.

Na verdade não existia quase nada dos gadgets tecnológicos a que nos acostumamos na atualidade. Para se ter uma ideia, naquele mesmo verão (inverno nos EUA), a Apple estava lançando o Macintosh, computador pessoal que trazia a “pioneiríssima” interface gráfica.
 

Sem karaokê, nem sequer microfone para ligar a uma caixa de som, as crianças pegam peças de roupa por improviso. Uma toalha, por exemplo, virou cachecol. Os instrumentos eram todos “air”, imaginários, criados ao sabor dos movimentos dos jovens atores/cantores.

- Blitz, documento!

- Qual é? Só temos instrumentos.

Quem interpretava o vocalista Evandro Mesquita era um menino de 10 anos, desembaraçado e bem-humorado, que parecia incorporar um guarda rodoviário federal ao pedir a documentação de um motorista. Novamente, os conhecidíssimos solos de teclado e o baixo desse trecho da música são “tocados” por ele, ainda no estilo “air”. O “público”, formado primeiramente por familiares, bolava de rir.   
 
CLÊNIO MACIEL
 O garoto versátil que cresceu e canta,  administra a banda, advoga, 
estuda, cria um filho, dá consultorias e mantém uma agenda lotada.
Shows programados até 2014
Fotografia: Léo Carioca

O “palco” desse show era o alpendre da casa de veraneio de seu vizinho, o ex-deputado estadual Magnus Kelly, vizinho aos pais . As “backing vocals” da banda eram as suas filhas. E “Evandro Mesquita” era Clênio Maciel, que hoje segue, entre outras, a profissão de seu imitado como fundador e vocalista da banda potiguar de pop-rock Uskaravelho.

O “entre outras” fica por conta de sua carreira de advogado especialista em licitações públicas e, recentemente, ele se tornou empresário, montando uma empresa de produção de eventos. O Uskaravelho está em uma ótima fase, ainda colhendo os frutos da gravação do bem sucedido pocket show acústico “Mais do mesmo – Um novo tributo à Legião”, gravado no final de janeiro, no Teatro Riachuelo, com lotação esgotada.


Com dez anos, ocasião dos shows do alpendre (que depois virou um hot point do verão da Redinha, e muitos veranistas tinham de ver o número) Clênio já demonstrava ter carisma e desenvoltura nas relações interpessoais. O talento foi sendo moldado na adolescência e início da juventude, época do Rock in Rio 1985 e da explosão do chamado BRock, cuja música fundadora é “Você não soube me amar”, da mesma Blitz que aquele moleque imitava na Redinha.    
 
O garoto versátil que cresceu e canta, administra a banda, advoga, estuda, cria um filho, dá consultorias, cria empresa, mantém uma agenda lotada – com shows programados até 2014 – atende fãs com a maior das disponibilidades, sorri, tira fotos. De onde ele tira tamanha disposição? Segundo o cantor, basta seguir o lema “Viva e deixe viver”, ou seja, não ficar se incomodando muito com o que as pessoas fazem e ter a coragem de fazer as coisas que realmente dão prazer.  
 
 USKARAVELHO
 Sempre com emoção à flor da pele, garra, paixão
  11 anos de estrada. Sempre mais do mesmo.
Show Teatro Riachuelo - Natal/RN
 Fotografia: Léo Carioca

DOTADO DE VERSATILIDADE

Filho de um microempresário e de uma dona de casa, Clênio Maciel vai completar 40 anos em junho. Estudou por toda a sua vida no colégio Nossa Senhora das Neves, na época uma das cinco principais instituições de ensino de Natal, acompanhado por outros quatro colégios católicos, e como todos eles era tido como um colégio conservador.

Já do meio para o final dos anos 1980 (ele terminou o ‘segundo grau’ em 1989), parou de imitar roqueiros e entrou para uma banda de verdade, a Conflito Ideológico. Época em que os bares legais da cidade, pelo menos para quem gostava de rock, eram o Chernobyl, Café de Paris e Willy’s e a Conflito Ideológico tocava com bandas como o Alfândega, Modus Vivendi, Movement, Velvet Blues, Carbono 14 e Florbela Espanca e Movement. “Era um circuito muito restrito, mas musicalmente rico, a Rádio Cidade dava espaço para divulgação das bandas de rock locais”, lembra ele.

A escolha pelo Direito para seguir a carreira profissional veio por eliminação. “Eu queria fazer publicidade, mas o curso não existia na época”, justifica. Mas além da “eliminação”, o direito veio porque Clênio acreditava que oferecia boas oportunidades profissionais. Ele se tornou bacharel pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) em 1994 e, desde então, advogou, passando também por cargos públicos tanto no município quanto no Estado.

Ele foi chefe jurídico da Secretaria Municipal de Transportes Urbanos (STTU), coordenador da Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Sehtas) e também passou pelo equivalente no município, a Semtas. 


CLÊNIO MACIEL
O Vocalista Clénio Maciel encarna o personagem Wolverine
Fotografia: :@GiovannaGeorgia   
 
Para manter a credibilidade, bastou impor o profissionalismo nas duas profissões, a de rocker e de advogado. “Os juízes e promotores de hoje são meus contemporâneos de faculdade. Então já me conhecem de muito tempo e sabem como eu sou”, diz ele, que garante não ser incomodado por estar em uma profissão mais formal e outra mais liberal.

Também não é incomodado por usar costeletas que lembram o personagem Wolverine. Na verdade, conta Clênio, elas foram inspiradas em outro ícone do rock oitentista, o vocalista do Ira!, Nasi. Clênio estava no show do Ira! em Natal, na Flash Club, em 1991, que foi interrompido por falta de energia. A banda tocou apenas três músicas quando um carro bateu em um poste na avenida Salgado Filho e afetou o fornecimento de energia elétrica de toda a Zona Sul. “As costeletas são uma marca não agressiva”, teoriza.

Outro show épico em que ele estava foi o de sua banda preferida, Legião Urbana, do qual lembra de detalhes. “Foi no dia 7 de setembro de 1992, feriado e eles tocaram Carinhoso (de Pixinguinha). O mesmo show em que Renato Russo revelou à banda que tinha o vírus da AIDS”, registra.

A banda Uskaravelho foi formada em 2001, mas nesse meio tempo, além de integrante de banda de rock, e mais uma vez vem a versatilidade, ele foi diretor, de 1991 a 2001, do bloco de Carnatal Bicho Papão.

...fonte... 
www.novojornal.jor.br    
 
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