agosto 31, 2013

BEM MAIS QUE UM NOME DE RUA

 
HOMERO HOMEM DE SIQUEIRA CAVALCANTI
 "BIOGRAFIAS 2011/2012"
 Primeiro biografado no projeto do editor José Correia Torres Neto
 O ensaio biográfico destaca a trajetória de um
potiguar de expressão nacional,
o escritor Homero Homem
Fotografia: Divulgação

  HOMERO HOMEM
BEM MAIS QUE UM NOME DE RUA

Por
Yuno Silva
TRIBUNA DO NORTE

Cultivar a memória e valorizar personalidades que tiveram papel relevante na história do país nunca foi o ponto forte do brasileiro. No Rio Grande do Norte, a aridez no terreno das biografias reflete e comprova a teoria da “memória curta” e poucos ultrapassam a tradicional homenagem de ter o nome gravado em alguma placa de rua, praça ou viaduto. Como um oásis nesse deserto de lembranças, sobretudo na área cultural, o projeto “Biografias 2011/2012”, elaborado pelo editor José Correia Torres Neto, surge como uma miragem real no horizonte literário. A iniciativa prevê a publicação de quatro biografias: do cantor Carlos Alexandre, do escritor Homero Homem, do ator e diretor de teatro Jesiel Figueiredo e do poeta e artista plástico Newton Navarro. 

O primeiro título a sair do prelo, “Canguleiro”, assinado pelo jornalista Alexis Peixoto, remonta a trajetória de Homero Homem (1921-1991), autor dos infanto-juvenis “Cabra das Rocas” (1966) e “Menino de Asas” (1968) que saiu de Canguaretama e foi morar no Rio de Janeiro ainda na década de 1940. “Nosso conhecimento dos diversos artistas potiguares muitas vezes limita-se às conversas de bares e pouco se sabe sobre suas vidas e suas obras”, afirmou o editor José Correia Torres Neto. Ele destaca que a escolha dos quatro biografados não se deu de maneira aleatória: o critério básico foi “priorizar de tal forma que pudesse contemplar o máximo de segmentos artísticos”. 

A próxima biografia a ganhar as bibliotecas do RN, “Um anjo feito sereno”, apurada e escrita por Sheyla Azevedo, é dedicada a Newton Navarro (1928-1992). O livro sobre Jesiel Figueiredo (1938-1994), batizado de “Esse teatro é do povo”, de Luana Ferreira, está na etapa final de revisão antes de seguir para impressão; e em 20 dias será a vez de “O homem da feiticeira”, sobre Carlos Alexandre (1957-1989), este assinado por Rafael Duarte, entrar na gráfica. 

Assim como Alexis, todos os outros três biógrafos convidados pelo editor são jornalistas. Eles tiveram 18 meses para materializar o livro, construído a partir de muita pesquisa e entrevistas. 

Conforme previsto no projeto aprovado pelo programa de incentivo Djalma Maranhão, com patrocínio da Prefeitura de Natal e do Colégio Cei, a primeira edição das quatro biografia-livro-reportagem (500 cópias de cada volume) será inteiramente distribuída entre bibliotecas públicas do Estado, escolas e universidades como material de pesquisa e consulta. Portanto, não adianta esperar por um lançamento formal nem procurar nas livrarias, os livros estarão disponíveis para consulta nas bibliotecas – a segunda edição é que terá perfil comercial.  
 
 HOMERO HOMEM DE SIQUEIRA CAVALCANTI
 Cabra das rocas, menino de asas, deixou o Rio Grande do Norte e, 
como jornalista e poeta, conquistou a cidade do Rio de Janeiro, 
que ele muito amou e cantou em  versos imortais
Ilustração: Divulgação

MERGULHO NO UNIVERSO DO 'MENINO DE ASAS'

A primeira biografia do projeto, o livro-reportagem “Canguleiro”, sobre o escritor, jornalista e político Homero Homem, foi construída a base de pesquisas e muitas entrevistas. Alexis Peixoto foi até o Rio de Janeiro conversar com familiares do autor potiguar, colheu depoimentos de contemporâneos como Dorian Gray Caldas e gente ligada ao universo cultural como Woden Madruga, Diógenes da Cunha Lima, Franklin Jorge e Manoel Onofre Júnior, entre outros. A publicação traz vasta lista de referências, iconografia, relação dos livros publicados por Homero e uma linha do tempo com as principais passagens de sua vida pública, profissional e pessoal. 

“Antes de começar a pesquisa confesso que só conhecia os livros ‘Menino de Asas’ e ‘Cabra das Rocas’, os mais conhecidos e em catálogo até hoje. Sabia que ele tinha escrito outras coisas, que tinha tido contato com Carlos Drummond de Andrade, mas bem vagamente. Esse foi um dos motivos que despertou meu interesse: como é que um cara chega tão longe e está tão esquecido hoje?”, recorda Alexis. 

Sobre as dificuldades de reunir material, ele diz ter encontrado pouca coisa nos arquivos de Natal, “salvo as matérias sobre a Semana de Cultura Nordestina que ele coordenou por aqui em 1978. Tirando isso, notinhas esparsas dando conta de lançamento de livros e uma ou duas entrevistas com ele”. 

Outro desafio superado foi rastrear os familiares: “Existem membros da família Siqueira Cavalcanti aqui em natal, mas a maioria não tem contato com a família de Homero que mora no RJ. Foi um trabalho de detetive encontrar esse pessoal, com pistas falsas e investigação mesmo. Mas quando os encontrei foram todos muito receptivos e deram uma força tremenda ao projeto”. 

Alexis Peixoto diz que a falta de interesse está diretamente ligada a falta de conhecimento. “Acredito e espero que essas biografias sirvam também para ‘apresentar’ Homero, Newton, Carlos Alexandre e Jesiel a um publico novo, que pode descobrir que a cultura do RN é tão interessante quanto a de qualquer outra parte do Brasil ou do mundo”. 
 
Entre as surpresas publicadas no livro “Canguleiro”, o jornalista e agora biógrafo destaca o fato de Homero Homem ter sido duas vezes candidato a vereador do Rio de de Janeiro pelo PSB e por ter criado uma especie de cooperativa para publicar escritores estreantes, chamada Clube dos Inéditos na década de 1950.  

HOMERO HOMEM, JESIEL FIGUEIREDO, NEWTON NAVARRO
E CARLOS ALEXANDRE SÃO OS ESCOLHIDOS
PARA SÉRIE DE BIOGRAFIAS
 Fotografia: Divulgação

PESQUISA E PERSPECTIVA

A princípio o objetivo de José Correia Torres Neto era publicar oito biografias, mas por questões burocráticas somadas a dificuldade de captar recursos o editor precisou fazer ajustes no projeto e reduzir pela metade sua proposta. “Começamos com 30 nomes, até chegar aos oito e por fim publicarmos quatro”, recorda. Torres Neto adiantou que há uma nova versão do “Biografias” tramitando na no programa Djalma Maranhão para outras quatro biografias. 

“Se e quando for aprovado partimos para a parte mais difícil, a captação, até lá melhor não revelar os nomes dos próximos biografados para não criar expectativas”, ponderou o editor. “O que posso dizer é que, muito provavelmente, vamos continuar com o mesmo time de biógrafos”. 

Apesar dos quatro artistas biografados neste primeiro ciclo do projeto terem falecido há pouco tempo, menos de 25 anos, a dificuldade de encontrar material foi sentida por todos: “Tinha pouca escrita, basicamente matérias pontuais publicadas nos jornais. Então a equipe precisou viajar, conversar com amigos e parentes para aprofundar a pesquisa”, disse Torres Neto. 

 ...fonte...
  www.tribunadonorte.com.br

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