abril 03, 2011

UM POTIGUAR BRILHA EM NOVA YORK

GEOVÁ RODRIGUES

DE BARCELONA NO RIO GRANDE DO NORTE PARA O MUNDO

O designer potiguar Geová Rodrigues, radicado em Nova York há mais de dez anos, mostrou seu trabalho num evento organizado pelo salão nova-iorquino Maria Bonita Salon & Spa, um dos badalados salões americanos e um aglutinador de eventos de arte e moda. A nova coleção de acessórios de Geová foi inspirada na obra do artista Egon Schiele. A exposição, ocorrida no mês de março, atraiu os holofotes também da moda brasileira.

O "PRECURSOR" DA MODA SUSTENTÁVEL

Brasileiro, nascido em Barcelona, uma cidadezinha do interior do Rio Grande do Norte, Geová Rodrigues é o quinto de uma família de 13 filhos. Logo cedo aprendeu com sua mãe a reciclar roupas e tecidos. Sua carreira de artista plástico o levou para o exterior, mas em 1998 ele trocou o pincel pela agulha quando ganhou de um amigo uma máquina de costura. Tornou-se um estilista conceituado por ter um trabalho voltado para a criação e recriação de roupas e acessórios, a partir de reciclagem de materiais, descartados de grandes grifes internacionais e outros materiais que reaproveita.

Geová é aclamado como o papa do ''redesign'', pelo conceito de reciclagem de suas criações. Foi um dos pioneiros no mundo da moda do Descontruction Couture, técnica de reestruturar e remontar roupas. Suas peças são verdadeiras obras de arte, desfilam no New York Fashion Week e vestem celebridades como Cindy Lauper, Gisele Bündchen e Fernanda Tavares. Com essa postura ganhou fama internacional e é cotado pelas principais editorias de moda do mundo, tendo suas peças estampadas em inúmeros editoriais das mais conceituadas revistas de moda do mundo. Atualmente, está entre a lista dos 40 brasileiros mais influentes de Nova Iorque.

SAIBA COMO TUDO COMEÇOU

Geová Rodrigues nasceu em 2 de agosto de 1966, no município de Barcelona, no estado do Rio Grande do Norte. Em Barcelona ele viveu até os 16 anos de idade. Em 1980 muda-se para Ceará Mirim/RN e em seguida para São Paulo/SP, iniciando uma bem sucedida carreira como artista plástico.

Na capital paulista, completou o 2° grau e virou habitué do Madame Satã, casa noturna que dominava o cenário underground da época. ''Eu fazia performances e exposições, cheguei a participar de uma coletiva no MAM do Rio'', lembra. Em 1987 com a venda de todos os quadros de uma exposição, ele amealhou US$ 2,5 mil e, pretendia viver em Londres, mas foi estudar técnicas de gravura e pintura em Paris.

''Em Paris, reencontrei um casal que havia conhecido em São Paulo e eles me ofereceram um quarto no apartamento deles'', conta. Lá ele expõe na Escola Molière. Em Paris, ele foi apresentado a um marchand, que passou a vender seus quadros.

Depois de dois anos na França, foi para os Estados Unidos, acompanhando um amigo americano. Lá, desembarcou em Nova Iorque, achou tudo muito feio e seguiu para Charlotte, cidade de 440 mil habitantes na Carolina do Norte, onde além de continuar a pintar revela que estudou inglês e trabalhou cuidando de jardins de conhecidos, “destruí muita flor'', diverte-se.

Em 1993, três anos após sua chegada aos EUA, resolveu tentar a sorte como artista plástico em Nova York. Um amigo, de novo, deu a mãozinha providencial. No caso, Paul Eustace, então diretor de arte da Harpers Bazaar. Foi Eustace quem convenceu o brasileiro, que sempre assinou G. Rodrigues por vergonha do nome, a assumir o Geová. Deu sorte.

Por intermédio de Eustace, o pintor conheceu fotógrafos e produtores de moda e começou a fazer bico para a turma. Batendo perna para buscar e levar roupas a ser fotografadas, Rodrigues percebeu que o lixo da 6ª Avenida (batizada de Fashion Avenue por concentrar dezenas de confecções) era abarrotado de tecidos descartados dos ateliês de Calvin Klein, Anna Sui e Donna Karan.

Em 1994 ele adquiriu uma máquina de costura de um amigo como pagamento por um de seus quadros e decidiu virar estilista. Passa a produzir suas roupas guiado pela "desconstruction costure" ou “redesign”, movimento da moda cuja principal característica é redesenhar roupas de grandes criadores. Ele cria suas roupas e assessórios a partir de materiais nobres como chiffon de seda e couro. Ele se apropria de peças de marcas como Prada, Jean Paul Gautier, Yves Saint Laurent, que são desconstruídas e reformuladas com outro design. Assim, uma saia pode se transformar em uma blusa, uma blusa adaptada para um vestido, e assim por diante.

''Eu tinha trocado um quadro por uma máquina de costura, mesmo sem nunca ter pregado um botão, e comecei a fazer roupas na marra'', lembra. O trabalho do autodidata encantou os amigos produtores, que o incentivaram a fazer um desfile. O début, em outubro de 1998, não poderia ter sido mais bem-sucedido: a coleção foi vendida imediatamente para a sofisticada loja Louis Boston, em Boston. ''Um luxo'', diz Rodrigues, usando sua palavra preferida. Em seu primeiro desfile de estréia estavam presentes, dentre outros, a modelo Naomi Campbel. A supermodelo Kate Moss é uma de suas clientes. As modelos, alias, adoram participar de seus shows, mesmo recebendo roupas em vez de cachê.

Fernanda Tavares

Geová fez um desfile em Nova Iorque em 11 de fevereiro de 2001 patrocinado pela Ford americana. Quase um mês depois ele, junto com a modelo natalense Fernanda Tavares, foi entrevistado pela MTV brasileira e lançou uma coleção no circuito alternativo da 7th on Sixth de Nova York, a Semana de Moda de Nova York.

A modelo Fernanda Tavares é uma grande amiga do estilista. Inclusive, na tarde do dia 25 de dezembro de 2003, ela esteve visitando Barcelona em companhia de seu pai, Fernando Luiz e de seu irmão. A modelo veio conhecer, além da terra e da família de Geová, também Dona Bita, uma velhinha que fazia as bonecas de pano nas quais ele se inspira para fazer as sua criações. Fernanda também fotografou a cidade e visitou a escola onde Geová estudou. Na opurtunidade foi-lhe entregue para que fizesse chegar a Geová um troféu que o estilista havia ganho, como sinal de reconhecimento de seus conterrâneos, durante as comemorações do Dia de Barcelona (ano de emancipação política do município) em 17 de dezembro. As quais ele não pode comparecer.

A ascensão do designer continua nos anos seguintes e ainda hoje, quase desconhecido pelos brasileiros, Geová é disputadíssimo em editoriais de moda de revistas como Baazar, ID, The Face, Interview e Elle. O estilista barcelonense já tem um escritório de representação, o Fashion Brasil e pretende ampliar seus domínios. Umas das coisas que mais chamam a atenção em Geová é que ele nunca esquece Barcelona. E sempre cita com muito carinho sua terra quando dá entrevistas. Inclusive ao propor peças inspiradas no que Barcelona e Nova Iorque tem em comum...Coisas de artista!


...visite o site do artista...
www.geovafashion.com

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