abril 03, 2011

UMA DIVA CHAMADA MARIA

Uma mulher que marcou profundamente uma fase da vida da cidade do Natal

MARIA BOA

Maria Oliveira de Barros (Campina Grande, PB, 24.06.1920 – Natal, 22.07.1997), proprietária da mais famosa casa noturna de Natal. Maria Boa veio para Natal na década de 40, em plena juventude, na fase áurea dos americanos.

Segundo se informa, teria se exilado de Campina Grande por conta de um desentendimento amoroso com influente político paraibano.

Pessoa de pouco estudo em sua infância, mas bastante inteligente, a nossa biografada, que descendia de família humilde, trabalhou em sua adolescência numa tipografia, o que lhe teria despertado o gosto pela leitura.

Possuía uma biblioteca razoável e arquivava reportagens publicadas nas revistas sobre pessoas famosas. Além disso, gostava de música e cinema. Aquilo que o destino lhe negou – a possibilidade de concluir seus estudos – ela procurou oferecer aos filhos e aos seus familiares, permitindo-lhes acesso à Universidade.

Proprietária do mais famoso cabaré da cidade, que não tinha um nome específico, sendo conhecido no Brasil e até internacionalmente pelo nome de Casa de Maria Boa, no qual pontificava outra figura famosa das noites natalenses, o pianista Paulo Lira.

Mesmo tendo um temperamento reservado, Maria Boa marcou profundamente uma fase da vida da cidade. Deu apenas uma entrevista em toda a sua vida, à professora da UFRN, Maria Emília Wanderley, para um filme que se pretendia rodar em Natal, não permitindo, no entanto, que a conversa fosse gravada.

Vivendo uma época de repressão absoluta ao sexo, a casa de Dona Maria Barros funcionou, igual a tantas outras, como uma válvula de escape aos anseios amorosos da juventude masculina e, até mesmo, de maduros cidadãos da vida natalense.

Entretanto, a Casa de Maria Boa não era apenas isto. Sua fama corria mundo e, muitos visitantes ilustres que aportavam em nossa cidade, eram convidados pelos amigos para uma noitada em Maria Boa, não apenas um simples cabaré, mas uma referência turística da cidade.

A aura em que procurou envolver sua vida e as atividades de sua casa, transformaram-na num mito. Após sua morte, os jornais de Natal dedicaram-lhe páginas inteiras, ressaltando declarações de amigos seus, externando admiração pelo comportamento de Maria Boa.

Como registrou o jornalista Cassiano Arruda Câmara, "A morte de Maria Oliveira de Barros, certamente não vai matar a fama de Maria Boa, cuja lenda estará nas telas do cinema. No filme "For All – O Tampolim da Vitória", a personagem central, muito à propósito, é chamada de Maria Buena".

A PRIMEIRA DAMA DE NATAL

Natal, década de 40, a cidade fervilhava de militares americanos e brasileiros. Aviões, hidroaviões, Catalinas e Jeeps patrulhavam a vida dos natalenses. Instalava-se na cidade a paraibana de Campina Grande, Maria de Oliveira Barros (Maria Boa). Começava neste ínterim a história da mais conhecida casa de tolerância do estado.

Entre as movimentações na Ribeira, nas pedidas de Cuba Libre no saguão do Grande Hotel, nas notícias pelas Bocas de Ferro, na Marmita, em Getúlio e em Roosevelt e na nova geração de meio americanos e meio brasileiros, lá estava Maria Barros enaltecendo-se na Cidade do Natal como a proprietária do melhor (ou maior) cabaré.

Tornou-se conhecida como Maria Boa. Mesmo com pouco estudo ela despertou o gosto por música, cinema e leitura. O seu "estabelecimento" era o refúgio aos homens da cidade, com residência fixa ou, simplesmente, por passagem por Natal e servia de referência geográfica na cidade.

B-25, batizada de Maria Boa, uma homenagem dos seus clientes gringos

UMA JUSTA HOMENAGEM

Vários fatos envolveram a personagem. Um episódio muito comentado foi a pintura realizada pelos militares em um avião B-25. Um dos mais famosos aviões da 2a Guerra Mundial, os B-25 eram identificadas com cores características de cada Base Aérea. Os anéis de velocidade das máquinas voadoras da Base Aérea de Salvador eram pintados com a cor verde. Os aviões de Recife, com a cor VERMELHA, e os de Fortaleza, com a cor AZUL. Para a Base de Natal foi convencionada a cor AMARELA.

Os responsáveis pela manutenção dos aviões em Natal imaginaram também que deviam ser pintados no nariz do avião, ao lado esquerdo da fuselagem junto ao número de matricula, desenhos artísticos de mulheres em trajes de praia. Autorizada pelo Parque de Aeronáutica de São Paulo, a idéia foi colocada em prática. Pouco tempo depois, os B-25 de Natal surgiram na pista com caricaturas femininas e alguns até com nomes de mulheres.

Alguns militares da Base escolheram o B-25 (5079), cujo desenho se aproximava mais da imagem de Maria Barros. Outras aeronaves também receberam nomes como "AMIGO DA ONÇA" e "NEGA MALUCA".

Quem custou a acreditar neste fato foi a própria Maria. Até que alguns tenentes decidiram levá-la até à linha de estacionamento dos B-25 logo após o jantar para não despertar a atenção dos curiosos. Ela constatou o fato. As lágrimas verteram de seus olhos quando viu à sua frente, pintada ao lado do número 5079, a inscrição "MARIA BOA".

Maria Barros é história. Mesmo sendo paraibana é a Primeira Dama (ou anti-Dama) de Natal. Impera nas lembranças dos seus contemporâneos e se faz presentes nos prostíbulos que ainda resistem nas periferias da cidade ou travestidos de casas de "drinks" nos bairros mais nobres. Ela é citada no filme For All - O Trampolim da Vitória (vencedor do Festival de Gramado em 1997) de Luiz Carlos Lacerda e Buza Ferraz. O filme retrata a cidade do Natal em 1943 quando a base americana de Parnamirim Field, a maior fora dos Estados Unidos, recebe 15 mil soldados, que vão se juntar aos 40 mil habitantes da cidade.

Para a população local a guerra possuiu vários significados. A chegada dos militares americanos alimentou fantasias de progresso material, romance e, também o fascínio pelo cinema de Hollywood. Em meio aos constantes blecautes do treinamento antibombardeio, dos famosos bailes da base aos domingos, dos cigarros americanos, da Coca-Cola e do vestuário estavam os sonhos natalenses. Sem questionamentos, "Maria Boa" foi uma das principais atrizes no elenco desse belicoso teatro. A Primeira Dama Maria Boa...

..fontes...
"Maria Boa"
texto original de Deífilo Gurgel*
www.guiademidia.com.br

"A Primeira Dama de Natal"
fragmentos do texto original de José Correia Torres Neto *

...fotografias...
autoria desconhecida

2 comentários:

  1. A minha saudade e homenagem a grande
    guerreira Maria Boa ,uma das mulheres mais famosa do Brasil dos anos dourados ( anos 40 ,50,60)
    Um velho contemporaneo e cliente da Padre Pinto 616 !

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  2. justa homenagem a uma mulher que fez historia

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