abril 13, 2012

...ACONTECE PARA QUEM ACREDITA

 ANTÕNIO LUIZ SOBRINHO
Ex-morador de rua, o músico autodidata, quer concorrer mais vezes
em quadros  televisivos. Do "Se vira nos 30", Globo, ao "Qual é o seu talento?", do SBT

  VIVENDO DA MÚSICA

 Por
Mawell
Jornal Gazeta do Oeste

Na casa simples na Rua Ministro Tasso Dutra, 47, no bairro Redenção, em Mossoró/RN, reside Antônio Luiz Sobrinho, um músico autodidata que já conseguiu "muitas coisas através da música", como ele mesmo gosta de salientar. "Quando comecei a me dedicar à música, muitas pessoas me ajudaram, porque à época eu não tinha condições para comprar nenhum instrumento. Como "arrumador de bandas" tive acesso a um pessoal que tinha contatos dentro da Escola de Música Pedro Ciarlini. A partir daí comecei a estudar no lugar. Primeiro, a teoria; depois, a prática. Devo a muita gente ali dentro quase toda a minha formação musical. Um dos professores que mais me ajudaram na Escola de Música foi Marcondes Melo", salienta Luiz.

O mossoroense Antônio Luiz Sobrinho ficou conhecido no País por tocar, de uma só vez, três instrumentos, em 2005, durante uma das edições do quadro "Se vira nos 30", do Domingão do Faustão. Este ano, ele quer repetir a proeza, porém, com o acréscimo de mais um instrumento, o violão. "Eu toco o zabumba, um tambor de bateria, flauta e quero incrementar com o violão. Estou treinando todos os dias para chegar lá outra vez e levar o nome da cidade comigo", fala, enquanto se prepara para uma "pequena demonstração" à reportagem. "Você toca algum instrumento?", pergunta ao repórter e sorri.

Com o equipamento montado de forma improvisada, o músico aproveita o pequeno espaço da sala como "estúdio" para testes musicais. "Aqui estou me aprimorando para mais uma vez tentar ganhar o "Se vira nos 30". Em 2005 fui o vencedor da edição. Com o dinheiro que ganhei lá (15 mil reais, à época), reformei minha casa, aumentei mais uns vãos e comprei o que estava precisando. Aquele dinheiro me ajudou muito e me deu um pouco de conforto para mim e minha família", diz o músico, mostrando a ampliação que fez na residência.

Trabalhando como operador de máquinas até pouco tempo, Antônio Luiz Sobrinho sonha mais uma vez em levar seu talento para a televisão e, enquanto esse dia não chega, continua fazendo o que mais gosta e se dedicando a causas sociais, através de aulas de música como voluntário do projeto Amigos da Escola. "Se eu tivesse mais apoio, certamente teria mais condições de me manter como voluntário do programa Amigos da Escola, mas não tenho e agora preciso buscar outros meios de me manter", comenta, de forma simples, e agradece, mesmo com todas as dificuldades que enfrenta diariamente, o pouco apoio recebido. "Gosto de agradecer a todos aqueles que me ajudam. Nunca me esquecerei, por exemplo, do apoio que recebi da Irmã Ellen, bem como das merendas nas escolas pelas quais passei", diz, enquanto mostra um dos instrumentos. "Comecei tocando tambor e depois busquei outros instrumentos que me deram também liberdade criativa", fala, enquanto a esposa intervém e diz que Antônio Luiz Sobrinho é um exemplo de músico criativo. "Mas é uma pena que não receba o apoio necessário daqueles que podem fazer muito mais por artistas como ele", comenta, reforçando que um dos desejos do marido é ensinar ao maior número de pessoas. "O sonho dele é de um dia ensinar na Escola de Música Pedro Ciarlini", fala.   
 

VIDA DE MÚSICO 

Antônio Luiz é um exemplo de músico que "não espera acontecer". Esta semana, com o desejo de viajar para a capital, a fim de se apresentar em logradouros públicos e de inscrever, mais uma vez, no quadro Se vira nos 30 e no Qual é o Seu Talento?, o músico vendeu um violão. "Tive que vendê-lo, a fim de fazer o dinheiro que me fará chegar à capital e lá tentar, mais uma vez, apresentar meu trabalho", frisa.

Segundo ele, a ida à capital pode lhe abrir muitas portas, inclusive com apresentações em lugares de destaque. "A gente vai tentando, tentando, até um dia conseguir", diz.

A vida de músico não tem sido fácil. Aos 38 anos, Antônio Luiz é pai de um garotinho que necessita de cuidados especiais e se mantém através do trabalho como operador de máquinas e da música. "A música me deu muitas coisas. Mas tive que fazer alguns cursos técnicos para entrar noutro tipo de mercado, a fim de manter a minha família", comenta.

"Apesar de tudo", a música sempre foi sua "maior paixão". "Toquei ao lado de bons músicos desta cidade; pessoas pelas quais tenho grande admiração", salienta. "A vida do músico não é fácil, principalmente daqueles que querem viver de forma séria, tocando e se aprimorando. Além disso, há a noite, onde os músicos se apresentam e revelam o seu talento. Tocar na noite desgasta um pouco, mas é prazeroso", revela.

Durante muitos anos, Antônio Luiz morou nas ruas e enfrentou grandes dificuldades com relação a se manter e mesmo aprender o que mais gostava. "Na rua aprendi a me virar e encontrei na música um sentido para viver. Foi através dela que conheci pessoas que me ajudaram. Morei na rua por muitos anos, mas sempre soube trabalhar", revela.

Nos momentos em que não estava aprendendo música, Luiz fazia pequenos trabalhos no Centro: Lavava carros, fazia bicos, descarregava caminhões, "tudo de forma honesta". "Graças a Deus nunca precisei fazer nada ilegal. Aos 38, tenho o meu nome limpo e a consciência também", fala, reforçando que ainda alimenta o desejo de um dia tocar na Banda Artur Paraguai. "Nunca tive oportunidade de entrar. Estudei dois anos na Escola de Música e penso em voltar. Falta apenas a oportunidade", diz.

Sobre os seus projetos para o futuro, Luiz pretende continuar ajudando crianças que queiram aprender música. "Só preciso de instrumentos para dar minhas aulas. Infelizmente, não tenho condições de comprá-los e não tenho quem patrocine minhas aulas. Gostaria muito do apoio de alguma empresa da cidade. Sou Amigo da Escola e sei da importância de trabalhos como esse", salienta.

Sempre "andando com as próprias pernas", como gosta de frisar, Luiz acredita que pequenos gestos podem fazer a diferença numa comunidade necessitada também de arte. "Os jovens necessitam desse contato com a arte musical que, infelizmente, não tem sido para todos. Um dia isso mudará", comenta, enquanto mostra o vídeo de sua participação no programa da Globo. "Vou voltar e, se Deus quiser, trazer mais essa conquista para a cidade", finaliza.

...fonte...
Mawell

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