abril 12, 2012

UM ANJO EM BUSCA DE UM REPOUSO

 Jaime Aquino, um dos idealizadores da transferência do Anjo Azul
para o conjunto Alagamar, e o escultor Jordão, autor da obra, à direita
fotografia: Rodrigo Sena

UM RUMO PARA O ANJO AZUL
  
Por
Yuno Silva

Há quase dois anos, desde que a galeria de arte Anjo Azul encerrou suas atividades, a enorme escultura plantada no jardim da casa número 953 na avenida Hermes da Fonseca, Tirol, estava sem rumo. Sem eira nem beira. O custo para remover a obra de 12 metros de altura, incluindo transporte e reinstalação, foi estimado entre R$ 20 mil a R$ 30 mil e já havia inviabilizado pelo menos três tentativas de encontrar um novo endereço para o Anjo Azul. Mas, felizmente, o verbo 'estar' foi conjugado no pretérito imperfeito do indicativo e a escultura, concebida pelo artista plástico Jordão, está sendo desmontada desde terça-feira (10).

O trabalho, acompanhado de perto pelo artista, é lento e cuidadoso, pois a escultura terá que ser removida por partes e remontada como um quebra cabeças de 28 toneladas, e a previsão é que seja concluído em 30 dias - até a tarde de ontem, Jordão e seus dois ajudantes tinham retirado apenas os adornos da base e iniciaram a remoção das asas.

A obra será relocada para a praça Omar O'Grady, localizada no Conjunto Alagamar, em Ponta Negra, zona Sul da capital potiguar. "Vai ficar um pouco escondido, queria que ele ficasse em um lugar mais movimentado, mas, diante da falta de opção, é melhor ir pra lá do que ser detonado", disse Jordão. "Minha causa é salvar o Anjo Azul, e acredito que vão cuidar bem dele."

Jordão informou que ainda não há recursos suficientes para concluir o trabalho: "Temos apenas o necessário para iniciar. Estou buscando o dinheiro que falta, procurando parceiros, a Fundação José Augusto também se comprometeu em ajudar com dinheiro. Agora não tem como voltar atrás: o trabalho já começou e a palavra do Governo do Estado (leia-se FJA) está empenhada", sentencia. Segundo Jordão, a Prefeitura de Natal, através da Secretaria de Serviços Urbanos, dará todo o suporte para realizar o transporte. "A Semsur comprou ferramentas, alugou algumas máquinas e garantiu R$ 5 mil para ajudar nas despesas", enumera o artista. Ele acredita que, com as parcerias, o custo deve ficar bem abaixo dos R$ 30 mil inicialmente previstos.

Leane Fonseca, assessora de imprensa da Semsur, confirma o apoio na logística. "Ainda não há uma data marcada para a remoção, pois dependemos do andamento do trabalho do artista, mas garantimos esse transporte. Também iremos preparar o novo local para receber a escultura", adiantou. Leane frisou que a Secretaria está atendendo o pedido de moradores do bairro.

  Casarão que abrigava  o Anjo Azul foi vendido 
...E  o destino da escultura de Jordão continuava incerto
fotografia:: Aldair Dantas

FORÇA COMUNITÁRIA

Jaime e Valéria Aquino, moradores do conjunto Alagamar, contaram que um grupo de moradores vem se reunindo para buscar melhorias para a praça Omar O'Grady (nome do prefeito de Natal entre 1924 e 1930). "Criamos uma comissão com 10 moradores, e depois que lemos a matéria 'O anjo que ninguém quer' (publicada em fevereiro na TRIBUNA DO NORTE) decidimos nos mobilizar pra trazer o Anjo Azul pra cá", recorda Valéria.

Ela contou que a reunião comunitária realizada na praça há mais de um mês contou com a presença de representantes da Semsur, da Urbana e da Polícia Militar. "Fizemos um movimento grande. E se ninguém quer o Anjo, nós queremos, e acredito que o bairro todo também quer", aposta. Nos planos da moradora está a promoção de programação cultural periódica. "Queremos colocar o espaço para funcionar."

O advogado Jaime Aquino, esposo de Valéria, lembrou que no começo houve resistência por parte do empresário Adroaldo Carneiro, novo proprietário do imóvel onde funcionou a Galeria Anjo Azul, onde será construída sede da filial natalense da loja pernambucana de tapetes. "Depois de tantas idas e vindas com relação à obra, ele tinha receio de não conseguirmos apoio para relocar a escultura. Mas deu tudo certo: conseguimos formalizar a doação." Para Jaime, a praça deverá ganhar mais atenção dos moradores do bairro e "pode se tornar um ponto turístico", fato que poderá melhorar a frequência do local.

 "Esperei encontrar alguém interessado que cuidasse bem dele"
José Jordão

HISTÓRICO

Quando a Galeria Anjo Azul fechou as portas, em 2010, a primeira opção era doar o Anjo Azul para a Prefeitura do Natal, que poderia instalar a escultura em qualquer ponto da cidade. Mas a ideia acabou não prosperando, principalmente devido o custo do serviço de remoção. Com o imóvel já sob responsabilidade do empresário Adroaldo Carneiro, cogitou-se transferir, em abril de 2011, a obra para a praia de Caraúbas, em Maxaranguape,  litoral Sul do RN - também não deu certo. Por último, em fevereiro deste ano, antes dos moradores do Conjunto Alagamar manifestarem interesse, houve a intenção (igualmente frustrada devido as despesas previstas) de levar a obra de 12 metros de altura para a serrana Monte das Gameleiras.


...fonte...
Yuno Silva

Um comentário:

  1. Realmente, é lamentável a falta de sensibilidade do poder público pelo assunto. Um bom lugar seria junto ao pórtico de entrada da cidade, já que chama NATAL... Por que não se tenta isso, com uma grande campanha?... Poderiam ser convocados alunos do dep. de Artes, de Arquitetura e de História, por ex., além dos artistas em geral e a comunidade. Fica a ideia. Um abraço.

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